Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
segunda-feira, 19 de julho de 2021
CORDÃO-1971-2021-neutralizado
No ano em que "CORDÃO" completa 50(cinquenta anos).
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"Adoro essa palavra, neutralizado".
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“A força de Deus quando quer – moço! – me dá o medo pavor! Deus vem vindo: ninguém não vê. Ele faz é na lei do mansinho – assim é o milagre. E Deus ataca bonito, se discutindo, se economiza.”
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Cordão foi uma das centenas de músicas de Chico Buarque vetadas pelos censores (Foto: Arquivo Nacional)
*** *** https://personaunesp.com.br/chico-buarque-construcao-50-anos/ *** ***
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Cordão
Chico Buarque
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Ninguém
Ninguém vai me segurar
Ninguém há de me fechar
As portas do coração
Ninguém
Ninguém vai me sujeitar
A trancar no peito a minha paixão
Eu não, eu não vou desesperar
Eu não vou renunciar
Fugir
Ninguém
Ninguém vai me acorrentar
Enquanto eu puder cantar
Enquanto eu puder sorrir
Ninguém
Ninguém vai me ver sofrer
Ninguém vai me surpreender
Na noite da solidão
Pois quem
Tiver nada pra perder
Vai formar comigo o imenso cordão
E então quero ver o vendaval
Quero ver o carnaval sair
Ninguém
Ninguém vai me acorrentar
Enquanto eu puder cantar
Enquanto eu puder sorrir
Enquanto eu puder cantar
Alguém vai ter que me ouvir
Enquanto eu puder cantar
Enquanto eu puder seguir
Enquanto eu puder cantar
Enquanto eu puder sorrir
Enquanto eu puder cantar
Enquanto eu puder
Fonte: Musixmatch
Compositores: Buarque Chico
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*** *** https://www.letras.mus.br/chico-buarque/85950/ *** ***
Sobre outro negacionismo
3 DAYS AGO | By Fabio Giambiagi
oglobo.globo.com — Defrontado com a Inquisição para que renegasse suas ideias acerca do funcionamento do que hoje conhecemos como sistema solar, Galileu Galilei teria se submetido à determinação a ele imposta, mas não sem antes exclamar “Eppur si muove!”, o que podia ser entendido como: “OK, vocês venceram, mas isso não muda o fato de que a Terra se move em torno do Sol – e não o contrário”.
*** *** https://muckrack.com/fabio-giambiagi#! *** ***
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Tuitadas
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"Por minha Pátria eu morro. E também mato e faço coisas que não vou listar aqui", escreveu general que assumiu logística da Saúde
"Por minha Pátria eu morro. E também mato e faço coisas que não vou listar aqui", escreveu general...
A ascensão do general da reserva Ridauto Fernandes ao comando da diretoria de logística do Ministério da Saúde deu aos militares uma vitória na batalha pelo cargo, que a CPI da Covid mostrou ser a...
blogs.oglobo.globo.com
9:21 AM · 19 de jul de 2021
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MILITARES NO GOVERNO
"Por minha Pátria eu morro. E também mato e faço coisas que não vou listar aqui", escreveu general que assumiu logística da Saúde
*** *** https://blogs.oglobo.globo.com/malu-gaspar/ *** ***
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'Por minha Pátria eu morro e mato', diz general que assumiu logística da Saúde
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'Por minha Pátria eu morro e mato', diz general que assumiu logística da SaúdeRidauto Fernandes, novo diretor de Logística do MS | Foto: Divulgação / Exército
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Ridauto Fernandes, general da reserva, vai substituir Roberto Dias na Diretoria de Logística do Ministério da Saúde. O cargo é tido como alvo de disputa entre os militares ligados a Eduardo Pazuello e o Centrão. A chegada do general também traz conforto ao presidente Jair Bolsonaro, que terá um seguidor fiel no cargo. As informações são da coluna Malu Gaspar, do Globo.
Em maio de 2020, durante a crise entre Bolsonaro e o STF, Fernandes chegou a defender a decretação de estado de sítio. Apesar de pouco ativo nas redes sociais, ele continua manifestando apoio a Pazuello e Bolsonaro em listas restritas no aplicativo WhatsApp.
Em novembro do ano passado, o general protestou em uma dessas listas contra um artigo intitulado "O perigoso esporte de humilhar generais", publicado pelo jornalista Fernando Gabeira no jornal O Globo.
Ainda de acordo com a coluna, Ridauto escreveu: "Por alguns valores, um militar passa (facilmente) por cima de muita coisa. Desculpem os que se sentirem ofendidos, mas por minha Pátria eu morro. E também mato e faço coisas que não vou listar aqui, para não provocar chiliques", ao se indignar com a afirmação que o presidente rebaixava as Forças Armadas ao desautorizar Pazuello em negociações de vacinas.
