domingo, 17 de dezembro de 2023

A FELICIDADE

"A felicidade é do outro." ----------- ---------------- Pobre Menina Rica X - Minha desventura - Carlos Lyra (1964) ----------- "Minha Desventura é o Carlinhos numa perfeição melódica e Vinicius no auge do seu lirismo romântico." _________________________________________________________________________________________________________ --------------- ------------- 2:47 / 5:14 Vanessa Moreno | Making of | Um Café Lá Em Casa O vídeo de hoje é para matar a curiosidade sobre os bastidores da gravação do programa com a Vanessa Moreno! ;) Confere aí! UM CAFÉ LÁ EM CASA 24 de jul. de 2021 _________________________________________________________________________________________________________ ------------ ------------ Um Café Lá Em Casa | Vanessa Moreno e Nelson Faria --------------- "Fã de heavy metal na adolescência, ela estudou canto erudito, acabou se aproximando da música popular e se tornou uma das maiores revelações da cena paulistana recente. O quarto episódio da nova temporada de Um Café Lá Em Casa traz o talento de uma intérprete singular: Vanessa Moreno. Ela conta como escolhe seu repertório e mostra canções de grandes compositores como Roberto Menescal, João Donato e Djavan." Transmitido ao vivo em 22 de jul. de 2021 https://www.youtube.com/watch?v=C8rIckcCGK4 ______________________________________________________________________________________________________________ --------- ------------- O Grande Circo Místico: álbum de Chico Buarque e Edu Lobo é revivido em parceira da TV Cultura Jornalismo TV Cultura 16 de dez. de 2023 #JornaldaCultura #JC #MPB Neste sábado, um show especial promovido pela Rádio e TV Cultura em parceria com a Universidade Mackenzie celebrou os 40 anos do álbum O Grande Circo Místico. Uma história de amor entre um nobre e uma acrobata no início do século 19 convida o público a conhecer a saga de uma família circense pelo mundo. O espetáculo Grande Circo Místico mistura dança, música, teatro e poesia. Ganhou trilha sonora no álbum de mesmo nome composto por Chico Buarque e Edu Lobo, feita especialmente para o Balé Teatro Guaíra, que deu vida ao enredo em 1983. Quarenta anos depois do lançamento do disco, a cantora Vanessa Moreno e o pianista Cristovão Bastos sobem aos palcos para interpretar as músicas consagradas nas vozes de Milton Nascimento, Gal Costa e Gilberto Gil, entre outros. #JornaldaCultura #JC #MPB #ChicoBuarque #Brasil #Cultura https://www.youtube.com/watch?v=MFq4aDfcEPU _________________________________________________________________________________________________________ ------------ ------------- Primavera Carlos Lyra O meu amor sozinho É assim como um jardim sem flor Só queria poder ir dizer a ela Como é triste se sentir saudade É que eu gosto tanto dela Que é capaz dela gostar de mim Acontece que eu estou mais longe dela Que da estrela a reluzir na tarde Estrela, eu lhe diria Desce à terra, o amor existe E a poesia só espera ver nascer a primavera Para não morrer Não há amor sozinho É juntinho que ele fica bom Eu queria dar-lhe todo o meu carinho Eu queria ter felicidade É que o meu amor é tanto É um encanto que não tem mais fim E, no entanto, ela não sabe que isso existe É tão triste se sentir saudade Amor, eu lhe direi Amor que eu tanto procurei Ah! Quem me dera que eu pudesse ser A tua primavera e depois morrer Composição: Carlos Lyra / Vinícius de Moraes. ____________________________________________________________________________________________ ------------ --------------- O Grande Circo Místico - Chico Buarque & Edu Lobo (1983) Bruno Leão 168.476 visualizações 14 de jul. de 2015 O Grande Circo Místico foi composto por Chico Buarque e Edu Lobo. As músicas foram interpretadas por Milton Nascimento, Gal Costa, Simone, Zizi Possi entre outros. O disco foi lançado pela Som Livre em 1983. 