quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

ME DEIXE EM PAZ

----------- Ilustre Leitor - Conceição Evaristo: Vozes mulheres (poema de Conceição Evaristo) Marcio Debellian _________________________________________________________________________________________________________ ---------- _________________________________________________________________________________________________________ Que belo e poderoso poema! Ele ressoa com uma jornada histórica, passando pelas gerações e pelas vozes que ecoaram através do tempo. Cada estrofe apresenta uma voz distinta, mas todas conectadas pela experiência compartilhada de luta, resistência e esperança. A narrativa começa com a voz da bisavó, ecoando a infância perdida nos porões de um navio, lembrando as dores e dificuldades enfrentadas no passado. Em seguida, a voz da avó emerge, marcada pela obediência forçada aos donos brancos, refletindo a submissão imposta pela estrutura de poder. A voz da mãe ecoa uma revolta contida, uma resistência silenciosa nos cantos das cozinhas alheias, carregando o fardo da discriminação e das dificuldades enfrentadas no caminho rumo à favela. A voz do eu lírico, talvez a voz do presente, expressa versos perplexos, rimados com sangue e fome, uma reflexão visceral sobre a realidade vivida e a luta constante por dignidade e justiça. No entanto, o poema se transforma com a voz da filha, que não apenas coleta todas as vozes anteriores, mas também as transcende. Ela carrega consigo as vozes silenciadas, dando-lhes vida e poder através de sua própria fala e ação. A filha representa a continuidade da luta, a promessa de um futuro onde as histórias contadas não serão esquecidas, mas sim ecoadas como um símbolo de vida e liberdade. É uma narrativa emocionante que captura a essência da herança, resistência e perseverança através das gerações. _________________________________________________________________________________________________________ ----------- ------------- Mora Na Filosofia Mônica Salmaso Eu vou te dar a decisão Botei na balança E você não pesou Botei na peneira E você não passou Mora na filosofia Pra que rimar amor e dor Se seu corpo ficasse marcado Por lábios ou mãos carinhosas Eu saberia, ora vai mulher, A quantos você pertencia Não vou me preocupar em ver Seu caso não é de ver pra crer Ta na cara Compositor: Monsueto Menezes/ Arnaldo Passos _________________________________________________________________________________________________________ ----------
---------- _________________________________________________________________________________________________________ Esse texto é denso e carrega uma visão bastante crítica sobre a dinâmica política e social, usando a metáfora do canibalismo para descrever como os sistemas democráticos são influenciados e moldados por diversos poderes e interesses. O autor destaca como os candidatos eleitos enfrentam pressões e demandas de várias fontes: os encargos do cargo, as expectativas do partido e as relações pessoais que criam obrigações. Há uma ênfase na ideia de que a política é afetada por uma série de forças que podem distorcer ou obscurecer a esfera pública, resultando em uma constelação de interesses que, por vezes, desvirtuam os projetos políticos mais racionais. O texto parece sugerir que, mesmo dentro de um sistema democrático, os candidatos eleitos enfrentam uma série de desafios e pressões que podem desviar suas agendas originais. Essas pressões, sejam elas práticas, partidárias ou pessoais, acabam por influenciar e, em certa medida, limitar a capacidade de transformação e mudança efetiva. O autor parece fazer uma reflexão sobre a complexidade do jogo político, ressaltando como as expectativas, compromissos e relações interpessoais se entrelaçam e, em alguns casos, obscurecem a verdadeira essência da política, que deveria ser voltada para o interesse público. Há também uma análise crítica sobre a natureza cíclica da mudança política, em que cada avanço parece ser seguido por um retrocesso, enfatizando a ambiguidade e a dificuldade de alcançar mudanças duradouras em meio a essa complexidade de interesses e influências. E você, o que achou dessas reflexões sobre a política e a dinâmica do poder? _________________________________________________________________________________________________________ ---------- Roberto DaMatta* - Canibalismos O Globo Todo candidato eleito num sistema democrático sabe que será canibalizado por diversas ondas de poderosos agentes sociopolíticos Em tempos diluvianos, éramos animais. O primeiro canibalismo veio com a “alma” ou com a consciência, facultada pela linguagem articulada, que