Na mensagem, ele não explicou que coisas que faz que não poderia listar e acrescentou: "Se eu achar que minha Pátria estiver precisando, aceito de cabeça erguida humilhações e cusparadas. E, se achar que minha Pátria estiver precisando, providenciarei para que aquele que a esteja agredindo seja neutralizado. Adoro essa palavra, neutralizado".
O general foi procurado pela coluna e disse que a mensagem expressa seu pensamento e que tem orgulho disso. "Destaco que, na data em que o expressei, não integrava qualquer órgão de governo e, portanto, falava somente por mim, com a liberdade que a lei me garantia".
Ridauto Fernandes se formou na turma da Academia Militar das Agulhas Negras em 1981 e chegou a general de Brigada em 2017, mas deixou as forças para trabalhar em consultorias.
*** *** https://www.bahianoticias.com.br/noticia/260574-por-minha-patria-eu-morro-e-mato-diz-general-que-assumiu-logistica-da-saude.html *** ***
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General na logística da Saúde diz que mataria pela Pátria
Defensor do presidente Jair Bolsonaro, o general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes foi nomeado para a logística do Ministério da Saúde após denúncias de suspeita de propina na compra de vacinas
seg, 19/07/2021 - 11:59
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DivulgaçãoO general Ridauto chegou a defender estado de sítio no período das manifestações contra o STF
Divulgação
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Antes de ser nomeado assessor da Diretoria de Logística do Ministério da Saúde pelo então ministro Eduardo Pazuello, o general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes chegou a indicar que mataria e faria coisas que não podem ser listadas para defender sua Pátria. Mesmo após indícios de superfaturamento e propina na compra de vacinas pelo governo Bolsonaro, o militar reforçou apoio ao presidente e vai assumir a direção do setor responsável pela aquisição de imunizantes no combate à pandemia.
"[...] Por minha Pátria em morro. E também mato e faço coisas que não vou listar aqui, para não provocar chiliques", escreveu Ridauto, que criticava um artigo publicado pelo ex-deputado federal Fernando Gabeira. "Acha que o Exército mudou em 50 anos? Adoraria mostrar que não mudou”, acrescentou em tom ameaçador.
A posição contra o texto "O perigoso esporte de humilhar generais", publicado pelo O Globo, foi exposta em uma mensagem compartilhada em listas de WhatsApp com oficiais e policiais militares. O material desenvolvido por Gabeira em novembro do ano passado sugeria que o próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido) rebaixava o alto escalão das Forças Armadas ao desautorizar Pazuello em negociações das vacinas.
O general da reserva vai ser nomeado para o posto de Roberto Dias na Diretoria de Logística da Saúde. O ex-diretor foi exonerado no último dia 29 após ser denunciado por Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da empresa Davati Medical Supply, que relatou ter sido pressionado para pagar a propina de US$ 1 - equivalente a R$ 5,21 - por vacina comprada de um lote com 400 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca.
Em maio do ano passado, período de maior atrito entre o Executivo e o Supremo Tribunal Federal (STF), marcado por manifestações antidemocráticas com a participação de Jair Bolsonaro, Ridauto defendeu a decretação de estado de sítio, quando o presidente centraliza o poder e suspende temporariamente a atuação dos Poderes Legislativo (deputados e senadores) e do Judiciário.
Confira a íntegra da mensagem de Ridauto Fernandes à lista de oficiais e PMs publicada pelo O Globo:
"Militares de carreira são escravos de seus valores. Isso é o que a sociedade não entende. E, como seres humanos, são diferentes uns dos outros. Inclusive quanto à escala de valores, que varia de um para o outro. De um modo geral, varia pouco. O que quero dizer com isso, em relação ao tema abordado pelo ex-MR-8 Gabeira, é que, por alguns valores, um militar passa (facilmente) por cima de muita coisa. Desculpem os que se sentirem ofendidos, mas por minha Pátria em morro. E também mato e faço coisas que não vou listar aqui, para não provocar chiliques. Se eu achar que minha Pátria estiver precisando, aceito de cabeça erguida humilhações e cusparadas. E, se achar que minha Pátria estiver precisando, providenciarei para que aquele que a esteja agredindo seja neutralizado. Adoro essa palavra, neutralizado. Que ideia essa, Gabeira. Pensar que a imagem do Exército e das Forças Armadas será arranhada, triscada sequer, porque o Presidente da República mandou um de seus ministros, que também é militar, fazer algo com que não concorda e o ministro, DISCIPLINADO, aceitou. Que ideia, Gabeira. Essa convivência próxima que vc mesmo diz que teve com certas lideranças militares não lhe ensinou nada? Mas não sou ingênuo de achar que vc apenas se enganou. Ah, não. Cada palavra sua é medida e pensada. E visa colocar integrantes das Forças Armadas, os menos experientes e menos preparados, contra seus Chefes. Tem coisa bem mais perigosa que humilhar generais, posso te assegurar. Quando vc diz que derrotará Bolsonaro e quantos militares estiverem a seu lado, estou imaginando que será pelo voto e pela via legal. É isso? Porque, se a ideia for outra forma QUALQUER, confesso que teria um grande prazer em estar ao lado do Presidente. Nem sempre cumprir o dever é algo sacrificante. Acha que o Exército mudou em 50 anos? Adoraria mostrar que não mudou. Gen Ridauto."
