Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
domingo, 5 de outubro de 2025
E AÍ! TUDO BELEZA?
TESTANDO O CANAL
Discurso Ulysses Guimarães na promulgação da Constituição Federal de 1988 - 06/10/23
Trechos do discurso de do deputado Ulysses Guimarães, presidente da Assembleia Nacional Constituinte de 1988.
Vídeo exibido na Sessão Solene em homenagem aos 35 anos da Constituição Federal de 1988.
Odete Roitman chegou no Brasil e vai causar! | Vale Tudo | TV Globo
Odete mata Odete.
Não é apenas trama de novela ou hipótese de crítico, mas imagem forte:
a personagem que inventa para si mesma implode, incapaz de sustentar o papel.
Eis o símbolo de uma política de máscaras:
quando a encenação não se sustenta, resta o vazio — ou o gesto final.
Na política, como no drama, há duas estratégias:
a pesca paciente do anzol — vara, caniço, minhoca, espera e silêncio —
e a ação brusca do arrastão, peneira lançada de uma vez,
raspando fundo mesmo no raso, para trazer o que couber.
A esquerda, por vezes, prefere a imagem do coletivo, do arrasto.
A direita, por vezes, prefere o jogo da paciência, do fisgar isolado.
Mas não raro trocam os papéis,
na eterna dança da cooptação por acomodação.
A metáfora literária se encontra com a canção:
Rasga coração, Catulo…
Faz arrastão, Edu…
Embosca no Rio, Paulinho…
Paixão… Pernambuco… Ceará…
Cada verso é um território.
Cada nota, uma estratégia.
E no compasso dessa música, o corpo político pulsa como o coração:
ora compassado, ora disparado,
sempre a buscar o ritmo certo entre o silêncio da espera
e o estrondo do arrastão.
Talvez, como na letra que escapa do poeta,
“um pouquinho mais” seja o que falta para que a cena se complete.
Mas a imagem já está dada:
quando Odete mata Odete,
não é apenas o fim de uma personagem —
é metáfora de um sistema onde as máscaras, um dia,
cansam de sustentar o próprio peso.
Maria Lucia Godoy - MODINHA - Heitor Villa-Lobos - MODINHA - Jayme Ovalle
Lotação de 50 lugares
Juristas sugerem medidas para fortalecer imagem do STF | CNN 360º
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Código de conduta é uma oportunidade para o STF realinhar sua atuação, diz Oscar Vilhena | CNN 360°
2 de out. de 2025 #CNNBrasil
Nesta quinta-feira (2), em entrevista à CNN, o professor de Direito Constitucional Oscar Vilhena comentou o documento elaborado por juristas da Fundação FHC com sugestões para melhorar a atuação do STF (Supremo Tribunal Federal). O código de conduta foi entregue ao novo presidente da Corte, Edson Fachin. Segundo ele, a recepção foi positiva, embora haja pontos a aprimorar.
Trechos do discurso de Ulysses Guimarães na
promulgação da Constituição em 1988
Senhoras e senhores constituintes.
Dois de fevereiro de 1987. Ecoam nesta sala as
reivindicações das ruas. A Nação quer mudar. A Nação deve
mudar. A Nação vai mudar. São palavras constantes do
discurso de posse como presidente da Assembleia Nacional
Constituinte.
Hoje, 5 de outubro de 1988, no que tange à Constituição,
a Nação mudou. A Constituição mudou na sua elaboração,
mudou na definição dos Poderes. Mudou restaurando a
federação, mudou quando quer mudar o homem cidadão.
E é só cidadão quem ganha justo e suficiente salário, lê
e escreve, mora, tem hospital e remédio, lazer quando
descansa.
A Nação nos mandou executar um serviço. Nós o fizemos
com amor, aplicação e sem medo.
A Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o
confessa ao admitir a reforma. Quanto a ela, discordar, sim.
Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca.
