Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
domingo, 10 de dezembro de 2023
NÃO É ECONOMIA
ALÔ PADEIRO
Leia a íntegra do 1º discurso de Milei como presidente da Argentina Libertário tomou posse neste domingo (10.dez); afirmou que “começa uma era de paz e prosperidade” no país
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Milei em seu discurso de posse como presidente da Argentina
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PODER360
10.dez.2023 (domingo) - 16h20
O presidente da Argentina, Javier Milei, e a vice-presidente Victoria Villarruel tomaram posse neste domingo (10.dez.2023). A ex-vice-presidente Cristina Kirchner (2019-2023) presidiu a cerimônia, realizada em Buenos Aires.
Em seu discurso, Milei afirmou que “começa uma era de paz e prosperidade, de liberdade e progresso”. Ele foi eleito em 19 de novembro com 55,69% dos votos válidos, derrotando o candidato peronista e ex-ministro da Economia, Sergio Massa, que ficou com 44,3%. Leia a íntegra do discurso do novo presidente argentino em português (PDF – 29 kB) e em espanhol (PDF – 29 kB).
Assista ao 1º discurso de Milei como presidente da Argentina (35min23s):
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Eis a íntegra do discurso (em português):
“Olá a todos.
“Senhores ministros da nação, senhores governadores, senhores deputados, senadores nacionais, presidentes e destinatários estrangeiros e argentinos.
“Hoje começa uma nova era na Argentina. Hoje, damos por concluído o longo e triste momento de decadência e damos início a um caminho de reconstrução do nosso país.
“Nós, argentinos, de forma contundente, expressamos uma necessidade de mudança que já não tem retorno. Não há forma de retrocedermos. Hoje enterramos décadas de fracassos, embates e disputas sem sentido. Disputas que, a única coisa que conseguiram, foi destruir o nosso país e nos deixarem na ruína. Hoje começa uma nova era na Argentina. Uma era de paz e prosperidade. Uma era de crescimento e desenvolvimento. Uma era de liberdade e progresso.
“Há 200 anos, um grupo de cidadãos argentinos reunidos em San Miguel de Tucumán disse ao mundo que as províncias unidas do rio da Prata já não eram mais uma colônia espanhola. E que, a partir deste momento histórico, nós seríamos uma nação livre e soberana.
“Durante décadas, nos enfrentamos em disputas internas sobre qual deveria ser a forma institucional necessária ao nosso país. Em 1853, depois de muitos anos da independência, sob o auspício de um pequeno grupo de jovens que hoje conhecemos como a geração de 37, decidimos, como povo, abraçar as ideias da liberdade.
“Assim, sancionou-se uma constituição liberal, com o objetivo de garantir os objetivos da liberdade para nós. Para nossa posteridade, e para todos os homens do mundo que desejem habitar o solo argentino. O que veio depois da sanção dessa constituição de teor liberal foi a expansão econômica mais expressiva de toda a nossa história. Passamos, de um país de bárbaros, em guerra sem quartel, a 1ª potência mundial.
“No começo do século 20, nós éramos a luz do Ocidente. Nossas portas recebiam, de braços, milhões de imigrantes que fugiam de uma Europa devastada, buscando um horizonte de progresso. Infelizmente, a nossa liderança decidiu abandonar o modelo que nos tornou ricos e abraçaram as ideias empobrecedoras do coletivismo.
“Durante mais de 100 anos, os políticos insistiram em defender um modelo que a única coisa que propicia é a pobreza, estancamento e miséria. Um modelo que considera que os cidadãos estão aqui simplesmente para servir para a política, não que a política existe para servir aos cidadãos.
“Um modelo que considera que a função de um político é dirigir a vida dos indivíduos em todas as instâncias e esferas possíveis. Um modelo que considera o Estado como o motim de guerra que deve ser distribuído entre os amigos. Esse modelo, senhores, fracassou. E fracassou no mundo inteiro, mas especialmente, esse modelo fracassou em nosso país. Assim como a queda do muro de Berlim marcou o final de uma era trágica para o mundo, essas eleições marcaram o ponto de ruptura na nossa história.
“Nestes dias, falou-se muito sobre a herança que vamos receber. Deixe-me ser muito claro nesse momento: nenhum governo recebeu pior herança do que a que estamos recebendo agora.
