domingo, 12 de outubro de 2025

“As Estrelas da Nação: entre o Céu da República e o Fogo da História”

Bom dia Pátria minha És uma criança "Minha pátria Tão pobrinha" “Este é tempo de partido, tempo de homens partidos.” We Are The Champions - Instrumental Track Bom dia, Pátria minha. É uma criança — suja de terra, faminta de escola, deitada sobre os restos da esperança. “Minha pátria tão pobrinha”, cantou Vinicius; “este é tempo de partido, tempo de homens partidos”, avisou Drummond. Entre eles, entre nós, o tempo girou, mas a infância da Nação continua suspensa — órfã de conciliação, fascinada por seus próprios uniformes. Ainda assim, amanhece. As estrelas da República, cansadas de brilhar à toa, pedem agora para serem compreendidas — não como símbolos de poder, mas como faíscas de um povo que ainda aprende a se reconhecer no espelho da História. Bom dia, Pátria minha — cresce, mesmo que doa.
Sob este céu que já inspira bandeiras e sonhos, desenha-se o firmamento da República, onde as estrelas políticas se alinham e disputam seu brilho.(Uma leitura a partir de Bolívar Lamounier, Pedro Malan, Dora Kramer e o símbolo das estrelas nacionais) 🟩 F – FUNDAMENTAÇÃO O Brasil é uma constelação contraditória. Seu firmamento político abriga estrelas de naturezas distintas, mas todas refletem a mesma tensão entre utopia e poder. A Estrela da República, azul e dourada, nasceu sob o signo da ordem e progresso; a Estrela do Generalato brilha sob o emblema da hierarquia e da disciplina; a Estrela Presidencial carrega a promessa de autoridade legítima e unidade nacional; e a Estrela Vermelha do PT ilumina a dimensão popular e utópica da política, a busca por justiça social e dignidade. Esses astros convivem — e colidem — em um mesmo céu institucional, como observam Bolívar Lamounier, Pedro S. Malan e Dora Kramer, em três textos publicados em outubro de 2025, nos principais jornais do país. Lamounier identifica o “amargo legado” de um Estado patrimonialista e de um presidencialismo disfuncional, no qual “o sistema de irresponsabilidade gerou conflitos entre os Poderes” (Lamounier, O Estado de S. Paulo, 11/10/2025). Malan, por sua vez, chama atenção para a crise de moderação e o vazio de diálogo, perguntando se “só a falta de moderação atrai atenção” (Malan, O Estado de S. Paulo, 12/10/2025). Kramer, por fim, revela o paradoxo de um presidente que “quer recompor a base de apoio chamando o Congresso de traidor da pátria” (Folha de S. Paulo, 12/10/2025). O triângulo simbólico formado por Lamounier (as instituições), Malan (a sociedade e o debate público) e Kramer (o poder em exercício) é o reflexo terreno das estrelas celestes que guiam — e confundem — o destino nacional. A partir dessa constelação, é possível compreender que o Brasil não sofre apenas de crises políticas, mas de uma crise de sentido, uma perda do eixo simbólico que unia o ideal republicano, o ethos militar e o sonho popular. 🟥 J – JUSTIFICAÇÃO Como advertiu Maurice Duverger, “o sistema presidencial de governo só funciona nos Estados Unidos; em outros países ele sempre degenerou em presidencialismo, ou seja, em ditadura” (L’Échec au Roi, 1970). Bolívar Lamounier retoma esse diagnóstico para sustentar que o Brasil “nunca teve partidos consistentes, responsáveis e representativos”. O resultado é um presidencialismo de coalizão sem freios e sem contrapesos, onde o poder se dilui entre fisiologismo, populismo e tecnocracia. O jurista Miguel Reale Jr., citado por Lamounier, define esse modelo como um “sistema de irresponsabilidade”, e a herança patrimonialista se traduz nos “mensalões, petrolões e centrões” — estrelas sombrias que ainda orbitam o céu institucional. Pedro Malan, em contraponto, observa que a polarização política brasileira — amplificada por redes e algoritmos — não reflete o conjunto