Quando, após tantos anos de lutas e sacrifícios,
promulgamos o Estatuto do Homem, da Liberdade e da
Democracia, bradamos por imposição de sua honra.
Nós, os legisladores, ampliamos os nossos deveres.
Teremos de honrá-los. A Nação repudia a preguiça, a
negligência e a inépcia.
O povo é o superlegislador habilitado a rejeitar pelo
referendo os projetos aprovados pelo Parlamento.
Não é a Constituição perfeita, mas será útil, pioneira,
desbravadora.
Termino com as palavras com que comecei esta fala.
A Nação quer mudar. A Nação deve mudar. A Nação vai
mudar. A Constituição pretende ser a voz, a letra, a vontade
política da sociedade rumo à mudança.
Que a promulgação seja o nosso grito.
Mudar para vencer. Muda, Brasil!
Disponível em: www.senadofederal.br. Acesso em: 30 out. 2021.
O discurso de Ulysses Guimarães apresenta
características de duas funções da linguagem: ora revela
a subjetividade de quem vive um momento histórico, ora
busca informar a população sobre a Carta Magna.
Essas duas funções manifestam-se, respectivamente, nos
trechos
A) “São palavras constantes do discurso de posse como
presidente da Assembleia Nacional Constituinte.” e
“A Constituição pretende ser a voz, a letra, a vontade
política da sociedade rumo à mudança”.
B) “Nós o fizemos com amor, aplicação e sem medo.” e
“A Constituição mudou na sua elaboração, mudou na
definição dos Poderes”.
C) “Quando, após tantos anos de lutas e sacrifícios,
promulgamos o Estatuto do Homem, da Liberdade e da
Democracia, bradamos por imposição de sua honra.”
e “Nós, os legisladores, ampliamos os nossos deveres.
Teremos de honrá-los”.
D) “O povo é o superlegislador habilitado a rejeitar pelo
referendo os projetos aprovados pelo Parlamento.” e
“Termino com as palavras com que comecei esta fala”.
E) “Não é a Constituição perfeita, mas será útil, pioneira,
desbravadora.” e “Que a promulgação seja o nosso grito”.
O DISCURSO DE ULYSSES GUIMARÃES APRESENTA CARACTERÍSTICAS DE DUAS (...) | FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Mundo
Sarah Mullally é a primeira mulher nomeada arcebispa da Inglaterra
Com a nomeação, Sarah Mullally será primeira mulher a ocupar o cargo de arcebispa de Canterbury em 1.400 anos
Mariana Andrade
04/10/2025 09:42, atualizado 04/10/2025 09:42
A Inglaterra nomeou, nessa sexta-feira (3/10), Sarah Mullally como a nova arcebispa de Canterbury, uma das arquidioceses mais antigas da Igreja Anglicana. Ela será a 106º arcebispa e a primeira mulher a ocupar o cargo desde 597.
Mullally, de 63 anos, substitui o arcebispo Justin Welby, que renunciou há quase um ano após escândalos de abuso. A eleição dela ocorrerá em janeiro, e a posse está prevista para março.
Mullally liderará 85 milhões de anglicanos em todo o mundo. Ex-enfermeira, a próxima líder da Igreja Anglicana atuou como diretora de Enfermagem do Governo da Inglaterra no início dos anos 2000. Mullally é casada com Eamonn, um arquiteto de TI e empreendedor nascido na Irlanda. Juntos, o casal tem dois filhos adultos, Liam e Grace.
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Entre os membros da igreja, Mullally é elogiada por promover ambientes eclesiásticos mais seguros. No entanto, ela encara desafios como a queda de participação e divergências sobre a inclusão de pessoas LGBTQIA+ na igreja.
Em 12 de maio de 2018, ela foi empossada como o 133ª Bispa de Londres na Catedral de São Paulo, a primeira mulher a ocupar o cargo. Na fala inaugural, ela disse ser “a bispa que sou hoje por causa daquela primeira vocação para a enfermagem, e a compaixão e a cura são constantes no coração de quem eu sou”.