01 Abertura do Circo - Instrumental 00:00 02 Beatriz - Milton Nascimento 03:00 03 Valsa Dos Clowns- Jane Duboc 08:31 04 Opereta Do Casamento - Coro 12:12 05 A História de Lily Braun - Gal Costa 16:08 06 Oremus - Coro 20:00 07 Meu Namorado - Simone 21:59 08 Ciranda Da Bailarina - Coro Infantil 24:43 09 Sobre Todas As Coisas - Gilberto Gil 27:06 10 O Tatuador - Instrumental 32:07 11 A Bela e a Fera - Tim Maia 35:35 12 O Circo Místico - Zizi Possi 38:31 13 Na Carreira - Chico Buarque & Edu Lobo 42:12 _________________________________________________________________________________________________________ --------------- Só Choro Quando Estou Feliz Carlos Lyra Vai, vai, vai E me deixa chorar Só tenho esse adeus Pra te dar E essa lágrima triste Que cai, cai, cai Dos meus olhos Mas ninguém diz Que eu fico em paz Eu só choro Quando estou feliz Só sei sorrir Longe da felicidade Estando tristeEu estou mais a vontade Eu sei chorar Uma dor que não existe Mas o amor que é de verdade Eu não sei se sou capaz Porque ele traz, traz, traz A tristeza E aí quem diz Que eu choro mais Eu só choro, Quando estou feliz Eu só choro, Quando estou feliz Composição: Carlos Lyra. ___________________________________________________________________________________ -------------
----------- "A felicidade é do outro." Essa frase pode ter diferentes interpretações dependendo do contexto. Ela pode significar que a felicidade está relacionada ao outro, ou seja, que a felicidade é encontrada nas relações interpessoais, na conexão com outras pessoas e no compartilhamento de momentos felizes. Também pode indicar uma ideia de que a felicidade está presente quando vemos o outro feliz, quando nos alegramos com a felicidade alheia. Essa frase pode ser aplicada em vários contextos para expressar diferentes ideias. Aqui estão algumas maneiras de aplicá-la em situações diversas: Relacionamentos pessoais: Em um relacionamento amoroso, pode significar que a felicidade de um parceiro está diretamente ligada à felicidade do outro. O bem-estar mútuo é essencial para uma relação feliz e saudável. Ambiente de trabalho: Em um ambiente profissional, essa frase pode sugerir que a felicidade de uma equipe está interligada. Quando os colegas se apoiam e se ajudam, a atmosfera se torna mais positiva, resultando na felicidade geral do grupo. Comunidade e sociedade: No contexto social, essa frase pode ser interpretada como a ideia de que a felicidade de um indivíduo está relacionada à felicidade da comunidade. Quando a comunidade está próspera e harmoniosa, cada indivíduo tende a se sentir mais feliz. Autoconhecimento e empatia: Em um nível mais pessoal, a frase pode enfatizar a importância de entendermos e nos conectarmos com os outros para alcançar a nossa própria felicidade. Ao contribuir para o bem-estar dos outros, podemos encontrar a nossa própria felicidade. Filosofia e espiritualidade: Em um sentido mais filosófico ou espiritual, essa frase pode refletir a ideia de que a verdadeira felicidade é encontrada ao se preocupar com o bem-estar dos outros, praticando a generosidade e a compaixão. Essa expressão, quando aplicada em diferentes contextos, ressalta a interconexão entre as pessoas e como a felicidade pode ser compartilhada e potencializada por meio das relações interpessoais e da preocupação mútua. ____________________________________________________________________________________________ -----------
------------- Morre Carlos Lyra, compositor histórico da bossa nova, aos 90 anos Por Ruy Castro /Folha de S. Paulo A morte do músico, que estava internado desde quinta no Rio de Janeiro por causa de uma febre, foi confirmada pela mulher Morreu Carlos Lyra, um dos precursores da bossa nova, aos 90 anos neste sábado. Ele havia sido internado na quinta-feira, dia 14, com febre e teve uma infecção, segundo sua mulher. Lyra será velado no Crematório Memorial do Carmo, em uma cerimônia restrita a familiares e amigos. De 1958 a 1965, Carlos Lyra, em parceria com Vinicius de Moraes, Ronaldo Bôscoli e poucos mais, produziu maravilhas como "Primavera", "Minha Namorada", "Marcha da Quarta-Feira de Cinzas", "Coisa Mais Linda", "Canção que Morre no Ar", "Lobo Bobo", "Saudade Fez um Samba", "Se É Tarde me Perdoa", "Feio Não É Bonito", "Samba do Carioca", "Samba da Legalidade", "Aruanda", "Quem Quiser Encontrar o Amor", "Influência do Jazz", "Sabe Você", "Você e Eu", "Maria Ninguém", "Maria Moita" e muitas mais —gravadas por João Gilberto, Nara Leão, Sylvia Telles, Astrud Gilberto, Elis Regina, Billy