Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quinta-feira, 8 de julho de 2021
9 DE JULHO
Na sexta-feira (9), São Paulo comemora o 89º aniversário da Revolução Constitucionalista de 1932, quando o estado se opôs ao presidente Getúlio Vargas, que chegara ao poder na Revolução de 1930.
***
Feriado em São Paulo
***
Ibirapuera
Parque do Ibirapuera estará aberto no feriado entre 6h e 18h
Foto: Ricardo Abreu
***
Confira o que abre e o que fecha no estado de São Paulo no feriado de 9 de julho
Aniversário da Revolução Constitucionalista de 1932 afeta funcionamento de serviços no estado; veja a lista
Gregory Prudenciano, da CNN, em São Paulo
08 de julho de 2021 às 04:30
***
Na sexta-feira (9), São Paulo comemora o 89º aniversário da Revolução Constitucionalista de 1932, quando o estado se opôs ao presidente Getúlio Vargas, que chegara ao poder na Revolução de 1930.
No estado de São Paulo, a data é comemorada com um feriado, que vai alterar o funcionamento de empresas e serviços públicos na sexta-feira.
***
***
Guia definitivo dos substantivos
***
Dias- substantivo simples
CPI DA COVID
Dossiê que teria sido feito por ex-diretor da Saúde assombra civis e militares do governo Bolsonaro
Por Malu Gaspar
08/07/2021 • 07:22
***
***
O ex-diretor de logística do Ministério da Saúde saiu preso da CPI da Covid sem confirmar nem negar a existência de um dossiê sobre corrupção na pasta
O ex-diretor de logística do Ministério da Saúde saiu preso da CPI da Covid sem confirmar nem negar a existência de um dossiê sobre corrupção na pasta | Agência Senado
***
Tanto os lances finais da sessão da CPI da Covid que ouviu o ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, como a reação dos comandantes militares às declarações de Omar Aziz (PSD-AM) sobre a existência de um "lado podre" nas Forças Armadas tem que ser interpretadas à luz de um fato novo: a crença de que está escondido na Europa um dossiê que Dias preparou enquanto estava no Ministério da Saúde para se blindar de acusações.
Leia também: A corrupção sob Bolsonaro é mais limpinha?
Depois que o cabo da PM Luiz Paulo Dominghetti declarou à CPI ter recebido de Dias um pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina e teve o celular apreendido, o ex-diretor de logística foi demitido e percebeu que não teria alívio na CPI.
Logo, começaram a circular nos bastidores de Brasilia informações de que o afilhado político de Ricardo Barros (PP-PR) tinha feito um dossiê sobre casos de corrupção no ministério e iria à comissão disposto a entregar todo mundo.
O recado chegou à CPI por meio de gente próxima a Dias e mesmo de jornalistas, configurando a guerra de nervos que se deu antes do depoimento.
Leia também: Denúncias de propina atingem em cheio o coração do PP, pilar do Centrão
Quando Dias se sentou diante dos senadores, a expectativa dos membros do G7, o grupo de oposição e independente que comanda a comissão, era de que ele fizesse como o deputado Luis Miranda ou o PM Dominghetti e, cedo ou tarde, fizesse alguma revelação bombástica. Não foi bem o que aconteceu.
Embora a toda hora alguém perguntasse se era verdade que ele havia emails da Casa Civil de Bolsonaro pedindo para "atender pessoas" – tipo de informação que segundo os senadores estaria disposto a dar na CPI –, Dias negou.
Mas, quando Aziz o pressionou para dizer se tinha feito mesmo um dossiê, o ex-diretor do Ministério da Saúde não confirmou, nem negou, criando um suspense que só aumentou a tensão.
Renan Calheiros (MDB-AL) ainda apertou Roberto Dias para dizer quem era Ronaldo Dias, seu primo que é dono do laboratório Bahiafarma – e que, segundo disseram à CPI, estaria com o tal dossiê. O ex-diretor apenas confirmou o laço entre eles e não disse mais nada.
Leia também: Dinheiro do SUS que iria para combate à pandemia bancou gastos militares
E aí entram os militares.