O feminino de bispo é bispa em uso popular e nas igrejas não-católicas como a Anglicana, onde a forma é formalizada para mulheres em cargos eclesiásticos. O feminino de arcebispo é arcebispa, como é registrado nos dicionários e usado na prática.
Sobre "bispa" e "episcopisa"
Bispa é a forma mais difundida e correta para o feminino de bispo, especialmente no contexto de igrejas que ordenam mulheres, como a Comunhão Anglicana.
Episcopisa é uma forma alternativa, mais antiga e menos comum, que se refere a uma mulher que exercia algumas funções litúrgicas nas origens do cristianismo. No entanto, "bispa" é amplamente aceita hoje em dia.
Sobre arcebispa
Arcebispa: é o termo correto para o feminino de arcebispo, sendo um termo oficial registrado e usado, como no caso da primeira mulher nomeada arcebispa da Inglaterra, Sarah Mullally.
Contexto do uso
Na Igreja Católica, o termo "bispo" não tem um feminino, já que mulheres não ocupam esse cargo. No entanto, a norma culta do português aceita a palavra "bispa", especialmente com o reconhecimento de mulheres bispas em outras denominações cristãs.
Não há nenhuma relação ou responsabilidade da Petrobras ou do antigo Conselho Nacional do Petróleo (CNP) na falsificação de bebidas alcoólicas. A fiscalização, regulamentação e responsabilização por este tipo de crime envolvem outras entidades e legislações.
Responsabilidade na falsificação de bebidas
Petrobras: A empresa atua no setor de petróleo, gás natural e biocombustíveis. Apesar de produzir etanol (álcool), não está envolvida na produção ou fiscalização de bebidas alcoólicas. A falsificação ocorre por meio de redes criminosas que compram o metanol de forma ilegal, e não de distribuidores oficiais.
Conselho Nacional do Petróleo (CNP): Este órgão existiu até 1997, quando foi substituído pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A função do CNP era regular o setor de petróleo, não o mercado de bebidas.
Órgãos de fiscalização e legislação
A responsabilidade pela fiscalização e combate à falsificação de bebidas alcoólicas é compartilhada por diversos órgãos e esferas de governo:
Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa): É o órgão responsável por regular a produção, o registro e a inspeção das bebidas.
Polícia Federal e polícias estaduais: São responsáveis pela investigação e repressão do crime de falsificação.
Procons e demais órgãos de defesa do consumidor: Atuam na fiscalização de estabelecimentos e na orientação dos consumidores.
Vigilância Sanitária: Atua na fiscalização de bares, restaurantes e outros estabelecimentos para garantir a segurança dos produtos.
Código Penal: A falsificação de produtos alimentícios, incluindo bebidas, é um crime previsto no artigo 272 do Código Penal. Projetos de lei recentes têm buscado aumentar a penalidade para este tipo de crime.
WW - PLANO DE TRUMP AVANÇA, MAS DESTINO DE GAZA É INCERTO- 03/10/2025
CNN Brasil
AS MUDANÇAS NA IDENTIDADE DO BRASILEIRO
Em sessão solene realizada na tarde desta quinta-feira (22), Flávio Dino tomou posse como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Participaram da cerimônia, realizada no Plenário da Corte, autoridades da República, convidados e familiares. Com a posse, o Supremo volta a ter a composição completa, com 11 ministros. Flávio Dino foi indicado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e assume a vaga deixada pela ministra Rosa Weber, que se aposentou em 30 de setembro passado.
Solenidade
A solenidade foi conduzida pelo presidente do Supremo, ministro Luís Roberto Barroso. Seguindo a tradição, após a execução do Hino Nacional pela Fanfarra do Primeiro Regimento da Cavalaria de Guardas, o novo ministro foi conduzido ao Plenário pelo ministro mais antigo, Gilmar Mendes, e pelo mais recente, Cristiano Zanin.
