quinta-feira, 24 de março de 2022

OS NOVE DE 22

*** Vós, que surgireis da maré em que perecemos, lembrai-vos também, quando falardes das nossas fraquezas, lembrai-vos dos tempos sombrios de que pudestes escapar. Bertolt Brecht ******************************* *** A Internacional – (versão brasileira) I Uma unidade tardia, mas eterna!
*** Em 25 de março de 1922, foi criado, em Niterói, o Partido Comunista Brasileiro (PCB). A história de fundação do partido foi contada pelo escritor brasileiro Ferreira Gullar, em poema escrito no aniversário de 60 anos do partido. A seguir, a voz do poeta: “Eles eram poucos./ E nem puderam cantar muito alto a Internacional./ Naquela casa de Niterói em 1922./ Mas cantaram e fundaram o partido./ Eles eram apenas nove, o jornalista Astrogildo, o contador Cordeiro, o gráfico Pimenta, o sapateiro José Elias, o vassoureiro Luís Peres, os alfaiates Cendon e Barbosa, o ferroviário Hermogênio./ E ainda o barbeiro Nequete, que citava Lênin a três por dois./ Em todo o país eles eram mais de setenta./ Sabiam pouco de marxismo, mas tinham sede de justiça e estavam dispostos a lutar por ela./ Faz sessenta anos que isso aconteceu, o PCB não se tornou o maior partido do ocidente, nem mesmo do Brasil./ Mas quem contar a história de nosso povo e seus heróis tem que falar dele./ Ou estará mentindo. *** quarta-feira, 8 de dezembro de 2021 Eduardo Rocha* - Os Nove de 22 Se for possível resumir numa frase o livro Os Nove de 22: o PCB na vida brasileira(1), do jornalista e historiador Ivan Alves Filho, esta frase é: multiplicidade integrada! Ao longo de suas páginas, o autor apresenta-nos (com didatismo, simplicidade, clareza, seriedade, racionalidade e paixão) um complexo de múltiplas dimensões que, de modo integrado, abrange o nascimento, o desenvolvimento e as transformações operadas na formação política vinda à luz no Brasil em 25 de março de 1922 até seus processos radicais de rupturas e vitais continuidades materializadas em seus IX (1991) e X Congressos (1992). Ivan Alves Filho, com leveza e rigor, brinda-nos com os bastidores e a arena externa das batalhas sócio-políticas de múltiplos militantes que, ancorados na coluna vertebral do legado histórico de 1922, contribuíram para o avanço democrático-civilizatório e com o desenvolvimento do Brasil. Possibilita-nos conhecer detalhes biográfico-políticos dos que compuseram, em todos os tempos, as fileiras do PCB e que atuavam em praticamente todas as esferas da vida social brasileira: no campo, nas fábricas, no exército, na arte, na cultura, na música, na dramaturgia, no sindicalismo, no jornalismo, na ciência, na escola, na universidade, nos diversos movimentos sociais, nos parlamentos, enfim, em cada um dos diversificados setores, segmentos e classes que compõem a totalidade social brasileira. Como se fosse um telescópio Hubble a pesquisar e revelar uma pequena e significativa parte da imensidão do universo observado, o autor reafirma o que já era sobejamente conhecido como descobre e revela o que estava oculto nalguns pontos da história partidária - e o faz com a seriedade e integridade intelectual. Seu livro será sempre uma referência às gerações futuras, que, esperamos, saberão, em suas novas pesquisas, avaliar crítica e generosamente os comunistas que enfrentaram sábia e corajosamente os terríveis tempos de boa parte do século XX. O título (Os Nove de 22) diz respeito a seres humanos especiais, a pessoas excepcionalmente diferenciadas, únicas, sublimes, revolucionárias e portadoras de um objetivo: a felicidade dos povos de todo planeta! Seu título refere-se aos nove delegados representativos eleitos democraticamente por 73 comunistas em todo o Brasil para fundar, no maior país da América Latina, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) – cujo nome inicial era Partido Comunista: Seção Brasileira da Internacional Comunista. O partido disposto a dar sustentação à revolução mundial do proletariado inaugurada na Rússia vitoriosamente bolchevique e a liderar no Brasil as