No governo Bolsonaro, o ministério da Casa Civil, citado nas perguntas dos senadores, tem sido ocupado por generais. Hoje, o general Luis Carlos Ramos. Antes, o general Walter Braga Neto, que agora está no ministério da Defesa, e que coordenou o comitê de esforços contra a Covid montado pelo presidente Jair Bolsonaro. Portanto, citar a Casa Civil num dossiê, como sugeriu Omar Aziz, não seria trivial.
De imediato, porém, quem saiu chamuscado do depoimento foi um coronel. Segundo Dias, era Elcio Franco, o secretário-executivo do ministério, quem concentrava todas as negociações de vacina.
A todo momento, Dias empurrava as responsabilidades para o 02 de Pazuello. O diretor de logística contou ainda que teve os principais subordinados substituídos por militares assim que Pazuello assumiu o ministério, deixando claro que havia uma rixa entre ele e os militares.
Nas palavras de um membro da CPI bastante experiente em ocupação de espaços no governo, "os militares chegaram ao ministério da Saúde e constataram que o território já estava ocupado pelo Centrão".
Leia ainda: Reunião com Davati foi encaixada por coronel bolsonarista em agenda de outro empresário
Foi nesse clima que, durante a sessão, o presidente da CPI Omar Aziz sapecou ao microfone que "membros do lado podre das Forças Armadas estão envolvidos com falcatrua dentro do governo".
E foi essa declaração que, pelo menos oficialmente, motivou a nota dos comandantes militares, dizendo que "as Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro.”
O saldo final da crise ainda está por ser medido. Ao longo da noite, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e vários outros senadores, se esforçaram para diminuir a temperatura do conflito com os militares, expressando respeito às Forças Armadas. A preocupação, porém, continua.
Até porque Roberto Dias saiu do plenário preso, acusado de mentir à CPI, e foi solto horas depois, sob fiança. Mas, mesmo sem ter dito nada, deixou no ar seco de Brasília a crença de que ele ainda tem guardado, em algum lugar, um dossiê que pode explodir a República, levando junto a imagem dos militares no governo.
***
***
Por que 9 de Julho é feriado em São Paulo - e quais as marcas da Revolução na cidade
Edison Veiga
De Milão para a BBC Brasil
9 julho 2018
***
***
ObeliscoCRÉDITO,DANIEL GUIMARÃES/A2 FOTOGRAFIA/GOVERNO DE SP
Legenda da foto,
Obelisco do Ibirapuera guarda restos mortais dos quatro jovens mortos por tropas getulistas em manifestação na capital
Nove de Julho é feriado apenas no Estado de São Paulo e somente desde 1997. E muitos ainda não fazem ideia do motivo. Afinal, o que foi a Revolução Constitucionalista de 1932?
Foi um movimento armado, que resultou da revolta generalizada no Estado de São Paulo contra o governo de Getúlio Vargas, que assumira o poder em 1930 com um golpe de Estado, derrubando o então presidente Washington Luís e impedindo a posse de seu sucessor.
Vargas reduziu a autonomia dos Estados do país e indicava interventores para governá-los segundo seus interesses.
BBC resgata vozes e sambas esquecidos dos soldados brasileiros na 2ª Guerra
Como tensão pré-Segunda Guerra levou a BBC ao Brasil há 80 anos
Com o apoio de grupos econômicos e políticos locais, o levante - que resultou no maior conflito militar do país no século 20 - teve início no dia 9 de julho de 1932, e terminou com a rendição do Exército Constitucionalista em 2 de outubro.
Seu estopim foram as mortes de quatro jovens paulistas por tropas getulistas durante uma manifestação no centro de São Paulo, no dia 23 de maio.
Pule Talvez também te interesse e continue lendo
Talvez também te interesse
Movimento gay
Casamento gay: onde ocorreram as primeiras cerimônias, há exatos 20 anos
Mãe com filho no Complexo Penitenciário de Bangu, em foto de arquivo
STF decide que grávidas e mães presas provisórias podem ir para casa
Logos de WhatsApp y Facebook
As polêmicas novas regras do WhatsApp que exigem compartilhamento de dados com Facebook
Homem na Lua
Ciência explica por que nossos cérebros adoram uma teoria da conspiração
Fim do Talvez também te interesse
Os confrontos entre constitucionalistas e tropas enviadas por Getúlio - que conseguiu articular uma resposta militar com apoio de todos os Estados, exceto o Mato Grosso -, no interior do Estado e na capital, deixaram 934 mortos, entre eles, 634 constitucionalistas.
