Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quinta-feira, 1 de maio de 2025
1º DE MAIO
Hoje é quinta-feira dia primeiro de maio de 2025.
🎯 Síntese interpretativa final:
O texto funciona como uma ponte poética entre o passado coletivo e o presente individual. A menina que observa a multidão representa a juventude que “acorda” no 1º de maio, mas talvez desconheça a história da qual é herdeira. A multidão na imagem é o “sonho” da luta conjunta, “linda”, mas que pode se apagar — se não for lembrada.
O “foi” é risco. O “é jovem” é promessa.
"Sonhei com você. E no meu sonho continuava linda. Mas acordei no dia 1º de maio.
Os amados são lembrados.
Contingência dos apagões.
O papa foi pop.
Foi é contingências.
Analógicas e digitais, como bem tratadas.
Foi pode não mais ser.
Foi no ato da passagem.
Foi porque já não é mais.
O pop foi.
O papa fica.
É jovem."
📌 Análise com foco em direitos trabalhistas e memória histórica:
1. Personagens e simbolismo:
A menina sozinha, colorida, representa o presente. Ela é jovem, possivelmente uma estudante ou cidadã atual, alheia ao passado coletivo que a precede.
A multidão em preto e branco, marchando junta, representa os trabalhadores do passado: homens, mulheres, famílias inteiras — muitos em trajes simples, alguns descalços — simbolizando os camponeses, operários, sindicalistas, imigrantes, que lutaram por condições melhores.
2. Diálogo:
A menina diz: "Oh, vocês eram muitos" – Essa frase reflete uma surpresa ignorante ou ingênua, como quem não sabia ou não se dava conta da grandeza e da força coletiva do movimento trabalhista.
A resposta vem forte: "Estávamos juntos" – uma afirmação de unidade, solidariedade e consciência coletiva. Eles não eram só "muitos", estavam organizados e unidos por uma causa comum: os direitos.
3. Mensagem implícita:
A ilustração denuncia a amnésia histórica que muitas vezes permeia a sociedade contemporânea. Muitos dos direitos trabalhistas que hoje são vistos como garantidos — jornada de 8 horas, descanso semanal, licença maternidade, férias, segurança no trabalho — só existem porque essa multidão lutou unida.
4. Conexões históricas:
Faz alusão às greves operárias, às marchas de trabalhadores, aos movimentos de sindicalização dos séculos XIX e XX, que enfrentaram repressão e até mortes.
Também ecoa o papel dos migrantes e das mulheres trabalhadoras, muitas vezes invisibilizados na narrativa dominante da história.
5. Atualidade:
A imagem provoca o espectador moderno a refletir:
"Você sabe de onde vieram seus direitos? Valoriza quem os conquistou? Está pronto para defendê-los se forem ameaçados?"
Charlie Chaplin - Starting Life Anew / Leading a Strike ("Modern Times" original soundtrack)
Charlie Chaplin
A bandeira vermelha: trecho do filme "Tempos Modernos" (1936), de Charlie Chaplin.
Música
1 músicas
Starting Life Anew / Leading a Strike (From "Modern Times")
Charlie Chaplin
Music Of The Movies - Modern Times
Reinauguração da Praça Clodesmidt Riani acontece nesta quinta-feira
Tribuna de Minas
29 de abr. de 2025 #shorts
A Praça Clodesmidt Riani será reinaugurada, nesta quinta-feira (1°), após receber obras de reforma ao longo do último ano. Durante os reparos, foram reformados os canteiros, os pisos foram trocados, uma nova iluminação foi instalada, os monumentos foram revitalizados e foram construídos banheiros no local. A Tribuna esteve na Praça na manhã desta terça-feira (29), e verificou que alguns ajustes ainda precisam ser concluídos, como a finalização da troca de pisos em alguns pontos do local. A praça foi renomeada em homenagem ao trabalhador e sindicalista Clodesmidt Riani. Por isso, o evento de reinauguração do espaço será celebrado no feriado do Dia do Trabalhador.
