Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quinta-feira, 24 de março de 2022
NAS QUEBRADAS DO MUNDARÉU
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Um gênio no jogo de damas chamado Sokov
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Já ouviu falar de PLÍNIO MARCOS DE BARROS?
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Mundo em Mutação
Mundo em Mutação: Dos enxadristas em Curitiba...
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Dos enxadristas em Curitiba...
A Um gênio no jogo de damas de Leningrado chamado Sokov;
Levando a Um Sábio e "Malandro" no jogo de damas da Ucrânia chamado Bakumenko;
Passando pelo gênio das pernas tortas de Pau Grande apelidado Garrincha.
Conformando...
Gênios dos tabuleiros da vida...
Nas Quebradas do Mundaréu de Plínio Marcos.
http://mundovelhomundonovo.blogspot.com/2018/04/dos-enxadristas-em-curitiba.html
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Já ouviu falar de VASILY ALEXANDROVICH SOKOV?
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Um gênio no jogo de damas chamado Sokov - YouTube
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Um gênio no jogo de damas chamado Sokov
590.714 visualizações14 de fev. de 2015
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Lélio Sarcedo
31,5 mil inscritos
Vasily Alexandrovich Sokov, um dos maiores gênios do jogo de damas de toda a história. Nasceu em 1912 e faleceu em 1944, na frente de batalha da ex-União Soviética contra os alemães na Segunda Guerra Mundial. Sokov foi campeão da ex-União Soviética, morava em Leningrado, e foi um dos responsáveis pelo grande avanço técnico do jogo de damas. Era um jogador muito criativo. Jogava em função de fazer combinações complexas. E contra combinações. Neste vídeo abordo duas posições ocorridas em duas partidas jogadas por Sokov. A primeira contra Lerner, onde Sokov vence com uma magnífica idéia de prisão. E a segunda contra Kazanski, onde Sokov vence com uma contra combinação de um tema clássico. Um tema, a propósito, muito trabalho No Treinamento de Cálculo. Sokov mostra nessas duas contra combinações todo seu poder de análise e cálculo. Sokov, sem dúvidas, sempre terá seu nome cravado na lista dos melhores do mundo na história do jogo de damas. Sokov, além de um grande jogador, também foi um grande compositor. Criou inúmeros finais clássicos e inúmeras posições combinativas de uma qualidade impressionante.http://youtu.be/xUb3FZ_59U4
https://www.youtube.com/watch?v=xUb3FZ_59U4
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PUTIN PERDEU A NOÇÃO DA REALIDADE, MAS NÃO O COMPAREMOS A HITLER
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Silvio Pons
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O arsenal ideológico de Vladimir Putin, suas referências à história da Rússia, as citações da Bíblia. Compreender, não demonizar: uma escolha de campo (informativo). “Il Riformista” discute sobre isso com um dos mais respeitados estudiosos do “planeta” russo: Silvio Pons. O professor Pons ensina História contemporânea da Escola Normal Superior de Pisa. É presidente da Fundação Gramsci.
* A guerra na Ucrânia se combate no território, no céu, mas também nos discursos. E o “czar” do Kremlin fez muitos discursos “históricos” nestas semanas. Professor Pons, qual é o fio condutor desta narração “putiniana”?
A coisa que mais me impressiona é o salto de qualidade no uso da história como legitimação da política, o que, se se quiser, é também o aspecto mais inquietante.
* Por quê?