“O kirchnerismo, que no começo se gabava dos seus métodos, se gabava do superavit interno e externo, hoje nos deixa com grandes déficits de 17% do PIB [Produto Interno Bruto]. Ao mesmo tempo, desses 17 pontos do PIB, 15 deles correspondem a um deficit consolidado entre o Tesouro e o Banco Central.
“Portanto, não existe solução viável em que evitemos atacar o deficit fiscal. Ao mesmo tempo, desses 15 pontos de deficit fiscal, 5 deles correspondem ao Tesouro Nacional e 10 ao Banco Central, de forma que a solução exige por um lado um ajuste fiscal no setor público nacional de 5 pontos do PIB, que, ao contrário do que havia no passado, vai diminuir quase totalmente e vai cair sobre o Estado e não sobre o setor privado.
“Por outro lado, é necessário limpar os passivos remunerados do Banco Central, os quais são responsáveis pelos 10 pontos de deficit do mesmo. Desta forma, nós daríamos fim à emissão de dinheiro, e, com isso, a única causa da inflação empiricamente certa e válida em termos teóricos.
“Entretanto, considerando que a política monetária funciona com uma defasagem que oscila entre 18 a 24 meses, mesmo quando nós deixamos de emitir moeda, nós continuaremos pagando os custos do excesso de gastos. O fato de termos emitido 20 pontos do PIB como foi feito no governo anterior, não é algo sem custo. Nós teremos que pagar isso em inflação.
“Por sua vez, o cepo cambial, o sistema de restrição à compra de dólares, que é outra herança desse governo, não apenas constitui um pesadelo social, mas implica em altas taxas de juros, no escasso nível de emprego formal e salários miseráveis que provoca o aumento de indigentes. E, além disso, o resto do dinheiro na economia é 2 vezes acima do que tínhamos antes.
“Para que vocês entendam bem o que significa isso, que Rodrigazo multiplicou 6 vezes a taxa de inflação, de forma que um evento similar significaria multiplicar a taxa de inflação por 12 vezes. E, considerando que a mesma viagem num ritmo de 300%, nós poderíamos chegar a uma taxa anual de 3.600%.
“Ao mesmo tempo, dada a situação dos passivos remunerados do Banco Central, que é pior do que a que tínhamos antes do período de alta inflação de Alfonsín, em pouco tempo poderíamos quadruplicar a quantidade de dinheiro, e, com isso levar a inflação a níveis de 15.000% anuais. Essa é a herança que estamos recebendo, uma inflação de 15.000% anual, contra a qual nós vamos lutar com unhas e dentes para eliminar.
“Além disso, este número, que parece um disparate, eu quero que vejam que implica uma inflação de 52% mensais, enquanto hoje mesmo está em um ritmo, de acordo com estimativas privadas, que oscila entre 20 e 40% mensais para os meses dezembro e fevereiro. Isto é, o governo anterior nos deixou uma hiperinflação e é nossa prioridade máxima fazer todos os esforços possíveis para evitar tal catástrofe que levaria, com certeza, muitos cidadãos à pobreza, e aumentaria a indigência acima de 50%.
“Consequentemente, não há solução alternativa ao ajuste. Por outro lado, a herança não termina aí, uma vez que os desequilíbrios em tarifas são equiparáveis apenas ao desastre causado pelo kirchnerismo em 2015. No plano cambial, a brecha oscila entre 150% e 200%. Níveis equiparáveis aos que tínhamos na época do Rodrigazo. Por sua vez, as dívidas com importadores é maior que US$ 30 bilhões. E os lucros das empresas estrangeiras retidos são maiores que US$ 10 bilhões. A dívida do Banco Central e o YPF são de US$ 25 bilhões de dólares. E a dívida pendente do Tesouro é de US$ 35 bilhões adicionais. Isso significa que, a bomba, em termos de dívidas, é de US$ 100 bilhões de dólares. A isso, deveríamos somar US$ 400 bilhões de dívidas existentes.
