Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quinta-feira, 21 de dezembro de 2023
MENINO
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Silvia Teles em 78 rpm | Playlists | Discografia Brasileira
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Menina
Carlos Lyra
O que é que seu pai vai dizer
Menina eu não presto não
Pra você
Eu sou coisa ruim
Será que você quer
Que falem de você também
Do jeito que falam de mim
Com tanto rapaz direito
Você foi cismar logo com quem
Só se eu nascesse de novo
Vivesse outra vida e não fosse um ninguém
Mas qual!
Menina eu não presto não
Menina você não vê afinal
Que por eu ser assim eu tenho que dizer
Adeus, não quero mais lhe ver
Vou sentir muita falta de você
Composição: Carlos Lyra.
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Roberto DaMatta - Jamais discorde
O Globo
Ficar em cima do muro, esperar sentado, fechar o bico, morder a língua, saber-se inoportuno ou inferior é uma virtude nacional
Meu velho mentor, o brasilianista Richard Moneygrand, está no Brasil (ele adora nosso Natal carnavalesco) e assistiu à sabatina dos ilustres Flávio Dino e Paulo Gonet.
Quando nos vimos, o famoso brasilianista foi logo dizendo como a sabatina era um ritual fora do lugar no Brasil — especialmente entre integrantes da elite política. Perguntei: “por quê?”. E o professor foi claro:
— Ora— observou sério, sorvendo meu uísque —, vocês são adestrados para jamais discordar ou dizer não. Exceto, claro, para os inferiores... Aliás, foi você mesmo quem me informou sobre o assunto quando contou que um de seus mais penosos aprendizados foi não revelar suas opiniões franca e abertamente, correndo o risco de desagradar ao superior, promovendo o dissídio, a crítica ou a negação de uma ordem social estrutural e inconscientemente escravocrata.
Nela, concordar combina com harmonizar, com entender, com “estar junto” e com obedecer, que é sua dimensão oculta mais importante. Conciliação, como você bem sabe, é um elemento básico na história social do Brasil. Evitar extremos porque, afinal, a virtude está no meio, conforme dizia Sérgio Buarque de Holanda, citando o poeta quinhentista português Francisco Sá de Miranda.
Ficar em cima do muro, esperar sentado, fechar o bico, morder a língua, saber-se inoportuno ou inferior é uma virtude nacional prezada e admirada. Com ela, ganham-se prestígio e poder porque, afinal de contas, a conciliação adia questões cruciais, deixando o problema para outra administração.
— Num mundo tão complicado — concluiu Moneygrand —, acho conciliar razoável. Afinal, é melhor harmonizar do que terrorismo e guerra...
Durante as dez horas de sabatina, meu antigo mentor e eu víamos poucos confrontos sobre temas básicos — como as convicções éticas, respondidas, aliás, com brilho por Flávio Dino, levando meu mestre a comentar que o ministro, afinal, havia entendido bem que somos responsáveis pelos papéis que desempenhamos, mas somos igualmente devedores morais dos encargos devidos a nossos cargos. Não entender isso é destruir a ordem, gerando o caos, como ocorreu no governo Bolsonaro.
No mais, ouvi o estrangeiro amigo chamar minha atenção para nossa dificuldade cultural de isolar a mesa e os sabatinados, muitas vezes interrompidos seja pelos serviçais que, como humildes papagaios de pirata, circulavam à volta deles, seja por colegas que, brasileiramente, falavam com o presidente do ritual, revelando que as normas variam de acordo com o nível de conhecimento e amizade.
Moneygrand repetia: veja como você tem razão. No Brasil, há enorme dificuldade de isolar pessoas como exige o ritual. Vossa índole relacional e hierárquica tende a impedir a separação, mesmo num ritual tão importante quanto essa sabatina que certamente — completou — dará a Lula da Silva um tribunal superior domesticado.
Discordei inutilmente porque não podia deixar de enxergar nossa dificuldade cultural de discordar e confrontar. Imediatamente, pensei no imenso problema de resolver legalmente as várias situações decorrentes da escravidão, ainda cravadas em nossas veias e corações.
Ao término da sabatina, estávamos sabatinados de cordialidade formal. Tínhamos testemunhado mais uma batalha entre “inimigos íntimos” — de uma elite de irmãos siameses. Poderosa e dura de roer como afirmou Moneygrand, terminando meu estoque de uísque...
Hoje, vivemos o alívio do pós-confronto de “donos do poder”, que, afinal de contas e graças ao bom Deus, concordam em discordar e domesticam as feras da mudança que, sabemos bem, jamais serão capazes de triunfar sobre o mau gosto de discordar.
P.S.: Muito triste ver a partida de Carlinhos Lyra, autor de um saudoso hino ao nosso permanente subdesenvolvimentismo.
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Maria Cristina Fernandes - Notas dissonantes em dia de festa
Valor Econômico
Há brechas na oposição a serem exploradas que são menos comprometedoras do que a aliança incondicional com o STF
Além de solene, era pra ser uma sessão festiva. O Congresso reuniu a cúpula dos Três Poderes para promulgar a reforma tributária. Até afagos públicos os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), trocaram.
Numa algazarra, os parlamentares governistas gritavam “Lula, guerreiro, do povo brasileiro”, para abafar, com sucesso, aqueles de oposição que concorriam, no mesmo tom: “Lula ladrão”. A cena traduzia, ao vivo e em cores, a decantada polarização do país, mas até aí, tudo rimava com o clima de quermesse democrática.
O tom dissonante veio quando o ministro Fernando Haddad começou a falar. Pela manhã, o ministro, elogiado duas vezes na fala pública do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelos feitos da economia, queixara-se, a portas fechadas, da corda esticada com o Senado para aprovar a MP das subvenções.