Porque é uma história mitologizada. Já vimos exemplos de história mitologizada – na guerra da ex-Iugoslávia, para não ir muito longe no tempo – e vimos aonde levou. Formam-se convicções que não são só propaganda instrumental para fins de uma operação bélica. São convicções profundamente enraizadas em quem as expressa e, no fim, ofuscam a consciência de quem as recebe, sobretudo na ausência de liberdade de expressão e de informação. Isto é o que me surpreende mais. A saber, esta ideia de que exista uma espécie de espaço espiritual da Rússia, como o chamou Putin. Trata-se de uma ideia imperial que se estende à Ucrânia e pretende um papel hegemônico da Rússia na Eurásia. É uma convicção que não se desenraíza facilmente. Nesta chave, pode haver uso da violência sem fronteiras nem limites. Corre-se o risco de perder uma dimensão do realismo político. Parece-me que foi isto o que aconteceu a Vladimir Putin. A esta consideração acrescentaria uma segunda, a meu ver, igualmente importante e que se refere aos seus discursos. No de 21 de fevereiro, com base neste discurso mitológico sobre a história, o presidente russo afirmou que a Ucrânia não existe como estado e como nação. Esta ideia provavelmente teve influência no fracasso da “blitzkrieg”.
LEIA ainda
https://www.acessa.com/gramsci/?page=visualizar&id=2193
* Em outras palavras...
Quem inspirou esta operação bélica contava com o fato de que o Estado ucraniano derretesse como a neve ao sol ou então que houvesse uma intervenção militar do exército ucraniano para neutralizar Zelensky, permitindo assim aos russos vencer a guerra em poucos dias. Em vez disso viu-se diante de uma resistência patriótica. Nestes trinta anos os ucranianos construíram uma democracia frágil, mas certamente uma consciência patriótica forte. Mesmo tendo rapidamente a evidência de que, ao contrário da sua mitológica visão liquidacionista, a Ucrânia existe – ainda assim Putin continua a repetir o mesmo discurso. E isto é muito inquietante porque não o repete só porque deve seguir forçosamente adiante, tendo começado as coisas de um certo modo. Isto seguramente é verdade. Existe uma lógica pela qual, se você começa algo de modo celerado, deve seguir por este caminho celerado. Mas o que ainda mais me impressiona, e inquieta, é que Putin está profundamente convencido e que, portanto, a leitura desta resistência que faz e impõe aos russos é uma leitura em chave de bandos organizados pelo Ocidente, armas fornecidas pelo Ocidente e assim por diante. Não me parece que tenha mudado alguma coisa no discurso mitológico que articula a guerra de invasão. Neste momento, insisto em afirmar, estou de fato impressionado e preocupado com isto, porque está claro que, se tudo está definido por esta mitologia putiniana, é muito difícil compreender como é que seja possível sentar-se em torno de uma mesa de negociação. Ainda mais com Zelensky. Nenhuma das motivações indicadas por Moscou para invadir a Ucrânia, violando a soberania nacional e a legalidade internacional, mostra-se convincente e fundamentada. Até os países que apoiam a Rússia no seu desafio ao Ocidente, como a China, evitaram entrar muito em detalhes.
* Onde está o salto de qualidade imprimido por Putin?
Sua narração meta-histórica sobre as relações especiais no passado entre os dois países dirige-se – convém voltar a acentuar – a negar qualquer legitimidade à existência da Ucrânia como Estado-nação. Não por acaso Putin se lançou numa nova polêmica antileninista para negar o princípio da autodeterminação nacional, que, ao contrário, indica como causa da dissolução da União Soviética. A referência a um passado idealizado serve assim ao objetivo de delinear o perfil de uma cultura política bem distinta daquela do legado comunista, ou melhor, daqueles que poderiam ser seus elementos progressistas, com exceção do nexo com a Segunda Guerra Mundial. Isto é transparente nas acusações de neonazismo dirigidas ao nacionalismo ucraniano, que por certo toca um ponto profundo na população russa. Com a guerra de invasão, Putin pôs de lado a ideia de uma “federalização” da Ucrânia que confirmasse a máxima autonomia das repúblicas russófonas do leste, para visar a desestabilizar o Estado com uma intervenção armada em vasta escala. O chefe do Kremlin não deixou de recorrer aos argumentos habituais, inspirados na segurança nacional, na ameaça representada pela expansão da Otan para leste. Tal visão, reiterada muitas vezes, foi muitas vezes liquidada no Ocidente como meramente instrumental. Mas, antes ainda do advento de Putin ao poder, já existia na Rússia uma percepção negativa da expansão da Otan. O fato de o Ocidente (Estados Unidos e Europa) não ter apreendido este dado ou ter considerado que os países do ex-império soviético fossem “terreno de caça”, foi um erro, cultural e não só geomilitar, que terminou por favorecer as posições mais revanchistas em Moscou. O problema é que Putin levou esta síndrome de segurança além de toda e qualquer visão realista e parece ter perdido o sentido do realismo que o caracterizou no passado. O poder de Putin conheceu uma gradual, mas sensível, involução autoritária no último decênio. Uma involução que se colocou na conjuntura global pós-crise de 2008 – em síntese, o ocaso da globalização ocidental e a emergência de uma ordem multipolar. Mas ela também revela continuidades de longa duração...