***
***
Moeda usada em São Paulo durante revolução de 1932
CRÉDITO,ACERVO RICARDO DELLA ROSA/ DIVULGAÇÃO
Legenda da foto,
Moeda usada em São Paulo durante revolução de 1932
***
Legado
Historiadores pintam um quadro de "vitória após a derrota" ao analisar o legado o movimento.
"Em termos de curto prazo, foi a conquista de todas as bandeiras pelas quais o Estado se bateu em 1932", aponta o jornalista Luiz Octavio de Lima, autor do recém-lançado 1932: São Paulo Em Chamas. "O governo getulista convocou uma Assembleia Constituinte, o Congresso foi reaberto, e foram convocadas eleições gerais."
Como legado de longo prazo, ele aponta para "a valorização dos preceitos democráticos e a participação popular. O conceito de cidadania, assim como a vigilância mais próxima de governados sobre governantes."
***
***
Obelisco do Ibirapuera, símbolo da cidade de São Paulo e da revolução de 1932
CRÉDITO,PREFEITURA DE SP
Legenda da foto,
O obelisco no Parque Ibirapuera é uma das homenagens à Revolução de 1932 ainda presentes em São Paulo
***
O historiador Paulo Rezzutti vê fortes razões para explicar as celebrações de 9 de Julho, "porque um Estado se levantou em armas por uma Constituição e conseguiu, mesmo perdendo a revolução, que a Constituição fosse convocada".
"Só isso já deveria ser comemorado. A Revolução de 1932 foi, em parte, uma amostra do que o poder desse Estado era capaz de fazer se ignorado."
Rezutti também acha que o episódio não teve o destaque que merece na historiografia do país do século 20. "Precisamos recordar que o governo de Getúlio Vargas, contra quem foi feito o levante, perdurou ainda por 13 anos, o que fez com que o assunto Revolução Constitucionalista não pudesse ser mencionado na imprensa, discutido nas tribunas políticas ou ensinado nas escolas", pontua o jornalista.
"A narrativa dessa guerra civil foi encampada pelos vencedores e durante muito tempo prevaleceram teses como a de que o movimento teve um cunho separatista e antinacional, que São Paulo desprezava o restante do país, etc, quando, na verdade, a revolta nem havia sido estritamente paulista na sua origem, tendo obtido apoios no Sul, no Mato Grosso, em partes de Minas Gerais, Bahia e Amazonas", explica.
"Também dizia-se que era motivada por um desejo da elite cafeicultora e industrial de São Paulo de recuperar privilégios perdidos após a Revolução de 1930, teoricamente de inspiração mais popular. Esses fatores tornaram o episódio distante do interesse de parte dos acadêmicos. Mas a partir dos anos de 1980 esses conceitos começaram a ser revistos."
Para o pesquisador e colecionador Ricardo Della Rosa, que é neto de combatentes e mantém a página no Facebook 'Tudo Por São Paulo', dedicada ao tema, "a Revolução mostrou que é possível lutar por uma causa e, ainda que não tenham vencido no campo de batalha, os paulistas se uniram até as últimas consequências. E foram em frente. Em um curto período de tempo, produziram armas, chegaram a cunhar uma moeda própria, enfim, em três meses, fizeram mais do que em anos. A tristeza é que esse legado acabou não sendo passado em lugar algum, não virou matéria escolar, nada... É um período quase omitido em nossa história."
Legado físico
Se teve pouco espaço na História do país, a Revolução de 32 está presente com força em vários endereços conhecidos da capital paulista e em monumentos espalhados pelo interior do Estado.
***
***
Cartaz eleitoral distribuído durante pleito que elegeu Getúlio Vargas, em 1930
CRÉDITO,ACERVO RICARDO DELLA ROSA
Legenda da foto,
Cartaz eleitoral distribuído durante pleito que elegeu Getúlio Vargas, em 1930
***
Rezutti cita "as avenidas 23 de maio e 9 de julho, principais artérias que cortam a cidade de São Paulo; o Obelisco, o grande mausoléu dos combatentes de 1932, no Ibirapuera; os monumentos em todas as cidades do Vale do Paraíba onde houveram combates; os monumentos nas faculdades que depois comporiam a USP (a Politécnica, o Largo do São Francisco e a Faculdade de Medicina), de onde partiram estudantes para a revolução."
