Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
sexta-feira, 29 de dezembro de 2023
Qüem! Qüem! Qüem! Qüem!
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Cantares
Joan Manuel Serrat
Todo pasa y todo queda
Pero lo nuestro es pasar
Pasar haciendo caminos
Caminos sobre la mar
Nunca perseguir la gloria
Ni dejar en la memoria
De los hombres, mi canción
Yo amo los mundos sutiles
Ingrávidos y gentiles
Como pompas de jabón
Me gusta verlos pintarse
De Sol y grana, volar
Bajo el cielo azul, temblar
Súbitamente y quebrarse
Nunca perseguir la gloria
Caminante
Son tus huellas el camino y nada más
Caminante, no hay camino
Se hace camino al andar
Al andar, se hace camino
Y al volver la vista atrás
Se ve la senda que nunca
Se ha de volver a pisar
Caminante, no hay camino
Sino estelas en la mar
Hace algún tiempo, en ese lugar
Donde hoy los bosques se visten de espinos
Se oyó la voz de un poeta gritar
Caminante, no hay camino
Se hace camino al andar
Golpe a golpe, verso a verso
Murió el poeta, lejos del hogar
Le cubre el polvo de un país vecino
Al alejarse, le vieron llorar
Caminante, no hay camino
Se hace camino al andar
Golpe a golpe, verso a verso
Cuando el jilguero no puede cantar
Cuando el poeta es un peregrino
Cuando de nada nos sirve rezar
Caminante, no hay camino
Se hace camino al andar
Golpe a golpe, verso a verso
Golpe a golpe, verso a verso
Golpe a golpe, verso a verso
Composição: Antonio Machado / Joan Manuel Serrat.
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MEDIDAS ARRECADATÓRIAS DE HADDAD provocam reação de parlamentares e empresários
MyNews
#MyNews
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Paróquia Santa Bárbara Guaranésia - MG
MEDIDAS ARRECADATÓRIAS DE HADDAD provocam reação de parlamentares e empresários
MyNews
Transmissão ao vivo realizada há 11 horas #cafédomynews #MyNews
#cafédomynews
No Café do MyNews desta sexta-feira, 29 de dezembro, Afonso Marangoni e João Bosco Rabello detalham a Medida Provisória (MP) editada pelo governo Lula que, entre outros pontos, determina a reoneração parcial da folha de pagamentos de 17 setores da economia. A MP faz parte do esforço do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de de zerar o déficit público do governo federal em 2024.
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Nas entrelinhas — Lula e Pacheco fecham o ano em rota de colisão
Publicado em 29/12/2023 - 05:34 Luiz Carlos Azedo
Brasília, Comunicação, Congresso, Economia, Eleições, Governo, Imposto, Justiça, Meio ambiente, Partidos, Política, Política
Com o fundo eleitoral e 7.900 emendas parlamentares, no valor total de R$ 53 bilhões, deputados e senadores terão R$ 5 bilhões a mais do que os investimentos do PAC
A quinta-feira não foi de bom agouro para as relações entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em 2024, um ano eleitoral, ao menos simbolicamente. Embora a política se pareça com as nuvens, como diria o antigo político mineiro Magalhães Pinto — “você olha e ela está de um jeito; olha de novo e ela já mudou” —, pode ser até que tudo não passe de um jogo de cena, cada qual para sua plateia, mas o choque tem bases objetivas que devem ser levadas em conta.
No mesmo dia em que Pacheco promulgou o marco temporal e a nova lei de desoneração da folha de pagamento, cujos vetos presidenciais foram derrubados pelo Congresso, Lula sancionou a nova Lei dos Agrotóxicos, com novos vetos que restabelecem o poder do Ibama e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em relação ao Ministério da Agricultura. É mais uma queda de braços entre o Executivo e o Legislativo, na qual a bancada do agronegócio, com toda certeza, levará a melhor, em razão da correlação de forças no Congresso.