Eckstine, Brigitte Bardot e incontáveis grupos instrumentais. Dele, disse Tom Jobim que "Carlinhos é o maior melodista da bossa nova". Se Jobim falou, estava falado —embora, para o resto do mundo, o maior melodista da bossa nova fosse o próprio Jobim, com Lyra pagando um honroso placê. Seja como for, esse corpo de canções, produzido em tão pouco tempo, foi suficiente para sustentar Carlos Lyra pelos 50 anos seguintes —período em que, por vários motivos, sua produção não se comparou à dos tempos heroicos da bossa nova. O que fez com que seu mais antigo parceiro —e cordial desafeto— Ronaldo Bôscoli o definisse, dizendo "Carlinhos Lyra é o contrário do vinho". "Quanto mais moço, melhor." Bôscoli sabia o que dizia. Os dois juntos, e mais uma plêiade de garotos por volta dos 20 anos, compunham uma turma que, naquela época, passava as noites no apartamento da quase adolescente Nara Leão, na avenida Atlântica, em Copacabana, para tocar violão, trocar acordes, cantar suas composições, rir muito e filar o uísque do dono da casa, pai de Leão. No futuro, diriam que a bossa nova nascera no apartamento de Leão. Mas Lyra, que vinha da pré-história do novo ritmo, sempre negou que tivesse sido assim. E acrescentava "nem a Nara nasceu no apartamento da Nara". Embora tenha sido um dos criadores do movimento, Lyra foi quem mais procurou discutir o gênero —o que, às vezes, resvalou em posições contraditórias. Exemplos? Cerca de 1961, por motivos ideológicos —pertencia ao Partido Comunista e atuava no CPC, o Centro Popular de Cultura—, se afastou de Jobim, Bôscoli e outros que considerava de "direita" e chegou a propor um novo nome, "sambalanço", para sua música. O nome não pegou e ele voltou à denominação original. Em 1962, se insurgiu também contra o que considerava um excesso de influência do jazz na bossa nova, principalmente a praticada no Beco das Garrafas —donde o seu samba-manifesto, "Influência do Jazz". Mas, já em 1963, gravou um disco, "The Sound of Ipanema", com o saxofonista americano Paul Winter e, em 1964, viajou pelos Estados Unidos com o principal jazzista da bossa nova, o também saxofonista Stan Getz. E foi também talvez o único a praticar explicitamente uma variedade rítmica dentro da bossa nova —sua obra é composta de boleros, como "Maria Ninguém", marchas-rancho, como "Marcha de Quarta-Feira de Cinzas", e sambas-canções, como "Minha Namorada". Naturalmente que, vindo de quem vinha, era tudo "bossa nova". Lyra pertenceu a uma extraordinária geração de compositores dos anos 1960 que incluiu, entre outros, os americanos Henry Mancini, Burt Bacharach, Neil Hefti, Cy Coleman e Stephen Sondheim, o italiano Nino Rota, o francês Michel Legrand, o mexicano Armando Manzanero e, claro, Antonio Carlos Jobim. Todos fizeram música para cinema, televisão e teatro, sem prejuízo de canções avulsas, para seus cantores favoritos. Durante toda aquela década, eles foram, em escala internacional, a grande alternativa ao rock que já começava a impor sua ditadura ao mercado. Uns mais, outros menos, eles chegaram ainda fortes aos anos 1970, mas, dez anos depois, todos tinham sido varridos das paradas de sucesso por um tipo de música que já não exigia melodia e harmonia sofisticadas. Nesse interregno, Lyra se interessou por astrologia, aliás, pela "astrologia sideral", que propunha uma nova ordem para os signos do zodíaco, e escreveu um livro a respeito. E começou também uma longa carreira de shows baseados em seu repertório clássico. As pessoas se perguntavam por que ele nunca mais compôs coisas como "Primavera" ou "Minha Namorada". Se a pergunta fosse dirigida a mim, eu respondia não é que ele não queira ou tenha perdido a inspiração. O mercado é que não quer saber mais dele ou de quem faça música bonita. A prova de que a inspiração não abandonara Carlos Lyra está nas quase 20 grandes canções —com fabulosas letras de Aldir Blanc— que ele compôs para "Era no Tempo do Rei", um musical brasileiro que, por três meses de 2010, lotou o teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, e saiu de cartaz sem que nenhum cantor se interessasse por elas. Foi pena —muitas mereciam ter ganhado vida própria, fora do palco. Mas você