transformações em benefício da maioria do povo brasileiro. O autor ajuda ao leitor - seja ele familiarizado ou não com a história desta singularidade que é o PCB – a subir a escada do conhecimento e a visualizar através da trajetória de um Partido a história do Brasil, as lutas de seu povo, de suas heroínas e de seus heróis bem como compreender a relação deste Partido com os principais acontecimentos do mundo. Para quem lê-lo e apreciá-lo terá a absoluta certeza de que tem diante de si todas as notas musicais possíveis a serem aplicadas num samba brasileiro - não se trata, portanto, de um samba de uma nota só. Todas as notas musicais possíveis estão ali! É notório o rigor informacional de Ivan Alves Filho ao pontuar os principais acontecimentos históricos bem como é emocionante como apresenta-nos uma galáxia biográfico-política de mulheres e homens que, nas mais diversas esferas da vida social brasileira, foram forjados pelo PCB e, ao destacarem-se em várias áreas de atuação, o inseriram nas páginas da história. O autor não se limita a dar apenas um panorama da jornada histórica do PCB, mas também apresenta e levanta saudável e provocativamente polêmicas questões teóricas de dimensões filosóficas, políticas e econômicas complexas. Cada uma delas mereceria um ensaio crítico à parte, tamanha a amplitude pluritemática dos problemas que levanta. Deste modo, o livro é também seu testemunho pessoal sobre a trajetória nacional-internacional do Partido Comunista Brasileiro (o autor, vale assinalar, é também um dos dignos militantes que contribuiu para a construção do edifício histórico que temos diante de nós através de sua obra: o Partidão!). É também um relato de sua vida político-pessoal, descrita de forma muito modesta. Ivan nesse livro é como um marinheiro que narra a jornada de um navio, seus tripulantes e passageiros pelos oceanos revoltos e onde ele mesmo é um dos seus navegantes. Por fim, estamos diante de uma obra que narra a vida de um Partido que marcou a vida política nacional brasileira em toda a sua amplitude. Um Partido que sempre foi corajoso e disciplinado em aplicar suas decisões (certas ou erradas). Um Partido corajoso também para fazer suas autocríticas sinceras – algo raro e até mesmo inexistente nos vários partidos brasileiros ao longo de suas histórias. Pode-se dizer que o PCB pode até ter errado no varejo, mas acertou no atacado! É assim um partido que acertou muito, mas também errou muito, mas errou lutando. E quando lutou acertando, fez avançar para frente a roda da história! E tudo começou há quase 100 anos, com os Nove de 22. (1) Alves Filho, Ivan. Os Nove de 22: o PCB na vida brasileira / Ivan Alves Filho – Brasília: Fundação Astrojildo Pereira, 2021. 284 p.) Guarulhos, 07 de dezembro de 2021. *Eduardo Rocha, economista pela Universidade Mackenzie. Pós-graduado em Economia do Trabalho e Sindicalismo pela Unicamp. *** *** https://gilvanmelo.blogspot.com/2021/12/eduardo-rocha-os-nove-de-22.html#more *** *** *****************************************************************************************************
*** MELHORES POEMAS Ferreira Gullar Seleção ALFREDO BOSI 1ª edição digital São Paulo 2012 http://cogetes.epsjv.fiocruz.br/storage/11%C2%BA-ciclo-Ferreira-Gullar-Melhores-Poemas-Ferreira-Gullar-p_5f45bb02ea287.pdf ***************************** MORRE FERREIRA GULLAR | Poeta Ferreira Gullar morre aos 86 anos https://www.esquerdadiario.com.br/Poeta-Ferreira-Gullar-morre-aos-86-anos?