terça-feira, 19 de dezembro de 2023

AO LADO DE

"Um novo PGR, emotivo." ------------
------------- O Sapo e o Príncipe ---------- "Este livro conta a história de uma nova geração que chegou ao poder, nos últimos dez anos de Brasil. Do sociólogo que estudou em Paris ao retirante nordestino que assumia a Presidência da Republica, eles representam faces diversas de um mesmo país. Acompanhando a vida de Lula e FHC, figuras emblemáticas da nossa história recente, o jornalista Paulo Markun traça um acurado painel dos bastidores da política brasileira. A partir de minuciosa pesquisa, entrevistas, depoimentos e reportagens, Markun resgata momentos marcantes de uma geração de brasileiros que lutou contra a ditadura e conquistou o poder. Enquanto o jovem Fernando, aos 15 anos, sonhava ser cardeal ou militar, e preocupava-se com a seriedade de sua aparência, o retirante que chegou de Pernambuco tentava ganhar a vida em São Paulo, trabalhando como vendedor ambulante, engraxate e Office boy. O primeiro finalmente formou-se em Sociologia e tornou-se professor; o outro passou orgulhosamente a ostentar o uniforme azul de operário." ----------- O SAPO E O PRINCIPE: PERSONAGENS FATOS...1ªED.(2004) AUTOR: Paulo Markun EDITORA : Objetiva| ------------
------------- Análise — Missão de Gonet na PGR é acomodar placas tectônicas da politica Publicado em 19/12/2023 - 07:01 Luiz Carlos Azedo Brasília, Congresso, Ética, Governo, Justiça, Memória, Partidos, Política, Política O fantasma da Lava-Jato rondou a posse de Gonet, que estabeleceu como uma de suas missões superar a divisão da instituição entre “garantistas” e “lava-jatistas” O novo procurador-geral da República, Paulo Gonet, tomou posse, nesta segunda-feira, com a promessa de que o Ministério Público será “corresponsável” pela democracia no Brasil e não deve buscar palco nem holofotes, numa alusão à atuação do órgão na gestão do procurador-geral Rodrigo Janot e à força-tarefa da Operação Lava-Jato em Curitiba. Gonet assume o lugar do ex-procurador Augusto Aras, que se notabilizou pelo alinhamento ao governo Bolsonaro, notadamente durante a pandemia e na questão das fake news contra os ministros do Supremo Tribunal federal (STF), o que originou um inquérito aberto pelo então presidente da Corte, Dias Toffoli. A cargo do ministro Alexandre de Moraes, que hoje acumula funções que seriam próprias do MPF, o inquérito investiga os atos de vandalismo e a tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro passado. A escolha de Gonet pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi mais bem acolhida no Senado do que a do ministro da Justiça, Flávio Dino, indicado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Entretanto, ambos têm os mesmos padrinhos políticos, os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes. Ao contrário do ministro Dino, que havia trocado a magistratura por intensa atuação política, que o levou ao governo do Maranhão e, depois ao Senado, Gonet fez carreira na instituição sem se envolver em confrontos entre os procuradores e se dedicou à construção de uma sólida formação jurídica. É dos procuradores mais preparados de sua geração, ao lado da Raquel Dodge e Eugênio Aragão, que ingressaram no Ministério Público no mesmo concurso. Tem perfil conciliador, mas ninguém deve esperar dele qualquer atitude que não esteja nos marcos da Constituição. Assume num momento de movimentos tectônicos entre os Poderes, que atuaram de forma harmônica em defesa da democracia para garantir a diplomação e a posse do presidente Lula, mas que agora se afastam e se chocam. A analogia faz todo sentido. Placas tectônicas são grandes blocos rochosos semirrígidos que compõem a crosta terrestre e se movimentam sobre o manto de forma lenta e contínua, podendo aproximar-se ou se afastar umas das outras. Essa movimentação resulta na formação de montanhas, fossas oceânicas, atividades vulcânicas, terremotos e tsunamis. Por estar localizado exatamente no centro da Placa Sul-Americana, que possui uma área de 43,6 milhões de quilômetros quadrados e, aproximadamente, 200 quilômetros de espessura, o Brasil não sofre grandes abalos, mas sismos de pequena magnitude, decorrentes do desgaste da placa. Mais ou menos como está acontecendo agora entre o Congresso e o Supremo na questão do poder monocrático e mandato dos seus ministros, ou entre o Legislativo e o Executivo, na discussão do Orçamento. Prerrogativas O Ministério Público ganhou ares de um “quarto poder” após a Constituição de 1988, que deu autonomia e papel quase ilimitado aos seus procuradores de fiscalizar