Também é lembrada a rua MMDC, no Butantã, que alude ao acrônimo Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, como eram conhecidos os quatro jovens manifestantes paulistas mortos por tropas getulistas em 23 de maio de 1932.
***
***
Avenida 9 de Julho, em São Paulo
CRÉDITO,PREFEITURA DE SP
Legenda da foto,
Uma das principais vias de São Paulo, a avenida 9 de Julho tem esse nome por causa da Revolução de 1932
***
Outras figuras históricas do movimento também acabaram eternizadas pela malha viária paulistana. Na Vila Clementino, a rua Pedro de Toledo homenageia o interventor de Vargas que aderiu à causa e foi aclamado governador paulista, rompendo com o governo federal. No Mandaqui, há a praça General Bertholdo Klinger. General Isidoro Dias Lopes emprestou seu nome a uma rua de Santana.
Mas não é só isso. A joia da coroa desse levante é um monumento erguido próximo ao Parque Ibirapuera, oficialmente chamado de Obelisco Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 1932, mas conhecido popularmente apenas como Obelisco. Trata-se de um monumento que, depois de 12 anos fechado ao público, foi reaberto em dezembro de 2014, depois de obras de restauro que custaram R$ 11,4 milhões aos cofres públicos.
O conjunto artístico foi concebido pelo artista Galileo Emendabili (1898-1974). Ali no mausoléu jazem os restos mortais dos quatro MMDC, do jornalista Guilherme de Almeida - conhecido como o "poeta de 32" -, do jurista Ibrahim de Almeida Nobre - o "tribuno de 32" -, do agricultor Paulo Virgínio - o "herói de Cunha" - e de outros 713 combatentes.
Guilherme de Almeida tem um espaço dedicado a sua memória em São Paulo. Trata-se da Casa Guilherme de Almeida, no bairro do Pacaembu. O sobrado, onde o poeta, advogado, jornalista, crítico de cinema, ensaísta e tradutor viveu de 1946 até sua morte, em 1969, guarda muitos de seus objetos pessoais, inclusive aquelas peças que aludem ao movimento de 1932, como a arma que ele usou e seu capacete.
Mas fica no centro da cidade, na rua Álvares Penteado, aquele que certamente é o mais curioso prédio referente a esse episódio histórico: o edifício Ouro Para o Bem de São Paulo. Inaugurado em 1939, o prédio foi construído com o dinheiro das joias e alianças que paulistas doaram à causa constitucionalista. Isto porque, para sustentar a causa, a Associação Comercial de São Paulo acabou criando a campanha Ouro Para o Bem de São Paulo.
Com o fim da revolução, diante da iminente derrota, a associação temia que esses valores acabassem confiscados pelo governo federal. Então, tudo foi doado para a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - que decidiu investir na construção de edifícios, inclusive este.
***
***
Capacete usado por soldados paulistas durante Revolução de 1932
CRÉDITO,ACERVO RICARDO DELLA ROSA
Legenda da foto,
Capacete usado por soldados paulistas durante Revolução de 1932
***
Ele é dotado de uma arquitetura muito peculiar. Em estilo art déco, sua fachada representa a bandeira paulista: cada um de seus andares corresponde a uma das 13 listras da flâmula.
Outro marco é da Universidade de São Paulo. Trata-se de escultura feita por Adriana Janacópulos, instalada no pátio interno da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em homenagem aos estudantes mortos em combate. É um busto de um jovem no momento em que recebe uma bala. Logo abaixo, em um granito negro, lê-se a triste quadra em vermelho: "Quando se sente bater/no peito heroica pancada/ deixa-se a folha dobrada/ enquanto se vai morrer."
Lugares
Se as batalhas se espalharam por várias frentes no interior paulista, a capital acabou sendo epicentro das manifestações que desencadearam a revolução. Foi na esquina da rua Barão de Itapetininga com a praça da República, por exemplo, que ocorreu o célebre evento de 23 de maio de 1932, aquele que terminaria com quatro mortos, os estudantes MMDC.
