No futuro
“Meus filhinhos, amai-vos uns aos outros.”
9.
O amor é de essência divina e todos vós, do primeiro ao último, tendes, no
fundo do coração, a centelha desse fogo sagrado. É fato, que já haveis podido
comprovar muitas vezes, este: o homem, por mais abjeto, vil e criminoso que
seja, vota a um ente ou a um objeto qualquer viva e ardente afeição à prova de
tudo quanto tendesse a diminuí-la e que alcança, não raro, sublimes proporções.
A um ente ou um objeto qualquer, disse eu, porque há
entre vós indivíduos que, com o coração a transbordar de amor, despendem
tesouros desse sentimento com animais, plantas e, até, com coisas materiais:
espécies de misantropos que, a se queixarem da Humanidade em geral e a
resistirem ao pendor natural de suas almas, que buscam em torno de si a afeição
e a simpatia, rebaixam a lei de amor à condição de instinto. Entretanto, por
mais que façam, não logram sufocar o gérmen vivaz que Deus lhes depositou nos
corações ao criá-los. Esse gérmen se desenvolve e cresce com a moralidade e a
inteligência e, embora comprimido amiúde pelo egoísmo, torna-se a fonte das
santas e doces virtudes que geram as afeições sinceras e duráveis e ajudam a
criatura a transpor o caminho escarpado e árido da existência humana.
Há pessoas a quem repugna a reencarnação, com a ideia
de que outros venham a partilhar das afetuosas simpatias de que são ciosas.
Pobres irmãos! o vosso afeto vos torna egoístas; o vosso amor se restringe a um
círculo íntimo de parentes e de amigos, sendo-vos indiferentes os demais. Pois
bem! para praticardes a lei de amor, tal como Deus o entende, preciso se faz
chegueis passo a passo a amar a todos os vossos irmãos indistintamente. A
tarefa é longa e difícil, mas cumprir-se-á: Deus o quer e a lei de amor
constitui o primeiro e o mais importante preceito da vossa nova doutrina,
porque é ela que um dia matará o egoísmo, qualquer que seja a forma sob que se
apresente, dado que, além do egoísmo pessoal, há também o egoísmo de família,
de casta, de nacionalidade. Disse Jesus: “Amai o vosso próximo como a vós
mesmos.” Ora, qual o limite com relação ao próximo? Será a família, a seita, a
nação? Não; é a Humanidade inteira. Nos mundos superiores, o amor recíproco é
que harmoniza e dirige os Espíritos adiantados que os habitam, e o vosso planeta,
destinado a realizar em breve sensível progresso, verá seus habitantes, em
virtude da transformação social por que passará, a praticar essa lei sublime,
reflexo da Divindade.
Os efeitos da lei de amor são o melhoramento moral da
raça humana e a felicidade durante a vida terrestre. Os mais rebeldes e os mais
viciosos se reformarão, quando observarem os benefícios resultantes da prática
deste preceito: Não façais aos outros o que não quiserdes que vos façam;
fazei-lhes, ao contrário, todo o bem que vos esteja ao alcance fazer-lhes.
Não acrediteis na esterilidade e no endurecimento do
coração humano; ao amor verdadeiro, ele, a seu mau grado, cede. É um ímã a que
não lhe é possível resistir. O contato desse amor vivifica e fecunda os germens
que dele existem, em estado latente, nos vossos corações. A Terra, orbe de
provação e de exílio, será então purificada por esse fogo sagrado e verá
praticados na sua superfície a caridade, a humildade, a paciência, o
devotamento, a abnegação, a resignação e o sacrifício, virtudes todas filhas do
amor. Não vos canseis, pois, de escutar as palavras de João, o Evangelista.
Como sabeis, quando a enfermidade e a velhice o obrigaram a suspender o curso
de suas prédicas, limitava-se a repetir estas suavíssimas palavras: “Meus filhinhos,
amai-vos uns aos outros.”
Amados irmãos, aproveitai dessas lições; é difícil o
praticá-las, porém, a alma colhe delas imenso bem. Crede-me, fazei o sublime
esforço que vos peço: “Amai-vos” e vereis a Terra em breve transformada num
Paraíso onde as almas dos justos virão repousar. – Fénelon. (Bordeaux,
1861.)
A lei de amor Amar
o próximo como a si mesmo Segundo o
Espiritismo ALLAN KARDEC FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Rio - Brasil
1944 Tradução de Guillon Ribeiro da 3ª edição francesa revista, corrigida
e modificada pelo autor em 1866
No futuro
“E não mais ensinará cada um a seu próximo, nem cada
um a seu irmão, dizendo: – Conhece o Senhor! Porque todos me
conhecerão, desde o menor deles até ao maior.”
Paulo (Hebreus, 8:11)
Quando o homem gravar na própria alma
Os parágrafos luminosos da Divina Lei,
O companheiro não repreenderá o
companheiro,
O irmão não denunciará outro irmão.
O cárcere cerrará suas portas,
Os tribunais quedarão em silêncio.
Canhões serão convertidos em arados,
Homens de armas volverão à sementeira
do solo.
O ódio será expulso do mundo,
As baionetas repousarão,
As máquinas não vomitarão chamas para
o incêndio e para a morte,
Mas cuidarão pacificamente do
progresso planetário.
A justiça será ultrapassada pelo amor.
Os filhos da fé não somente serão
justos,
Mas bons, profundamente bons.
A prece constituir-se-á de alegria e
louvor
E as casas de oração estarão
consagradas ao trabalho sublime da fraternidade suprema.
A pregação da Lei Viverá nos atos e
pensamentos de todos,
Porque o Cordeiro de Deus
Terá transformado o coração de cada
homem
Em tabernáculo de luz eterna,
Em que o seu Reino Divino
Resplandecerá para sempre.
41 No futuro Emmanuel Pão Nosso FEB
COLEÇÃO FONTE VIVA 1950 30ª edição - 4ª impressão - 8/2017
Não tenha medo. Nem do futuro, nem
do presente. Nada há a temer. A vida sorri para as pessoas corajosas.
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