os órgãos públicos. Se tiveram atuação fundamental para a ampliar a transparência da administração pública e zelar pela ética e pela legitimidade dos meios utilizados na ação política, por outro lado, frequentemente, procuradores exorbitaram nessa atuação, na tangente do devido processo legal. Ao ressaltar o papel da PGR, Gonet destacou “os altos valores constitucionais que inspiraram a sua concepção única na história e no direito comparado”. Disse que o papel da instituição não é formular políticas públicas, mas garantir que os Poderes eleitos efetivem essa política. Isso é uma espécie de freio de arrumação na prática recorrente de procuradores que interferem indevidamente na gestão pública. “Sabemos que não nos foi dado formular políticas públicas nem deliberar sobre a conformação social e política das relações entre os cidadãos. Essas decisões essenciais estão reservadas ao povo, que se expressa por meio dos representantes eleitos para isso”, afirmou. O fantasma da Lava-Jato rondou a posse de Gonet, que estabeleceu como uma de suas missões superar a divisão da instituição entre garantistas e lava-jatistas. Com certeza, essa foi uma das razões pelas quais foi indicado pelo presidente Lula e obteve amplo apoio ao seu nome no Senado. Ao mesmo tempo, Gonet também precisa virar a página da gestão de Augusto Aras, que atuou fortemente contra a Lava-Jato, mas foi omisso em relação aos arroubos autoritários do ex-presidente Jair Bolsonaro, a ponto de o Supremo ter que abrir um polêmico inquérito em sua autodefesa, que acabou legitimado pela tentativa de golpe de 8 de janeiro. A missão da PGR é questionar a validade das leis diante da Constituição, arguir, opinar e até mesmo propor a invalidação de normas estabelecidas pelos Poderes Executivo e Legislativo. O MP também atua em investigações e processos criminais no âmbito do STF, como é o caso de ações contra autoridades com foro privilegiado. Além de promover apurações, diligências e produção de provas, pode propor a condenação ou absolvição de acusados, ou mesmo arquivar inquéritos, e garantir o respeito aos direitos fundamentais. Compartilhe: _________________________________________________________________________________________________________ ----------
------------- Nadar ao lado de tubarão-branco, você teria coragem? - Mar Sem Fim ----------- •Localizado próximo ou lateralmente em relação a algo ou alguém. •A favor de ou de acordo com (ex.: ficou sempre ao lado da irmã). •Em comparação com (ex.: ao lado da outra, esta proposta é muito melhor). "ao lado", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2023, https://dicionario.priberam.org/ao%20lado. _________________________________________________________________________________________________________ -----------
------------ "Clássico absoluto da literatura universal, Odisseia leva-nos à Grécia de 3.000 anos atrás, às grandiosas aventuras do herói Odisseu, depois da Guerra de Troia. Esta tradução do texto integral da Odisseia foi feita diretamente do grego, em prosa moderna, mas fiel ao espírito e à letra do original, pelo professor Jaime Bruna, da Universidade de São Paulo, que a enriqueceu com uma introdução acerca dos antecedentes históricos do poema e notas explicativas. Uma narrativa em que sentimentos atemporais como arrogância, coragem, lealdade, desejo de vingança, perdão e amor nos inspiram profundos questionamentos sobre a condição humana e como alcançar a paz em meio às atribulações da vida." _________________________________________________________________________________________________________ ------------ ----------- Paulo Gonet toma posse como Procurador-Geral; Lula e autoridades participam da cerimônia ao vivo UOL Transmissão ao vivo realizada há 22 horas #LiveUOL O subprocurador Paulo Gustavo Gonet Branco toma posse, nesta segunda-feira (18), no cargo de procurador-geral da República. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras autoridades participam da cerimônia em Brasília. https://www.youtube.com/watch?v=au3EejI8aYA _________________________________________________________________________________________________________ ------------ O "Decálogo de Gonet"
e um aviso: inexiste o direito de atacar a democracia