“Naturalmente, devemos somar a estes problemas, o vencimento da dívida deste ano. Esses vencimentos de dívidas, em peso, são equivalentes a US$ 90 bilhões, e US$ 25 bilhões em moeda estrangeira com organismos multilaterais de crédito. No entanto, com mercados fechados e o acordo com o FMI [Fundo Monetário Internacional] sem conclusão por causa dos incumprimentos brutais do governo, o vencimento da dívida é muito desafiador, mesmo neste momento.
“Como se isso não bastasse, isso acontece em uma economia que não cresce desde 2011. De acordo com o anterior, o emprego formal do setor privado continua estancado em 6.000.000 de postos de trabalho, chegando à loucura de superação em 33% pelo emprego informal. Por isso, não deveria nos surpreender que os salários reais tenham caído em torno de US$ 300 mensais, os quais não apenas são 6 vezes menores dos convertidos, mas, ao se manter a tendencia daqueles anos, ou, como eles falavam, “o maldito neoliberalismo”, oscilariam entre US$ 3.000 e US$ 3.500 dólares ao mês.
“Acabaram com a nossa vida. Nos fizeram cair 10 vezes. O salário caiu em 10 vezes. Por isso, não deveria nos surpreender que o populismo nos deixe com 45% de pobres e 10% de indigentes. Depois de apresentar essa situação a vocês, que claramente fica evidente, não há alternativa possível ao ajuste. Também não cabe a discussão que, em 1º lugar, todos os programas gradualistas acabaram mal, enquanto todos os programas de choque, salvo o de 1959, foram bem-sucedidos. Em 2º lugar, do ponto de vista teórico, se um país carece de reputação, como, infelizmente, é o caso da Argentina, os empresários não vão investir até verem o ajuste fiscal eliminando a recessão. Em 3º lugar, e não menos importante, para fazer o gradualismo, é importante que exista financiamento, e, infelizmente, eu preciso dizer isso novamente: não há dinheiro.
“Adicionalmente, a conclusão é que não há alternativa ao ajuste. Não há alternativa ao choque. Naturalmente, haverá um impacto negativo no nível de atividade, de emprego, nos salários reais, no número de pobres e indigentes. Haverá inflação, é verdade. Mas não é diferente do que aconteceu nos últimos 12 anos. Lembrem-se que, nos últimos 12 anos, tivemos um PIB per capita que diminuiu 15% em um contexto em que acumulamos uma inflação de 5.000%. Faz mais de 1 década que nós vivemos nessa situação. Portanto, esse é o último mal estar antes da reconstrução da Argentina.
“Por sua vez, depois da reorganização macro que será iniciada, será menos dolorosa quanto melhor for a nossa contenção por parte do Ministério do Capital Humano, a situação começará a melhorar. Isto é, haverá luz no fim do túnel.
“No caso alternativo, a proposta progressiva, cuja única fonte de financiamento era a emissão de moeda, levaria a uma hiperinflação, deixando o país na maior crise de sua história, somando a uma espiral que nos equipara a Venezuela de [Hugo] Chávez e [Nicolás] Maduro. Portanto, depois do quadro situacional, não deve restar dúvida que a única posição possível é o ajuste. O ajuste organizado e que recaia, com toda a sua força, sobre o Estado, não sobre o setor privado.
“Sabemos que será difícil. Por isso, eu gostaria de trazer uma frase muito importante e notável de um dos melhores presidentes da Argentina, que foi Julio Argentino Roca.
‘Nada de grande, nada de estável e duradouro é alcançado no mundo quando se trata da liberdade dos homens e da gratidão das pessoas, se não for à custa de esforços supremos e sacrifícios dolorosos’.
“Mas os nossos desafios não terminam apenas a nível económico. O nível de deterioração no nosso país é tal que abrange todas as esferas da vida comunitária. Em termos de segurança, a Argentina tornou-se um banho de sangue. Os criminosos ficam em liberdade enquanto os bons argentinos ficam presos atrás das grades. O tráfico de drogas tomou conta lentamente de nossas ruas a tal ponto que uma das cidades mais importantes do nosso país foi sequestrada pelo narcotráfico e pela violência. As nossas forças de segurança foram humilhadas durante décadas, foram abandonadas por uma classe política que virou as costas a quem cuida de nós. A anomia é tal que apenas 3% dos crimes são condenados. Acabou o ‘vá em frente’ aos criminosos.