Flávio Dino prestou o compromisso regimental de “cumprir fielmente os deveres do cargo de ministro do Supremo, em conformidade com a Constituição e com as leis da República”, e foi declarado empossado pelo presidente do STF. Em seguida, foi conduzido pelos dois ministros à sua cadeira no Plenário.
As mudanças na identidade política e na autodeclaração racial de Flávio Dino têm gerado debates e especulações. Sua trajetória inclui passagens pelo Judiciário, Legislativo e Executivo antes de sua atual posição como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Principais mudanças e controvérsias
Autodeclaração racial: Em 2023, reportagens revelaram que Flávio Dino mudou sua autodeclaração racial no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De 2004 a 2014, ele se declarava "branco". Em 2018 e 2022, passou a se declarar "pardo". A mudança gerou críticas de opositores que a consideraram uma manobra política para se alinhar a políticas de cotas e ser visto como mais representativo.
Afiliação partidária: Outro ponto de inflexão foi sua transição do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), onde construiu grande parte de sua carreira, para o Partido Socialista Brasileiro (PSB) em 2021. A mudança foi vista por alguns como uma tentativa de se posicionar de forma mais moderada e pragmática para ampliar seu capital político e buscar cargos mais elevados.
Transição para o STF: Sua indicação para o STF em 2023, feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, representou uma mudança significativa de identidade e função pública. Deixando a política partidária para assumir um cargo vitalício na mais alta corte do país, Dino passou de figura de proa do Executivo (Ministro da Justiça) para membro do Judiciário. Essa transição mudou sua atuação pública e o distanciou do embate político direto.
O impacto das mudanças
As mudanças na identidade de Flávio Dino têm um impacto significativo na sua imagem pública e na percepção de sua trajetória:
Imagem pública: Para seus apoiadores, as mudanças representam uma evolução e adaptação à dinâmica política. Para seus críticos, as alterações na autodeclaração e filiação partidária são vistas como oportunismo.
Atuação política: A saída do PCdoB para o PSB e, posteriormente, a nomeação para o STF demonstram uma capacidade de adaptação e ascensão em diferentes cenários políticos. Isso permitiu que ele navegasse por diferentes esferas de poder no Brasil.
Legado: As mudanças em sua identidade pública, especialmente a alteração da autodeclaração racial, continuarão a ser pontos de debate e análise sobre a trajetória de uma das figuras políticas mais influentes do Brasil.
Alcolumbre descarta votação e anuncia arquivamento da PEC da Blindagem
Presidente do Senado afirmou seguir previsão do regimento da Casa; proposta foi rejeitada de forma unânime na Comissão de Constituição e Justiça
, da CNN, Brasília
24/09/25 às 16:48 | Atualizado 24/09/25 às 17:15
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O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), declarou nesta quarta-feira (24) o arquivamento da chamada PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Blindagem.
A proposta foi rejeitada de forma unânime e considerada inconstitucional pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
Alcolumbre descartou uma votação no plenário e afirmou que a decisão tem um "amparo regimental claríssimo". Mais cedo, o presidente da CCJ, senador Otto Alencar (PSD-BA), havia defendido que a PEC passasse por uma nova votação no plenário como gesto político dos senadores sobre a rejeição do texto na Casa.
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"Tendo em vista que a Comissão de Constituição e Justiça no dia de hoje, de forma unânime, aprovou parecer da lavra do senado Alessandro Vieira sobre essa PEC concluindo pela inconstitucionalidade, injuridicidade no mérito pela rejeição, esta presidência com amparo regimental claríssimo determina o seu arquivamento sem deliberação de plenário", disse Alcolumbre no plenário.
Na CCJ, o relatório do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), pela rejeição, recebeu o apoio de 26 senadores e nenhum voto contrário. Integrantes do colegiado, inclusive da oposição, criticaram a abrangência da PEC, que amplia a proteção de parlamentares na Justiça.