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=Newsletter *************************************************************************
*** O Ponto Dentro do Círculo O Mito da Fênix – O Ponto Dentro do Círculo *************************************************************
*** Bafo faz tributo a 1º negro Constituinte Por Cadência da Bateria17:12:00Sem Comentarios ***
*** O GRES Bafo do Tigre vai lembrar no carnaval 2013 a trajetória de Claudino José da Silva, primeiro negro a integrar uma Assembléia Constituinte no Brasil. Mineiro de Natividade, Claudino veio para Niterói, onde encontrou abrigo no Morro do Estado, mesma comunidade onde surgiu em 1961 o bloco carnavalesco Bafo do Tigre. Carpinteiro e ferroviário, logo se interessou pelos problemas das classes operárias. Em1945, foi eleito deputado federal constituinte. Lutou contra o preconceito racial e a favor da reforma agrária, mas acabou cassado em 1948. Com sugestão e pesquisa do Dr. Fernando Dias, Diretor da Escola Superior de Advocacia (OAB Nit), “O Bafo do Tigre mostra ao povo a saga do negro Claudino José da Silva” é o título do enredo que será desenvolvido pelos carnavalescos Betto Reis e Roberto Vieira. Justa homenagem à raça que mesmo oprimida, cultuou a liberdade como um bem inerente à condição humana. Salve a raça negra! Salve Claudino Silva! Salve Bafo do Tigre! http://nacadencia.blogspot.com/2012/12/bafo-faz-tributo-1-negro-constituinte.html **************************************************************************************** Clara Nunes ***
*** Clara Nunes Foto: Mário Luiz Thompson *** Clara Nunes nasceu em Paraopeba, MG, em 12 de agosto de 1943. O pai, Mané Serrador, era violeiro e cantador de folias-de-reis. Órfã desde pequena, aos 16 anos foi para Belo Horizonte, onde conseguiu empregar-se como operária numa fábrica de tecidos. Por essa época cantava no coral de uma igreja, ao mesmo tempo em que, ajudada pelos irmãos, concluía o curso normal. Em 1960 foi a vencedora da final do concurso A Voz de Ouro ABC, em sua fase mineira, com Serenata do Adeus (Vinícius de Moraes), e obteve o terceiro lugar, na finalíssima realizada em São Paulo, com Só Adeus (Jair Amorim e Evaldo Gouveia). Contratada pela Rádio Inconfidência, de Belo Horizonte, durante um ano e meio teve um programa exclusivo na TV Itacolomi. Nessa mesma época, cantava em boates e clubes, tendo sido escolhida, por três vezes, a melhor cantora do ano. Em 1965 foi para o Rio de Janeiro e passou a apresentar-se na TV Continental, no programa de José Messias. Ainda nesse ano, após teste, foi contratada pela Odeon, que, em 1966, lançou seu primeiro LP, A voz adorável de Clara Nunes, em que interpreta boleros e sambas-canções. Em 1968, gravou Você passa e eu acho graça (Ataulfo Alves e Carlos Imperial), que foi seu primeiro sucesso e marcou sua definição pelo samba. Em 1972, além de ter realizado seu primeiro show, Sabiá, sabiô (com texto de Hermínio Bello de Carvalho), no Teatro Glauce Rocha, no Rio de Janeiro, lançou o LP Clara, Clarice, Clara, com musicas de compositores de escolas de samba e outras de Caetano Veloso e Dorival Caymmi. Ainda nesse ano, gravou o samba Tristeza pé no chão (Armando Fernandes), apresentado no Festival de Juiz de Fora, que vendeu mais de 100 mil copias. Em fevereiro 1973, estreou no Teatro Castro Alves, em Salvador, com o show O poeta, a moça e o violão, ao lado de Vinícius de Moraes e Toquinho. Em 1973 gravou na Europa o LP Brasília e, no Brasil, o LP Alvorecer, que chegou ao primeiro lugar de todas as paradas brasileiras com Conto de areia (Romildo e Toninho). Em 1974, ao lado de Paulo Gracindo, atuou no Canecão, no Rio de Janeiro, na segunda montagem do espetáculo Brasileiro, profissão esperança, de Paulo Pontes (do qual foi lançado um LP), que contava as vidas de Dolores Duran e de Antônio Maria. Em 1975, ano do seu casamento com o compositor Paulo César Pinheiro lançou Claridade, seu disco de maior sucesso. Outro grande sucesso veio em 1976, com o disco Canto das três raças. Em 1977 lançou As forças da natureza, disco mais dedicado ao samba e ao partido-alto. Em 1978 lançou o disco Guerreira, interpretando outros ritmos brasileiros. Em 1979 lançou o disco Esperança. No ano seguinte veio Brasil mestiço, que incluiu o sucesso Morena de Angola, composto por Chico Buarque para ela. Em 1981 lançou Clara, com destaque para Portela na avenida. No auge como intérprete, lançou em 1982 Nação, que seria seu último disco. Morreu em 02 de Abril 1983, depois de 28 dias de agonia, hospitalizada após um choque anafilático ocorrido durante uma cirurgia de varizes. Em