“Em matéria social, estamos recebendo um país onde metade da população é pobre, com o tecido social completamente rompido. Mais de 20 milhões de argentinos não conseguem viver uma vida digna porque são prisioneiros de um sistema que só gera mais pobreza. Como diz o grande Jesús Huerta de Soto, os planos anti-pobreza geram mais pobreza. A única maneira de sair da pobreza é com mais liberdade. Ao mesmo tempo, 6 milhões de crianças esta noite irão dormir com fome, que andam descalças na rua e outras que caíram nas drogas. O mesmo acontece em questões educacionais.
“Para que tenham ideia da deterioração que vivemos, só 16% das nossas crianças terminam em tempo a escola, somente 16%, apenas 16%, apenas 16 em cada 100. Ou seja, 84% das nossas crianças não terminam a escola a tempo e de forma adequada.. Ao mesmo tempo, 70% das crianças que terminam a escola não conseguem resolver um problema básico de matemática ou compreender um texto. Na verdade, nas últimas avaliações do Pisa [Programa Internacional de Avaliação de Alunos], a Argentina está classificada em 66º lugar entre 81, e em 7º lugar na América Latina. Sendo que a Argentina foi o primeiro país a acabar com a alfabetização no mundo. Se Sarmiento se levantasse e visse o que fizeram com a educação.
“Em termos de saúde, o sistema está completamente em colapso. Hospitais são destruídos, médicos recebem uma miséria e os argentinos não têm acesso a cuidados de saúde básicos. Tanto é que, durante a pandemia, se nós, argentinos, tivéssemos feito coisas como a média dos países do mundo, teríamos tido 30.000 mortes. Mas graças ao estado de descuido e ineficiência, 130.000 argentinos perderam a vida.
“Em todas as esferas, para onde quer que se olhe, a situação na Argentina é uma emergência. Se olharmos para a infraestrutura do nosso país, a situação é a mesma. Apenas 16% das nossas estradas são pavimentadas e apenas 11% estão em boas condições. Portanto, não é por acaso que cerca de 15.000 argentinos morrem por ano em acidentes de trânsito. O que quero ilustrar com tudo isto é que a situação na Argentina é crítica e emergencial. Não temos alternativas e também não temos tempo. Não temos espaço para discussões estéreis.
“Nosso país exige ação e ação imediata. A classe política deixou um país à beira da crise mais profunda. Cada um deles terá que cuidar de sua própria responsabilidade. Não é meu trabalho apontá-los. Não buscamos nem desejamos as decisões difíceis que terão de ser tomadas nas próximas semanas. Mas infelizmente eles não nos deixaram escolha. Contudo, nosso compromisso com os argentinos é inalterável. Vamos tomar todas as decisões necessárias para resolver o problema causado por 100 anos de desperdício da classe política. Mesmo que seja difícil no início. Sabemos que no curto prazo a situação irá piorar. Mas então veremos os frutos dos nossos esforços, tendo criado as bases para um crescimento sólido e sustentável ao longo do tempo. “Sabemos também que nem tudo está perdido. Os desafios que temos são enormes. Mas também é a nossa capacidade de superá-los. Não vai ser fácil: 100 anos de fracasso não são desfeitos num dia. Mas um dia começa. E hoje é esse dia. Hoje começamos a desatar o caminho da decadência e começamos a trilhar o caminho da prosperidade. Temos tudo para ser o país que sempre sonhamos. Temos os recursos, temos as pessoas, temos a criatividade e, muito mais importante, temos a resiliência para progredir. “Hoje abraçamos mais uma vez as ideias de liberdade, aquelas ideias que se resumem na definição de liberalismo do nosso maior herói das ideias de liberdade, o professor Alberto Venegas Lynch, que diz que ‘liberalismo é o respeito irrestrito pelo projeto de vida de outros baseados no princípio da não agressão, em defesa do direito à vida, à liberdade e à propriedade, cujas instituições fundamentais são a propriedade privada, os mercados livres de intervenção estatal, a livre concorrência, a divisão do trabalho e a cooperação social”.