A proposta, aprovada na Câmara na semana passada, limita a prisão de parlamentares, determina o aval do Legislativo para a abertura de processos contra congressistas — em votação secreta — e amplia o foro privilegiado para presidentes de partidos.
Na Câmara, o texto passou com apoio da oposição, de siglas de centro e do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). A proposta, no entanto, foi criticada e condenada em manifestações populares realizadas no último domingo (21) em todas as capitais do país.
Tópicos
Davi Alcolumbre
PEC da Blindagem
Senado
O Presidente do Senado não participou da votação da PEC da Blindagem, pois ela não chegou a ser votada no Plenário. O relatório de rejeição da proposta foi aprovado por unanimidade na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, levando ao seu arquivamento e encerrando a tramitação.
Contexto da votação:
A CCJ do Senado rejeitou, por 26 votos a 0, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), conhecida como "PEC da Blindagem", no dia 24 de setembro de 2025.
O resultado da CCJ foi decisivo e não houve necessidade de a matéria ser analisada pelo plenário.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), anunciou o arquivamento da PEC com base na votação da comissão, o que evitou a etapa seguinte de votação em plenário.
Como a decisão de arquivamento já havia sido tomada na CCJ, o presidente do Senado não teve a oportunidade de votar a respeito da matéria em plenário.
Quando o Presidente do Senado pode votar:
De acordo com o Regimento Interno do Senado, o Presidente da Casa vota em situações específicas, principalmente para resolver empates em votações abertas (ostensivas). No caso da PEC da Blindagem, a unanimidade na CCJ impediu qualquer cenário de desempate e, consequentemente, a necessidade de participação do presidente na votação.
domingo, 5 de outubro de 2025
Entre católicos e evangélicos, divisão religiosa cristaliza a polarização. Por Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense
A extrema-direita soube utilizar as redes sociais para dar às pessoas um novo status político, assim como o convertido à nova fé se torna uma “outra pessoa”
Tem certas coisas na política brasileira que para se entender é preciso recorrer à antropologia, como a dificuldade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recuperar parte de sua base eleitoral de 2010, quando encerrou seu segundo mandato. Trata-se daquela faixa da população com renda entre dois e cinco salários-mínimos, que agora foi beneficiada pela isenção do imposto de renda até R$ 5 mil e a redução parcial até R$ 7.350 aprovada pela Câmara, que ainda precisa de referendo do Senado.
A aposta do governo é de que essa parcela da população finalmente se sentirá representada pela “economia do afeto” do “lulismo”, para usar uma expressão de Alberto Aggio. Será? Com certeza, uma parcela sim; mas outra, por razões religiosas, dificilmente: os evangélicos, que apoiam maciçamente o ex-presidente Jair Bolsonaro. Pesquisa DataPoder realizada entre os dias 27 e 29 de setembro, divulgada pelo site Poder 360, mostra que a recuperação de imagem do governo Lula é crescente entre os católicos. A diferença entre os que aprovam e não aprovam aumentou de 3 pontos para 9 pontos percentuais: no final de julho, 48% aprovavam e 45% desaprovavam; agora, 51% aprovam e 42% desaprovam.
Já entre os evangélicos, a situação do governo é muito mais difícil. No mesmo período, a diferença entre quem aprova e desaprova caiu apenas de 42 pontos para 37 pontos percentuais: em julho, a aprovação era de 27% e a desaprovação, 69%; agora, a aprovação é de 29% e a desaprovação, 66%. Recuperar essa diferença não é uma equação simples. Temas como aborto e diversidade de gêneros são barreiras quase intransponíveis. Mas não é só isso. Existe o forte engajamento político dos pastores evangélicos.
Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no final de 2023, revelava a existência de 124.529 estabelecimentos religiosos existentes no país em 2021, dos quais 52% são evangélicos pentecostais ou neopentecostais, liderando o resultado, seguidos por 19% evangélicos tradicionais e 11% de católicos. Entre os evangélicos pentecostais, a Assembleia de Deus é a que possui o maior número de estabelecimentos, 14%.