------------- Paulo Gonet (foto), novo procurador-geral da República, fez um luminoso discurso de posse. Extraio de sua fala o que passo a chamar de "Decálogo de Gonet". Ali estão os fundamentos da boa República. E há uma advertência suave, mas clara: não ousem atacar a democracia. Vai cumprir? Vamos ver. O mundo anda cheio de falsos profetas, contra os quais Jesus pedia que os homens se acautelassem. Conhecemos as árvores por seus frutos, e os homens por seus feitos. Cada um de nós existe em circunstâncias dadas, e, como se sabe, muitas delas não são de nossa escolha. Em razão de intercorrências várias, nem sempre a palavra certa produz o melhor resultado, mas nunca se viu boa edificação saída de mau propósito. E, então, me volto ao Cristo de São Lucas e São Mateus: não se colhem uvas dos espinheiros nem figos das ervas daninhas. Sabemos que a boa palavra não condiciona fatalmente a obra, mas não há obra respeitável que derive da palavra ruim porque espinheiros não dão uvas nem as ervas daninhas, figos. Veja o texto completo de Reinaldo Azevedo https://noticias.uol.com.br/colunas/reinaldo-azevedo/2023/12/18/o-decalogo-de-gonet-e-um-aviso-inexiste-o-direito-de-atacar-a-democracia.htm?utm_source=notificacao-coluna&utm_medium=email&utm_campaign=reinaldo-azevedo&utm_content=veja-texto-completo _________________________________________________________________________________________________________ ----------
------------ PRELÚDIO Canto I: Assembleia dos Deuses, Conselhos de Atena a Telêmaco e Festa dos Pretendentes PARTE III Parte III O Relato de Odisseu Canto XII: As Sereias, Cila, Caribde e os Bois de Hélio CANTO XII AS SEREIAS, CILA, CARIBDE E OS BOIS DE HÉLIO “Odisseu relata como ocorre o retorno desde o Hades até a ilha de Circe. Também como eles navegam pelas Sereias, pelas Pedras Planetas, por Cila e Caribde. Conta, também, da perda do próprio navio e dos amigos depois do roubo dos Bois de Hélio; e como sozinho sobre uma balsa chega à ilha de Calipso.” (Scholie P Q V). “Quando o navio saiu da corrente do rio Oceano, foi no seu curso, até as ondas do mar, de caminhos mui vastos, e à ilha Eeia, onde se acham os coros e a casa da Aurora, que cedo nasce, bem como o lugar donde o Sol se levanta. “Logo que aí fomos ter, arrastamos a nau para o seco, desembarcamos na praia sonora do mar depois disso, onde, a dormir, aguardamos que a Aurora divina surgisse. Logo que a Aurora, de dedos de rosa, surgiu matutina, os companheiros eu próprio enviei para a casa de Circe, 10 a fim de o corpo trazerem de lá, de Elpenor falecido. Rapidamente madeira cortamos nos pontos mais altos, e o sepultamos chorosos, por entre suspiros magoados. Logo que o corpo queimamos e as armas, que foram do morto, todos um túmulo alçamos, ornado de uma alta coluna, onde, em seguida, fincamos o remo de fácil manejo. “Meticulosos fizemos tudo isso; mas do Hades a volta despercebida por Circe não fora, que logo se apronta e para nós se dirige, seguida de suas criadas, com pão e carne variada e de bom vinho vermelho brilhante. 20 Chega-se a deusa preclara até nós e nos diz o seguinte: “‘Míseros, que conseguistes com vida chegar até o Hades! Sois duas vezes mortais; os demais, uma vez simplesmente. Ora, cuidai de tomar alimento e beber vinho rútilo neste lugar, todo o dia; mas quando surgir-nos a Aurora, ide-vos, que hei de apontar o caminho a seguir e mostrar-vos o necessário, porque não venhais a sofrer mais trabalhos tanto no mar como em terra, por causa de enganos nocivos.’ “Dessa maneira falou, convencendo-me o peito magnânimo. Por esse modo, portanto, até o Sol no ocidente deitar-se, 30 nós estivemos sentados, comendo e bebendo à vontade. Logo que o Sol se acolheu, sobre a terra deitando-se as trevas, foram-se todos deitar junto aos cabos de trás do navio. Ela, porém, pela mão me tomando, apartado dos sócios, fez-me sentar ao seu lado, inquirindo-me acerca de tudo. Todos os fatos, em ordem, contei-lhe, conforme a verdade. Circe divina, depois que falei, tais palavras me disse: “‘Logo já está realizado isso tudo; atenção ora presta ao que te passo a dizer: aliás, há de um deus recordar-to. Primeiramente, hás de ir ter às Sereias, que todos os homens que se aproximam dali, com encantos prender têm por hábito. Quem quer que, por ignorância, vá ter às Sereias, e o canto delas ouvir, nunca mais a mulher nem os tenros filhinhos hão de saudá-lo contentes, por não mais voltar para casa. Enfeitiçado será pela voz das Sereias maviosas. Elas se encontram num prado; ao redor se lhe veem muitos ossos de corpos de homens desfeitos, nos quais se engrouvinha a epiderme. Passa de largo, mas tapa os ouvidos de todos os sócios com cera doce amolgada, porque nenhum deles o canto possa escutar. Mas tu próprio, se ouvi-las quiseres, é força 50 que pés e mão no navio ligeiro te amarrem os sócios, em torno ao mastro, de pé, com possantes calabres seguro, para que possas as duas sereias ouvir