* Do que se trata?
Antes de mais nada, a continuidade da grande potência como pilar do consenso no país, que Putin encarnou desde o início e que, muito mais do que a modernização econômica, tornou-se o terreno para resgatar a humilhação sofrida depois do colapso soviético, em termos de empobrecimento, rebaixamento, marginalização da Rússia. Esquecemos, em particular, que nos últimos quarenta anos as classes dirigentes russas desencadearam uma série de guerras quase ininterrupta, com a única exceção dos anos de Gorbachev. Afeganistão, 1979, duas guerras na Chechênia, 1994 e 1999, quando emerge a figura até então desconhecida de Putin, Geórgia, 2008, Ucrânia, 2014, e hoje. Em outras palavras, a época pós-Guerra Fria nunca foi pacífica para a Rússia e a militarização certamente enfraqueceu a sociedade civil. Entre as continuidades essenciais está a síndrome da segurança herdada do passado e levada ao extremo por Putin, que dela fez o eixo fundamental da sua resiliência interna.
* Nestes dias muitos se aventuraram em fazer paralelismos entre o pensamento de Putin e o de um personagem que deixou um sinal trágico, devastador, na Europa: Adolf Hitler. Há até mesmo quem definiu os discursos de Putin destas semanas como o “Mein Kampf” do czar do Kremlin. Não lhe parece um exagero?
Absolutamente, sim. Esta me parece uma visão superficial e atabalhoada. Não que faltem analogias...
* Quais são, professor Pons?
Uma delas é a reivindicação de ajuda a ser dada às minorias linguísticas russas fora dos limites da Federação Russa. Nisso há uma analogia com o Hitler dos sudetos e do desmembramento da Tchecoslováquia em 1938. A outra analogia é a de uma narração vitimista da nação russa. A ideia de que a Rússia tenha sido gravemente humilhada e marginalizada na ordem mundial pós-Guerra contém em si algo de verdade. Mas na versão putiniana torna-se um “complô do Ocidente", torna-se uma visão nebulosa, hostil, sem nenhuma possibilidade de argumentação divergente. Estas analogias existem, mas são analogias superficiais.
* Em que bases históricas as define como tal?
Antes de mais nada, há uma consideração que deveríamos fazer em chave realista. Hitler queria conquistar o mundo, e a Alemanha da época tinha também os instrumentos, bélicos e econômicos, para pôr em ação os planos de conquista de amplo alcance. E apesar disso se viu na condição de perder a guerra, até porque tais bases não eram adequadas às aspirações de Hitler. A Rússia de hoje nem de longe tem estas possibilidades, a não ser do ponto de vista dos seus arsenais atômicos. Neste sentido poderíamos dizer que Putin não é Hitler porque não quer conquistar o mundo, mas quer fazer outra coisa.
* Qual coisa?