da sociedade. Há, segundo ele e Pablo Ortellado, “um substrato majoritário, comedido e independente” que resiste sob as “ruidosas guerras culturais”. Esse Brasil dos invisíveis é a estrela oculta da constelação: silenciosa, mas decisiva. Já Dora Kramer introduz a dimensão ética e prática da democracia: o equilíbrio entre governo e oposição. Ao criticar a tentativa de Lula de confundir oposição com traição, ela recorda que “se dependesse do PT, o Plano Real teria sido rejeitado”. Seu alerta é que o embate democrático requer adversários, não inimigos, e que a moderação é o eixo solar da política republicana. Em diálogo com esses autores, pode-se afirmar que o Brasil vive um eclipse simbólico: A Estrela da República, que deveria representar a harmonia entre Poderes, está obscurecida pela desconfiança institucional; A Estrela Militar brilha entre a obediência e o ressentimento; A Estrela Presidencial oscila entre liderança e personalismo; E a Estrela Vermelha do PT, outrora emblema de esperança, tornou-se foco de divisão e ressentimento. A constelação política brasileira, assim, é um céu fragmentado: cada estrela tenta ser sol, nenhuma aceita ser parte da constelação. 🟦 C – CONCLUSÃO Entre o céu da República e o fogo da História, o Brasil procura um ponto de equilíbrio — um novo firmamento cívico que reúna as luzes dispersas de sua trajetória. Lamounier nos lembra que sem “mudanças profundas nas instituições, mentalidades e comportamentos”, o país permanecerá condenado ao crescimento medíocre de 2,5% e à “virtual inviabilidade como país”. Malan acrescenta que o caminho é o diálogo, a visão de longo prazo e a recuperação do debate informado. Kramer, por sua vez, recorda que fazer oposição não é trair a pátria, mas preservar o pluralismo que sustenta a República. Essas três vozes — intelectual, econômico-política e jornalística — convergem para uma mesma constatação: sem moderação, não há República; sem instituições sólidas, não há liberdade; sem ética pública, não há futuro. No plano simbólico, é o mesmo que dizer: A Estrela Azul da República precisa voltar a brilhar acima das paixões; A Estrela Dourada dos Generais deve servir à Constituição, não ao poder de turno; A Estrela Presidencial deve irradiar autoridade, não vaidade; E a Estrela Vermelha do Trabalhador deve reencontrar seu sentido de solidariedade, não de revanche. Entre o ideal e o real, resta ao Brasil a tarefa de reaprender a arte da moderação, de reconstruir o “firmamento moral” da política. Como escreveu Rui Barbosa, “a pior ditadura é a do Poder sem responsabilidade”; e como sugeriria Montesquieu, “a liberdade política só existe nos governos moderados”. A esperança, portanto, não está em apagar estrelas, mas em fazer delas uma constelação de equilíbrio e consciência — um Céu da República onde o fogo da História não destrua, mas ilumine. 🔹 Referências teóricas e jornalísticas Lamounier, Bolívar. “Nosso amargo legado.” O Estado de S. Paulo, 11 out. 2025. Malan, Pedro S. “Só a falta de moderação atrai atenção?” O Estado de S. Paulo, 12 out. 2025. Kramer, Dora. “Fazer oposição não é traição.” Folha de S. Paulo, 12 out. 2025. Reale Júnior, Miguel. “Sistema disfuncional.” O Estado de S. Paulo, 4 out. 2025. Duverger, Maurice. L’Échec au Roi. Paris: Seuil, 1970. Montesquieu, Charles de. O Espírito das Leis. 1748. Barbosa, Rui. Obras Completas. Rio de Janeiro: MEC, 1949. Ortellado, Pablo. “O Brasil dos invisíveis.” O Globo, 10 out. 2025. 🟨 Síntese Final (F–J–C): O Brasil precisa reconciliar suas estrelas: a razão institucional de Lamounier, a moderação reflexiva de Malan, e o realismo democrático de Kramer, sob o mesmo firmamento simbólico do ensaio das estrelas — para que o país volte a se orientar não pelo brilho isolado dos astros do poder, mas pela constelação moral da República.
