Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quinta-feira, 16 de outubro de 2025
O Banquete dos Poderes
De Michelle para Lindbergh — ou Os Picles da República
Epígrafe:
“On est parti, samedi, dans une grosse voiture...”
(Nino Ferrer, Les Cornichons)
🎧 Ouça Les Cornichons – Nino Ferrer (1966)
← (link 1) https://youtu.be/WYMSjg3RxYk
I — O Piquenique da Alvorada
Saímos todos, sábado, num carro grande — Brasília ao fundo, natureza emoldurada, ministros, deputados e ex-primeiras-damas em cestas de retórica. A intenção era singela: um piquenique democrático, onde cada qual traria sua iguaria moral, seu vinho de convicções e o rádio da opinião pública, que nunca falta em festim algum da nossa República tropical.
Deixa de Banca (Les Cornichons)
Erasmo Carlos
🎵 Versão brasileira de “Les Cornichons” – Erasmo Carlos, Os Picles (anos 1960)
← (link 2)
Eis que, entre os frangos frios da política e os ovos duros do ego, Michelle, a dama que um dia foi do Alvorada, resolve servir uma ironia de sobremesa:
— “Ele me ama”, diz ela, como quem oferece mostarda a quem pediu compota.
O “ele” é Lindbergh Farias, deputado, ex-Cara-Pintada, líder do PT na Câmara e novo maître do bufê jurídico, que decidiu, entre um voto e outro, pedir à Procuradoria-Geral da República que investigue a ex-primeira-dama pelo tempero usado no programa Pátria Voluntária — aquela receita de boa vontade e transferência de recursos que já tinha sido degustada e arquivada pelo TCU em 2023.
O gesto, claro, foi interpretado como ato de amor. Pois no Brasil, quando se leva alguém aos tribunais, é sempre por “excesso de zelo cívico” — e nada mais doce do que uma causa penal temperada com saudade.
II — A Refeição dos Santos e dos Advogados
Nos bastidores, dizem que o Lindinho Cara-Pintada (nome artístico, político e quase literário) teria protocolado a ação em nome da virtude — não a sua, que já é antiga de guerra, mas a da mulher do atual presidente, que, como toda dama de comédia nacional, entra na peça pela porta dos fundos da narrativa.
No menu das citações surgem ainda o “queridinho da AGU”, xará de São Jorge, cavaleiro das causas impossíveis, e o próprio presidente, que, entre uma anistia e uma indicação para o Supremo, parece compor, sem querer, o coral dos Les Cornichons, cantando o refrão da eterna burocracia sentimental:
“E o rádio! Et la radio!”
Deixa de Banca (le Cornichons)
Reginaldo Rossi
🎶 Releitura nostálgica – Reginaldo Rossi, Os Picles (remake)
III — Capítulo Extra: O Banquete dos Poderes
(Trecho do artigo de Luiz Carlos Azedo, “Lula está mais próximo do STF, porém estressa relação com Congresso”, Correio Braziliense, 16/10/2025)
Lula está mais próximo do STF, porém estressa relação com Congresso
Publicado em 16/10/2025 - 05:43 Luiz Carlos Azedo
Brasília, Comunicação, Congresso, Cultura, Governo, Justiça, Memória, Militares, Política, Política
A história serve para reflexão sobre Lula e a maioria conservadora do Legislativo. Uma aliança entre o Executivo e o STF para domar o Congresso é um equívoco
“Eu sou muito contra as pessoas falarem mal dos outros pela frente. Eu acho que é uma falta de educação muito grande. Não é? Falar, falar mal pela frente constrange quem ouve, constrange quem fala. Não custa nada a gente esperar um pouco as pessoas darem as costas”, dizia o escritor, filósofo e dramaturgo paraibano Ariano Suassuna, com ironia, numa palestra antológica, cujo vídeo viralizou nas redes sociais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no mínimo, foi muito deselegante com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), ao criticar o “baixo nível” do Congresso.
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi deselegante com o presidente da Câmara, Hugo Motta, ao criticar o baixo nível do Congresso. (...) Ao mesmo tempo em que estressa sua relação com o Legislativo, Lula busca maior aproximação com o STF, reunindo-se com ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Cristiano Zanin para discutir a sucessão de Luís Roberto Barroso. (...) É um equívoco imaginar uma aliança entre Executivo e Supremo para domar o Congresso. A história mostra que essas manobras acabam em tempestade — e, às vezes, em golpe.”