nunca o ouviria se queixar de que, muito antes disso, ele já fora varrido pelo mercado. É possível que, ao falar da morte de Lyra, outros veículos o deem como nascido em 1936, 1938 e até 1939 —confusão criada por ele próprio, numa tentativa de deter a passagem dos anos, e ratificada em seu livro "Eu & a Bossa", cheio de imprecisões, lançado há 15 anos. Mas a data certa é 11 de maio de 1933. Data que, no passado, Lyra admitia com tranquilidade —quando não apenas a bossa ainda era nova, mas ele também, e, em 1963, a admirada Jacqueline, a mulher do presidente John Kennedy, passava o dia cantarolando "Maria Nobody" pelos corredores da Casa Branca. Na verdade, a única dúvida seria quanto ao seu signo —touro, pela astrologia tradicional; áries, pelos novos cálculos que ele tinha feito pela "astrologia sideral". Ele deixa a mulher e uma filha, Kay Lyra. _________________________________________________________________________________________________________ ------------- _________________________________________________________________________________________________________ É uma perda significativa para a música brasileira. Carlos Lyra foi uma figura central na cena da bossa nova e suas contribuições deixaram uma marca indelével no cenário musical. Ele não apenas coescreveu músicas icônicas, mas também contribuiu para moldar um movimento que ecoou muito além do Brasil. Sua parceria com Vinicius de Moraes, Ronaldo Bôscoli e outros gerou canções atemporais que foram interpretadas por alguns dos grandes nomes da música. Seu trabalho como compositor, ao lado de sua busca por discutir e evoluir o gênero da bossa nova, foi marcado por momentos intensos e, por vezes, contraditórios. As diferentes fases de sua carreira, desde os tempos heroicos da bossa nova até os anos seguintes, refletiram mudanças ideológicas, experimentações e incursões por diferentes estilos musicais. Sua capacidade de compor diversos gêneros dentro da bossa nova demonstrou uma versatilidade admirável. É interessante como ele buscou novos caminhos, explorando outras áreas como a astrologia e mantendo uma carreira de shows baseada em seu repertório clássico. Sua jornada musical foi diversificada e repleta de momentos significativos, mesmo quando o mercado mudou e as preferências musicais se transformaram. O fato de suas composições para um musical não terem alcançado o destaque merecido demonstra como a indústria musical pode às vezes negligenciar verdadeiras joias artísticas. Lyra foi um pioneiro e sua influência perdurará na música brasileira. Sua vida e obra são um legado valioso que continuará a inspirar e encantar pessoas por gerações. _________________________________________________________________________________________________________ ----------
----------- Hugo Sukman - Nome revolucionário na bossa nova e no samba O Globo Sem deixar de fazer canções líricas como “Minha namorada” e “Primavera”, compôs também o Hino da UNE a fez a comédia musical “Pobre menina rica”, romantismo e política misturados para descrever um país que precisava ser socialmente transformado Carlos Lyra já teria seu nome na história simplesmente por ajudar a definir – ao lado de Tom Jobim e, como os dois, ninguém mais – o que seria Bossa Nova, sobretudo em sambas curtos, diretos, modernos e buliçosos como “Você e eu”, “Lobo bobo” e “Saudade fez um samba”, e canções líricas e não menos modernas como “Coisa mais linda” e “Se é tarde me perdoa”, todas escolhidas para cantar por João Gilberto, arranjadas por Tom, letradas por Vinicius de Moraes ou Ronaldo Bôscoli. Bossa Nova estabelecida, ponto. Primeira revolução. Mas tinha um país no meio do caminho. E um país nada bossa nova, leve e amoroso. Por isso, deixou por um tempo as manhãs da Ipanema onde vivia e compunha, e as noites da Copacabana onde tocava e ouvia música (sobretudo Johnny Alf, na boate do Plaza, sua maior influência), e tornou-se diretor musical do Teatro de Arena em São Paulo e engajou-se no Partido Comunista Brasileiro (“lá ninguém falava de Marx e Lênin, só de Brasil, cultura brasileira”). De volta ao Rio, com Ferreira Gullar, Oduvaldo Vianna Filho e outros artistas fundou, como dissidência ainda mais