O PL do Veneno, como é chamado pelos ambientalistas, tramitou 24 anos no Congresso, antes de ser aprovado, em novembro. Os 14 vetos, segundo comunicado do governo, “vão garantir a adequada integração entre as necessidades produtivas, a tutela da saúde e o equilíbrio ambiental”. Será? Para derrubá-los, os ruralistas precisarão apenas de maioria simples no Congresso, no qual o governo é minoritário em temas que envolvem interesses do agronegócio, da bancada da bala e dos evangélicos, a coalizão que elegeu e apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), imbatível quando se une.
Isso vem ocorrendo com mais frequência do que se esperava, embora o governo Lula tenha conseguido algumas vitórias estratégicas no Congresso, como a reforma tributária, que precisa ser regulamentada no próximo ano. A aprovação do Orçamento da União consolidou a perda de controle do governo sobre grande parcela das despesas discricionárias, aquelas que não são obrigatórias, como recursos para custeio e investimentos. As despesas obrigatórias são, principalmente, pagamento de pessoal e benefícios previdenciários. Sem a maior parte das discricionárias, o governo não funcionaria.
Emendas parlamentares
O Orçamento da União para 2024 (PLN 29/2023), aprovado na semana passada pelo Congresso, prevê receitas e despesas de R$5,5 trilhões. Pelo texto, o salário mínimo passa dos atuais R$ 1.320 deste ano para R$ 1.412 em 2024. O maior debate no Plenário foi em relação ao Fundo Eleitoral, que era de R$ 939,3 milhões e passou para R$ 4,9 bilhões, destinados às eleições municipais do próximo ano. O Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), coração da política de investimentos de Lula, foi tungado em R$ 6,3 bilhões. O total destinado ao PAC em 2024, portanto, será de R$ 54 bilhões. Na proposta original do governo, o valor previsto era de cerca de R$ 61 bilhões.
Foram acolhidas 7.900 emendas parlamentares individuais, de bancadas estaduais e de comissões, no valor total de R$ 53 bilhões, ou seja, deputados e senadores terão R$ 5 bilhões a mais do que os recursos de investimentos do governo, se considerarmos o fundo eleitoral. Desse total, R$ 16,7 bilhões são de emendas de comissões, valor mais que o dobro do que foi aprovado em 2023 (R$ 7,5 bilhões), que substituiu o orçamento secreto. Para as emendas individuais obrigatórias, foram fixados R$ 25 bilhões e R$ 11,3 bilhões para emendas de bancadas, seguindo porcentagens fixadas na Constituição Federal.
A distribuição de recursos entre as comissões não tem nada a ver com as demandas reais da população. Por exemplo, no Senado, a Comissão de Educação recebeu R$ 7,9 milhões, ao passo que R$ 4 bilhões vão para a Comissão de Desenvolvimento Regional. A Comissão de Meio Ambiente recebeu R$ 550 milhões. O critério para a partilha dos recursos não são as políticas públicas, mas os interesses paroquiais de deputados e senadores, que miram suas bases eleitorais.
Nesta quinta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou novas medidas para zerar o deficit das contas públicas federais nos próximos anos: “Nós havíamos já sinalizado que depois da promulgação da reforma tributária encaminharíamos medidas complementares. O que estamos fazendo, enquanto equipe econômica, é um exame detalhado do Orçamento da União, isso vem acontecendo desde o ano passado, antes da posse.”
Por medida provisória, a ser publicada hoje ou amanhã, o governo pretende compensar as desonerações por meio de novas tributações. Apertem os cintos.
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Esse texto aborda um embate entre o presidente Lula e o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, com uma visão crítica sobre a distribuição de recursos, a aprovação de leis e a dinâmica entre o Executivo e o Legislativo. Parece haver tensões consideráveis, especialmente em questões como o marco temporal, a nova lei de desoneração da folha de pagamento e a Lei dos Agrotóxicos, onde as visões entre o governo e parte do Congresso divergem.
A distribuição de recursos, emendas parlamentares e o aumento do Fundo Eleitoral também são pontos críticos discutidos, apontando para um possível desequilíbrio entre investimentos públicos e interesses políticos individuais ou regionais. A relação entre esses valores e a perda de controle do governo sobre despesas discricionárias também é ressaltada.
Por fim, são mencionadas medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda para reequilibrar as contas públicas, indicando que o governo buscará compensar as desonerações com novas tributações.