“As Estrelas da Nação”composição simbólica em que a Estrela de Davi, a estrela da República e a estrela do generalato se entrelaçam sob o céu da História, refletindo o brilho e a tensão entre conciliação, poder e destino coletivo no firmamento político do Brasil. “A Estrela de Davi da República: entre a Ciência, o Povo e o Firmamento da Democracia” 🟩 F – FUNDAMENTAÇÃO A República brasileira, vista do alto, é uma estrela de seis pontas — um astro irregular que reflete tanto a claridade das ideias quanto a treva das paixões. As cinco pontas já vislumbradas — a Estrela da República (Lamounier), a da Moderação (Malan), a da Ética Democrática (Kramer), a Popular (PT) e a Militar-Presidencial — encontram agora duas novas faces que completam o símbolo da totalidade: a Ponta Científica, representada pelo professor Paulo Fábio Dantas Neto, voz da razão cívica e da prudência intelectual, que defende a conciliação contra o golpismo e o justiçamento; a Ponta Popular-Internacional, encarnada pelo jornalista Luiz Carlos Azedo, que narra o rumor das ruas e das relações exteriores — o “ronco” da diplomacia e da opinião pública. Juntas, essas forças desenham o contorno de uma República estelar, cuja harmonia depende da tensão equilibrada entre o espírito e a matéria, entre o logos da ciência e o pathos do povo. 🟥 J – JUSTIFICAÇÃO Paulo Fábio Dantas Neto oferece à estrela o que lhe faltava: a razão pedagógica da conciliação democrática. Em “Golpismo, conciliação, pacificação e eleições” (Folha de S. Paulo, 12/10/2025), ele propõe que a política reencontre o “juízo político” perdido entre ressentimentos e justiçamentos, e alerta: “Democracias não se fortalecem sem imaginação democrática. Se o espaço do imaginário for tomado por ideias de castigo, restará um deserto onde se deveria plantar a semente da tolerância.” Dantas Neto desce ao âmago da doença brasileira: a crença de que a purificação — e não a política — cura os males do poder. Sua crítica à “moléstia de fundo que estigmatizou a Lava-Jato” é um chamado à maturidade civilizatória. A conciliação, para ele, não é covardia; é arte de costurar o rasgo histórico que ameaça a república sempre que se tenta trocar justiça por vingança. Em contracanto, Luiz Carlos Azedo, no artigo “Encontro de Lula e Trump na Malásia ainda depende de confirmação” (Correio Braziliense, 12/10/2025), mostra a política em seu chão pragmático: o barro diplomático e econômico da realidade. Ao narrar as tratativas discretas entre Lula e Trump, ele revela como o poder, mesmo em seus extremos ideológicos, reconhece a necessidade de cooperação estratégica. Sob o véu da notícia, há filosofia: as nações, como os homens, também precisam de reconciliação para sobreviver. Azedo traduz, em jornalismo, o que Dantas Neto elabora em teoria: ambos dizem que o mundo não se move a golpes, mas a gestos de composição. Entre a “tradição conciliatória” (Paulo Fábio) e a “agenda pragmática de reciprocidade e inovação” (Azedo), ressurge uma lição antiga: a política é o espaço do possível, não o altar dos puros. Assim, o firmamento da estrela se completa: Lamounier dá-lhe o eixo institucional; Malan, o sopro moderado; Kramer, o senso ético do conflito; Dantas Neto, a pedagogia da conciliação; Azedo, a práxis diplomática e popular; a Estrela do PT, por sua vez, conserva a chama utópica que lembra que toda ordem sem sonho degenera em rotina. Essa interseção de perspectivas — o cientista, o economista, a jornalista, o filósofo, o repórter e o povo — compõe uma Estrela de Davi republicana, não religiosa, mas humanista: a aliança entre o saber e a rua, entre o templo da razão e a praça do afeto. 🟦 C – CONCLUSÃO A constelação brasileira, vista de longe, parece caótica; vista de dentro, é apenas incompleta. A Estrela de Davi — agora inteira — mostra que o país precisa mais de relação do que de ruptura. Lamounier lembrou-nos que “sem instituições responsáveis, não há nação”; Malan, que “a moderação ainda é uma forma de coragem”; Kramer, que “a oposição é parte da pátria, não seu inimigo”; Dantas Neto, que “a conciliação é a gramática da democracia madura”; Azedo, que “a política internacional é o espelho do equilíbrio interno”; e a Estrela Vermelha, por fim, recorda que “sem justiça social, a liberdade é uma abstração”. O firmamento dessas vozes projeta o mesmo ideal: recompor o campo magnético da República, unir razão e sensibilidade, ciência e fé cívica, elite e povo, para que a política volte a ser uma arte de convivência e não de destruição. Na linguagem simbólica, é como se o Brasil voltasse a ser estrela — não de um partido, nem de um exército, mas de uma humanidade ainda em aprendizado. A Estrela de Davi republicana, iluminada por suas seis pontas — o Estado, o Mercado, a Ética, a Ciência, o Povo e a Utopia — não é apenas uma figura geométrica; é um projeto de civilização. Que cada ponta, ao invés de ferir, ilumine; que cada luz, ao invés de competir, componha; que o céu brasileiro volte a refletir não a vaidade dos astros isolados, mas a harmonia de uma constelação moral e democrática.

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