dezembro de 1997, a gravadora EMI reeditou a obra completa da artista, em 16 CDs remasterizados no estúdio de Abbey Road, em Londres, e embalados em capas que reproduzem as originais. Biografia: Enciclopédia da Música Brasileira Art Editora e PubliFolha A deusa dos orixás À flor da pele Letra Cifrada Abrigo de vagabundos Letra Cifrada Alvorada As forças da natureza Letra Cifrada Basta um dia Letra Cifrada Canto das três raças Para ouvir em Real Áudio Coisa da antiga Letra Cifrada Conto de areia Letra Cifrada Coração leviano Letra Cifrada Embala eu Para ouvir em Real Áudio Homenagem à velha guarda Letra Cifrada Iracema Lama Menino Deus Letra Cifrada Meu Cariri Minha festa Morena de Angola O mais que perfeito Palhaço Letra Cifrada Partido Clementina de Jesus Letra Cifrada Pau de arara Letra Cifrada Perdão Letra Cifrada Portela na avenida Rancho da primavera Letra Cifrada Sagarana Letra Cifrada Samba da volta Letra Cifrada Senhora das Candeias Letra Cifrada Umas e outras Letra Cifrada Escute uma amostra do trabalho: Canto das três raças (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro) Com Clara Nunes Atenção: para ouvir a amostra você precisa do RealPlayer (gratuito) instalado em seu computador. Pegue-o na seção de informática do Terra, clicando aqui. http://www.mpbnet.com.br/musicos/clara.nunes/ ********************************************************** SIVUCA: Há 15 anos, a música perdia o “Poeta do Som” Um dos mais expressivos artistas da Paraíba e do Brasil, o artista morreu em dezembro de 2016, em consequência de um câncer por publicado: 14/12/2021 08h56 última modificação: 14/12/2021 08h56 ***
*** Sivuca foi um multi-instrumentista capaz de dominar uma infinidade de ritmos e composições, como choros, frevos, forrós, jazz, baião, música clássica e blues Sivuca foi um multi-instrumentista capaz de dominar uma infinidade de ritmos e composições, como choros, frevos, forrós, jazz, baião, música clássica e blues *** Após passar dois dias internado para tratamento de um câncer, que já o acometia desde 2004, morria há 15 anos, no dia 14 de dezembro de 2006, aos 76 anos, um dos mais expressivos artistas paraibanos: Severino Dias de Oliveira, reconhecido no país e internacionalmente como Sivuca. Nascido em Itabaiana, a 26 de maio de 1930, Sivuca foi um multi-instrumentista, maestro, arranjador, compositor, orquestrador e cantor, cujas composições e trabalhos incluem, dentre outros ritmos, choros, frevos, forrós, jazz, baião, música clássica e blues. Ele ganhou uma sanfona de presente do seu avô, Pablo Juacir, em 13 de junho de 1939, em um dia de São João, quando tinha apenas 9 anos de idade. Aos 34 anos, ingressou na Rádio Clube de Pernambuco, em Recife, e, em 1948, fez parte do elenco da Rádio Jornal do Comércio. Em 1951, gravou o primeiro disco em 78 rotações, pela Continental, com ‘Carioquinha do Flamengo’ (Waldir Azevedo e Bonfiglio de Oliveira) e ‘Tico-Tico no Fubá’ (Zequinha de Abreu). Nesse mesmo ano, lançou o primeiro sucesso nacional, em parceria com Humberto Teixeira, ‘Adeus, Maria Fulô’, que foi regravado numa versão psicodélica pelos Mutantes nos anos de 1960. A partir de 1955, foi morar no Rio de Janeiro. Após apresentações na Europa como acordeonista de um grupo chamado Os Brasileiros, chegou a morar em Lisboa e Paris, a partir de 1959. Foi considerado o melhor instrumentista de 1962 pela imprensa parisiense. Gravou o disco ‘Samba Nouvelle Vague’ (Barclay), com vários sucessos de bossa nova. Morou em Nova Iorque de 1964 a 1976, onde, entre, outros trabalhos, foi autor do arranjo do grande sucesso ‘Pata Pata’, de Miriam Makeba, com quem então viajou pelo mundo até o fim da década de 1960. Em 1971, Harry Belafonte o convidou para arranjar e tocar no especial dele e de Julie Andrews, na TV NBC, na cidade de Los Angeles (Estados Unidos). Fez uso de violão e sanfona, arranjou para orquestra de cordas, a quatro mãos, com o compositor e arranjador Nelson Riddle, inclusive o arranjo de uma canção escrita para Julie Andrews homenagear Vincent