A matéria completa você confere no nosso site tribunademinas.com.br #shorts
Juiz de Fora,
Rua Itália, 1934
Casa D'Italia de Juiz de Fora | Foto: Casa Ítalo-
L'esercito Del Surf
Catherine Spaak
Iller Pattacini / Mogol
1964
O Exército do Surf
L'esercito Del Surf
Nós somos os jovens
Noi siamo i giovani
Os jovens, mais jovens
I giovani, più giovani
Somos o exército
Siamo l'esercito
O exército do surf
L'esercito del surf
Mas o que tá pegando
Ma che cosa c'è
Dança junto comigo
Balla insieme a me
E você vai ver que depois
E vedrai che poi
Vai passar
Ti passerà
Me diz por que
Mi vuoi dir perchè
Você não sorri mais
Non sorridi più
Dança junto comigo
Balla insieme a me
Dança junto comigo
Balla insieme a me
Depois vai passar
Poi ti passerà
Nós somos os jovens
Noi siamo i giovani
Os jovens, mais jovens
I giovani, più giovani
Somos o exército
Siamo l'esercito
O exército do surf
L'esercito del surf
Mas o que tá pegando
Ma che cosa c'è
Dança junto comigo
Balla insieme a me
E você vai ver que depois
E vedrai che poi
Vai passar
Ti passerà
Me diz por que
Mi vuoi dir perchè
Você não sorri mais
Non sorridi più
Dança junto comigo
Balla insieme a me
Dança junto comigo
Balla insieme a me
Depois vai passar
Poi ti passerà
Nós somos os jovens
Noi siamo i giovani
O exército do surf
L'esercito del surf
Nós somos os jovens
Noi siamo i giovani
O exército do surf
L'esercito del surf
O exército do... Surf!
L'esercito del... Surf!
Composição: Iller Pattacini / Mogol.
🧠 Conclusão crítica:
O “exército do surf” da música é leve, mas coletivo — ele dança, se anima, se move como grupo. A imagem de Biani retrata outro exército: um de trabalhadores, que também marchou junto, mas que hoje talvez só exista na memória.
O texto poético articula essas duas energias: lembra com carinho e tristeza o que “foi”, mas reconhece que algo ainda fica, sobrevive, e pode ser reativado.
Assim, música, imagem e texto dialogam naquilo que mais importa: a consciência do coletivo como força transformadora, mesmo quando a memória parece falhar ou o presente parecer vazio.
1º de Maio melancólico e de incertezas para os trabalhadores
Publicado em 01/05/2025 - 09:23 Luiz Carlos Azedo
Brasília, Congresso, Cultura, Desemprego, Economia, Educação, Ética, Governo, Memória, Partidos, Política, Política, Previdência, Sindicatos, Tecnologia, Trabalho
Lula decidiu ressarcir os aposentados e pensionistas que foram lesados, mas Haddad não sabe como. Aguarda uma indicação da CGU e da AGU para definir como isso será feito
Talvez hoje seja o mais melancólico 1º de Maio para os sindicatos brasileiros deste século, embora um feriado de quinta-feira, para a maioria dos trabalhadores, seja motivo de regozijo; e para muitos, amanhã, sexta-feira será ponto facultativo ou dia de home office, em mais um feriadão. Não é melancólico por causa do esvaziamento das tradicionais manifestações de trabalhadores, que historicamente são uma montanha-russa, com momento de ascenso e descenso do movimento operário, mas por causa dos descontos não autorizados de aposentados e pensionistas por associações e sindicatos ligados às centrais sindicais, no montante de R$ 6,3 bilhões, o mais novo e maior dos escândalos da história do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
No ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou constrangimento por causa do esvaziamento das comemorações de 1º de Maio, no estacionamento da Neo Química Arena, em Itaquera, que reuniu menos de duas mil pessoas, um evento organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), da qual é grande patrono. Neste ano, o constrangimento é muito maior: o bilionário escândalo envolve o Ministério da Previdência, ao qual o INSS está diretamente subordinado. O ministro titular da pasta, Carlos Lupi, que é presidente do PDT, se recusa a pedir demissão do cargo. Houve incompetência, omissão e prevaricação.
O ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto e mais quatro dirigentes afastados dos cargos foram nomeações de Lupi: Vanderlei Barbosa dos Santos (diretor de Benefícios), Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho (procurador-geral), Giovani Batista Fassarella Spiecker (coordenador de Suporte ao Atendimento) e Jucimar Fonseca da Silva (coordenador de Pagamentos e Benefícios). O ministro alega que foi traído pelos subordinados, mas não explica como R$ 6,3 bilhões foram movimentados de forma fraudulenta sem que tivesse conhecimento.
Em vez de comparecer ao ato de 1º de Maio, marcado para esta quinta-feira, em São Paulo, Lula optou por realizar um encontro com os dirigentes sindicais, na terça-feira passada, e gravar um vídeo que será exibido pelas centrais sindicais. Nele, o presidente diz que as pautas precisam ser novas e que os sindicatos precisam melhorar a comunicação nas redes sociais. Lula também se mostrou simpático à redução da jornada de trabalho e ao fim da escalada 6×1 (seis dias trabalhados e um de folga na semana).
Leia também: Em pronunciamento do Dia do Trabalhador, Lula endossa fim da escala 6×1
Lula também fará um pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, no qual destacará os aumentos reais do salário mínimo, do número de trabalhadores com carteira assinada e a menor taxa de desemprego dos últimos tempos. Entretanto, nada disso resolve o problema político criado pelo escândalo do INSS: a oposição na Câmara conseguiu 185 assinaturas e protocolou, nesta quarta-feira, o pedido de criação da comissão parlamentar de inquérito (CPI) na Câmara para investigar o INSS.
Leia ainda: Mesmo com assinaturas, instalação da CPI do INSS pode demorar
De acordo com o relatório feito pela Controladoria-Geral da União (CGU), 70% das 29 entidades analisadas não entregaram a documentação completa ao INSS para a assinatura dos Acordos de Cooperação Técnica (ACTs), que foram todos cancelados pelo governo. A Polícia Federal já investiga 11 entidades sindicais. O problema também caiu no colo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, porque Lula decidiu ressarcir os aposentados e pensionistas que foram lesados, mas não sabe como. Haddad aguarda uma indicação da CGU e da Advocacia-Geral da União (AGU) para definir como isso pode ser feito legalmente.
Passado e presente
No Brasil, passado e presente se misturam no mundo do trabalho. A escravidão, com sua violência estrutural, impregnou a estrutura social de tal forma que a discussão sobre as relações de trabalho se mantém como um conflito entre as elites políticas e a grande massa da população. Daí decorrem o desrespeito e a redução dos direitos sociais. E o patrimonialismo nas estruturas sindicais.
Não temos “uma ética do trabalho”, como assinalou Antônio Cândido, em Dialética da malandragem, um clássico ensaio sobre a cultura nacional. A péssima remuneração dos professores, cujo trabalho é considerado “vocação”, é um bom exemplo, em contraste com as altas remunerações do setor público desproporcionais aos serviços prestados à sociedade.
O trabalho intelectual no Brasil também é desvalorizado, não apenas o trabalho manual. De acordo com o Banco Mundial, 64% da riqueza mundial advêm do conhecimento. Entretanto, as deficiências do sistema educacional reproduzem o analfabetismo funcional em grande escala.
A inserção social pela via do emprego já não é dominante. O trabalho avulso remunerado pela via dos aplicativos e o empreendedorismo são duas realidades novas. O “chão de fábrica” como “locus” do trabalho produtivo é cada vez mais minoritário. Os aplicativos estão revolucionando as relações de trabalho no Brasil num contexto social muito mais injusto do que nos países desenvolvidos.
A questão social que resulta dessa realidade está escancarada. O exército de desempregados e subempregados formado a partir da extinção de profissões ou redução de seus postos de trabalho depende cada vez mais da assistência de um Estado deficitário e pouco eficiente. Vivemos uma era de incertezas.