No dia seguinte, os revoltosos acabaram se reunindo na praça do Patriarca, para um grande comício contra o governo federal. "Dos estudantes ao povo de São Paulo. Depois dos acontecimentos de ontem, nenhum paulista pode deixar de atender ao apelo de São Paulo. Viva São Paulo livre!", diziam os panfletos espalhados pela cidade.
A reação também veio por panfletos, conforme contou o escritor e memorialista Hernâni Donato em seu livro História da Revolução de 32. "De um avião voando perigosamente a baixa altura descem cópias do manifesto do coronel Ávila Lins, comandante interino da II Região Militar", escreveu. "O pronunciamento é tão evasivo quanto os discursos dos outros chefes militares: as tropas federais 'não permitem que elementos quaisquer perturbem a ação enérgica e patriótica do Governo Revolucionário em prol da manutenção e organização do Governo Paulista'".
No dia 9 de julho, o Palácio dos Campos Elíseos se tornou o centro da história. Foi ali que Pedro de Toledo aderiu à causa e foi aclamado governador paulista, praticamente dando início ao conflito.
*** *** https://www.bbc.com/portuguese/brasil-44760577 *** ***
***
Anhangabaú
Outro estudo da São Paulo do Doutor Washington Coelho Penteado
***
O Patriota Washington
(Doutor Washington Coelho Penteado)
O sol ilumina o Brasil na manhã escandalosa e o Doutor Washington Coelho Penteado no rosto varonil. Há trinta e oito anos Deodoro da Fonseca fundou a República sem querer. O doutor pensa bem no acontecimento e grita no ouvido do chofer:
- Toca pra Mogi das Cruzes!
Minutos antes arrancara da folhinha do EMPÓRIO UCRANIANO a folha do dia 14. Cercado pelos filhos escrevera a lápis azul na do dia 15: Viva o Brasil! E obrigara o Juquinha a tirar o gorro marinheiro porque ainda não sabia fazer continência.
Muitíssimo bem. Agora segue de Chevrolet aberto para Mogi das Cruzes. Algum dia no mundo ia se viu uma manhã tão linda assim?
Êta Brasil.
Êta.
Na lapela uma bandeirinha nacional. Conservada ali desde a entrada do Brasil na grande conflagração. Ou bem que somos ou bem que não somos. O doutor é de fato: brasileiro graças a Deus. Onde desejava nascer? No Brasil está claro.
Ao lado dele a mulher é assim assim. Os filhos sabem de cor o hino nacional. Só que ainda não pegaram bem a música. Em todo o caso cantam às vezes durante a sobremesa para o doutor ouvir. A bandeira se balançando na sacada do Teatro Nacional lembra ao doutor os admiráveis versos do poeta dos Escravos.
- Sim senhor! É bem a brisa de que fala Castro Alves.
- Que brisa, Nenê?
- Nada. Você não entende.
Ele entende. E goza a brisa que beija e balança.
- O Capitão Melo me afirmou que não há parque europeu que se compare com este do Anhangabaú.
- Exagero...
- Já vem você com a sua eterna mania de avacalhar o que é nosso! Pois fique sabendo...
Fique sabendo, Dona Balbina. Fique a senhora sabendo que o que é nosso é nosso. E vale muito. E vale mais que tudo. Vá escutando. Vá escutando em silêncio. E convença-se de uma vez para não dizer mais bobagens.
- Veja o movimento. E hoje é feriado, hein! Não se esqueça! Paris que é Paris não tem movimento igual. Nem parecido.
- Você nunca foi a Paris...
Isso também é demais. O melhor é não responder. Homem: o melhor é estourar.
- Meu Deus do céu! Não fui mas sei! Toda a gente sabe! Os próprios franceses confessam! Mas você já sabe: é a única pessoa no mundo que não reconhece nada, não sabe nada!
Guiados pelo fura-bolos do doutor todos os olhares se fixam na catedral em começo.
- Vai ser a maior do mundo! E gótica, compreenderam? Catedral gótica!
Na cabeça.