van Gogh. Compôs trilhas para os filmes ‘Os Trapalhões na Serra Pelada’ (1982) e ‘Os Vagabundos Trapalhões’ (1982). Um dos discos mais emblemáticos da carreira do artista é o ‘Sivuca Sinfônico’ (Biscoito Fino, 2006), em que ele toca ao lado da Orquestra Sinfônica de Recife sete arranjos orquestrais de sua autoria, um registro inédito e completo de sua obra erudita. Em 2006 o músico lançou o DVD ‘Sivuca – O Poeta do Som’, que contou com a participação de 160 músicos convidados. Foram gravadas 13 faixas, além de duas reproduzidas em parceria com a Orquestra Sinfônica da Paraíba. *Matéria publicada originalmente na edição impressa de 14 de dezembro de 2021 https://www.youtube.com/watch?v=3913APj59rg *************************************************************************************** *** Sivuca e Clara Nunes - Feira de Mangaio (1978) ******************************************************************** *** Sivuca , Luiz Gonzaga e Glorinha Gadelha '' Mulher de sanfoneiro '' *************************************************************************************** *** A HISTÓRIA DE SIVUCA 265.093 visualizações14 de nov. de 2019 *** Almeida Junior Locutor 357 mil inscritos Sivuca foi um grande representante da música brasileira e compôs grandes sucessos, tornando-se um dos maiores intérpretes de instrumentos no Brasil. https://www.youtube.com/watch?v=5l8Oclyl_vg *****************************************************************
*** G1 Tributo gratuito no Recife marca 30 anos da morte de Luiz Gonzaga | Pernambuco | G1 *** Do sertão às minas Siga a Tribuna no Google News Por JÚLIA PESSÔA 13/12/2012 às 07h00 Com voz imponente e característica, Luiz Gonzaga, já Rei do Baião, cantou muitas vezes, em seus negocinhos do Nordeste, xote, xaxado, baião e maracatu, que sua vida era andar por esse país. Bem antes de sua coroação, mas já levando vida de viajante, uma das terras por onde passou, deixando recordações e amigos assim como versa a canção, foi Juiz de Fora. Como a asa branca, Gonzagão bateu asas do sertão antes de completar 18 anos, fugindo de uma confusão com o pai de um de seus namoricos, e chegou à cidade mineira engajado como corneteiro do exército. Aqui em Juiz de Fora foi onde mais marquei minha vida depois que saí do Nordeste, disse Gonzaga em entrevista concedida ao Museu da Imagem e do Som (MIS) da Funalfa, em 1980, poucos meses antes de receber o título de cidadão honorário do município. Foi aqui que suas andanças começaram a levá-lo para a carreira musical. No exército, o músico Gonzaga despontou, o que chegou a causar alguns problemas para seu ofício de soldado. Eu queria ser artista e danei de florear na corneta, mas me dei mal. E um dia fui em cana porque toquei bem demais, contou ele próprio. Por aqui, Gonzagão ganhou intimidade com o instrumento que sempre trazia a tiracolo.Foi aí que peguei no acordeão pela primeira vez, das mãos do saudoso Dominguinhos, relembrou ele, mencionando o músico juiz-forano Domingos Ambrósio, na época era policial militar, com quem o nordestino aprendeu a escala de 120 baixos na sanfona. De Santo Lima, outro amigo daqui, o então corneteiro levou outras heranças musicais. Santo Lima me ensinou a cantar samba, me ensinou até a fazer acorde no violão e no cavaquinho. Como as meninas de seu xote, Gonzaga também levou fama de só querer e só pensar em namorar, e não foi diferente em seu tempo em Minas, coisa que ele mesmo costumava lembrar. Também andei arriscando por aí, no violãozinho, tocando nas grossas e na sanfona e procurando as pretas. O amigo Romeu Rainho, empresário do cantor no início dos anos 50, confirma. Depois dos shows, a gente ia procurar as meninas da cidade. Eu era mais tímido, mas ele era galanteador e já era famoso na época, então não faltava mulher. Mas ele não era tão mulherengo assim, a gente acabava mais era olhando as moças bonitas. Mesmo nas farras, ele queria alguém que quisesse estar com ele ‘pessoa’, e não com o artista, conta Romeu, aos 83 anos, em entrevista pelo telefone de Além Paraíba, onde