Parece que há um cenário de choque de interesses e uma dinâmica complexa entre as diferentes esferas do poder no Brasil, o que pode ter impactos significativos tanto no funcionamento do governo quanto na implementação de políticas públicas.
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ALÉM X AQUÉM: SIGNIFICADO, DIFERENÇA, EXEMPLOS, EXERCÍCIOS
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O que é Aquém:
Aquém é um advérbio de lugar, que significa do lado de cá. Ex: Aquém-mar (do lado de cá do mar), aquém da montanha (na parte de cá da montanha) e aquém fronteira (do lado de dentro das fronteiras de um país).
Aquém é também uma preposição que significa abaixo, inferior. Ex: Ficar aquém das expectativas (ficar abaixo do esperado). O valor deste livro está muito aquém do seu preço normal (o valor do livro está inferior ao seu preço normal).
Aquem (sem o acento), é o nome de uma cidade localizada no distrito de Goa, no sul de estado de Goa, na Índia.
Aquém - língua indígena
Aquém, akwén ou a'uwem, é uma língua falada pelo povo xavante, indígenas que habitam o leste do estado brasileiro de Mato Grosso, na região Centro-Oeste do Brasil. A língua aquém pertence ao troco linguístico macro jê, que contém 13 consoantes e treze vogais. É a língua também falada pelos xerentes, que vivem na região central do estado do Tocantins, na região Norte do Brasil. É ainda a língua falada pelo povo xakriabás, que ocupam uma área de reserva ao norte do estado brasileiro de Minas Gerais, na região Sudeste.
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O Pato
Roberto Menescal
Vinha cantando alegremente
Qüem! Qüem!
Quando um marreco sorridente pediu
Para entrar também no samba
No samba, no samba
O ganso, gostou da dupla
E fez também
Qüem! Qüem! Qüem! Qüem!
Olhou pro cisne
E disse assim: Vem! Vem!
Que o quarteto ficará bem
Muito bom, muito bem
Na beira da lagoa
Foram ensaiar
Para começar
O tico-tico no fubá
A voz do pato
Era mesmo um desacato
Jogo de cena com o ganso era mato
Mas eu gostei do final
Quando caíram não'água
Ensaiando o vocal
O pato
Qüem! Qüem! Qüem! Qüem!
Qüem! Qüem! Qüem!
para entrar também no samba
O ganso
Qüem! Qüem! Qüem! Qüem!
Qüem! Qüem! Qüem!
E o quarteto ficará bem, muito bom muito bem
Na beira da lagoa
Foram ensaiar
Para começar
O tico-tico no fubá
A voz do pato
Era mesmo um desacato
Jogo de cena com o ganso era mato
Mas eu gostei do final
Quando caíram não'água
E ensaiando o vocal
Qüem! Qüem! Qüem! Qüem!
Composição: Jayme Silva / Neuza Texeira.
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Haddad fala sobre medidas para compensar desoneração da folha. Acompanhe!
Metrópoles
Transmissão ao vivo realizada há 21 horas
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concederá entrevista coletiva à imprensa nesta quinta-feira (28).
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WW - 28/12/2023
CNN Brasil
Transmissão ao vivo realizada há 9 horas #CNNBrasil
Assista ao WW desta quinta-feira, 28 de dezembro de 2023.
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O Pato
João Gilberto
O pato
Vinha cantando alegremente
Quém! Quém!
Quando um marreco sorridente pediu
Para entrar também no samba
No samba, no samba
O ganso, gostou da dupla
E fez também
Quém! Quém! Quém!
Olhou pro cisne
E disse assim: Vem! Vem!
Que o quarteto ficará bem
Muito bom, muito bem
Na beira da lagoa
Foram ensaiar
Para começar
O tico-tico no fubá
A voz do pato
Era mesmo um desacato
Jogo de cena com o ganso era mato
Mas eu gostei do final
Quando caíram n'água
E ensaiando o vocal
Quém! Quém! Quém! Quém!
Quém! Quém! Quém! Quém!
Quém! Quém! Quém! Quém!
Quém! Quém! Quém! Quém!
O pato
Vinha cantando alegremente
Quém! Quém!