Gostosura de descer a toda a Ladeira do Carmo e cair no plano do Parque D. Pedro II.
- Seu professor, Juquinha, não lhe ensinou que D. Pedro era amicíssimo, do peito mesmo, de Victor Hugo, gênio francês?
Juquinha nem se dá ao trabalho de responder.
- Pois se não ensinou fez muito mal. Amizades como essa honram o pais.
O chofer não deixa escapar um só buraco e Dona Balbina põe a mão no coração. Washington Coelho Penteado toma conta do cláxon.
- São um incentivo para as crianças. Quando maiores procurarão cultivá-las também.
O vento desvia as palavras do doutor, dos ouvidos da família. O Chevrolet não respeita bonde nem nada. Pomba só levanta o vôo quando o automóvel parece que já está em cima dela.
- Este Brás! Este Brás! Não lhes digo nada!
Dez fósforos para acender um cigarro.
Dona Balbina olha a paineira. Mesma cousa que não olhasse. Juquinha vê um negócio verde. Washington Júnior um negócio alto. O doutor mais uma prova da pujança primeira-do-mundo da natureza pátria.
Interjeição admirativa. Depois:
- Reparem só na quantidade de automóveis. Dez desde São Miguel! E nenhum carro de boi!
60 por hora.
O Chevrolet perde-se na poeira. Dona Balbina se queixa. Juquinha coça os olhos.
- Pó quer dizer progresso!
Palavras assim são ditas para a gente saborear baixinho, repetindo muitas vezes. Pó quer dizer progresso. Logo surge uma variante: Pó, meus senhores, quer dizer tão simplesmente progresso. Na antiga Grécia... Mas uma dúvida preocupa o espírito do doutor: a frase é dele mesmo ou ele leu num discurso, num artigo, numa plataforma política? Talvez fosse do Rui até. Querem ver que é do bichão mesmo? Engano. Do Rui não é. Do Epitácio, do Epitácio também não. Não é nem do Rui nem do Epitácio então é dele mesmo. É dele.
Washington Júnior com o dedo no cláxon esta torcendo para que apareça uma curva.
Velocidade.
- O Brasil é um gigante que se levanta. Dentro em breve...
Era uma vez um pneumático.
- Aquele telhado vermelho que vocês estão vendo é o Leprosário de Santo Ângelo.
É preciso ser bacharel e ter alguns anos de júri para descrever assim tão bem os horrores da morféia também cognominada mal de Hansen, esse flagelo da humanidade desde os mais remotos tempos.
Dona Balbina se impressiona por qualquer cousa. Mas agora tem sua razão.
Altamente patriótica e benemérita a campanha de Belisário Pena. A ação dos governos paulistas igualmente. Amanhã não haverá mais leprosos no Brasil. Por enquanto ainda há mas isso de ter morféia não é privilégio brasileiro. Não pensem não. O mundo inteiro tem. A Argentina então nem se fala. Morfético até debaixo d'água. E não cuida seriamente do problema não. Está se desleixando.
É. Está. Daqui a pouco não há mais brasileiro morfético. Só argentino. Povo muito antipático. Invejoso, meu Deus. Não se meta que se arrepende. Em dois tempos... Bom. Bom. Bom. Silêncio que a espionagem é brava.
As casas brancas de Mogi das Cruzes.
- Qual é o número mesmo daquele automóvel que está parado ali?
- P. 925.
- Veja você! P. 925!
Uma volta no largo da igreja. Parada na confeitaria para as crianças se refrescarem com Mocinha. Olhadela disfarçada em quatro pernas de anjo. Saudação vibrante ao progresso local.
Chevrolet de novo.
- Toca pra São Paulo!
Primeira. Solavanco. Segunda. Arranco. Terceira. Aquela macieza.
- Não! Pare!
- Pra quê, Nenê?
- Uma cousa. Onde será o telégrafo?
Onde será? Que tem, tem.
- O patrício pode me informar onde fica o telégrafo?
Muito fácil. Seguir pela mesma rua. Tomar a primeira travessa à direita. Passar o largo. Passar o sobradão vermelho. Virar na primeira rua à direita.
- Primeira á direita?
Primeira à direita. Depois da terceira é o prédio onde tem um pau de bandeira.