“Nessa frase de 57 palavras está resumida a essência do novo contrato social que os argentinos escolheram. Este novo contrato social oferece-nos um país diferente, um país onde o Estado não dirige as nossas vidas, mas antes salvaguarda os nossos direitos, um país onde quem o faz paga. Um país em que quem bloqueia a rua violando os direitos dos seus concidadãos não recebe assistência da sociedade, nos nossos termos, quem bloqueia a rua não recebe.
“Mas nada é permitido fora da lei. Um país que contém quem precisa, mas não se deixa extorquir por quem usa quem menos tem para enriquecer. Quanto à classe política argentina, quero dizer-lhes que não viemos para perseguir ninguém, não viemos para resolver velhas vinganças nem para discutir espaços de poder. O nosso projeto não é um projeto de pagamento de dívidas, o nosso projeto é um projeto de país. Não pedimos um acompanhamento cego, mas não toleraremos que a hipocrisia, a desonestidade ou a ambição de poder interfiram na mudança que nós, argentinos, escolhemos.
“Damos as boas-vindas a todos os líderes políticos, sindicais e empresariais que desejam ingressar na nova Argentina de braços abertos. Então, não importa de onde você vem, não importa o que você fez antes, a única coisa que importa é para onde você quer ir. Aqueles que querem usar a violência ou a extorsão para provocar mudanças, lhes dizemos que estão contra nós. Aqueles que querem usar a violência ou a extorsão para provocar mudanças, lhes dizemos que estão contra nós.
“Dizemos que vocês encontrarão um presidente com convicções inabaláveis que utilizará todos os recursos do Estado para avançar nas mudanças que nosso país necessita. Não vamos desistir, não vamos recuar, não vamos desistir. Vamos avançar nas mudanças que o país necessita porque temos a certeza de que abraçar as ideias de liberdade é a única forma de sairmos do buraco em que fomos colocados. Obrigado. O desafio que temos diante de nós é titânico, mas a verdadeira força de um povo mede-se na forma como enfrenta os desafios quando estes surgem.
“E cada vez que acreditamos que a nossa capacidade de superar esses desafios foi alcançada, olhamos para o céu e lembramos que essa capacidade pode muito bem ser ilimitada. O desafio é enorme, mas vamos enfrentá-lo com convicção, trabalharemos incansavelmente e chegaremos ao nosso destino. Não é por acaso que esta posse presidencial ocorre durante o feriado de Hanukkah, o festival da luz, uma vez que celebra a verdadeira essência da liberdade. A guerra dos Macabeus é o símbolo do triunfo dos fracos sobre os poderosos, dos poucos sobre os muitos, da luz sobre as trevas e sobre todas as coisas, da verdade sobre as mentiras, porque você sabe que prefiro lhe contar uma incômoda verdade em vez de uma mentira confortável. Estou convencido de que vamos avançar.
“Lembro-me de quando, há 2 anos, junto com a dra. Villaruel, hoje vice-presidente da Nação, entramos nesta casa como deputados. Lembro-me de uma entrevista que me disseram, mas se forem 2 em 257, não poderão fazer nada. E lembro também que naquele dia a resposta foi uma citação do livro Macabeus 3.19 que diz que a vitória na batalha não depende do número de soldados mas sim das forças que vêm do céu. Portanto, Deus abençoe os argentinos e que as forças do céu nos acompanhem neste desafio. Muito obrigado. Será difícil, mas vamos conseguir. Viva a liberdade, caralho! Viva a liberdade, caralho! Viva a liberdade, caralho!”
Eis a íntegra do discurso (em espanhol):
“Hola a todos. ...
https://www.poder360.com.br/integras/leia-a-integra-do-1o-discurso-de-milei-como-presidente-da-argentina/
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Esse texto aborda a tomada de posse do novo presidente da Argentina, Javier Milei, em meio a desafios econômicos e sociais significativos no país. Ele faz um paralelo com a experiência brasileira no lançamento do Plano Real em 1994, destacando três aspectos que facilitaram a estabilização da moeda brasileira na época.
O autor aponta a importância de ter estabelecido relacionamentos favoráveis com a comunidade financeira internacional e realizado reformas abrangentes antes do lançamento do Real. Além disso, destaca a liderança política consistente e uma equipe econômica coesa como fatores cruciais para o sucesso do plano.