Quando um marreco sorridente pediu
Para entrar também no samba
No samba, no samba
O ganso, gostou da dupla
E fez também
Quém! Quém! Quém!
Olhou pro cisne
E disse assim: Vem! Vem!
Que o quarteto ficará bem
Muito bom, muito bem
Na beira da lagoa
Foram ensaiar
Para começar
O tico-tico no fubá
A voz do pato
Era mesmo um desacato
Jogo de cena com o ganso era mato
Mas eu gostei do final
Quando caíram n'água
E ensaiando o vocal
Quém! Quém! Quém! Quém!
Quém! Quém! Quém! Quém!
Quém! Quém! Quém! Quém!
Quém! Quém! Quém! Quém!
Quém! Quém! Quém! Quém!
Quém! Quém! Quém! Quém!
Quém! Quém! Quém! Quém!
Quém! Quém! Quém! Quém!
Composição: Jayme Silva / Neuza Teixeira.
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User
"H. COMO BOM FILÓSOFO É UM EXCELENTE ECONOMISTA, PARA PARES FILÓSOFOS." / "H. COMO BOM ECONOMISTA É UM EXCELENTE FILÓSOFO, PARA PARES ECONOMISTAS." /"H. NÃO É BOM NEM EXCELENTE, ESPECIALIDADES SÃO MEROS DETALHES , COMO DIRIA EX-MINISTRA DA PASTA ECONÔMICA."
ChatGPT
Parece que estás falando sobre a interseção entre filosofia e economia, certo? A ideia de que alguém que é bom em uma área pode ser considerado excelente na outra para seus pares dentro dessas áreas é interessante. Alguns argumentam que habilidades e perspectivas desenvolvidas em uma disciplina podem ser aplicadas de maneira proveitosa em outras, ampliando o entendimento e a abordagem em diferentes campos. O pensamento interdisciplinar pode abrir novas perspectivas e soluções inovadoras para problemas.
Quanto à referência à ex-ministra da pasta econômica e a ideia de que especialidades são meros detalhes, isso parece sugerir a importância de uma visão mais holística ou ampla, onde as fronteiras entre disciplinas não são rígidas e o conhecimento é mais fluido e interconectado.
É uma perspectiva intrigante pensar que habilidades e perspectivas de uma área podem ser transferidas ou complementadas de forma significativa em outra, mesmo que as disciplinas pareçam muito diferentes à primeira vista.
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"NUM EMBATE CONTRA UM DESAFETO, É ATRIBUÍDO A DETERMINADO POLEMISTA IRONIZAR SEU DESAFETO FÍSICO DESCONSIDERADO COMO BOM FILÓSOFO POR DESAFETOS FÍSICOS, SEUS CONTEMPORÂNEOS. DA MESMA FORMA COMO O MESMO FILÓSOFO ERA TAMBÉM DESCONSIDERADO COMO BOM FÍSICO POR DESAFETOS FILÓSOFOS CONTEMPORÂNEOS." COM ESSES FUNDAMENTOS É REESCRITO O TEXTO ANTERIOR ACRESCENTANDO ESSA IRONIA AQUI APRESENTADA.
"Ao confrontar um oponente, um certo polemista é conhecido por ironizar seu oponente físico desconsiderado como bom filósofo por aqueles que são seus adversários no âmbito físico, seus contemporâneos. Da mesma forma, esse mesmo filósofo era também desconsiderado como bom físico por oponentes filósofos contemporâneos. Essa ironia evidencia a complexidade de avaliar habilidades e competências, mostrando como as percepções podem variar dependendo do ponto de vista e das predisposições individuais dos observadores."
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Um mergulho filosófico para entender o embate presente entre modelos de sociabilidade
FILOSOFIA | 22/04/2019 | Mariluce Moura
Blaise Pascal (1623-1662) e sua última invenção foram o ponto de partida da aula magna de João Carlos Salles na Faculdade de Direito da UFBA, na segunda-feira, 15 de abril. O rico percurso a que essa referência lhe deu acesso foi feito com olhar filosófico – desamarrado das urgências cotidianas, mas nunca dos elos que possibilita com o presente, mais voltado a inspirar do que a ensinar – lançado sobre dois modelos longevos de sociabilidade em forte oposição. Ou melhor, dois modelos hoje em surdo embate, ainda que disfarçado sob véus e máscaras: o empirista e o idealista.