*** *** https://www.leiaja.com/politica/2021/07/19/general-na-logistica-da-saude-diz-que-mataria-pela-patria/ ******
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guimaraes rosa no sertao
18 de junho de 2021 Especiais
Guimarães Rosa: frases mostram que a sabedoria do autor de ‘Grande Sertão’ continua válida e atual
Posted by Equipe Plena
Uma seleção de frases e pensamentos para comemorar os 60 anos da publicação do “Grande Sertão: Veredas” (1956), de João Guimarães Rosa.
“Conto ao senhor é o que eu sei e o senhor não sabe; mas principal quero contar é o que eu não sei se sei, e que pode ser que o senhor saiba.”
O SERTÃO
“O senhor tolere, isto é o sertão.”
“O sertão está em toda a parte.”
“O sertão é dentro da gente.”
“O sertão é do tamanho do mundo.”
“O sertão é sem lugar.”
“O sertão é uma espera enorme.”
“O sertão não chama ninguém às claras; mais, porém, se esconde e acena.”
“O sertão não tem janelas, nem portas. E a regra é assim: ou o senhor bendito governa o sertão, ou o sertão maldito vos governa.”
“O sertão é confusão em grande demasiado sossego.”
“O sertão me produz, depois me engoliu, depois me cuspiu do quente da boca.”
“Sertão é isto o senhor sabe: tudo incerto, tudo certo.”
“Sertão é o penal, criminal. Sertão é onde homem tem de ter a dura nuca e mão quadrada.”
“No sertão, até enterro simples é festa.”
“Sertão: estes seus vazios. O senhor vá. Alguma coisa, ainda encontra.”
“Sertão, – se diz -, o senhor querendo procurar, nunca não encontra. De repente, por si, quando a gente não espera, o sertão vem.”
“Sertão: quem sabe dele é urubu, gavião, gaivota, esses pássaros: eles estão sempre no alto, apalpando ares com pendurado pé, com o olhar remedindo a alegria e as misérias todas.”
“Sertão. Sabe o senhor: sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder do lugar. Viver é muito perigoso…”
“O gerais corre em volta. Esses gerais são sem tamanho. Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães… O sertão está em toda a parte.”
“Sempre, nos gerais, é a pobreza, à tristeza. Uma tristeza que até alegra…”
“Sertão sempre. Sertão é isto: o senhor empurra para trás, mas de repente ele volta a rodear o senhor dos lados. Sertão é quando menos se espera.”
“A gente tem de sair do sertão! Mas só se sai do sertão é tomando conta dele a dentro.”
“Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e se abaixa. Mas que as curvas dos campos estendem sempre para mais longe. Ali envelhece vento. E os brabos bichos, do fundo dele.”
“Mas nós passávamos, feito flecha, feito fogo, feito faca.”
“Sertão é onde manda quem é forte, com as astúcias. Deus mesmo, quando vier, que venha armado!”
DEUS
“Eu cá, não perco ocasião de religião. Aproveito de todas. Bebo água de todo o rio… uma só para mim é pouca, talvez não me chegue.”
“O grande-sertão é a forte arma. Deus é um gatilho?”
“A força de Deus quando quer – moço! – me dá o medo pavor! Deus vem vindo: ninguém não vê. Ele faz é na lei do mansinho – assim é o milagre. E Deus ataca bonito, se discutindo, se economiza.”
“Refiro ao senhor: um outro doutor, doutor rapaz, que explorava as pedras turmalinas no vale do Arassuaí, discorreu me dizendo que a vida da gente encarna e reencarna, por progresso próprio, mas que Deus não há. Estremeço. Como não ter Deus? Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vai-vem, a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo facilitar – é todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois, no fim dá certo.”
“Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de existir para haver.”
O DIABO
“Do vento. Do vento que vinha, rodopiado, Redemoinho: senhor sabe – a briga de ventos. Quando um esbarra com outro, e se enrolam, o doido do espetáculo.”
“Fosse lhe contar… Bem, o diabo regula seu estado preto, nas criaturas, nas mulheres, nos homens. Até: nas crianças – eu digo. Pois não ditado: menino – trem do diabo? E nos usos, nas plantas, nas águas, na terra, no vento… Estrumes. … O diabo na rua, no meio do redemoinho.”
“Por mim, tantos vi, que aprendi. Rincha-Mãe, Sangue-d’Outro, o Muitos-Beiços, o Rasga-em-Baixo, Faca-Fria, o Fancho-Bode, um Treciziano, o Azinhavre… o Hermógenes… Deles, punhadão.”
“Explico ao senhor: o diabo vige dentro do homem, os crespos do homem – ou é o homem arruinado, ou o homem dos avessos. Solto, por si, cidadão, é que não tem diabo nenhum. Nenhum! – é o que digo.”
“E me inventei nesse gosto de especular ideia. O diabo existe e não existe. Dou o dito. Abrenúncio. Essas melancolias.”
“Nonada. O diabo não há! É o que eu digo, se for… Existe é homem humano. Travessia.”
AS GENTES
“Coração de gente — o escuro, escuros.”
“O que lembro, tenho.”
“Em Diadorim penso também. Mas Diadorim é minha neblina”
“Quando se curte raiva de alguém, é a mesma coisa que se autorizar que essa própria pessoa passe durante o tempo governando a ideia e o sentir da gente.”
“Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem o perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.”
“O senhor não duvide – tem gente, neste aborrecido mundo, que matam só para ver alguém fazer careta… vem o pão, vem a mão, vem o cão.”
“O senhor saiba: eu toda a minha vida pensei por mim, forro, sou nascido diferente. Eu sou é eu mesmo. Diverjo de todo o mundo… Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa.”
“Uma coisa é pôr ideias arranjadas, outra é lidar com país de pessoas, de carne e sangue, de mil-e-tantas misérias… Tanta gente – dá susto de saber – nenhum se sossega: todos nascendo, crescendo, se casando, querendo colocação de emprego, comida, saúde, riqueza…”
“Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam.”
“Mire veja: o que é ruim, dentro da gente, a gente perverte sempre por arredar mais de si. Para isso é que o muito se fala?”
“As pessoas, e as coisas, não são de verdade! E de que é que, a miúde, a gente adverte incertas saudades? Será que, nós todos, as nossas almas já vendemos?”
“A colheita é comum, mas o capinar é sozinho.”
AS VEREDAS
“O real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.”
“Tem horas em que penso que a gente carecia, de repente, de acordar de alguma espécie de encanto.”
“Sozinho sou, sendo, de sozinho careço, sempre nas estreitas horas – isso procuro.”
“Eu careço que o bom seja bom e o ruim ruim, que dum lado esteja o preto e do outro o branco, que o feio fique bem apartado do bonito e a alegria longe da tristeza! Quero todos os pastos demarcados. Como é que posso com este mundo? A vida é ingrata no macio de si; mas transtraz a esperança mesmo do meio do fel do desespero. Ao que, este mundo é muito misturado.”
“O rio não quer ir a nenhuma parte, ele quer é chegar a ser mais grosso, mais fundo.”
“Tempo que me mediu. Tempo? Se as pessoas esbarrassem, para pensar – tem uma coisa! -: eu vejo é puro tempo vindo de baixo, quieto mole, como a enchente duma água… Tempo é a vida da morte: imperfeição.”
“Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas”
“O senhor sabe o que silêncio é? É a gente mesmo, demais.”
Guimarães Rosa, João. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1956.
Disponível em PDF em: http://ow.ly/Bw2w301G34t
(Publicado originalmente na coluna Ipsis Litteris do site Isso Compensa).
Assista aqui o depoimento de um dos vaqueiros que acompanhou a expedição de Guimarães Rosa em 1952. Fonte: TV Folha.
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Fernando Gabeira: O perigoso esporte de humilhar general
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A humilhação repercute no respeito que as pessoas têm pelas Forças Armadas
Com a redemocratização, conheci alguns generais. Um deles visitava nossa casa para alegria das crianças. Era o bisavô das meninas, já nos últimos anos de vida. Serviu no Brasil profundo, tinha memórias de índios e do mato.