À tarde, o ministro engatou a nota sem diapasão. Depois de agradecer a colaboração dos presentes para a reforma, o ministro encarrilhou um apelo público ao Supremo Tribunal Federal tendo ao seu lado o ministro Luis Roberto Barroso.
Resumiu, à luz do dia, as fricções do arranjo institucional vigente: “A partir deste momento, esta emenda tem um guardião que é o STF. Contamos com o ministro Barroso para que esta emenda seja recebida com a generosidade que merece para que possamos consolidar esta reforma ao longo dos anos. Para que a litigiosidade dê espaço ao entendimento e à concórdia, à transparência e à justiça tributária. E que os empresários possam concorrer entre si em igualdade de condições (...) sem jabutis, sem pautas bomba”.
Em cinco minutos, Haddad escancarou as razões pelas quais Lula cultiva proximidade com o STF e cobrou continuidade para que a reforma não se esvazie na regulamentação. O plenário, até então reativo, silenciou ante a exortação da Corte com a qual passou o ano às turras. Barroso manteve o cenho inalterado.
Horas antes, Barroso tinha soltado nota em que informava manter “relação amigável” com Lula, “embora atue com independência em relação ao governo”. Na noite anterior, Barroso havia recebido Lula e a primeira-dama, Janja da Silva, para jantar na companhia dos ministros e respectivas cônjuges.
Não é segredo que o Executivo, a despeito dos 11 partidos da Esplanada, depende do STF para governar. Incomum é a admissão pública da equação. Até porque não é uma aliança livre de fricções. Durante a reunião com os ministros, Lula queixou-se da peleja que é para retirar gastos sociais dos limites estabelecidos pelo arcabouço fiscal ante a facilidade com que o STF acatou o pagamento de precatórios extrapolando estas mesmas regras. “Muitos advogados vão ter um feliz Natal”, ironizou.
Foi durante esta reunião, porém, que aconteceu a nota mais dissonante do dia de celebrações. Ao deixarem a reunião, os ministros se depararam com duas decisões do ministro Dias Toffoli. A primeira perdoa uma multa de R$ 10 bilhões aplicadas pelo acordo de leniência do Ministério Público Federal com o grupo J&F. A segunda derruba um acórdão do TCU que pôs fim ao quinquênio da magistratura, com um efeito cascata ainda não dimensionado.
O ministro, que peleja para quebrar o gelo com o presidente - e colecionou mais um insucesso na noite de terça - impôs um ônus fiscal ao Executivo, mas escancarou outro problema que ainda desnorteia o governo.
O poder sobre o qual está ancorado o Executivo, como explicitou Haddad, é capaz de tomar decisões de costas para a República, no que não se distingue dos parlamentares que cantaram o hino de costas para a mesa diretora do Congresso.
Em que outra posição se pode colocar aquele julgamento que, em agosto deste ano derrubou a regra do Código de Processo Civil sobre o impedimento de juízes? Foi graças a esta decisão que Toffoli pôde julgar o caso da J&F, que tem, entre seus advogados, a esposa do ministro, Roberta Rangel, também comensal do jantar com Lula.
Seis ministros acompanharam o voto do ministro Gilmar Mendes, escancarando a porteira do STF para a parentela de advogados: Toffoli, Luiz Fux, Alexandre de Moraes, Nunes Marques, André Mendonça e Cristiano Zanin. Ficaram vencidos Edson Fachin, Rosa Weber, Carmen Lúcia e Barroso.
A decisão baseia-se nos erros da Lava-jato quando a operação em questão (“Spoofing”) partiu de procuradores do Distrito Federal e foi autorizada por Vallisney Oliveira, juiz de reputação intocada e sem relação com os aloprados de Curitiba.
A decisão ainda joga no colo da Controladoria-Geral da União a decisão de rever a leniência. E enrosca ainda mais o governo com um grupo que parece disposto a atuar como braço da diplomacia presidencial na Venezuela - desde o contrato com a hidrelétrica de Guri, cuja economicidade ainda está por ser provada, até os negócios perscrutados naquele país, do petróleo ao minério de ferro.
Durante a semana, circulou vídeo em que o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) discutia com um deputado bolsonarista-raiz que havia veiculado escracho de sua atuação na sabatina de Flávio Dino.
Nesta arguição, Mourão perguntou a opinião do ministro sobre o código de ética da Suprema Corte dos EUA. A pergunta, feita com urbanidade, foi respondida no mesmo tom. Este código, assim como a regra do CPC derrubada, impedem conflitos de interesse como o de Toffoli. Há brechas na oposição a serem exploradas que são menos comprometedoras do que a aliança incondicional com o STF.
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FONOGRAMA
MENINO
composição
MENINO (Carlos Lyra)
interprete
Sílvia Teles
acompanhamento
Conjunto
data de gravação
16 Abril 1956
nº da matriz
RIO-11106
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MENINO
(Carlos Lyra)
Sílvia Teles
Conjunto
Odeon 14077
1956
Menino
Carlos Lyra
O que é que seu pai vai dizer
Menino eu não presto não
Pra você
Eu sou coisa ruim
Será que você quer
Que falem de você também
Do jeito que falam de mim
Com tanto moça direita
Você foi cismar logo com quem
Só se eu nascesse de novo
Vivesse outra vida e não fosse um ninguém
Mas qual!
Menino eu não presto não
Menino você não vê afinal
Que por eu ser assim eu tenho que dizer
Adeus, não quero mais lhe ver
Vou sentir muita falta de você
Composição: Carlos Lyra.
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Para Ouvir Sylvia Telles - 85 anos [Campanha em detasque]
porSylvia Telles Biografia
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