Percorrida a trilha que permitiu aos ouvintes perceber, a cada passo, que ganchos a narrativa estava a estabelecer com este nosso tempo em que a filosofia é duramente atingida, “vez que, em seu nome, aparecem agora sofistas os mais danosos e obscurantistas”, o lugar de chegada pareceu uma clareira, na qual o professor pode, de certa forma, convidar os alunos “a inventar meios coletivos de solidariedade” como condição necessária de luta e resistência.
Aliás, João Carlos Salles expressara logo no começo da aula sua convicção de “estarmos todos agora operando, em cada atividade de ensino, pesquisa e extensão, em regime de resistência, tanto em defesa da autonomia da universidade quanto do estado democrático de direito”. Vale notar, contudo, o quanto a noção de resistência vai se adensando no decorrer da jornada, embebida da discussão filosófica sobre modelos de sociabilidade e, já no final, sobre jogos de linguagem. A essa altura ele deixara os outros companheiros de caminhada e volta a uma breve referência a Pascal para descortinar exigências de construção de futuros possíveis.
“Voltamos a Pascal a cada tempo, agora, porém, sem qualquer mediação que não aquela posta por nossos próprios atos. Retornamos a uma dimensão em que nosso desamparo nos leva a uma aposta única, pela qual devemos reparar a cada dia o tecido da sociabilidade, fazendo valer palavras e sentidos, defendendo valores que não podem ser trocados por posições quaisquer, e lembrando nossa obrigação comum, como a de inventar meios coletivos de solidariedade, de autorização recíproca de nossas falas, como condição necessária para nossa luta e nossa resistência”.
Das abstrações ao espaço coletivo
Mas afinal, qual foi a última invenção do grande matemático, físico, filósofo e teólogo de Clermont-Ferrand, homem que frequentava com igual desenvoltura as mais finas abstrações do espírito e os desafios práticos de seu tempo? Um criador de teoremas matemáticos e tratados filosóficos, que, aos 19 anos, inventou a primeira máquina de calcular?
Pois bem, poucos meses antes de morrer, aos 39 anos, Pascal pôs a funcionar em Paris, em março de 1662, simultaneamente, sua carruagem para oito passageiros, conhecida como a carruagem de cinco sols (o preço da passagem) e o primeiro sistema de transporte coletivo urbano do mundo. Um tremendo sucesso!
Segundo Salles, essa “é certamente uma obra de gênio (…) cujo projeto inicial consistia em três linhas com trajetos, horários e preços fixos, superpondo-se sua trama, seu desenho, aos ritmos aleatórios dos deslocamentos individuais, de sorte que tempo e espaço coletivos passavam a desenhar e a condicionar uma experiência organizada da mobilidade urbana”. Importante a essa altura é destacar que “o olhar ordena-se pela subordinação do interno ao externo, como ocorria com a máquina de calcular, assim como a intuição ou desejos singulares passam a ter uma medida coletiva”.
Ele flagra na última invenção de Pascal “o mesmo gesto” da primeira. “O indivíduo se desloca, operações íntimas aparentemente inefáveis mostram-se no mundo, sob a marca da certeza ou da previsibilidade. O cálculo se faz, não no seu íntimo (incerto e inescrutável), mas no espaço de funcionamento da máquina, em conformidade com um mecanismo visível”. Assim como “também o tempo do deslocamento pela malha urbana deixa de ser o do fôlego individual, mas passa a ser o de um outro sujeito, que se desloca a olhos vistos, não sendo todavia ninguém”.
Mas o que sobremodo importa nessa reconstituição feita para o tempo curto de uma aula é mostrar a subversão de paradigma e valores que Pascal operou com sua invenção, a conversão do olhar, a “violência conceitual” que o passar do tempo vai tornando imperceptível.