Quer construir um espaço pós-imperial russo que se defronta, de modo hostil, com a Otan e que tende a se aliar com a China. Neste sentido, Putin não é Hitler e corre o risco, antes, de se tornar um ator subordinado ao projeto chinês de uma outra ordem mundial. Contudo, isto não significa que Putin não seja criminoso e menos ainda que não seja perigoso. Não é preciso ser Hitler para ser perigoso. Por exemplo, não é preciso ser Hitler para fazer a limpeza étnica que está fazendo na Ucrânia. Nós na Ucrânia vemos, sobretudo, o aspecto mais trágico, o ataque armado aos civis que é um crime contra a humanidade. Mas o que está acontecendo é também uma limpeza étnica, deliberadamente provocada pela invasão russa. Porque o fluxo de migrantes que chegará rapidamente a 5 milhões é, de fato, uma limpeza étnica. Isto é o que está acontecendo.
* Entrevista dada a Umberto De Giovannangeli, "Il Riformista", 23 mar. 2022
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Fonte:Esquerda Democrática
https://pt-br.facebook.com/esqdemocratica/
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Já ouviu falar de ASTROJILDO PEREIRA DUARTE SILVA?
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O Explorador
Astrojildo Pereira, escritor, jornalista e um dos fundadores do Partido Comunista Brasileiro (PCB)
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Astrojildo Pereira
Astrojildo Pereira Duarte Silva nasceu em Rio Bonito (RJ), em 1890.
Ainda jovem iniciou sua militância em organizações operárias de orientação anarquista, tendo sido um dos promotores, em 1913, do II Congresso Operário Brasileiro. Foi também na imprensa operária que se iniciou no jornalismo, atividade a que se dedicaria durante a maior parte de sua vida. No final de 1918, participou dos preparativos de uma frustrada insurreição anarquista e, por conta disso, foi preso. Solto em 1919, começou a afastar-se do anarquismo e a defender os rumos tomados pela Revolução Russa.
Em março de 1922, participou do congresso de fundação do Partido Comunista do Brasil (PCB) e foi eleito secretário-geral da organização. Em 1924, fez sua primeira viagem à União Soviética. No ano seguinte, quando o PCB iniciou a publicação do jornal A Classe Operária, tornou-se, ao lado de Otávio Brandão, um de seus principais redatores. Em 1927, encarregado pela direção do partido de buscar contato com Luís Carlos Prestes, então exilado na Bolívia, entregou ao líder tenentista diversos volumes de literatura marxista. Em 1928, passou a fazer parte do comitê executivo da Internacional Comunista, eleito no VI Congresso da entidade realizado em Moscou.
Entre fevereiro de 1929 e janeiro de 1930 viveu em Moscou, de onde voltou com a orientação de proletarizar o PCB, ou seja, de promover a substituição dos intelectuais na direção do partido por operários. Em novembro de 1930, acabou sendo atingido, ele próprio, pelo processo de proletarização e foi afastado da secretaria-geral do partido. No ano seguinte, após breve período de atuação junto ao Comitê Regional de São Paulo, desligou-se do PCB.
A partir de então, dedicou-se durante muitos anos aos negócios particulares herdados do pai e, já como crítico literário reconhecido, colaborou no jornal carioca Diário de Notícias e na revista Diretrizes. Em 1944, publicou Interpretações, obra em que reunia estudos sobre literatura, com destaque para o artigo "Machado de Assis, romancista do Segundo Reinado".
Em 1945, foi delegado do Estado do Rio ao I Congresso Brasileiro de Escritores, realizado em São Paulo, e um dos redatores da declaração de princípios do encontro, marcada por críticas à ditadura de Vargas. Ainda em 1945, retornou ao PCB e passou a colaborar intensamente com a imprensa partidária. Dirigiu as revistas Literatura, Problemas da Paz e do Socialismo e Estudos Sociais, e colaborou com o jornal Imprensa Popular e com a revista Novos Rumos.
Em outubro de 1964, foi preso em decorrência do golpe militar e permaneceu na prisão por três meses, já em estado de saúde precário.
Morreu no Rio de Janeiro, em 1965.
[Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001]
https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/biografias/astrojildo_pereira
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Já ouviu falar de GILDO MARÇAL BEZERRA BRANDÃO?