Um dia ele me contou que o médico íntimo dele, antes de operá-lo, aplicou a anestesia e perguntou: “Quer dizer que o senhor é o general da banda?” Ele tentou responder, mas dormiu com um sorriso nos lábios.
“General da banda” é uma canção antiga, regravada por Astrud Gilberto, que dizia: “Chegou o general da banda, eh eh/ Chegou o general da banda eh ah”. Era possível brincar com um velho general. Mas seria impensável desrespeitá-lo.
Quando leio nos jornais que há um plano para humilhar generais, minha reação inicial é esta: um general não se deixa humilhar.
Mas, ao longo destes anos compreendi também que, assim como nos outros ofícios, há diferenças entre as pessoas. Nem todas se comportam da mesma maneira. Há generais que entraram no governo pensando num trabalho sério. Santos Cruz foi golpeado por intrigas. Saiu e hoje é um crítico sensato dos descaminhos de Bolsonaro.
Rêgo Barros foi um dos generais que conheci, como jornalista. Era a interface com o Exército, coordenava a comunicação. Fui visitá-lo algumas vezes no Forte Apache, na tarefa de preparar programas de TV sobre algumas ações militares que me interessavam.
Ele se tornou porta-voz de Bolsonaro, foi destituído e vejo que estava certo ao manter meu interesse por ele. Percebeu a vulgaridade e o delírio de poder de Bolsonaro e segue seu caminho.
Infelizmente, nem todos se comportam assim. Tive poucos contatos com o general Heleno. O primeiro foi no Haiti, quando ele comandava a força da ONU. O segundo, na Amazônia; chegamos a viajar juntos para as terras ianomâmi. Heleno teve uma curta passagem como comentarista de TV, na Band, analisava segurança pública.
Sua trajetória é de adesão total ao projeto Bolsonaro. Ao colocar Abin e GSI na busca de uma defesa para as trapalhadas de Flávio, ele se revelou um samurai da família Bolsonaro.
Mergulhou tão rancorosamente no passado que manda espiões para encontros internacionais que tratam do tema essencial para o futuro do Brasil: o meio ambiente.
Trajetória estranha também é a do general Pazuello, a quem não conheci pessoalmente, apesar de ter visitado as instalações da Operação Acolhida em Roraima. Pazuello foi desautorizado publicamente por Bolsonaro, em seguida posou ao lado do presidente e disse simplesmente: “Um manda, e o outro obedece”.
Espontaneamente, ele igualou suas funções à de um varredor da porta do quartel. E nos deu uma antevisão da situação calamitosa da saúde no Brasil: ele simplesmente obedece a Bolsonaro, uma das pessoas mais obtusas nesse campo, para não falar de vários outros.
Como se não bastasse tudo isso, o ministro Ricardo Salles chama o general Ramos de Maria Fofoca nas redes sociais, e nada acontece com ele.
Alguns analistas acham que Bolsonaro tem prazer em humilhar generais, para compensar seu fracasso no Exército. Não me interessa tanto o lado psicológico. O mais importante para mim é lembrar que a humilhação de generais repercute no respeito ou desprezo que as pessoas têm pelas Forças Armadas.
O desprezo pelas Forças Armadas, por sua vez, repercute na política de segurança nacional. Não é possível que, por um dinheirinho a mais os militares, ocupem um governo destruidor e incapaz e ameacem com isso sua função constitucional específica.
Não precisamos de Forças Armadas para derrubar essas aberrações momentâneas. Nos Estados Unidos, Trump pode ir para o espaço com as eleições. Derrotaremos Bolsonaro e quantos militares estiveram ao seu lado. Não é esse o problema.
O que faremos com a vitória se o sentimento elementar de honra abandonar nossas Forças Armadas?
Uma das consequências mais nefastas do governo Bolsonaro foi ter comprometido as Forças Armadas. Todo o trabalho de recomposição no período democrático pode estar se perdendo, de alguma forma.
Não há presos políticos nem tortura, é verdade. Mas os problemas são de outra natureza, as consciências despertas para novas realidades. Um pobre general abraçado à cloroquina, espionando encontros internacionais, sendo chamado de Maria Fofoca — tudo isso é demonstração de que a insanidade sentou praça.
Fonte:
O Globo
https://oglobo.globo.com/opiniao/o-perigoso-esporte-de-humilhar-general-1-24722626
*** *** http://www.fundacaoastrojildo.com.br/2015/2020/11/02/fernando-gabeira-o-perigoso-esporte-de-humilhar-general/ *** ***
http://www.fundacaoastrojildo.com.br/2015/wp-content/uploads/2020/04/49782687922_f23684c6dd_o.jpg
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