separou o vivido do explicado. Ela engendrou o cisma entre bicho e humanidade nas suas variadas encarnações no “bicho-homem” engendrado entre nós. Um segundo canibalismo veio alimentado pelo controle do fogo, que, como mostrou Lévi-Strauss, criou a oposição complementar entre o cru (natureza) e o cozido (pacto social ou cultura). Dualidade que consolidou a diferença entre a animalidade governada por instintos inseparáveis de seus portadores do bicho-homem administrado por regras, mandamentos, códigos e crenças. Pelo que os antropólogos chamam de “cultura”, que, como as múltiplas línguas, é imposta, varia de grupo a grupo e chega de fora para dentro. Tal é o desconjuntado conjunto do “bicho-homem” — expressão que, no Brasil, muito sabiamente, caracteriza a condição humana, pois não são poucas as situações em que o bicho canibaliza o homem, como testemunha a História. Não custa muito imaginar que nossas crenças se transformem em dogmas e determinismos legitimadores de abomináveis opressões e preconceitos que levam à morte, à destruição e à guerra. O bicho-homem morre, mas sua voz — centrada naquilo que lhe foi dado a acreditar — fica como prova dessa combinação intrigante e insolúvel. O bicho faz perna com o homem. O homem canibaliza o bicho, mas é eventualmente por ele canibalizado. Bicho faz sistema com o cru e o homem com o cozido. O fogo e a palavra são os mediadores dessa humanização, mas nem sempre, como experimentamos recorrentemente, o cozido é saboroso. Ou melhor: quem foi eleito como cozido é cru e, pior, rejeitava as canibalizações habituais. Eleição faz perna com rebelião e revolução. Felizmente, a violência do autocanibalismo negativo é sublimada pela democracia. Todo candidato representa uma alternativa a quem governa. Mesmo não sendo dogmático, ele configura opções e, assim, propõe uma transformação do statu quo. Com isso, fica à esquerda e desloca até mesmo os mais notórios populistas-esquerdistas que se transformam em conservadores ou reacionários. O espírito da democracia tem o pendor de desarticular e relativizar extremos, pois ela se concretiza canibalizando o cru que vira cozido e o cozido, que, reitero, pode se transformar em cru. Num certo sentido, o canibalismo democrático nivela ou desilude os que pensam ter balas de prata e soluções finais para os problemas. Daí a dificuldade de praticar democracia em estruturas sociais de fundo histórico aristocrático, escravista — obviamente racista — e elitista. Em sistemas fundados nas hierarquias do “sabe quem está falando?” e do “esse eu conheço!”... Todo candidato eleito num sistema democrático sabe que será canibalizado por diversas ondas de poderosos agentes sociopolíticos. Em primeiro lugar, chega o cargo com seus encargos práticos, seu fascínio litúrgico e seu potencial de mando e negociação que imediatamente equaciona limites e fronteiras. Em seguida, chega o partido, com suas demandas e cobranças. E, finalmente, chega o enxame dos elos pessoais. As dívidas da reciprocidade, do “dar para receber”, quase sempre divergente dos projetos políticos mais racionais e impessoais. Com isso e a seu lado, há o peso do parentesco, do compadrio e das amizades para as quais nada pode ser negado. Todos esses canibalismos da “casa” se igualam às racionalidades da “rua”. Elas praticamente anulam o universo público em que vive a política. Essa constelação de canibalismos — do rebelde e revolucionário ao negociador malandro e populista que muda para não mudar — produz uma gramática histórica cuja ambiguidade é irritante. Nela, cada passo adiante promove um retorno. Não é o fim do mundo, porque o novo é inevitável, mas requer muita paciência dos canibais, que, afinal, são velhos amigos e eleitores. P.S.: Veremos como a “maluquice” de Javier Milei reage à “fritura” canibal portenha. *Antropólogo _________________________________________________________________________________________________________ -------------
----------- _________________________________________________________________________________________________________ O texto parece tratar de várias questões econômicas e políticas que impactam o Brasil, incluindo dados sobre o desempenho do PIB, projeções do governo em relação ao crescimento econômico e a importância da reforma tributária. Destaca-se o crescimento do PIB no terceiro trimestre, ainda que modesto, sendo recebido com certo alívio pelo governo e comemorado como um ponto positivo para a manutenção da tendência decrescente da taxa de juros pelo Banco Central. Além disso, há uma ênfase na necessidade de fortalecer a gestão fiscal, principalmente pelo lado da receita, destacando a urgência da aprovação