Nas entrelinhas: todas as colunas no Blog do Azedo
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🔍 Análise integrada: Memória, crise e juventude silenciada
🖼️ A imagem de Biani: “Éramos muitos / Estávamos juntos”
A ilustração sugere uma memória coletiva apagada. A menina, sozinha no presente, olha para um passado cheio de trabalhadores, famílias, rostos determinados. Ela diz:
“Oh, vocês eram muitos”,
e ouve:
“Estávamos juntos”.
É uma metáfora pungente da alienação atual diante da luta e organização dos trabalhadores do passado — aqueles que conquistaram direitos hoje ameaçados ou esquecidos.
🗨️ O texto poético: entre o luto e a permanência
“Sonhei com você. E no meu sonho continuava linda. Mas acordei no dia 1º de maio.”
Acordar no Dia do Trabalhador é um ato simbólico de desilusão — o despertar para uma realidade onde os amados (trabalhadores? ideias? lutas?) estão ausentes ou apagados.
Mas:
“O pop foi. O papa fica. É jovem.”
Sugere que há permanência, mesmo quando há apagamento. Algo resiste. Algo é jovem ainda.
🎶 A canção “L’esercito del Surf”: juventude coletiva
A música evoca uma juventude unida, vibrante, dançante, otimista, que se apresenta como um “exército” simbólico — o oposto do que o editorial mostra. Hoje, há um “exército” real de trabalhadores precarizados, solitários, invisíveis, sem representação coletiva forte como outrora.
📰 Editorial de Azedo: o presente corroído
O escândalo de R$ 6,3 bilhões nos sindicatos do INSS corrói o que restava da credibilidade das entidades que deveriam proteger os aposentados.
O trabalhador é traído por quem o representa. A representação política e sindical perdeu sua legitimidade social.
Há também o alerta para um modelo de trabalho em mutação: informalidade digital, uberização, conhecimento desprezado, educação falida. O “chão de fábrica” cedeu lugar ao “chão de dados” — sem amparo legal.
🧩 Conclusão: da coletividade ao esvaziamento
Dimensão Passado (Imagem & Música) Presente (Editorial & Texto Poético)
Trabalhador Unido, visível, marchando Precarizado, enganado, silenciado
Juventude Vibrante, dançante, engajada Solitária, desiludida, fragmentada
Sindicalismo Forte, organizado, histórico Corrompido, desacreditado, cúmplice
1º de Maio Dia de luta e conquista Dia de melancolia e constrangimento
Hoje, o “exército do surf” virou um exército de entregadores, e os heróis da marcha de Biani agora aparecem em silêncio, como memórias distantes.
História da Canção: Primeiro de Maio (Milton Nascimento-Chico Buarque)
Antonio Marcelo Jackson F. da Silva
1 de mai. de 2020
Todas as pessoas têm músicas que fazem parte de sua história. Mas, não podemos nos esquecer que elas, as músicas, também têm as circunstâncias que as inspiraram. Aqui temos a história da música "Primeiro de Maio", de Milton Nascimento e Chico Buarque.
Pessoas mencionadas
2 pessoas
Milton Nascimento
Chico Buarque
Antonio Marcelo Jackson F. da Silva
Primeiro de Maio (part. Chico Buarque)
Milton Nascimento
Hoje a cidade está parada
E ele apressa a caminhada
Pra acordar a namorada logo ali
E vai sorrindo, vai aflito
Pra mostrar, cheio de si
Que hoje ele é senhor das suas mãos
E das ferramentas
Quando a sirene não apita
Ela acorda mais bonita
Sua pele é sua chita, seu fustão
E, bem ou mal, é o seu veludo
É o tafetá que Deus lhe deu
E é bendito o fruto do suor
Do trabalho que é só seu
Hoje eles hão de consagrar
O dia inteiro pra se amar tanto
Ele, o artesão
Faz dentro dela a sua oficina
E ela, a tecelã
Vai fiar nas malhas do seu ventre
O homem de amanhã
Composição: Chico Buarque / Milton Nascimento.