O texto ressalta que a Argentina enfrenta um contexto menos favorável em termos desses três aspectos-chave em comparação com a situação brasileira na época do Plano Real. Também faz referência à complexidade da transição da campanha eleitoral para a governança efetiva, destacando que governar requer escolhas, definição de prioridades e compreensão dos desafios e interesses envolvidos.
Além disso, o autor encerra o texto com uma reflexão de George Kennan sobre a estrutura de poder nos regimes políticos, enfatizando a necessidade de sensatez e consistência na condução da economia, tanto na Argentina quanto no Brasil.
É um texto analítico e reflexivo sobre a situação política e econômica na Argentina, usando a experiência brasileira do Plano Real como um ponto de referência para discutir desafios e estratégias possíveis diante das dificuldades enfrentadas.
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Pedro S. Malan - Modos campanha e governo em exercício
O Estado de S. Paulo
Esperemos que na Argentina – e no Brasil, por que não dizer – a geometria no poder se revista de sensatez e consistência, em especial na condução responsável da economia
Neste domingo toma posse o novo presidente da Argentina, Javier Milei, eleito na esteira de polarizadíssima campanha eleitoral. Agora, trata-se de governar um país em dramática situação econômica e social. A composição final de sua equipe ministerial, o anúncio das primeiras medidas, sua postura e compostura no exercício efetivo do cargo, os termos de seu discurso de posse – tudo tem enorme e inusitada relevância, dado o difícil contexto em que se encontra o país vizinho.
Foi em outro início de dezembro, 30 anos atrás (1993), que o então ministro da Fazenda do Brasil (FHC) apresentou as linhas gerais do plano de estabilização que vinha sendo preparado há meses para derrotar a hiperinflação brasileira, que, em longa marcha da insensatez, caminhava para superar os 2.000% anuais. É amplamente reconhecido o sucesso que foi o lançamento da URV (1.º de março de 1994) e de sua conversão no Real, em 1.º de julho daquele ano. Desde então, o Brasil experimenta taxas de inflação relativamente civilizadas para países em desenvolvimento, e em especial quando comparadas com nosso passado.
Espero que nossos amigos argentinos tenham encontrado tempo para se debruçar sobre a experiência brasileira do Real, ao preparar o enfrentamento da sua própria “marcha de insensatez”. Edmar Bacha deu importante contribuição, nesse contexto, em seminário ocorrido em Buenos Aires em agosto de 2022; fez, na ocasião, uma singela e didática apresentação sobre a experiência brasileira.
Quero registrar três aspectos desta experiência no período que antecedeu o lançamento do Real. São aspectos que não estão presentes na atual situação argentina, o que tende a tornar ainda mais difícil a tarefa a ser enfrentada por nossos vizinhos.
O primeiro: já antes do Real o País restabelecera o relacionamento com a comunidade financeira internacional; havia renegociado os termos de sua dívida externa tanto com credores oficiais no âmbito do Clube de Paris como com os cerca de 800 credores privados (acordos assinados em novembro de 1993). Isso criou ambiente favorável à arriscada experiência de estabilização da moeda.
O segundo: em meados de 1993, meses antes do lançamento do Real, o Ministério da Fazenda lançara o Programa de Ação Imediata. Tratava-se de abrangente e relevante agenda de reformas que incluía medidas relacionadas à área fiscal (gastos e receitas), ao relacionamento com Estados e municípios e à sua dívida para com a União, bem como desta com bancos federais e bancos estaduais. A pavimentação do Plano Real incluiu, ainda, uma grande desindexação de receitas (da ordem de 20%) sob o nome de Fundo Social de Emergência, aprovado no Congresso no início de 1994, antes da URV, e que foi condição indispensável para o lançamento do plano.
A terceira característica que singularizou a experiência brasileira foi a liderança política do ministro da Fazenda, ao lado de uma equipe econômica coesa na qual ele tinha total confiança (e vice-versa). Com um presidente que, ainda que por vezes mercurial, sempre respaldou FHC nos momentos cruciais.