da reforma tributária como um ponto crucial para equilibrar as contas públicas. Outro ponto abordado é o embate político em torno da reforma tributária, com divergências entre Câmara e Senado sobre a possibilidade de fatiar a reforma, promulgando partes do texto aprovado e deixando outras para uma etapa posterior. Essa discordância pode ameaçar a viabilidade da reforma. Além disso, há menções sobre a destinação de recursos para o Fundo Eleitoral, tema polêmico que envolve a retirada de recursos de programas de investimento para financiar campanhas eleitorais, gerando debates e discordâncias entre as bancadas. Em resumo, o texto traz uma visão ampla sobre questões econômicas e políticas em um contexto específico no Brasil, destacando desafios e debates em torno de medidas cruciais para a estabilidade fiscal e o crescimento econômico do país. _________________________________________________________________________________________________________ ----------- Luiz Carlos Azedo - Desafio de Haddad é fechar ano com reforma tributária Correio Braziliense O relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024 (PLN 4/23), deputado Danilo Forte (União-CE), aguarda a aprovação da reforma tributária para apresentar seu parecer definitivo O governo respirou aliviado, nesta terça-feira, com a divulgação do PIB do terceiro trimestre, que veio baixo, mas acima das expectativas do mercado. Apesar da desaceleração, o crescimento de apenas 0,1% do Produto Interno Bruto (soma dos bens e serviços produzidos) foi comemorado pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet. Haddad havia dito na Alemanha que o PIB deste ano deve fechar em torno de 3%, mas havia projeções pessimistas por parte dos agentes econômicos. A notícia é boa porque também legitima as pressões para o Banco Central (BC) manter a tendência decrescente da taxa de juros. “Esperamos que neste ano nós fechemos o PIB em mais de 3% de crescimento e esperamos um crescimento na faixa de 2,5% no ano que vem. Mas o Banco Central precisa fazer o trabalho dele”, afirmou Haddad. Simone Tebet é mais otimista e espera uma expansão do PIB de 3,1%. “Isso é mais do que a média mundial. Crescimento da economia e da renda traz melhoria de vida aos brasileiros, razão maior do nosso trabalho”, comemorou no X, o antigo Twitter. Do ponto de vista político, o resultado alivia as pressões sobre a equipe econômica, que enfrenta o “fogo amigo” de uma parte do governo e a desconfiança do mercado em relação à viabilidade da meta de deficit zero em 2024. O Brasil teve o quinto melhor desempenho entre os países do G20 (grupo das 20 maiores economias do planeta) que já divulgaram o PIB do terceiro trimestre. O crescimento de 0,1% em relação ao trimestre anterior foi igual ao da França e só perdeu para os da Coreia do Sul ( 0,6%), da Indonésia ( 0,8%), do México ( 0,9%) e dos Estados Unidos ( 1,3%). O PIB também deve crescer no quarto trimestre, devido à queda dos juros e aos estímulos ao investimento e à construção de moradias populares. Como o governo se recusa a enxugar seus gastos de custeio, a gestão fiscal precisa ser reforçada pelo lado da receita. O desafio é promulgar a reforma tributária ainda neste ano. Nesta terça-feira, em visita ao Congresso, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, intensificou as conversas com os líderes para aprová-la. Como o texto sofreu modificações no Senado, precisa ser novamente apreciado pela Câmara. O vai-e-vem entre as duas Casas pode inviabilizar a reforma. O governo gostou da proposta do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que sugere fatiar a reforma e promulgar o que foi aprovado pela Câmara e pelo Senado, deixando as demais mudanças feitas apenas pelos senadores para depois. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), não concorda com essa tese. A hipótese de “fatiamento” depende ainda do entendimento do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), relator da proposta na Câmara. O vice-presidente Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento, da Indústria, Comércio e Serviços, tem atuado junto aos setores empresariais em defesa da reforma tributária. Durante o 28º Encontro Anual da Indústria Química (Enaiq) 2023, evento tradicional do setor químico promovido pela Abiquim, na segunda-feira, Alckmin defendeu a reforma tributária com muita ênfase. Segundo ele, “o PIB deve crescer 10% em 15 anos” com a nova estrutura tributária. Para Alckmin, a transição da tributação na origem para a tributação no destino eliminará a guerra fiscal entre os estados. Fundo eleitoral O relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024 (PLN 