mora com a filha. O empresário, que viveu em Juiz de Fora, lembra-se com saudades da amizade com o Rei do Baião. Acho que vou passar o resto da vida sofrendo a falta do Gonzaga. Ele tinha uma grande amizade por mim, e eu, por ele. Eu era um simples locutor em Barbacena. Um dia, ele me procurou na rádio, dizendo que tinha gostado de um poema que eu li e disse: ‘Vou te levar para ser meu empresário’. E levou mesmo. Para Romeu, Gonzagão nunca perdeu sua essência, mantendo-se fiel às raízes até o fim da vida. Ele nunca se achou grande. Era um apaixonado pelo que fazia e pela sua terra, e nunca perdeu essa identidade de sertanejo, a ligação com o sertão, essa coisa de não contar vantagem. Era de uma simplicidade incrível, mesmo sendo o grande artista que foi. Tributo a Gonzagão Se ainda estivesse empunhando sua sanfona, Luiz Gonzaga completaria hoje, 13 de dezembro, 100 anos. No Brasil inteiro, festividades marcam a data, em menção ao homem que levou tristezas e alegrias de ser do sertão ao Brasil e ao mundo. Neste ano, o filme Gonzaga- de pai para filho, de Breno Silveira, narra sua trajetória e a relação com o filho, também artista, Gonzaguinha. Em Juiz de Fora, a Semana Gonzagão homenageia o músico, com discotecagem que privilegia o forró no Forrozada JF. Não dá para gostar de forró sem ter uma música preferida do Luiz Gonzaga, ele é pai do forró pé-de-serra, de todos os ritmos nordestinos. Essa homenagem é, antes de tudo, necessária, para reacendermos o interesse por estes ritmos, e pela ligação que ele teve com Juiz de Fora, conta Danilo Santos, DJ de forró e organizador do tributo. Para Chacrinha, do Trio Só Forró, Gonzaga ainda é a maior influência em seu gênero musical, presente nos trabalhos feitos até hoje. Tanto que o próprio Dia Nacional do Forró foi decretado no dia de seu aniversário. Homenageá-lo é uma maneira de agradecermos o seu grande legado em um tipo de música que é essencialmente brasileira. Neste ano, o grupo lançou um álbum em homenagem ao centenário do músico, com o apoio da Lei Murilo Mendes. São composições nossas que bebem nitidamente na fonte dos xotes, xaxados e baiões de Gonzaga, completa Chacrinha. Não estudei nada, mas acho que estou criando uma cultura nova nesse país. Deus, quando marca um, não perde de vista. Eu tô marcado por Deus, mas no bom sentido, ele não esquece de mim, e eu vou levando as coisas sem complicar, reflete Gonzagão na entrevista ao Museu da Imagem e do Som. E assim também foi sua herança, uma música viva e cheia de ritmo, mas que não complica. Canções marcadas pelo bom humor e por uma esperança típica de quem não se prostra diante da dor e das misérias de um sertão tão querido quanto amargo. Coisinhas do Nordeste, que espelhavam aquele que as assinava: um homem simples, fiel a sua fé e suas origens. FORROZADA JF Hoje, às 20h Cervejaria Barbante (Av. Senhor dos Passos 1.531 – São Pedro) Sábado, às 20h Espaço Gentileza (Rua Padre Emílio 160 – Alto dos Passos) https://tribunademinas.com.br/noticias/cultura/13-12-2012/do-sertao-as-minas.html ********************************************************************************************* CENTENÁRIO Tem uai no baião: antes de conquistar o Brasil, Luiz Gonzaga viveu em Minas Gerais Em Belo Horizonte, Juiz de Fora e Ouro Fino, ainda nos anos 1930, o sanfoneiro aprimorou sua arte ETEduardo Tristão Girão postado em 09/12/2012 06:00 / atualizado em 09/12/2012 07:53 Em Minas, ainda como militar, ele fez amigos, aprimorou o toque da sanfona e saiu pronto para se tornar o grande artista que o Brasil conheceu(foto: Luiz Alfredo/O Cruzeiro/EM/D.A Press - 17/08/1956 ) ***
*** Em Minas, ainda como militar, ele fez amigos, aprimorou o toque da sanfona e saiu pronto para se tornar o grande artista que o Brasil conheceu (foto: Luiz Alfredo/O Cruzeiro/EM/D.A Press - 17/08/1956 ) **** Além Paraíba, Juiz de Fora e Ouro Fino – Entre 1932 e 1939, Luiz Gonzaga morou em Minas Gerais. Foram quatro meses em Belo Horizonte, cinco anos em Juiz de Fora e, por fim, dois anos em Ouro