“Assim, antes de Napoleão desfilar aos olhos de Hegel como o espírito absoluto a cavalo, Pascal fez desfilar o sujeito coletivo em suas carruagens”, disse o professor, a essa altura começando a encontrar os interlocutores escolhidos para seu trajeto até a aposta inelutável num reparo cotidiano do tecido da sociabilidade. “É como se Pascal, com seu brilho, cifrasse um brusco deslocamento da subjetividade, como o flagrado por Michelet, quase dois séculos depois, em seu belo livro O Povo, ao descrever a diferença entre o ritmo de trabalho do artesão e o do operário”, ele compara. O que Salles ressalta dessa obra de 1846 do famoso historiador francês Jules Michelet (1798-1874), é, portanto, “esse corte na subjetividade, segundo seu modo de determinação no trabalho, de modo que o ritmo próprio do artesão, sujeito singular, se compara ao ritmo do operário, cujo coração deixa de ser o seu próprio para ser o das máquinas, nos infernos de tédio das grandes oficinas de fiação e tecelagem”.
O professor prossegue lembrando que a modernidade traz finalmente à cena o sujeito como construção teórica e afirmação prática, após um tempo de constituição, em que, por exemplo, René Descartes (1596-1650) delineara com seu famoso “Penso, logo existo” uma subjetividade extrema, independente do mundo e mesmo do próprio corpo do sujeito. Ao mesmo tempo, uma outra face, afirmativa da centralidade do corpo e da necessidade imperiosa de regras para seu comportamento, também desabrochava nessa construção moderna da identidade do sujeito. Ela emerge em manuais de civilidade, mais que em obras de filosofia, escritos às vezes por grandes pensadores, a exemplo de Erasmo de Rotterdan (1466-1536) com o seu A civilidade pueril, “muito imitado e difundido”.
Essa outra face, destacou João Carlos Salles, é “radicalmente marcada pela presença de um outro que jamais pode ser ignorado; temos o contexto dos costumes de um país, aos quais devemos nos acomodar, diz Erasmo, como polvos o fazem à diversa rugosidade dos espaços. Erasmo é então exaustivo em seu adestramento (…) Estabelece pois uma métrica para o verdadeiro decoro, de modo que, subordinados a ela, não satisfaçamos a natureza (no caso, individual), sem estarmos em conformidade com a razão (que é severamente coletiva)”.
Modelo empirista e mercado
As referências a Pascal, Michelet, Descartes e Erasmo encaminharam a aula magna ao principal interesse do professor, qual seja, “explicitar a distinção conceitual sinalizada na surpreendente percepção de Pascal”, para então, por analogia, “expor o desafio teórico presente na construção prática da subjetividade”.
É em relação a isso que se confrontam “modelos de descrição da experiência humana de sociabilidade”, assim como “as implicações relativas aos métodos de interpretação dos laços que nos unem aos outros indivíduos e de como alguma intersubjetividade nos constitui ou deveria constituir-nos como sujeitos em sociedade”.
Nesse caminho é que Salles aborda em seguida os modelos empirista e idealista que, “de resto, não são imiscíveis”. Em seu empenho para escapar ao risco das simplificações pobres no espaço curto de uma aula, alerta logo que “todo grande filósofo resiste à taxonomia. Ele mal se acomoda às classificações com que o ciframos e procuramos domar. Sendo profundo, não aceita o raso das tipificações e dificilmente é apenas empirista ou racionalista; dificilmente é materialista sem levar em conta o idealismo, ou aceita determinismos sem neles plantar a mais próspera semente da liberdade”. Posto isso, oferece um parágrafo de David Hume (1711-1776) como breve e esquemática descrição empirista da sociabilidade, aqui reproduzido com corte:
“A dependência mútua entre os homens é tão grande em todas as sociedades — afirma Hume — que dificilmente haverá uma ação humana inteiramente completa em si mesma, ou realizada sem alguma referência às ações de outros que são requeridas para fazê-la corresponder plenamente à intenção do agente. O mais pobre artesão, sozinho em sua labuta, espera pelo menos a proteção do magistrado que lhe assegura o gozo dos frutos de seu trabalho. Ele também espera que, ao levar seus produtos ao mercado e oferecê-los a um preço razoável, encontrará compradores e será capaz de conseguir, com o dinheiro obtido, que outros o supram das mercadorias que lhe são necessárias para sua sobrevivência.(…) Em todas essas conclusões, do mesmo modo que em seus raciocínios sobre objetos externos, eles extraem seus padrões da experiência passada, e creem firmemente que os homens, assim como todos os elementos, devem continuar, em suas operações, a portar-se como sempre se observou. O proprietário de uma manufatura conta com o trabalho de seus empregados para a execução de qualquer tarefa tanto quanto conta com as ferramentas que emprega, e ficaria igualmente surpreso se suas expectativas se frustrassem seja num caso, seja no outro. Em suma, essa inferência e raciocínio experimentais acerca das ações de outros impregna de tal forma a vida humana que ninguém, enquanto desperto, deixa de realizá-los por um momento sequer.”