4/23), deputado Danilo Forte (União-CE), aguarda a aprovação da reforma tributária para apresentar seu parecer. Um dos temas polêmicos é o aumento de 150% do Fundo Eleitoral destinado ao pleito municipal, no próximo ano, em relação a 2020, que deve chegar a R$ 5 bilhões. Para financiar a campanha eleitoral, Forte pretende retirar recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), menina dos olhos da política de investimentos do presidente Lula. O governo previu apenas R$ 900 milhões para o Fundo Eleitoral na proposta orçamentária, mas foram gastos cerca de R$ 5 bilhões nas eleições gerais do ano passado. A Comissão Mista de Orçamento já aprovou uma reserva temporária desse valor, retirada das emendas de bancadas estaduais. Entretanto, há uma rebelião nas bancadas, porque reduziria o valor total dessas emendas de R$ 17,5 bilhões para R$ 12,5 bilhões. Danilo Forte ainda espera pareceres técnicos sobre os contingenciamentos de recursos em 2024, após a aprovação das novas regras fiscais (Lei Complementar 200/23). Com base no novo arcabouço fiscal, o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) apresentou emenda à LDO para que o contingenciamento máximo respeite um crescimento mínimo das despesas de 0,6% em relação a 2023. A cada dois meses, o governo precisará verificar se a meta fiscal corre risco de não ser cumprida e aí decide pelos bloqueios. Para 2024, a meta é de deficit zero. _________________________________________________________________________________________________________ -------------
----------- _________________________________________________________________________________________________________ Esse trecho aborda as preocupações do Partido dos Trabalhadores (PT) em relação à nomeação de Paulo Gonet para a Procuradoria Geral da República (PGR), indicado pelo presidente Lula. A imagem de Lula ao lado de Gonet e do ministro da Justiça, Flávio Dino, gerou receios entre os membros do PT, evocando o temor de uma retomada dos moldes da Operação Lava Jato, que trouxe implicações significativas para o partido. Essa preocupação não é apenas uma questão partidária, mas uma reflexão sobre a maneira como a justiça pode ser influenciada por aspectos políticos e ideológicos, levando à instrumentalização da Justiça para fins políticos, como ocorreu durante a Lava Jato. Os petistas temem que a nomeação de Gonet, com uma possível visão alinhada à perspectiva "lavajatista", possa resultar em decisões judiciais que recriem situações de isolamento para o partido. Há o receio de que Gonet, ao ocupar o cargo na PGR, possa tomar decisões que sigam uma linha de ação similar à adotada durante a Lava Jato, potencialmente impactando investigações futuras, como aquelas relacionadas a Jair Bolsonaro. O texto também sugere um paralelo entre o tratamento dado aos casos de Lula, que passaram por diversas instâncias judiciais, e a possibilidade de casos envolvendo Bolsonaro receberem um tratamento semelhante ou favorecedor. Em essência, há um alerta sobre o perigo de instrumentalização da justiça por interesses políticos, demonstrando a preocupação de que a nomeação de Gonet possa reacender tensões e situações semelhantes às vivenciadas durante a Lava Jato, trazendo consequências para diferentes atores políticos, incluindo o atual presidente. _________________________________________________________________________________________________________ Marcelo Godoy - Um fantasma ronda o PT O Estado de S. Paulo Petistas temem que a nomeação de Gonet para a PGR abra o caminho para uma nova Lava Jato Lula está sorridente na fotografia. Exibe os polegares em sinal de positivo entre o subprocuradorgeral Paulo Gonet e o ministro da Justiça, Flávio Dino, seus indicados à Procuradoria Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal, respectivamente. A imagem, que simbolizaria o espírito conciliador de um presidente que se equilibra entre os seus interesses e os do STF e do Senado, despertou, para os companheiros de Lula, um receio: o fantasma da Lava Jato. Ele ronda o PT desde o começo do terceiro mandato lulista e virou tema de conversas na legenda a partir das recentes escolhas institucionais do presidente. A ameaça não é nova ou estranha. Petistas temem que uma nova aliança entre os potentes do Planalto recrie as condições de isolamento do partido. “A Lava Jato não foi um desvio do Moro, mas uma concepção que fazia da Justiça um instrumento político”, disse José Genoino. O ex-presidente do partido é uma das vozes que alertam para o risco da nomeação de Gonet para a Procuradoria Geral da República. “Quando se pega um procurador-geral com uma concepção lavajatista – concepção