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1:44:49
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Gildo Marçal Brandão - Entrevista sobre o papel da esquerda no Brasil
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Gildo Marçal Brandão - Entrevista sobre o papel da esquerda no Brasil
1.376 visualizações19 de abr. de 2016
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Memórias Reveladas
1,8 mil inscritos
Gildo Marçal Brandão (1949-2010), cientista político e professor livre-docente do Departamento de Ciência e Política da Universidade de São Paulo. Em sua trajetória profissional e política, foi jornalista da Gazeta Mercantil e editorialista da Folha de S. Paulo, assim como foi, nos anos 80, o primeiro editor-chefe do jornal Voz da Unidade, do antigo PCB. Foi secretário-adjunto da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS) entre 2004 e 2008, editando a Revista Brasileira de Ciências Sociais. Entre 2001 e 2007, Brandão exerceu o cargo de coordenador científico do NADD – Núcleo de Apoio à Pesquisa Sobre Democratização e Desenvolvimento – USP. Ele era também pesquisador e vice-presidente do CEDEC- Centro de Estudos de Cultura Contemporânea. Seus principais livros são A Esquerda Positiva: As Duas Almas do Partido Comunista, 1920-1964 (Ed. Hucitec, 1997), que resultou em sua tese de doutorado, e Linhagens do Pensamento Político Brasileiro (Ed. Hucitec, 2007).
O Vídeo é uma produção do Instituto Vladimir Herzog e da Fundação Astrogildo Pereira
https://www.youtube.com/watch?v=EF1qw8GpgRM
• Rev. bras. Ci. Soc. 25 (72) • Fev 2010 • https://doi.org/10.1590/S0102-69092010000100001 COPIAR
Gildo Marçal Bezerra Brandão (1949-2010) no coração da grande política
Marco Aurélio NogueiraSOBRE O AUTOR
Gildo Marçal Bezerra Brandão (1949-2010) no coração da grande política
Marco Aurélio Nogueira
Quem se interessa pelas coisas associadas ao poder e à comunidade humana costuma distinguir duas formas dominantes de política.
A pequena política expressaria um lado mais demoníaco e mesquinho, concentrado no interesse imediato, na artimanha e no uso intensivo dos recursos de poder. Seria o reino dos políticos com "p" minúsculo, onde preponderariam a simulação e a dissimulação, a frieza, o cinismo e a manipulação.
A grande política, por sua vez, refletiria o lado nobre, grandioso e coletivo da política, focado na convivência e na busca de soluções para os problemas comunitários. Seria o reino dos políticos com "p" maiúsculo, onde o privilégio repousaria na construção do Estado e da vida coletiva, na aproximação, inclusão e agregação de iguais e diferentes.
A grande política sempre carregou as melhores esperanças e expectativas sociais. Não seria exagero dizer que os avanços históricos estiveram na dependência da ação de grandes políticos, de estadistas, e da prevalência de perspectivas capazes de fazer com que frutificassem projetos abrangentes de organização social. Sem pontes para unir os territórios e as fronteiras em que vivem homens e mulheres - com seus problemas, idéias, sentimentos e interesses -, o futuro fica turvo demais, entregue ao imponderável.
Mas a grande política não é o oposto da pequena, nem tem potência para eliminá-la. De certo modo, é seu complemento necessário, que a impede de produzir somente o mal ou o inútil, aquele que lhe empresta utilidade e serventia. Toda operação de grande política traz em si um pouco de pequena política, que ela tenta domar e direcionar. Não há muralhas separando um tipo do outro, que se retroalimentam. O estadista nem sempre veste luvas de pelica.
Há momentos em que a pequena política parece tomar conta de tudo. Em que faltam perspectivas e o chão duro dos interesses se distancia uma enormidade do céu dos princípios e dos valores que enriquecem e dão sentido à vida. Nesses momentos, a pequena política desloca a grande para a margem. Cai então sobre as sociedades uma névoa de pessimismo e desesperança, que se materializa ou numa adesão unilateral aos assuntos de cada um, ou no reaparecimento de uma fé fanática na ação providencial de algum herói. Os políticos - grandes ou pequenos que sejam - terminam assim por ser execrados e empurrados para a vala comum que deveria acomodar os dejetos sociais.