com deleite. Se lhes pedires, porém, ou ordenares, que os cabos te soltem, devem mais forte amarras à volta do corpo apertar-te. “‘Quando passado tiverem, a força de remo, esse ponto, não te direi, com palavras nenhumas ao caso adequadas, qual deverás escolher dos caminhos; em teu próprio peito tens de conselho tomar; descrever-te ambos eles vou logo. “‘Pedras a pique se elevam de um lado; na base das mesmas 60 ondas enormes atira Anfitrite de cor azulada: “Rochas que batem” é como lhes chamam os deuses beatos. Ave nenhuma consegue passar essas pedras, nem mesmo as pombas tímidas, quando levar vão ambrósia a Zeus grande. Sempre uma delas aí fica nas pedras de lisa estrutura; outra, porém, manda o pai porque o número logo se preencha. Mas não consegue fugir desse ponto nenhuma das naves, pois pelas ondas do mar e procelas de fogo terrível são arrastadas as tábuas dos barcos e os corpos dos homens. Uma, somente, das naves velozes passar conseguiu, 70 Argo, que todos celebram nos cantos, de volta de Eetes. Essa, também, contra o imano penedo seria lançada, se Hera, por ser afeiçoada a Jasão, não servisse de guia. “‘Dois alcantis mais adiante se veem, um dos quais até as nuvens a ponta aguda dirige, por nuvens escuras cercada. Estas jamais se desfazem, nem nunca por volta do pico a claridade se espalha no tempo do outono e do estio. Nenhum mortal poderia escalá-lo ou sobre ele manter-se, té mesmo se vinte mãos, vinte pés também ele tivesse. Tão lisa é a rocha de ver, que parece ter sido lavrada. 80 No meio dela se encontra uma gruta de aspecto sombrio, para o ocidente voltada e para o Érebo. A côncava nave deves, ó claro Odisseu, dirigir justamente a esse ponto. Nem mesmo um homem robusto pudera da nave escavada a funda gruta alcançar, se com o arco disparo fizesse. Cila demora ali dentro, onde faz um terrível barulho. Sim, em verdade seu grito semelha-se ao de um cachorrinho nado de pouco; é, porém, um flagelo terrível; não houve quem se gloriasse de vê-la, ainda mesmo que um deus a encontrasse. De doze pés é dotada, disformes bastante eles todos, 90 com seis compridos pescoços, também terminando eles todos por uma horrenda cabeça, com tríplice fila de dentes, fortes e em número grande, onde a lúgubre Morte se aninha. Acha-se até meio corpo escondida na côncava gruta, mas para fora do báratro horrível estende as cabeças. Sói, desse ponto, pescar, ao redor espiando do escolho, lobos do mar ou delfins ou, mais ainda, se o acaso lhe enseja, monstro maior, dos milhares que nutre a sonora Anfitrite. Não poderá vangloriar-se nenhum marinheiro de incólume ter por ali navegado, pois ela arrebata com cada 100 uma das goelas um homem das naves de proa anegrada. “‘Hás de avistar o outro escolho, Odisseu, bem mais baixo do que este e perto dele; puderas o estreito vingar com a seta. Uma figueira aí se encontra plantada, de muita folhagem; por baixo dela Caribde divina a água negra reabsorve. Isso faz ela três vezes ao dia e, outras tantas, a expele por modo horrível. Se ali fores ter no momento em que aspira, nem o que a terra sacode livrar-te do mal poderia. É preferível passares por perto do escolho de Cila, rapidamente, porque te será muito mais vantajoso 110 somente seis companheiros perder do que toda a companha.’ “Isso disse ela; em resposta lhe volto as seguintes palavras: ‘Deusa, lealmente me instrui a respeito do que ora te peço: se, por acaso, escapar da funesta Caribde, seria fácil a Cila atacar e empecer que me roube os amigos?’ “Disse-me a deusa preclara, em resposta a essas minhas palavras: ‘Ó temerário! ainda aqui fantasias com feitos guerreiros e outros trabalhos? Não queres ceder nem aos deuses eternos? Cila não é ser mortal, mas um monstro de muita maldade, duro e terrível selvagem, que nunca vencer se consegue; 120 não há defesa possível; fugir ainda é o mais vantajoso. Se resolveres, armado, deter-te algum tempo na pedra, temo que mais uma vez ela ponha as cabeças de fora contra os teus homens e número igual de guerreiros te pilhe. É preferível passares por ela e Crateis invocares, a mãe de Cila, que só para dano dos homens a teve. Ela fará que tal monstro se abstenha de ofensa fazer-te. “‘À ilha Trinácria, depois, chegarás, onde as vacas inúmeras de Hélio no pasto hás de ver, assim como as ovelhas robustas, sete manadas de vacas e sete ovelhas bonitas, 130 tendo cada uma cinquenta cabeças; jamais reproduzem, mas, também, nunca perecem. São deusas as suas pastoras, ninfas ornadas de tranças bem-feitas, Faetusa e Lampécia, ambas nascidas de Neera divina e do Sol Hiperiônio. Logo que à luz ambas vieram e a mãe as criou veneranda, à ilha as levou a Trinácria, que à parte se encontra das outras, para cuidar das ovelhas do pai e das vacas tardonhas. Se todas elas deixardes ilesas, pensando na volta, a Ítaca haveis de chegar, apesar dos trabalhos da viagem; mas, se lesardes alguma, anuncio-te a ruína dos sócios 140 e do navio; conquanto tu próprio te salves, mui tarde e miserável à pátria hás de ir ter, sem nenhum companheiro.’ “Disse, no tempo em que a Aurora surgiu no seu trono dourado. Para o interior, novamente, voltou da ilha a deusa preclara. No mesmo instante subi para a nau e dei ordens aos sócios que se embarcassem, também, e as amarras de trás desprendessem. Sobem, por isso, os demais para bordo e se sentam nos bancos, todos em ordem, batendo com os remos nas ondas grisalhas. Por trás do nosso navio de proa anegrada mandou-nos bom companheiro, benéfico vento, que as velas enfuna, 150 Circe de tranças bem-feitas, canora e terrível deidade. Dos apetrechos da nau, em seguida, sem falha cuidamos, e nos sentamos na nave, que o vento e o piloto dirigem. O coração apertado, dirijo-me aos sócios de viagem: “‘Caros amigos, não basta que um só, ou que dois, fiquem cientes do que respeita ao destino que Circe preclara me disse. Não; quero tudo contar-vos, porque procuremos a Morte conscientemente, ou possamos fugir do Destino funesto. Manda, em primeiro lugar, que as divinas Sereias, dotadas de voz maviosa, evitemos e o prado florido em que se acham. 160 Somente a mim concedeu que as ouvisse; mas peço a vós todos que me amarreis com bem fortes calabres, porque permaneça junto do mastro, de pé, com possantes amarras seguro. Se, por acaso, pedir ou ordenar que as amarras me soltem, mais fortes cordas, em torno do corpo, deveis apertar-me.’ “Aos companheiros, desta arte, contei as minúcias do caso, à ilha, entrementes, a nau bem-construída chegara depressa, onde as Sereias demoram, que um vento propício a impelia. Eis que de súbito o vento se acalma e tranquila se estende a calmaria, que as ondas fizera aplacar um demônio. 170 Pondo-se logo de pé, os companheiros a vela amainaram e a depuseram na côncava nave; depois, assentados, fazem que as ondas espumem aos golpes dos remos de abeto. Uma rodela de cera cortei com meu bronze afiado, em pedacinhos, e pus-me a amassá-los nos dedos possantes. Amoleceu logo a cera, por causa da força empregada e do calor grande de Hélio, o senhor Hiperiônio esplendente. Sem exceção, depois disso, tapei os ouvidos dos sócios; as mãos e os pés, por sua vez, me amarram na célere nave, em torno ao mastro, de pé, com possantes calabres seguro. 180 Sentam-se logo, batendo com o remo nas ondas grisalhas. Mas, ao chegar à distância somente de grito da praia, com toda a força a remar, não passou nosso barco ligeiro despercebido às Sereias, de perto, que entoam sonoras: “‘Vem para perto, famoso Odisseu, dos Aquivos orgulho, traz para cá teu navio, que possas o canto escutar-nos. Em nenhum tempo ninguém por aqui navegou em nau negra, sem nossa voz inefável ouvir, qual dos lábios nos soa. Bem mais instruído prossegue, depois de se haver deleitado. Todas as coisas sabemos, que em Troia de vastas campinas, 190 pela vontade dos deuses, Troianos e Argivos sofreram, como, também, quanto passa no dorso da terra fecunda.’ “Dessa maneira cantavam, belíssima. Mui desejoso de as escutar, fiz sinal com os olhos aos sócios que as cordas me relaxassem; mas eles remaram bem mais ardorosos. Alçam-se, então, Perimedes e Euríloco e deitam-me logo novos calabres, e os laços e as voltas mais firmes apertam. Mas, quando essa ilha, na viagem, deixamos ficar bem distante, sem mais ouvirmos a voz das Sereias e o canto mavioso, meus companheiros queridos tiraram depressa do ouvido 200 a cera ali por mim posta e dos laços, por fim, me livraram. “Mal nós havíamos a ilha deixado, através do nevoeiro, ondas enormes percebo, seguidas de grande estampido. Apavoram-se os sócios, e os remos, largados, caíram para a corrente, ruidosos; imóvel ficou logo a nave, pois ninguém mais, dentro dela, com a força do remo a impelia. Por toda a nave correndo, me pus a exortar os amigos, e, a cada um deles chegando-me, em termos melífluos lhes falo: “‘Temos sobeja experiência, meus caros, de todo infortúnio; este será, por acaso, maior do que quando o Ciclope 210 na gruta côncava a todos prendeu, de sua força valendo-se? Por meu conselho e coragem, no entanto, dali conseguimos nos libertar, como penso sois todos do caso lembrados. Ânimo, pois, e obediência prestai ora às minhas palavras. Vós, remadores, nos bancos sentados, as ondas profundas com vossos remos batei, para vermos se Zeus nos concede deste perigo fugir e da Morte escapar impendiosa. Enquanto a ti, meu piloto, transmito-te esta ordem; no espírito guarda-a, por teres o mando do leme da côncava nave. Vai dirigindo o navio por fora daquela onda grande 220 e do vapor, para o lado do escolho; que não aconteça, a teu mau grado, ser ele levado, com risco de todos.’ “Isso lhes disse; eles todos, depressa, o conselho seguiram. “Do inevitável perigo de Cila não disse palavra, para que os sócios, tomados de medo, das mãos não deixassem os remos todos cair e no fundo da nau se escondessem. Por minha parte, esqueceu-me o conselho penoso que Circe me havia dado, ao dizer que era inútil vestir minhas armas, pois, envergando a armadura magnífica e um par de compridas lanças na mão, fui postar-me no teto da proa da nave, 230 pela certeza de ser o primeiro a enfrentar-me com Cila, a moradora da pedra, no ponto em que viesse ofender-nos. Em parte alguma, porém, pude vê-la; doíam-me os olhos do grande esforço empregado, de espiar o brumoso rochedo. “Cheios de angústia, portanto, iniciamos a estreita passagem, por termos Cila de um lado e Caribde divina do oposto, que a água salgada do mar por maneira terrível chupava. Ao expeli-la, era como caldeira nas chamas vivazes, a revolvê-la com grande barulho. Para o alto era a espuma dos dois escolhos jogada, voltando a cair sobre os picos, 240 porque, quando a água salgada do mar deste modo absorvia, aparecia ela toda por dentro revolta; à sua volta a pedra soava terrível e o fundo anegrado se via da cor da areia. Apodera-se o medo de todos os sócios. Enquanto o olhar para ali dirigíamos, cheios de espanto, seis companheiros do fundo da côncava nave arrancou-me Cila, entre todos os mais distinguidos em força e no braço. Quando a cabeça de novo volvi para a célere nave e para os sócios, por cima de mim percebi que agitavam as mãos e os pés, a chamar por meu nome com voz angustiosa, 250 o que fizeram pela última vez na premência em que estavam. Qual pescador que com vara comprida, postado na ponta do promontório, enganoso alimento aos peixinhos atira, preso num chifre de boi não domado, nas ondas imerso, e para a margem, depois, palpitante, fisgado o projeta: dessa maneira a agitarem-se, à rocha eles foram levados. Cila os comeu ali mesmo, na entrada da gruta, entre gritos; eles as mãos me estendiam, na luta horrorosa em que estavam. Foi esse o quadro mais triste de todos que viram meus olhos, em quanto tenho sofrido a explorar as estradas marinhas. 260 “Tendo aos imanos rochedos de Cila e Caribde fugido, à ilha agradável do deus fomos ter sem nenhuma delonga. Vacas de fronte espaçosa, belíssimas, nela se viam, e numerosos rebanhos de ovelhas do excelso Hiperiônio. Dentro da nave de escuro costado ainda estávamos todos, quando, do encerro do pasto, o mugido das vacas ouvimos, bem como o tenro balido dos anhos. No instante me ocorrem as profecias do cego adivinho, o Tebano Tirésias, e Circe Eeia, quando ambos disseram com muita insistência porque evitássemos a ilha do deus que dos homens é amigo. 270 O coração apertado, falei aos meus sócios de viagem: “‘Ora me ouvi, companheiros, pesar dos trabalhos sofridos. Vou revelar-vos orác’los do sábio adivinho Tirésias e Circe Eeia, quando ambos disseram com muita insistência porque evitássemos a ilha do deus que dos homens é amigo. A mais terrível desgraça disseram que aqui nos aguarda; urge, por isso, afastar dela a nave de casco anegrado.’ “Isso lhes disse; eles todos sentiram faltar a coragem. Disse-me Euríloco, então, as palavras terríveis seguintes: “‘És bem cruel, Odisseu! Força tens sem confronto, e cansaço 280 jamais conheces; teus membros são tesos, parece, de ferro. Muito alquebrados se encontram, por causa da luta e a vigília, os companheiros, e queres proibir que saltemos à terra na ilha batida por ondas, a fim de repasto aprontarmos, e ordens transmites que sigam desta arte, na noite iminente, da ilha jogados, sulcando o infinito das ondas brumosas? São perniciosos os ventos da noite e conduzem ruína para os navios. Da Morte cruel de que modo escaparmos, se tempestade de súbito viesse a cair sobre as ondas, ou produzida por Noto ou por Zéfiro forte, vezeiros 290 em desfazer os navios, pesar dos desígnios dos deuses? A Noite escura convém que nós todos agora acatemos, e, junto à célere nave, na praia, aprontemos a ceia, para amanhã, novamente embarcados, cruzarmos as ondas.’ “Esse o discurso de Euríloco; os outros aplausos lhe deram. Força me foi convencer que um demônio intentava arruinar-nos. A eles virando-me, então, lhes dirijo as aladas palavras: “‘Tendes mais força do que eu, por achar-me, nesta hora, sozinho. Mas juramento solene desejo que todos me prestem que, se encontrarmos manada de vacas, ou grande rebanho, 300 na ilha, de ovelhas, nenhum, por ação temerária, a uma delas há de privar da existência; havereis de comer, tão somente, das iguarias de Circe imortal. Que isso, só, nos contente.’ “Isso lhes disse; eles logo juraram conforme o ordenara. Tendo eles, pois, completado as palavras da fórmula sacra, a nau bem-feita ancoramos no fundo recurvo do porto, perto de uma água agradável; depois, para terra saltando, os companheiros a ceia aprontaram com mãos de peritos. Quando já haviam saciado a vontade da fome e da sede, dos companheiros queridos lembrados, em pranto romperam, que Cila havia tirado de dentro da côncava nave. Sono lhes veio agradável, no tempo em que assim se carpiam; mas, no terceiro período da noite, ao caírem já os astros, vento terrível lançou o poderoso, que as nuvens reúne, Zeus, tempestade violenta, fazendo que as nuvens cobrissem a terra e o mar juntamente; do céu baixa a noite, entretanto. Logo que a Aurora, de dedos de rosa, surgiu matutina, para uma gruta profunda levamos a nave e ancoramos onde se viam terreiros de danças e assentos das ninfas. Faço reunir a assembleia e aos presentes arengo desta arte: 320 ‘Caros amigos! Na nave ainda temos comida e bebida; cumpre pouparmos as vacas, não vá suceder-nos desgraça. De divindade terrível são todas, e as nédias ovelhas, de Hélio, que tudo discerne e que todas as coisas escuta.’ “Dessa maneira falei, convencendo-lhes o ânimo altivo. Noto soprou pelo curso de um mês, incessante; dos outros ventos nenhum nos soprava, a não ser Euro e Noto, somente. Eles, enquanto ainda tínhamos vinho vermelho e alimentos, nada aos rebanhos fizeram, por terem amor à existência. Quando, porém, se acabou tudo quanto se achava na nave, 330 a percorrer a ilha toda se viram forçados, em busca de algumas aves e peixes, munidos de anzóis retorcidos, ou do que achassem, que o estômago a todos a fome afligia. Em certo dia pela ilha me pus a vagar, porque aos deuses fosse rezar e pedir propiciasse o retorno algum deles. Indo pela ilha, portanto, e ao me ver apartado dos sócios, as mãos lavei num lugar abrigado dos ventos furiosos, e aos deuses todos meus votos alcei, moradores do Olimpo. “Logo fizeram às pálpebras sono agradável baixar-me. Um mau conselho, porém, dava Euríloco aos outros consócios: 340 ‘Ora me ouvi, companheiros, apesar dos trabalhos sofridos. Todas as Mortes odiosas são sempre, aos mortais, infelizes; nada, porém, mais terrível que à fome acabar a existência. Ânimo! De Hélio tomemos as reses mais belas e pingues e sacrifício aprestemos aos deuses eternos do Olimpo. E se nos for concedido voltar ao torrão de nascença, a Ítaca, um templo suntuoso ergueremos ao Sol Hiperiônio, Hélio radiante, que cheio será de tesouros magníficos. Se pela Morte das vacas de cornos erectos zangar-se e destroçar-nos a nave, ficando os mais deuses de acordo, 350 de qualquer jeito prefiro morrer uma vez só, nas ondas, a me extinguir lentamente, de fome, nesta ilha deserta.’ “Esse o discurso de Euríloco; os outros aplausos lhe deram. As vacas de Hélio mais pingues, então, sem demora tomaram, que andavam perto; não longe das naves de proa anegrada, no pasto as reses brilhantes se achavam, de fronte espaçosa. Em torno delas se postam; aos deuses eternos suplicam, e as tenras folhas cortaram de um alto e frondoso carvalho, pois no navio de boa coberta não tinham cevada. Feita a oração, degolaram as reses e os couros tiraram, 360 as coxas logo cortaram e em dupla camada envolveram da própria graxa, jogando por cima pedaços de músculos. Visto não terem mais vinho, que sobre o holocausto jogassem, as libações foram feitas com água e queimadas as vísceras. Quando queimadas as coxas e as vísceras todas comidas, logo o restante retalham e espetos enfiam nas postas. “Sai-me das pálpebras, nesse entrementes, o sono agradável; para o navio veloz dirigi-me, na beira da praia. Mas, quando perto estava a nau de traçado recurvo, por um bom cheiro de carne queimada me vi envolvido. 370 A lastimar-me bradei, dirigindo-me aos deuses eternos: “‘Zeus poderoso e vós outros, ó deuses eternos e beatos! Foi para minha desgraça que sono cruel me mandastes. Na minha ausência os meus sócios um crime monstruoso fizeram.’ “Não tardou muito e Lampécia, de manto comprido, a notícia a Hélio Hiperiônio levou, de que tínhamos reses matado. E ele, colérico, vira-se, então, para os deuses eternos: “‘Zeus poderoso e vós outros, ó deuses eternos e beatos! Os companheiros puni de Odisseu, de Laertes nascido, por terem sido audaciosos, matando-me as vacas, o enlevo 380 dos olhos meus, quando vou a caminho do céu estrelado e quando à terra, de volta do céu, vou descendo de novo. Se não tiverem castigo adequado ao prejuízo das vacas, para o Hades hei de baixar; quero a luz conduzir para os mortos.’ “Disse-lhe, então, em resposta, Zeus grande que as nuvens cumula: ‘Hélio, contém-te! Prossegue levando às eternas deidades a tua luz, e aos mortais que se nutrem da terra fecunda, pois muito em breve em fasquias farei o navio ligeiro, longe do mar cor de vinho, fendendo-o com o raio brilhante.’ “Tudo isso soube depois por Calipso, de tranças bem-feitas, 390 que me informou ter sabido por Hermes, o guia brilhante. “Logo que a praia do mar alcancei e o navio ligeiro, aproximei-me, increpando cada um de per si; mas remédio nenhum pudera ser feito, que as vacas bem mortas se achavam. A eles, em breve, mostraram os deuses sinais prodigiosos: movem-se as peles; a carne no espeto soltava gemidos, quer ainda crua ou tostada, com voz semelhante à das vacas. “Os companheiros queridos, durante seis dias a fio, se banquetearam com as vacas do Sol, escolhendo as melhores. Mas, quando o sétimo dia, afinal, nos mandou Zeus cronida, 400 eis que de súbito o vento cessou de soprar tempestuoso. Mais uma vez embarcados, o mastro da nave erigimos, a vela nívea soltamos e ao mar nos fizemos extenso. Quando, portanto, já tínhamos a ilha deixado e nenhuma terra se via, senão mar somente e o céu vasto por cima, fez Zeus, o filho de Crono, surgir uma nuvem sombria, por sobre a côncava nave, que as ondas escuras fez logo. “Por muito tempo não pôde correr o navio, que Zéfiro logo baixou a ulular, desmanchando em violenta procela. Ambas as cordas da frente do mastro o remoinho do vento 410 faz em pedaços; o mastro para trás e a cordoalha toda no fundo da nave, indo a ponta do mastro, na popa, bem na cabeça bater do piloto, quebrando-lhe os ossos todos a um tempo; o piloto saltou da coberta na forma de um acrobata, deixando-lhe os ossos o espírito ardente. Um raio Zeus poderoso lançou sobre a nave, estrondando; pela violência do raio as junturas tremeram, enchendo-se ela de cheiro de enxofre; da nau foram todos lançados. Tal como gralhas marinhas à volta do casco anegrado, eram levados nas ondas; o deus os privou do retorno. 420 Por toda a nave andava eu a correr té que a força das águas os flancos solta da quilha, que as ondas, sozinha, levaram; o próprio mastro da enora é arrancado, levando na ponta preso um calabre com tiras de couro de boi fabricado. Ambas as peças, o mastro e a carena, amarrei com o calabre; sento-me em cima, deixando que os ventos funestos me levem. “Zéfiro cessa, por fim, de soprar, qual tormenta furiosa, mas sobrevém logo Noto, causando-me desassossego, pois me forçou novamente a passar por Caribde funesta. Dessa maneira vaguei toda a noite; ao raiar o Sol belo, 430 vi-me de novo no escolho de Cila e da seva Caribde. Esta na fase de as ondas do mar absorver se encontrava; mas, dando um salto, agarrei-me no tronco da grande figueira, qual um morcego, bem firme abraçado, sem ter nenhum ponto em que me fosse possível firmar-me, ou subir mais um pouco, pois as raízes no fundo se achavam e os galhos muito altos, grossos e longos, que sombra faziam na seva Caribde. Firme, aguardei com paciência que o mastro e a carena de novo ela expelisse; afinal vieram ambos depois de demora interminável, no tempo em que o juiz se levanta da praça 440 para ir cear, pós haver dirimido bastantes contendas. 16 Só nessa quadra os madeiros surgiram do lado de fora. Do alto deixei-me cair, as mãos ambas e os pés desprendendo, com grande estrondo no estreito, bem junto do mastro e da quilha. Neles sentando-me logo, servi-me das mãos como remos. O pai dos homens e deuses não quis que outra vez me avistasse Cila; ser-me-ia impossível fugir da precípite Morte. “Por nove dias vaguei; mas, na noite do décimo, os deuses à ilha de Ogígia me fazem chegar, onde mora Calipso de belas tranças, a deusa terrível. Amado por ela 450 fui e tratado. Porém para que repetir-te isso tudo? Ontem já tive ocasião, no palácio, de tudo narrar-te e a tua nobre consorte. É-me odioso, realmente, de novo ter de contar o que já ficou dito com toda a clareza.” https://prioste2015.files.wordpress.com/2015/03/homero-odisseia-trad.-carlos-alberto-nunes.pdf

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