de Ministério Público e de Direito Penal – a qualquer momento, dependendo das circunstâncias, pode surgir (o fantasma da Lava Jato). Em que momento pode aparecer, não sei, mas que é um problema, é.” É conhecida a diferença entre o PT institucional e o PT social. O historiador Lincoln Secco a retrata em seu livro História do PT. “Há uma relação inversamente proporcional entre a importância interna da linguagem radical e a influência na sociedade.” Genoino ocupou cargos que o aproximavam de posições institucionais da legenda. Hoje, dedica-se a escrever livros – vai lançar um sobre a Constituinte – e diz que voltou à base. É ali que as desconfianças sobre Gonet são maiores. Muitos se recordam das decisões de Gilmar Mendes na Lava Jato e do papel do ministro como apoiador da candidatura de Gonet à PGR. Na oposição, há quem veja uma forma de se verificar se os receios do PT são verdadeiros. Bastaria acompanhar as manifestações de Gonet nos inquéritos do STF sobre a venda de joias e sobre a falsificação de certificados de vacinas, envolvendo Jair Bolsonaro. Gonet decidirá se denuncia ou não o ex-presidente e se o processo deve prosseguir no STF ou na primeira instância. Lula teve o direito de ver seus casos analisados por quatro instâncias judiciais. Por que agora Bolsonaro, sem foro especial por prerrogativa de função, não teria o mesmo direito? Moro diria que o fantasma da Lava Jato ronda só os corruptos. Mas a história mostra que esse espectro também pode surgir onde a Justiça é condicionada por interesses políticos. _________________________________________________________________________________________________________ -----------
------------ _________________________________________________________________________________________________________ Esse trecho explora a ascensão da extrema direita em diversas partes do mundo, especialmente a partir de 2016, e como isso tem impactado os cenários políticos, sociais e eleitorais. Aponta para um fenômeno global de radicalização política, onde os extremismos, populismos e o ressentimento se tornaram parte da narrativa política. Observa-se um conjunto de acontecimentos em diferentes regiões - Europa, América Latina - onde líderes e partidos de extremos têm obtido apoio eleitoral, fazendo uso de estratégias que exploram questões sociais complexas, como desigualdade, imigração, corrupção e desconfiança nas instituições políticas. A narrativa adotada por esses movimentos extremistas, em várias partes do mundo, baseia-se na criação de um antagonista e na promoção de um protagonista radical. Eles exploram problemas sociais reais, como desigualdades, migrações e opressões, para construir discursos que incitam raiva e urgência nas soluções propostas. Na Europa, por exemplo, a imigração é vista como uma questão importante e tem sido explorada por partidos radicais, que se apoiam na xenofobia e no anti-islamismo como estratégias eleitorais. Esses movimentos têm se mostrado hábeis na comunicação política, explorando divisões e incitando o medo para mobilizar apoio em torno de suas ideias. O texto sugere que esse sucesso dos extremos pode estar relacionado a um aumento na hostilidade e no antagonismo na esfera pública, criando uma disposição maior para aceitar soluções radicais diante do medo e da animosidade entre diferentes grupos sociais e políticos. É uma reflexão sobre como a polarização extrema e a radicalização têm influenciado os cenários políticos atuais, promovendo um debate sobre o futuro das democracias e o ressurgimento de discursos e práticas que se acreditava superados no século 20. _________________________________________________________________________________________________________ ----------- Wilson Gomes* - Extremos, estranhos e na moda Folha de S. Paulo Últimos sete anos têm deixado os democratas com o coração na mão Quando a extrema direita começou a ganhar eleições importantes, em 2016, todos ficamos impressionados. Afinal, havia muito tempo que não se via coisa assim em países de democracias consolidadas. Muitos dos que estudamos política e democracia tínhamos aquela convicção de que a Europa e a América tivessem aprendido a sua amarga lição, no século 20, sobre o que acontece quando extremistas tomam o poder, pelo voto ou pela força. Com esse aprendizado, o que esperar do século 21 a não ser mais e melhores democracias? E, de fato, nunca tivemos tantos países democráticos no mundo quanto no início do século. Além disso, consolidada a democracia política, por que não focar em "democracia social", ou seja, em mais igualdade e justiça sociais? E por que não encontrar soluções democráticas para os grandes