Existem também os que pensam e estudam a política. Hoje, costumamos chamá-los de cientistas políticos, abusando de um vocábulo, a ciência, que nos convida a eliminar o que existe de poesia, paixão e fantasia na explicação do mundo. Alguns desses cientistas, radicalizando o significado intrínseco da palavra, acreditam que só podem "fazer ciência" à custa do sacrifício da história, das circunstâncias, das ideologias, da própria política, e por extensão das pessoas apaixonadas, cheias de dúvidas e motivos não propriamente racionais. Fecham-se numa bolha e cortam a comunicação com o mundo, enredando-se numa fraseologia despojada de maior efeito magnético.
Muitas vezes, de tanto se concentrar em seu objeto, tentar recortá-lo e isolá-lo da vida social, os cientistas políticos se banalizam. Perdem o interesse em ligar a grande e a pequena política, por exemplo. Dividem-se em grupamentos mais especializados na dimensão sistêmica do Estado - competições eleitorais, governabilidade, reformas institucionais - ou mais dedicados a articular Estado e sociedade, ou seja, a encontrar as raízes sociais dos fenômenos do poder. Não são tribos estanques, e invariavelmente se combinam entre si. Mas distinguem-se pelas apostas que fazem. Ao passo que uns investem tudo na lógica institucional, outros se inquietam na busca dos nexos mais explosivos e substantivos, que explicam por que as coisas são como são e como poderiam ser diferentes.
Nos momentos em que a pequena política prepondera, multiplicam-se os que se ocupam da dimensão sistêmica. Embalados pelos ventos a favor, tornam-se especialistas em soluções técnicas, quase indiferentes à opinião e à sorte das maiorias. Suas soluções, porém, não resolvem os problemas das pessoas. E como, além do mais, não se preocupam em construir pontes de aproximação ou romper fronteiras que separam e afastam, deixam de contribuir para que se afirmem diretrizes capazes de fornecer novo sentido ao convívio social.
Um belo dia, aqueles que vêem a política sistêmica como a quintessência da política esgotam seus arsenais. Tropeçam diante da abissal complexidade da vida, que escapa das fórmulas mais engenhosas. Nesse momento, as atenções se voltam para os que pensam a grande política. Que são capazes de injetar idéias e perspectivas à política, retirá-la da rotina e da mesmice, fazê-la falar a linguagem dos muitos, projetá-la para além de fronteiras e interesses parciais enrijecidos.
Um círculo então se fecha e a política se mostra por inteiro. Na face menor, revela a pequenez, a malícia e a vocação egoística de tantos que se aproximam do poder para usá-lo sem causas maiores. Na face grande, resplandece o ideal de que o futuro, por estar sempre em aberto, pode ser construído com ideais, instituições democráticas, bons governos e cidadãos ativos, dando expressão igualitária a desejos, esperanças e convicções de pessoas dispostas a viver coletivamente.
O cientista político surge então de corpo e alma. Sem olhar com desprezo para o pequeno mundo da política miúda, que ele sabe ser parte da vida, mas sem perder de vista o valor da grande política, que exige idéias e doses expressivas de criatividade e desprendimento.
Quando ele falta, ou desaparece, um vazio se abre. E fica mais difícil de ser preenchido.
A morte precoce e repentina do cientista político Gildo Marçal Bezerra Brandão, ocorrida em 15 de fevereiro de 2010, abalou ao menos uma das gerações de intelectuais que se lançaram no universo das idéias e da política no início da década de 1970, no Brasil.