🔄 Síntese de todos os elementos: da denúncia à reexistência
Obra Eixo principal Tempo simbólico Voz dominante
Imagem de Biani Esquecimento da força coletiva Passado silenciado Criança e memória
O texto poético Sonho, luto e crítica simbólica Presente em ruína Voz lírica
Editorial de Azedo Corrupção e desilusão com as instituições Presente concreto Voz analítica
“L’esercito del Surf” Juventude otimista e festiva Presente atemporal Voz coral jovem
“Primeiro de Maio” Dignidade e reinvenção do trabalhador pelo amor Tempo do gesto humano Voz do casal trabalhador
🌹 Conclusão: O amor como resistência no Dia do Trabalhador
A canção “Primeiro de Maio” não ignora a dureza da vida trabalhadora, mas a transcende pela ternura, pela dignidade. Ela é um manifesto da intimidade como campo político: amar, ser autor de si, desejar e criar são atos revolucionários — especialmente quando se é explorado.
Quando o sistema corrompe,
quando os sindicatos falham,
o corpo, o suor e o afeto viram território de resistência.
—
Luiz Inácio Lula da Silva, atual presidente da República Federativa do Brasil (2023–2026), é um dos personagens políticos mais emblemáticos e controversos da história contemporânea do país. Membro fundador do Partido dos Trabalhadores (PT), ele emergiu do chão de fábrica para o centro do poder político nacional, carregando consigo a simbologia da ascensão operária e as contradições de um sistema político que, muitas vezes, engole suas origens.
🛠️ Trajetória de Vida e Sindicalismo (1945–1980)
Nascido em 1945, em Caetés (então distrito de Garanhuns, PE), Lula migrou ainda criança com a família para São Paulo, inserindo-se na massa de retirantes nordestinos que compôs o proletariado urbano paulista.
Iniciou sua vida profissional como operário metalúrgico aos 14 anos, trabalhando em fábricas de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista — região símbolo do Brasil industrial do século XX.
Em 1966, começou a trabalhar na Indústria Villares, onde mais tarde seria eleito dirigente sindical.
Em 1975, foi eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, cargo que o projetou nacionalmente.
Comandou greves históricas no fim da década de 1970 (1978–1980), desafiando a ditadura militar e articulando novas formas de organização popular autônoma.
Saiu do chão da fábrica em 1980, quando foi preso por 31 dias por liderar greves ilegais — momento decisivo em sua transição à política formal.
🗳️ Ascensão Política e Fundação do PT (1980–2002)
Em 1980, fundou, ao lado de intelectuais, religiosos e movimentos sociais, o Partido dos Trabalhadores (PT) — um projeto de esquerda popular, antissistêmico, com forte raiz nos movimentos sindicais e na teologia da libertação.
Foi candidato à Presidência em 1989, 1994 e 1998, sempre derrotado no segundo turno.
Construiu sua imagem pública como símbolo do trabalhador brasileiro, defendendo os direitos sociais, o salário mínimo, a soberania nacional e o combate à pobreza.
Paralelamente, o PT passou por um processo de institucionalização e moderação, abandonando parte de seu discurso mais radical.
👔 Presidência e Contradições (2003–2010)
Eleito presidente em 2002, tomou posse em 2003. Reelegeu-se em 2006.
Implementou programas de inclusão social marcantes como o Bolsa Família, Prouni, Luz para Todos e promoveu aumento do salário mínimo com ganho real.
Conseguiu manter estabilidade macroeconômica aliada a expansão do consumo popular, favorecido pelo boom das commodities.
Contudo, sua gestão também foi marcada por práticas políticas convencionais, como alianças com setores conservadores e fisiológicos, e pela explosão de escândalos de corrupção, como o Mensalão (2005).
Deixou o cargo com altos índices de aprovação, mas o idealismo sindical original já havia cedido espaço a uma realpolitik de manutenção do poder.
⚖️ Crise, Prisão e Retorno (2011–2022)
Após o governo Dilma Rousseff (2011–2016), Lula foi condenado na Operação Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro, num processo questionado por vícios jurídicos e excessos da força-tarefa de Curitiba.
Foi preso em 2018 e permaneceu detido por 580 dias. Ganhou liberdade após o STF julgar a parcialidade do então juiz Sergio Moro.