O professor destaca que todos os eventos estão aí interconectados e, no entanto, todos mantêm relações externas entre si. “Essa seria a marca trágica herdada do empirismo, capaz de ameaçar-nos a subjetividade.” Há aí a suposição de uma separação intransponível, uma impossibilidade de comunicação, “em virtude da qual nada se compreende, quando tudo porém se explica.”
Dirá então que em tal modelo “não temos compromissos, mas sim previsibilidade. Contamos e cremos não por estarmos unidos em uma comunidade, mas sim por estarmos todos conectados em uma harmonia e uma confiança recíprocas, mas através de uma mão invisível, a orientar-nos para um mercado. Essa é a sombra que a descrição de Hume projeta, a mão invisível do mercado”.
Já aí, Salles apresenta o encontro do modelo empirista com sua ciência, a economia política, o encontro fecundo de Hume com Adam Smith (1723-1790). E adiante, sobre isso, citará o próprio Smith no famoso A riqueza das nações: “Numa sociedade civilizada, o homem a todo momento necessita da ajuda e cooperação de grandes multidões, e sua vida inteira mal seria suficiente para conquistar a amizade de algumas pessoas.”.
Modelo idealista e espaço público
Ao abordar o modelo idealista de sociabilidade, João Carlos Salles lembrou à plateia o percurso que estava cumprindo. “Estamos delineando, com alguma cautela, dois modelos distintos e quase opostos de sociabilidade. Afinal, ao fim e ao cabo, talvez confrontemos duas caricaturas, ambas falsas, mas também, queremos crer, plenas de sentido.”
Émile Durkheim (1858-1917) será seu primeiro companheiro de jornada nesse trecho. Lado a lado com ele que dirá que, “sem que anule o mercado, a intersubjetividade pode não ser a confluência de trabalho sem interação, pode interferir no próprio mercado, uma vez que, por exemplo, o valor da força de trabalho também depende da imagem coletiva do que compreendemos por dignidade da pessoa humana”. E explicará: “Ou seja, a intersubjetividade pode expressar uma divisão de forças produtivas sem dispensar o horizonte de um espaço público essencialmente normativo”. Logo adiante acrescentará que “o sujeito, então, não apenas se explica em função de outros, mas os compreende dentro de si e neles ou com eles se realiza. O sujeito, neste outro modelo, não é um vazio que se torna argumento de uma função complexa, mas função ele mesmo, a também medir os elementos jungidos por predicados ou relações”.
Salles extrai daí, primeiro, uma poderosa consequência direta no âmbito da construção do conhecimento, ou seja, que ciências da natureza e ciências do espírito desse momento em diante terão que se separar, porque “o reconhecimento de leis causais não pode dar conta da estrutura da experiência humana, tal como disposta em um horizonte cultural específico e em uma história”. E antecipa o que longamente vai se instaurar como embate efetivo no campo da política, entre os dois modelos de sociabilidade. “Se o modelo de Hume projeta a vida do mercado, o modelo idealista desenha a dimensão significativa do espaço público, sempre determinado cultural e historicamente.”
Ele encontrará nessa parte do caminho também um dos grandes nomes do idealismo moderno, Johann Gottlieb Fichte (1762-1814) e o pensador frankfurtiano Jürgen Habermas (1929), de quem usará um comentário sobre Fichte, não sem antes observar, com fina ironia, que o faz “mais para registrar a celebração de seus 90 anos em junho próximo e aproveitando para recorrer, em gesto de desobediência civil, à refinada expressão teórica do que alguns chamariam de ‘marxismo cultural’.”