Por opções e armadilhas da vida, Gildo chegou relativamente tarde ao trabalho acadêmico mais sistemático. Entre 1973 e 1989, o jornalismo e a política o consumiram. Trabalhou na Folha de S. Paulo com Cláudio Abramo, organizou e dirigiu o jornal comunista Voz da Unidade de 1980 a 1981, ajudou a editar o Diário do Grande ABC. Especialmente na Voz, com a contribuição de um seleto grupo de colaboradores e companheiros, viveu uma intensa aventura intelectual, de que pude ser testemunha e partícipe. Entregou-se a ela com um sentido de missão que jamais cedeu à tentação do fanatismo ou da prepotência e que buscou explorar ao máximo as oportunidades que se abriam - mas que logo se fechariam - para uma reinvenção do comunismo, de sua cultura, de sua linguagem, de sua forma de comunicação com a sociedade. Perdeu uma batalha, mas nenhuma guerra.
Incorporou-se então ao Departamento de Ciência Política da USP em 1989, defendeu seu doutoramento em 1992, foi para a Universidade de Pittsburgh (Estados unidos) fazer seu pós-doc entre 1995 e 1997, defendeu a livre-docência em 2004 e pavimentou uma carreira consistente. Ela culminaria, em março de 2010, com as provas que iriam consagrá-lo professor titular, título e cargo a que faria jus com todos os méritos.
Em pouco mais de vinte anos, Gildo Marçal Brandão percorreu uma trajetória digna do respeito e da admiração de todos os que puderam com ele conviver. Entregou-se de corpo e alma ao ensino e à pesquisa. Deu aulas, orientou, formou discípulos e companheiros de idéias, ajudou a estruturar e a impregnar de sentido os ambientes em que trabalhou. Permaneceu duas gestões (4 anos) como dirigente da Anpocs e editor da Revista Brasileira de Ciências Sociais. Sua livre-docência, Linhagens do pensamento político brasileiro, converteu-se não só num livro maravilhoso, publicado em 2008, como também deu origem a uma linha de pesquisa que cresceu em importância. Hoje, ultrapassou a USP. Está pronta para alçar vôos mais altos e homenagear assim seu principal animador.
Seu primeiro livro, A esquerda positiva: as duas almas do Partido Comunista. 1920-1964, publicado em 1992, ajudou centenas de pessoas - militantes, dirigentes, analistas, pesquisadores - a rever a história e o significado dos comunistas na política e na cultura nacionais. É um texto escrito com serenidade e paixão, a partir do qual a história do PCB ganha nova densidade. O partido clandestino que jamais desistiu da busca da legalidade mas que, paradoxalmente, alma dilacerada, acabou por se deixar levar mais por seus momentos de reclusão e fechamento do que pelo ar puro que pode respirar, num processo que forjou mentalidades, personalidades, taras, virtudes, estilos, visões do mundo. E terminou por aprisionar o PCB numa duplicidade que o embaraçou de forma permanente e inexorável: partido positivo, interessado em encontrar soluções realistas para o país, misturado com restos duradouros de partido-seita, impermeável à crítica, à diferença, à renovação. Ao final, um patrimônio duramente acumulado se desperdiçou. Sua lenta e progressiva derivação para a margem da vida foi um epitáfio doloroso.
A geração político-intelectual de que fez parte Gildo, porém, não se deixou subsumir na trajetória de suas referências simbólicas e institucionais, seja na política (o comunismo), seja na teoria (o marxismo). A parte mais expressiva dela soube se atualizar, seguir adiante, escapar daquele círculo de fogo em que havia apostado parte da vida. Foi em frente com um acumulado de experiências, um modo de ver as coisas, um jeito de fazer política, uma linhagem de pensamento. Marcas do tempo, cicatrizes, cacoetes, léxico particular, um cadinho que identifica.
Há legados nessa história. Coletivos e particulares. Gildo Marçal Brandão não nos deixou somente uma obra no sentido formal da expressão, composta de livros, artigos, ensaios, aulas e conferências. Deixou-nos um exemplo de conduta intelectual, de dedicação, de celebração da vida, sabedor que era da sua temporalidade e, ao final, da sua finitude. Sua herança é múltipla, está composta de filhos, pessoas, amigos, idéias, gestos e atitudes. Ou seja, tem tudo aquilo que uma obra precisa para se reproduzir.