problemas mundiais, como crise climática, migrações, desigualdades regionais, minorias? Em vez disso, os últimos sete anos têm deixado os democratas com o coração na mão. Como um cavalo arisco, o século 21 refugou, recusou-se a seguir adiante, por volta de 2016. Radicalismos prosperam, o ressentimento é parte fundamental da nova retórica política, a intolerância voltou à moda, o populismo ao redor de líderes carismáticos se espalhou, o obscurantismo e o dogmatismo conquistaram os jovens. A este ponto nem sei se a questão é simplesmente o avanço da extrema direita, como parecia tão nítido com as vitórias de Trump e de Bolsonaro. Há outros estranhos extremos prosperando, social ou eleitoralmente, é só prestar atenção. Milei é e não é da extrema direita, na sua nebulosa de pautas, mas até o seu discurso da vitória apostava em ser estranho e extremo. Hoje não se sabe. Do outro lado, os identitários latino-americanos, do Brasil ou do Chile, por exemplo, não têm tirado o pé do acelerador, atropelando o que quer lhes atravesse o caminho, acumulando radicalização e antipatia social e, assim, alimentando o refluxo que trará de volta o outro extremo. Na Europa, por sua vez, uns tipos radicais continuam prosperando em toda a parte. A vitória da extrema islamofobia do Partido para a Liberdade de Geert Wilders, nos Países Baixos, na semana passada, é só mais uma ocorrência do mesmo fenômeno. Diferentes modulações do mesmo sintoma. Todos partem de um problema social reconhecido e sentido pela população. As crises econômicas, o problema da corrupção, o ressentimento social e a erosão da confiança nas instituições da política forneceram o material bruto para que mãos habilidosas construíssem uma história trágica, um antagonista malvado e perigoso e um protagonista radical. As desigualdades e as opressões orientam outras narrativas e soluções baseadas em raiva e pressa. Na Europa, não se pode negar que o volume de migrantes, a sensação de que o fluxo de novos estrangeiros chegando não irá cessar e as enormes diferenças culturais entre os de fora e os nativos são uma questão social importante. É um desafio e tanto, para o qual a solução que tem vencido ou impactado eleições, seguidamente, tem sido radical. Desde o referendo do brexit, onde foi argumento eleitoral decisivo, passando-se por algumas eleições italianas, até o mais recente extremo extravagante, Geert Wilders, a solução vencedora tem sido xenofobia, anti-islamismo, "não os queremos aqui" e "que voltem para as suas casas". A retórica pode ser mais polida ou mais crua e feroz —como com Salvini, Meloni ou Wilders—, mas o repertório de soluções envolve a coragem de dar voz ao preconceito que séculos de Iluminismo haviam cuidado de reprimir e envergonhar. No entanto, o caminho que leva de um problema social a uma vitória eleitoral passa pela comunicação política. E nisso os extremos, principalmente os iliberais, têm se revelado muito bons. Dois padrões de retórica, usados em paralelo, costumam entregar bons frutos. De um lado, é preciso promover rivalidades e atiçar divisões, de preferência identificando-se um conveniente e palpável bode expiatório. De outro lado, é necessário causar medo, angústia e pânico moral e convencer os "nossos" de que "ou nos juntamos, ou estamos perdidos". Vem dando certo. Por que o modelo tem funcionado tão bem ultimamente? Isso tem a ver, creio, com um aumento da hostilidade e do antagonismo na vida pública em níveis assustadores. Quando se é muito hostil ou se tem muito medo de algo, há maior boa vontade para aceitar soluções radicais, há maior propensão ao engajamento em causas vistas como desesperadas, aproveita-se qualquer deixa para se usar como razão justificável de animosidade contra o "outro lado". Voltaremos a isso. *Professor titular da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e autor de "Crônica de uma Tragédia Anunciada" _________________________________________________________________________________________________________ ----------