O número de evangélicos no Brasil triplicou nos últimos 30 anos, atingindo 26,9% da população (47,4 milhões) no Censo de 2022, segundo dados do IBGE. Esse crescimento mostrou uma desaceleração entre 2010 e 2022, mas não entre jovens e mulheres, o que sugere que pode continuar. As igrejas evangélicas ganharam espaço ao oferecerem apoio emocional, social e espiritual, especialmente em áreas periféricas; as pentecostais e neopentecostais estão sobretudo onde o Estado falha em chegar, ou seja, os governos.
Vão da tradicional Assembleia de Deus (que também tem suas divisões), até pequenas denominações de uma única congregação, como a Igreja Evangélica Pentecostal Maná do Céu, em São Vicente (SP). Com origem na Reforma Protestante do século 16 (luteranos, calvinistas, congregacionais, presbiterianos, batistas, metodistas, anglicanos), os pentecostais surgiram, no século 20, como expressão de um movimento de protesto contra o racismo e o elitismo nas Igrejas, e de afirmação da população negra, migrante, feminina e pobre nos Estados Unidos. Denominam “evangélica” a identidade protestante, para reforçar a imagem de detentores “do verdadeiro Evangelho”.
Fé e prosperidade
Os pentecostais representam a maior fatia numérica (cerca de 60%) dos evangélicos, com presença geográfica importante, ocupação de espaço nas mídias tradicionais (rádio e TV) e intensa atuação na política partidária. Espelham também um certo “americanismo”, tanto quanto a organização de nossas empresas e os padrões de consumo dos brasileiros. O que diferencia pentecostais dos evangélicos históricos é a crença no segundo batismo, uma experiência mística atribuída à ação do Espírito Santo, que teria dons especiais, como profecia e cura pela oração. É aí que a antropologia ajuda a entender o tipo de mistura da religião com a política que estamos vivendo. Os cultos evangélicos promovem a transição de uma identidade ou status para outro.
Segundo o antropólogo Victor Turner, que estudou os “ritos de passagem”, na primeira fase desse tipo de transição (separação), o indivíduo é retirado de seu contexto social anterior, o que marca uma ruptura com o status social que possuía anteriormente; na segunda (liminaridade), fica numa espécie de limbo antissistema, como uma “lousa em branco”, e entra em comunhão com os demais participantes; na terceira, é reintegrado à sociedade (reagregação) investido de novo status e nova identidade.
Esse tipo de experiência acabou reproduzido pela extrema direita bolsonarista, que soube utilizar as redes sociais para dar às pessoas antes “silenciosas” uma nova identidade e um novo status político, da mesma forma como o convertido à nova fé pentecostal também se torna uma “outra pessoa”. Deus deseja e manifesta a salvação, cura e abundância material para quem segue o evangelho, ensina a teologia da prosperidade. Ao defender a família unicelular patriarcal e combater o “identitarismo”, Jair Bolsonaro capturou eleitoralmente a maioria desses fiéis, em aliança com Edir Macedo, R. R. Soares, Estevam Hernandes, Silas Malafaia, Valdemiro Santiago, Damares Alves, Rina, Marco Feliciano, Valnice Milhomens, Cassiane e outros líderes pentecostais. Fundiu a fé com a sede de poder.
Em 2026, o Brasil terá duas eleições cruciais. Ainda assim, parte do debate político parece ignorá-las, concentrando-se em torno de um candidato inelegível — carta fora do baralho que é tratado como coringa indispensável.
Essa insistência em sustentar sua viabilidade, mesmo diante das barreiras legais, cria uma cortina de fumaça que desvia atenções de outros nomes e projetos. O fenômeno, comparável ao “ópio do povo” de Marx, mostra como a disputa tende a se pautar mais por narrativas e ilusões do que por propostas concretas para o país.
Poesia | Cantiga de Malazarte, de Murilo Mendes
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