Marco Aurélio Nogueira, doutor em ciência política pela universidade de São Paulo (USP), é professor titular da Universidade Estadual Paulista (Unesp/Araraquara). Tem experiência na área de ciência política e de gestão pública, trabalhando principalmente com os temas: teoria política, reforma do Estado, democracia, sociedade civil, globalização, modernidade e integração latino-americana. É autor, entre outras obras, de O encontro de Joaquim Nabuco com a política. As desventuras do liberalismo (2ª edição, Paz e Terra, 2010). E-mail: nogueira@fclar.unesp.br.
Datas de Publicação
Publicação nesta coleção
14 Maio 2010 Data do Fascículo
Fev 2010
https://www.scielo.br/j/rbcsoc/a/b3DwDmQQ98tnXRJkFsjDq8L/?lang=pt
CENTENÁRIO DO PARTIDÃO
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CENTENÁRIO DO PARTIDÃO
No próximo 25 de março transcorre o centenário de fundação do antigo PCB (1922-1992). O livro do professor Gildo Marçal, “A esquerda positiva – As duas almas do Partido Comunista”, de 1997, é um dos melhores sobre a história e a historiografia do Partidão. Uma análise crítica de leitura obrigatória, muito além de qualquer glorificação ou demonização. Além disso, "A esquerda positiva" é um mergulho na nossa história política contemporânea. Esquerda Democrática/ Gramsci e o Brasil recomendam com entusiasmo sua leitura.
Fonte: Esquerda Democrática
https://pt-br.facebook.com/esqdemocratica/
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Plínio Marcos
Escritor e teatrólogo brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora
Biografia de Plínio Marcos
Plínio Marcos (1935-1999) foi um escritor, ator e teatrólogo brasileiro. Suas obras se destacavam pela denúncia e protesto contra as formas de organizações sociais. Suas principais peças são "Dois Perdidos numa Noite Suja" (1966), "Navalha na Carne" (1967), "Balbina de Iansã" (1971) e "Abajur Lilás" (1976).
Plínio Marcos (1935-1999) nasceu em Santos, São Paulo, no dia 29 de setembro de 1935. Filho do bancário Armando de Barros e da dona de casa Hermínia. Completou o curso primário, mas não gostava de estudar. Era canhoto mas foi forçado a usar a mão direita. Jogou futebol no juvenil da Associação Atlética Portuguesa Santista. Aos 16 anos entrou para o circo para namorar uma artista, por quem havia se apaixonado. Exerceu diversas atividades, foi palhaço de circo, serviu a Aeronáutica e se apresentava como humorista em programas da Rádio Atlântico e Rádio Cacique, de Santos.
Iniciou-se no teatro fazendo pequenos papéis no Teatro da Liberdade. Em 1958, foi levado por Patrícia Galvão para substituir um ator na peça Pluf, o Fantasminha. Entrou para o Clube da Poesia do Jornal O Diário, de Santos, onde publicava suas poesias. Assumiu a direção de várias peças. Sua primeira peça "Barrela", apresentada em 1959, foi proibida pela censura, assim ficando durante 21 anos.
Em 1960 foi para a cidade de São Paulo. Entrou para a Companhia Cacilda Becker, montou várias peças. Seus personagens, quase invariavelmente, eram mendigos, vagabundos, delinquentes, e prostitutas. Plínio usava uma linguagem característica do submundo. Durante o regime militar, implantado em 1964, suas obras foram muito censuradas.
Plínio Marcos participou da novela Beto Rockfeller, escreveu para os jornais Folha de São Paulo, Última hora, Folha da Tarde e para as revistas Veja, Pasquim, Opinião, entre outras. Escreveu vários livros. Suas obras foram publicadas e encenadas em vários países.
Plínio Marcos de Barros morreu em São Paulo, no dia 29 de novembro de 1999.
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Última atualização: 29/04/2016
Dilva Frazão
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
https://www.ebiografia.com/plinio_marcos/
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