(Fim da inserção)
📜 Leia o artigo completo de Luiz Carlos Azedo – “Lula está mais próximo do STF, porém estressa relação com Congresso”
IV — Epílogo com Picles
E choveu, naturalmente. Sempre chove no final desses sábados cívicos.
Os cestos foram trazidos de volta: as garrafas, os pacotes, as notas taquigráficas e as postagens indignadas. A chuva molhou o moralismo, e o moralismo, por sua vez, amoleceu o pão das certezas.
Voltamos todos para casa, a comer em silêncio o que sobrou da festa: o frango frio da justiça seletiva, a maionese da impunidade e, claro, os picles — símbolo nacional de tudo que volta à mesa, azedo e reincidente, mesmo depois de tanto tempo de conserva.
“On est rentré / Manger à la maison...”
Porque, no Brasil, como em Nino Ferrer, ninguém esquece o rádio —
mas todos esquecem o guarda-chuva.
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Epígrafe:
“On est parti, samedi, dans une grosse voiture...”
🎧 Ouça Les Cornichons – Nino Ferrer (1966)
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I — O Piquenique da Alvorada
Saímos todos, sábado, num carro grande — Brasília ao fundo, natureza emoldurada, ministros, deputados e ex-primeiras-damas em cestas de retórica. A intenção era singela: um piquenique democrático, onde cada qual traria sua iguaria moral, seu vinho de convicções e o rádio da opinião pública, que nunca falta em festim algum da nossa República tropical.
(Aqui, uma nota de rodapé ou link lateral)
🎵 Versão brasileira de “Les Cornichons” – Erasmo Carlos, Os Picles (anos 1960)
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Eis que, entre os frangos frios da política e os ovos duros do ego, Michelle, a dama que um dia foi do Alvorada, resolve servir uma ironia de sobremesa:
— “Ele me ama”, diz ela, como quem oferece mostarda a quem pediu compota.
(...)
II — A Refeição dos Santos e dos Advogados
No menu das citações surgem ainda o “queridinho da AGU”, xará de São Jorge, cavaleiro das causas impossíveis, e o próprio presidente, que, entre uma anistia e uma indicação para o Supremo, parece compor, sem querer, o coral dos Les Cornichons, cantando o refrão da eterna burocracia sentimental:
“E o rádio! Et la radio!”
🎶 Releitura nostálgica – Reginaldo Rossi, Os Picles (remake)
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III — Capítulo Extra: O Banquete dos Poderes
(Trecho do artigo de Luiz Carlos Azedo, Correio Braziliense, 16/10/2025)
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi deselegante com o presidente da Câmara, Hugo Motta (...)”
📜 Leia o artigo completo de Luiz Carlos Azedo – “Lula está mais próximo do STF, porém estressa relação com Congresso”
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IV — Epílogo com Picles
E choveu, naturalmente. Sempre chove no final desses sábados cívicos.
(...)
Porque, no Brasil, como em Nino Ferrer, ninguém esquece o rádio —
mas todos esquecem o guarda-chuva.
Bons dias! — Machado de Assis
“Bons dias!” é um livro de crônicas do escritor realista Machado de Assis. A obra reúne textos que foram publicados na “Gazeta de Notícias” do Rio de Janeiro, em 1888 e 1889.
Bons dias! é o título do livro que reúne as crônicas que Machado de Assis, sob o pseudônimo de Boas Noites, publicou na Gazeta de Notícias nos anos de 1888 e 1889. Assim, a obra contém crônicas de caráter narrativo e argumentativo, que tratam de diversos assuntos no campo político, social e cultural.
(E aqui, um link opcional ao fim da crônica para encerrar no estilo “Bons Dias”):
☕ Leia mais crônicas em estilo “Bons Dias” – Machado de Assis
← (link 5 – opcional)
🔗 Resumo das inserções e sua função narrativa
Nº Link sugerido Local Função estilística
1 Les Cornichons – Nino Ferrer Epígrafe Define o tom irônico e musical da crônica
2 Os Picles – Erasmo Carlos Após o 1º parágrafo Introduz a versão brasileira como espelho tropical do tema
3 Os Picles (Reginaldo Rossi) No refrão “E o rádio! Et la radio!” Reforça o eco popular e melancólico da sátira
4 Artigo de Luiz Carlos Azedo No início do Capítulo Extra Dá o lastro factual e realista ao texto
5 Coletânea “Bons Dias” (Machado) Pós-epílogo Conecta o leitor à tradição machadiana da ironia política
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