A Argentina enfrenta situação bem menos favorável nessas três dimensões. O momento e o contexto fazem lembrar Norberto Bobbio. Quarenta anos atrás, a convite de uma Espanha recém-democratizada, Bobbio escreveu sobre as transformações da democracia. Analisou, então, promessas não cumpridas e contrastes entre a democracia ideal e a democracia real. Vale citá-lo: “Daquelas promessas não cumpridas (...) algumas não podiam ser objetivamente cumpridas e eram desde o início ilusões; outras eram, mais que promessas, esperanças mal respondidas; e outras, por fim, acabaram por se chocar com obstáculos imprevistos. Todas são situações a partir das quais não se pode falar precisamente de ‘degeneração’ da democracia, mas sim de adaptação natural dos princípios abstratos à realidade ou de inevitável contaminação da teoria quando forçada a submeterse às exigências da prática”.
Uma coisa é o modo campanha eleitoral; outra, muito diferente, é adentrar o modo governo em exercício. Porque governar é fazer escolhas, definir prioridades e objetivos claros, precisar os meios a serem utilizados para atingir os objetivos. Ter noção dos trade-offs envolvidos e dos inevitáveis conflitos de razão e de interesse.
Recorro, por fim, a uma espirituosa reflexão de George Kennan. Este notou que regimes políticos, sejam democráticos, sejam autoritários, não prescindem de um núcleo duro de geometria variável constituído por um número relativamente reduzido de pessoas instaladas no centro do poder ou muito próximas a ele. Uma vez formado e instalado no poder, este núcleo “expressará uma ampla variedade de motivações, incluindo as ambições políticas individuais de seus vários membros, os interesses do grupo como tal, os interesses do partido a que pertencem e, finalmente, sem dúvida, aqueles interesses nacionais que não sejam muito conflitantes com esses mais prementes incentivos”. Esperemos que na Argentina – e também no Brasil, por que não dizer – essa geometria se revista de sensatez e consistência, em especial numa condução responsável da economia. Algo que é seguramente de interesse nacional.
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NÃO É ECONOMIA ALÔ PADEIRO
Filó Machado
4 de set. de 2023
Não é Economia(Alô Padeiro)
Composição:Haroldo Lobo/Wilson Baptista
Viva a Musica Popular Brasileira
https://www.youtube.com/watch?v=mlzTMAKes30
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Não é economia (Alô padeiro)
Deo (Ferjalla Rizkalla)
Na época em que esse samba foi lançado - logo após o carnaval de 1943 -, o mundo estava em guerra e, entre os vários problemas consequentes, havia o racionamento de farinha de trigo no Brasil, o que levava a uma forçada economia no consumo de pão. Haroldo Lobo e Wilson Batista tiveram a ideia de utilizar a separação de um casal como justificativa para a suspensão do fornecimento de pão (numa clara crítica ao racionamento).
O samba foi editado somente como "Não é economia", mas no disco constava o título "Alô, padeiro" (Não é economia). Destinada por Wilson Batista ao cantor Deo (então em grande evidência, com o sugestivo cognome "o ditador de sucessos"), a música teve grande aceitação e ainda hoje inscreve-se entre as mais importantes criações de Haroldo Lobo. (Fonte: Nova História da Musica Popular Brasileira -– Haroldo Lobo, fascículo + disco - Abril Cultural, 2a.edição, 1978).
Não é economia (Alô padeiro) (samba, 1943) - Wilson Batista e Haroldo Lobo
Gravação original: disco 78 rpm / Título da música: Não é economia (Alô padeiro) / Autoria: Lobo, Haroldo (Compositor) / Batista, Wilson, 1913-1968 (Compositor) / Déo (Intérprete) / Imprenta [S.l.]: Columbia, 1943 / Nº Álbum 55419 / Lado A / Gênero musical: Samba
Alô, padeiro, bom dia.
De amanhã em diante
eu vou suspender o pão.
Eu explico a razão:
não é economia.
É que aqui em casa
eu agora estou sozinho,
aquela morena
já não me faz companhia.
Alô padeiro (breque)
avise ao quitandeiro
que eu briguei com a Dulcineca
sem ela, pra que legumes (neca, neca).
Vendi o rádio, a nossa cama
e o fogão
e vou comer de colher
numa boa pensão
neca de pão (breque).
às 9/14/2013 08:22:00 PM
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Marcadores: deo, haroldo lobo, wilson batista
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