rebelde do Arena, o Centro Popular de Cultura (CPC), da União Nacional do Estudantes. Lá, como diretor musical, tramou outra revolução: imbuído de buscar a música operária brasileira aproximou-se dos sambistas “de morro” Zé Kéti (com quem fez o “Samba da legalidade”), Cartola, Elton Medeiros e Nelson Cavaquinho; faria o mesmo com a “música camponesa”, trazendo João do Vale, promovendo um novo encontro do “povo” com as elites culturais, que seria fundamental para a canção e a cultura brasileiras daí para frente, e imediatamente influenciando movimentos como o bar Zicartola, o espetáculo “Opinião” e toda a geração seguinte de cantores, músicos e compositores. Sem nunca deixar de fazer as mais líricas canções, como “Minha namorada” e “Primavera”, compôs também com Vinicius o Hino da UNE, e com Chico de Assis “O subdesenvolvido”, suíte satírica que seria a canção-símbolo desse momento. Com sua discípula Nara Leão e seu parceiro Vinicius – a ala de esquerda da bossa nova – faria a comédia musical “Pobre menina rica”, talvez sua obra-prima, romantismo e política misturados para descrever um país que precisava ser socialmente transformado. A virada do dia 31 de março para 1º de abril de 1964 encontrou Carlos Lyra na sede da UNE na Praia do Flamengo. Ainda à noite viu as primeiras balas das milícias de extrema direita, que se aliava ao Golpe Militar em curso, ricocheteando nas paredes. De manhã, o prédio seria incendiado. Traumatizado por esses eventos que descreveria a vida inteira em seus shows, ele se exilou no México e nos Estados Unidos, valendo-se da fama conquistada depois que participou do famoso show da bossa nova no Carnneggie Hall, em 1962. Com duas revoluções nas costas, a da bossa nova e o da politização da moderna canção brasileira que redundaria na MPB (ou segunda fase da bossa nova), Carlos Lyra passaria a vida divulgando esse imenso cancioneiro desenvolvidos entre 1956 e 1964, período que chamava de “as vacas gordas da cultura brasileira”. Sem a mesma divulgação, nunca parou de compor canções cada vez mais lindas com parceiros notáveis como Chico Buarque (“Essa passou”, lançada por Beth Carvalho), Ruy Guerra (“Entrudo”, por Elis Regina), Paulo César Pinheiro (“O bem da vida”, redescoberta por Monica Salmaso), Joyce Moreno (“E era Copacabana”). Tinha uma utopia formal – a de que a Bossa Nova estava muito além dos sambas que a originaram, poderia abarcar todo e qualquer gênero – e de certa forma realizou-a em seu último trabalho de fôlego, 19 canções em parceria com Aldir Blanc para o musical “E era no tempo do rei”, cada uma de um gênero diferente, tudo bossa nova, todas políticas e de relevância social, a síntese que Carlos Lyra criou e sem a qual não existiriam Chico, Gil, Caetano, Milton e as gerações seguintes, num trabalho consciente que fez Vinicius de Moraes definir seu “parceirinho cem por cento” como aquele que “une a ação ao pensamento e ao sentimento”. * Autor de “Nara - 1964” (editora Cobogó) e diretor do espetáculo "Carlos Lyra, 90 anos" _____________________________________________________________________________________ ------------ O Negócio é Amar Carlos Lyra Tem gente que ama e vive brigando E depois que briga acaba voltando Tem gente que canta porque está amando Quem não tem amor leva a vida esperando Uns andam pra frente e nunca se esquecem Mas são tão pouquinhos que nem aparecem Tem uns que são fracos e dão pra beber Outros fazem samba e adoram sofrer Tem apaixonado que faz serenata Tem amor de raça e amor vira-lata Amor com champagne, amor com cachaça Amor nos iates, nos bancos de praça Tem homem que briga pela bem-amada Tem mulher maluca que atura pancada Tem quem ama tanto que até enlouquece Tem quem dê a vida por quem não merece Amores à vista, amores à prazo Amor ciumento que só cria caso Tem gente que jura que não volta mais Mas jura sabendo que não é capaz Tem gente que escreve até poesia E rima saudade com hipocrisia Tem assunto à beça pra gente falar Mas não interessa o negócio é amar Composição: Carlos Lyra / Dolores Durán. ________________________________________________________________________________________

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