Em 2022, foi eleito novamente presidente, superando Jair Bolsonaro em uma disputa polarizada, num contexto de retomada democrática e crise social.
🧭 Análise Crítica
Lula simboliza o paradoxo brasileiro: um operário que chegou ao topo do poder sem romper, de fato, com as estruturas que pretendia transformar. Seu êxito reside na capacidade de transitar entre os mundos — o da fábrica, da política institucional, do mercado e das massas populares.
Mas seu percurso também denuncia os limites da política de conciliação: o PT transformou-se em partido de governo, perdeu parte de sua identidade combativa e, ao buscar sustentação no sistema, acabou por se comprometer com ele — inclusive em suas deformações éticas e burocráticas.
Lula deixou o chão da fábrica em 1980, mas a fábrica, a precariedade e os esquecidos voltaram a assombrar o país. Hoje, como presidente do Brasil pelo terceiro mandato, enfrenta o desafio de reconstruir a confiança dos trabalhadores — não apenas com memória, mas com justiça e presença real.
Gráficos de aprovação
quinta-feira, 1 de maio de 2025
O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões
Um 1º de maio com embaraços
Correio Braziliense
O governo do presidente Lula chega ao 1º de maio com a menor taxa de desemprego no primeiro trimestre desde 2012, mas longe de estar em clima de festa com a classe trabalhadora
quinta-feira, 1 de maio de 2025
A era da acomodação - William Waack
O Estado de S. Paulo
Não há muito o que Lula possa fazer a não ser se acomodar, e esse parece ser mesmo o caminho que ele está seguindo. Começa pela sua taxa pessoal de popularidade e aprovação, acomodada em patamar baixo e dando sinais de que não vai se mexer muito – sinal dos tempos, equivale a uma espécie de “vitória”.
Acomodou-se ao fato de que seu governo pouco controla em dois sentidos convergentes, o da corrupção e o da ineficiência. O escândalo de corrupção no INSS é um caso clássico de descontrole sobre os agentes políticos e públicos. Em outras palavras, nunca os corruptos se sentiram tão à vontade como agora (os fatores contribuintes são outra história).
Semelhante falta de controle administrativo é o que explica o crescimento acelerado de algo que não deveria estar acontecendo, segundo a equipe econômica do próprio governo: o Benefício de Prestação Continuada, com seu evidente impacto fiscal. Há uma curiosa sensação em relação ao governo Lula 3 de que as coisas não são feitas, simplesmente “acontecem”.
Lula acomodou-se ao fato de que Legislativo e Judiciário reduziram os poderes do Executivo a um ponto inédito na história dessas instituições. Isto já era notório no caso da alocação de recursos via orçamento público, mas escancarou-se nas tratativas entre Legislativo e Judiciário para encontrar um jeito (sim, um jeito) de aliviar a situação dos acusados pelo STF de participação no 8 de Janeiro sem anistiá-los.
A próxima acomodação à qual Lula assiste sem poder fazer nada ocorre dentro do Centrão. A “superfederação” anunciada por União Brasil e PP tem como motivação óbvia a capacidade de ampliar consideravelmente sua força financeira para formar o que os operadores políticos hoje em Brasília consideram a tarefa fundamental: constituir bancadas fortes que possam controlar, em boa parte, o que acontece na Câmara e no Senado.
Mas ela vai além da ampliação do número de parlamentares e seu acesso a vários fundos públicos. Sugere que os condutores das grandes articulações em Brasília estão perfeitamente acomodados com um cenário político no qual as moedas de troca perderam o valor, o Judiciário virou um integrante do consórcio dirigente em sentido amplo e o Executivo é um de estatura muito diminuta em relação ao que já foi, e não faz tanto tempo assim.
Os limites dessa grande “acomodação” (o contrário de uma grande “concertación” entre forças políticas) vão ser testados por fatores amplos, para os quais o “consórcio” não tem resposta nem comando únicos. Eles são economia fraca, demografia jogando contra e instituições desarticuladas incapazes de enfrentar crime organizado, para não falar da execução de qualquer reforma estruturante.
As eleições de 2026 vão dizer quanto o País vai se acomodar a isto também.
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