- Pau, não senhor. Bandeira desfraldada porque hoje é 15 de Novembro. Muito agradecido.
Faz a família descer também. Puxa da caneta-tinteiro, floreiozinho no ar, começa: Ex. Sr. Dr. Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil. Palácio do Catete. Vale a pena pôr a rua também? Não. O homem tem que ser conhecido por força. Bem. Rio de Janeiro. Desta adiantada cidade tendo vindo Capital Estado uma hora dezessete minutos magnífica rodovia enviamos data tão grata corações patrióticos efusivos quão respeitosos cumprimentos erguendo viva República V. Ex.a. Que tal?
Ótimo, não? Só isso de República V. Ex.a é que está meio ambíguo. Parece que a República é de S. Ex.a. Não está certo. A República é de todos. Assim exige sua essência democrática. Assim sim fica perfeito: República e V. Ex.a Bravo. Dr. Washington Coelho Penteado, senhora e filhos.
- Quinze e novecentos.
- E eu que ainda queria pôr uma citação!
Não precisa. Como está está muito bonito.
- É bondade sua. Uma cousinha ligeira, feita às pressas...
Enquanto o telegrafista declama os dizeres mais uma vez Washington Coelho Penteado passa os quinze mil e novecentos réis.
Em plena rodovia de repente o doutor murcha. Emudece. Dona Balbina que estava dorme-não-dorme espertou com o silêncio. O doutor quieto. Mau sinal. Procurando adivinhar arrisca:
- Que é que deu em você? O preço do telegrama?
O gesto deixa bem claro que isso de dinheiro não tem a mínima importância.
Dona Balbina pensa um pouquinho (o doutor quieto) e arrisca de novo:
- Medo que o chefe saiba que você usa o automóvel de serviço todos os domingos? Domingos e dias feriados?
O gesto manda o chefe bugiar no inferno.
O Chevrolet corre atrás dos marcos quilométricos.
Só ao entrar em casa o doutor se decide a falar.
- Esqueci-me de pôr o endereço para a resposta!...
- I-DI-O-TA!
Olhem só o gozo das crianças.
*** *** https://pt.wikisource.org/wiki/O_Patriota_Washington *** ***
***
***
*** *** https://obastidor.com.br/politica/o-homem-do-centrao-no-ministerio-da-saude-461 *** ***
***
***
Análise Sintática e Análise Morfológica
GRAMÁTICA
Antes de iniciarmos nossos estudos sobre esses dois temas é importante conhecermos o conceito de Morfologia e Sintaxe.
A Morfologia é a parte da gramática que estuda as palavras de acordo com a classe gramatical a que ela pertence. Quando nos referimos às classes gramaticais, logo sabemos que se refere àquelas dez, que são: substantivos, artigos, pronomes, verbos, adjetivos, conjunções, interjeições, preposições, advérbios e numerais.
A Sintaxe é a parte que estuda a função que as palavras desempenham dentro da oração.
Agora, referimo-nos a sujeito, adjunto adverbial, objeto direto e indireto, complemento nominal, aposto, vocativo, predicado, entre outros.
Para melhor entendermos o que foi dito, tomemos como exemplo as seguintes orações:
A manhã está ensolarada
Agora faremos a análise morfológica de todos os seus termos:
A - artigo
Manhã - substantivo
Está - verbo (estar)
Ensolarada - adjetivo
Quanto à análise sintática, temos:
A manhã - Sujeito simples
Está ensolarada - predicado nominal, pois o verbo proposto denota estado, logo é um verbo de ligação.
Ensolarada - predicativo do sujeito, pois revela uma característica (qualidade) sobre o mesmo.
Marcos e Paulo gostam de estudar todos os dias.
Morfologicamente temos:
Marcos - substantivo próprio
Paulo - substantivo próprio
Gostam- verbo (gostar)
De - preposição
Estudar - verbo no infinitivo (forma original)
Todos- pronome indefinido
Os- artigo definido
Dias- substantivo simples
E sintaticamente:
Marcos e Paulo - sujeito composto (dois núcleos)
Gostam de estudar todos os dias- predicado verbal
De estudar - objeto indireto (complementa o sentido do verbo)
Todos os dias - adjunto adverbial de tempo
Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
Podemos perceber que quando se trata da análise morfológica, os termos da oração são analisados passo a passo, já na análise sintática, eles são analisados de acordo com a posição desempenhada.