Fino. Quando chegou à capital mineira, aos 20 anos, o pernambucano estava longe de ser o Rei do Baião. Decidido a seguir carreira no Exército, veio completar o contingente do 12º Regimento de Infantaria, que se esfacelou por ter resistido à Revolução de 1930. Nas duas últimas cidades mineiras, ainda como militar, fez amigos, aprimorou o toque da sanfona e saiu pronto para se tornar o grande artista que foi, deixando saudades e, claro, muitas histórias para trás. Nem todo mundo sabe dessa sua temporada mineira, nem mesmo alguns dos pouco mais de 30 mil habitantes de Ouro Fino, onde, aparentemente, todo mundo tem um caso para contar sobre a passagem do sanfoneiro por ali. Pela oportunidade do centenário de seu nascimento, que será comemorado quinta-feira, o Estado de Minas visitou as duas cidades do interior do estado para descobrir como Minas Gerais influenciou a formação de Luiz Gonzaga e, em Além Paraíba, na divisa com o Rio de Janeiro, encontrou o mineiro Romeu Rainho, que foi empresário do sanfoneiro por uma década e o conheceu intimamente. “Em Juiz de Fora eu estava folgado, era o mais antigo do grupo. Comecei a fazer minhas farrinhas. Foi aí que conheci Santo Lima e Domingos Ambrósio, fazendo bonitas serenatas. Gostava de acompanhar os dois. Saíamos pela rua e tinha aquelas caboclas diferentes, vindas de toda parte do interior do estado. Foi quando peguei um acordeom pela primeira vez, das mãos do saudoso Domingos. Foi assim que fui ficando por aqui”, contou Luiz Gonzaga, em depoimento prestado a Santo e Romeu quando passou por Juiz de Fora em 19 de setembro de 1980, preservado em fita de gravador de rolo pela Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage. SAIBA MAIS 06:00 - 09/12/2012 No ano do centenário, memória de Gonzagão permanece viva entre aqueles que conviveram com ele 06:00 - 09/12/2012 Ao sabor das lembranças de Luiz Gonzaga 06:00 - 09/12/2012 "Fui em cana porque toquei bem demais", disse o Rei do Baião “Santo Lima, cantor do cavaquinho, desinibido. Tinha uma inveja danada dele. Ele sabia cantar bem e eu não sabia. Mas ele me encorajou, juntamente com Domingos Ambrósio”, relembrou o artista na mesma gravação. Luiz Gonzaga já tocava sanfona de oito baixos antes de deixar o Nordeste e, por causa do serviço militar, teve de aprender a dominar também a corneta, instrumento que auxilia o comandante a transmitir ordens à tropa. “Estava dando uma de galo, fazendo da corneta pistom. Queria ser artista e danei a florear na corneta, mas me dei mal e fui em cana porque toquei bem demais”, completou. O artista afirma que Juiz de Fora foi a cidade que mais marcou sua vida depois de deixar o Nordeste. Saiu de lá em 1937 para continuar como militar, já conhecido como “Bico de Aço” pela habilidade na corneta. “Eu já estava doido para pegar outro caminho. Minha vida sempre foi andar, meu destino era andar. Me perguntaram se eu queria entrar na formação de uma companhia que iria para Ouro Fino e eu disse: ‘Vou demais’.” Lá fez amigos, teve novos mestres musicais e, dizem, arranjou outros amores. No palco do Éden Club, centenário clube que existe até hoje, fez seu primeiro show. Tudo isso com o acordeom que comprou de Carlos Alemão, amigo de Domingos, que foi seu primeiro professor do instrumento. Não era um primor de fole, mas foi com ele que aprendeu e desenvolveu a técnica musical, lhe permitindo extrapolar a rotina militar em serestas, bailes, bares e rodinhas de músicos pelo interior mineiro. Começava a aprender o que era ser artista e, por causa disso, quis comprar uma sanfona melhor. Escolheu uma no catálogo de um caixeiro-viajante e começou a pagá-la à prestação para buscar em São Paulo. Era golpe, mas, por pura sorte, comprou outra igual. E foi ganhar o Brasil. https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/brasildegonzaga/noticias/2012/12/09/noticias_internas_brasil_de_gonzaga,335553/tem-uai-no-baiao-antes-de-conquistar-o-brasil-luiz-gonzaga-viveu-em-minas-gerais.shtml

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