Dirá após que, “se um modelo de sociabilidade mantém externas as relações entre indivíduos que aproxima, há outros, porém. “No caso, o modelo descrito acima [com o apoio de Habermas], traindo minhas preferências, apresenta os indivíduos constituídos em uma relação mais que especular; eles dependem uns dos outros para se definirem, para traçarem papéis, para encontrarem sua identidade. Não o seriam sem se encontrarem, sem servirem uns aos outros reciprocamente”.
Consequências no campo da linguagem
Na conclusão de sua aula, João Carlos Salles abordou algumas consequências da distinção entre os dois modelos. Observou que seria artificial a descrição que apenas enfatizasse o confronto entre um modelo que se volta ao trabalho e tem como horizonte o mercado e um outro que se volta a interações simbólicas e tem como horizonte o espaço público.
“Certamente, outros modelos são possíveis, valendo lembrar que, na esteira do marxismo (no caso, não cultural), o projeto filosófico brasileiro com mais fortes pretensões autorais, o de José Arthur Giannotti, pretendeu em certo momento, com ou sem sucesso, mostrar como formas de sociabilidade se entrelaçam às formas concretas de sua reprodução pelo trabalho”, afirmou.
Em especial, ele se deteve nas consequências práticas, baseadas na diferença entre sujeitos de linguagem, onde todos se encontram, qualquer que seja o modelo. “Há um jogo de linguagem, aliás, que os tempos sombrios ora enfrentados contribuem para desmoronar. Refiro-me ao jogo de dizer a verdade, no qual pode a proposição coincidir por acaso com os fatos, mas agora isso parece importar pouco”.
Prosseguindo, disse também identificar “outro jogo que parece estar em plena decadência, talvez por agora importar mais o mercado que o espaço público. O jogo em que dizemos ‘Dou a minha palavra’. Ora, tal jogo de linguagem, se reduzido a um contexto fragmentado, (…) no qual não se constitua um vínculo interno entre duas pessoas, mas apenas uma relação mercantil superficial, deixa de ser um proferimento a ser honrado (…), passa a valer como um lance inicial, como se estivéssemos em um leilão, à espera apenas de uma oferta mais vantajosa. (…) O esvaziamento de sentido, a retirada de contexto, tudo isso decorre da escolha de modelos de sociabilidade com que lemos o mundo e, mais fundamente, nos constituímos. E, com sobradas razões, o deslocamento discursivo, mais que um erro teórico, pode ser visto como mais um exemplo de uma corrosão coletiva do caráter dos indivíduos”. Eis um grande risco contemporâneo.
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O que é a ciência marxista da história? | #LéxicoMarx
TV Boitempo
Estreou em 9 de fev. de 2021 BOITEMPO EDITORIAL
"Só conhecemos uma ciência, a ciência da história." Como entender essa formulação de Marx e Engels? Para o cientista político Marcos Del Roio, ela é fundamental para compreender a obra marxiana e o sentido do que passou a se denominar "materialismo histórico".
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Principais Ideias de Karl Marx? [Resumo]
A ideia de ciência
em Karl Marx
Ricardo Luís Chaves Feijó1
Resumo
O objetivo deste artigo é o de examinar a concepção particular de ciência em Marx. Para isso,
começa-se por identificar os referenciais teóricos que mais influenciaram a gestação de suas
ideias: a economia política clássica e o legado alemão. Em seguida, investiga-se o que seria a sua
concepção particular de ciência, entendida como uma proposta de fundir esses dois legados.
Avalia-se, em seguida, o caráter científico da contribuição marxiana, entendida como o fazer de
uma ciência que se propõe positiva. Destarte, iremos examinar as razões que separam a tradição
marxiana e o mainstream da economia atual, mostrando que a natureza peculiar de uma ciência
de raízes alemãs gera dificuldades na comunicação entre uma e outra.
Palavras-chave: Karl Marx. Metodologia da ciência. Tradição alemã de ciência. Definição de ciência.
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