_________________________________________________________________________________________________________ ---------- gabrielguu 07.03.2019 Português Ensino fundamental (básico) respondido • verificado por especialistas Alguem pode me dize como e mulher e representada nesse poema aqui Um aroma suave exalou das mãos do Criador, quando seus olhos contemplaram a solidão do homem no Jardim! Foi assim: o Senhor desenhou o ser gracioso, meigo e forte, que Sua imaginação perfeita produziu. Um novo milagre: fez-se carne, fez-se bela, fez-se amor, fez-se na verdade como Ele quer! O homem colheu a flor, beijou-a, com ternura, chamando-a, simplesmente, Mulher! Entrar para comentar 00:14 03:52 Resposta verificada por especialistas 6 pessoas acharam útil author link EduardoPLopes Especialista 28.8 mil respostas 731.9 mi pessoas receberam ajuda A mulher é representada neste poema, "Mulher", de Ivone Boechat, metaforicamente como uma flor, sendo caracterizada pelos adjetivos "gracioso, meio e forte" (que caracterizam "ser") e "bela", sendo também associada com o amor. Este poema, que faz uma releitura ou interpretação própria do episódio da criação da mulher no Livro de Gênesis, o primeiro dos livros da Bíblia, apresenta a mulher como tendo sido criada depois do homem por Deus, como uma resposta ao isolamento no qual o homem vivia no Jardim do Éden. É, assim, uma leitura lírica de uma narrativa antiga e já bastante conhecida da história do Cristianismo. O poema foi publicado no periódico AMANHECER, sob o seguinte registro: AMANHECER –Reproarte- 3ª.Edição,RJ, 2004 . Registro de direito autoral: 654.874 livro 1260 folha 332 Fundação Biblioteca Nacional. https://brainly.com.br/tarefa/20642986 _________________________________________________________________________________________________________ -----------
_________________________________________________________________________________________________________ ------------ Vozes-Mulheres Conceição Evaristo A voz de minha bisavó ecoou criança nos porões do navio. Ecoou lamentos de uma infância perdida. A voz de minha avó ecoou obediência aos brancos-donos de tudo. A voz de minha mãe ecoou baixinho revolta no fundo das cozinhas alheias debaixo das trouxas roupagens sujas dos brancos pelo caminho empoeirado rumo à favela A minha voz ainda ecoa versos perplexos com rimas de sangue e fome. A voz de minha filha recolhe todas as nossas vozes recolhe em si as vozes mudas caladas engasgadas nas gargantas. A voz de minha filha recolhe em si a fala e o ato. O ontem – o hoje – o agora. Na voz de minha filha se fará ouvir a ressonância O eco da vida-liberdade. (In: Poemas de recordação e outros movimentos, 3.ed., p. 24-25)
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_________________________________________________________________________________________________________ Referência: Biblioteca Municipal Murilo Mendes Data: 06 de dezembro de 2023 _________________________________________________________________________________________________________ --------- ------------- Linda Baptista - ME DEIXA EM PAZ - Monsueto e Airton Amorim. Gravação de 1951. -----
---------- Samuel Machado Filho: Samba que se constituiu no primeiro grande sucesso de Monsueto, então baterista da orquestra do Copacabana Palace Hotel, como compositor. O que sucedeu exatamente no carnaval de 1952, por sinal repleto de hits ("Sassaricando", "Lata d'água", "Confete", "Eva", "O doutor não gosta", "Estrela do mar" etc.). Linda Batista, cuja interpretação contribuiu em muito para o sucesso deste samba, imortalizou-o na RCA Victor em 6 de agosto de 51, com lançamento ainda em outubro, disco 80-0825-A, matriz S-093017. No verso apareceu outro samba de sucesso na folia de 52, "Amor passageiro", de Zé Kéti e Jorge Abdala ___________________________________________________________________________________ ----------- -------------- Me Deixa Em Paz Milton Nascimento / Alaíde Costa Me deixa em paz Se você não me queria Não devia me procurar Não devia me iludir Nem deixar eu me apaixonar Se você não me queria Não devia me procurar Não devia me iludir Nem deixar eu me apaixonar Evitar a dor É impossível Evitar esse amor É muito mais Você arruinou a minha vida Me deixa em paz Se você não me queria Não devia me procurar Não devia me iludir Nem deixar eu me apaixonar Não devia me iludir Nem deixar eu me apaixonar Composição: Airton Amorim / Monsueto. ____________________________________________________________________________________ ------------- ------------ Me Deixa Em Paz Benito Di Paula compositores: Ayrton Amorim,Monsueto ____________________________________________________________________________________ "Essa letra é poderosa, cheia de emoção e sinceridade. Parece expressar a dor de ter sido enganado e magoado por alguém que inicialmente pareceu interessado, mas acabou machucando. A música parece transmitir a ideia de que é difícil evitar a dor de um amor não correspondido, mas também enfatiza a importância de se afastar para seguir em frente. Ela captura a complexidade das emoções envolvidas em um relacionamento complicado." https://www.kboing.com.br/benito-di-paula/me-deixa-em-paz/ ____________________________________________________________________________________

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