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras
Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:
DUARTE, Vânia Maria do Nascimento. "Análise Sintática e Análise Morfológica"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/analise-sintatica-analise-morfologica.htm. Acesso em 08 de julho de 2021.
Lista de Exercícios
Questão 1
Exercite seus conhecimentos retratando o conceito atribuído à análise sintática e morfológica.
Questão 2
Analise sintaticamente os termos em destaque das orações em pauta, de acordo com a função desempenhada pelos mesmos:
a – Ó Deus,obrigada por proteger-me sempre!
b - A garota pareceu tranquiladurante a apresentação.
c – De toda aquela convivência apenas restou algo: uma mágoa intensa.
d – Eu necessito de seu carinho para continuar seguindo em frente.
e – As lembranças da infância atormentavam-lhe constantemente.
Mais Questões
*** *** https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/analise-sintatica-analise-morfologica.htm *** ***
***
***
EXERCÍCIOS SOBRE ANÁLISE SINTÁTICA E MORFOLÓGICA
EXERCÍCIOS DE GRAMÁTICA
Teste os seus conhecimentos: Faça exercícios sobre Análise sintática e morfológica e veja a resolução comentada.
Publicado por: Vânia Maria do Nascimento Duarte
QUESTÃO 1
Exercite seus conhecimentos retratando o conceito atribuído à análise sintática e morfológica.
Ver Resposta
QUESTÃO 2
Analise sintaticamente os termos em destaque das orações em pauta, de acordo com a função desempenhada pelos mesmos:
a – Ó Deus,obrigada por proteger-me sempre!
b - A garota pareceu tranquiladurante a apresentação.
c – De toda aquela convivência apenas restou algo: uma mágoa intensa.
d – Eu necessito de seu carinho para continuar seguindo em frente.
e – As lembranças da infância atormentavam-lhe constantemente.
Ver Resposta
QUESTÃO 3
(FMU) Leia as expressões destacadas na seguinte passagem: “E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero na salada – o meu jeito de querer bem.”
Tais expressões exercem, respectivamente, a função sintática de:
a – ( ) objeto indireto e aposto
b – ( ) objeto indireto e predicativo do sujeito
c – ( ) complemento nominal e adjunto adverbial de modo
d – ( ) complemento nominal e aposto
e – ( ) adjunto adnominal e adjunto adverbial de modo
Ver Resposta
QUESTÃO 4
Há um poema no qual o discurso, de uma forma interessante e lúdica, aborda questões relacionadas à morfologia e à sintaxe. Analise-o e atente para o que se pede:
O assassino era o escriba
Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado de sua vida,
regular como um paradigma da 1ª conjunção.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito
assindético de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido na sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,
conectivos e agentes da passiva o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.
Paulo Leminski
a – Dê a função sintática dos termos que se encontram em destaque.
Ver Resposta
QUESTÃO 5
Analise os seguintes enunciados e aponte a classe morfológica referente aos termos em destaque:
Fogo na mata
Mata! Acendi um cigarro e você dois.
Ver Resposta
RESPOSTAS
Questão 1
A análise morfológica refere-se à classificação das palavras levando-se em consideração a classe morfológica a que elas pertencem.
Análise sintática retrata a função desempenhada pelas orações dentro do contexto em se inserem.
Voltar a questão
Questão 2
a – vocativo
b – predicativo do sujeito
c – aposto
d – objeto indireto
e – complemento nominal
Voltar a questão
Questão 3
Alternativa correta – letra “a”.
Voltar a questão
Questão 4
Sujeito simples; aposto; predicativo do sujeito; predicativo do sujeito; objeto direto; adjunto adverbial de lugar; complemento nominal.
Voltar a questão
Questão 5
substantivo comum; verbo; artigo indefinido; numeral.
Voltar a questão
*** *** https://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios-gramatica/exercicios-sobre-analise-sintatica-morfologica.htm *** ***
***
***
***
101 questões - Análise Sintática
*** *** https://www.youtube.com/watch?v=HqckMobph0o *** ***
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário