sexta-feira, 2 de maio de 2025

Mudança dos Ventos

De Volta Ao Começo Nana Caymmi E o menino com o brilho do Sol na menina dos olhos Sorri e estende a mão entregando o seu coração E eu entrego o meu coração E eu entro na roda e canto as antigas cantigas de amigo, irmão As canções de amanhecer lumiar a escuridão E é como se eu despertasse de um sonho que não me deixou viver E a vida explodisse em meu peito com as cores que eu não sonhei E é como se eu descobrisse que a força esteve o tempo todo em mim E é como se então, de repente, eu chegasse ao fundo do fim De volta ao começo Ao fundo do fim De volta ao começo Composição: Gonzaguinha. De Volta Ao Começo Nana Caymmi E o menino com o brilho do sol Na menina dos olhos Sorri e estende a mão Entregando o seu coração E eu entrego o meu coração E eu entro na roda E canto as antigas cantigas De amigo irmão As canções de amanhecer Lumiar a escuridão E é como se eu despertasse de um sonho Que não me deixou viver E a vida explodisse em meu peito Com as cores que eu não sonhei E é como se eu descobrisse que a força Esteve o tempo todo em mim E é como se então de repente eu chegasse Ao fundo do fim De volta ao começo Ao fundo do fim De volta ao começo Compositor: Luiz Gonzaga do Nascimento Junior (Gonzaguinha) (UBC) Editor: Editora Moleque (UBC) Nana Caymmi – A Voz que Ficou no Tempo “Eu não gosto de movimento nenhum a não ser o da dança.” — Nana Caymmi 🎶 Música de Abertura: Resposta ao Tempo (Cristovão Bastos e Aldir Blanc) O tempo passou, e com ele se despediu uma das vozes mais profundas e inconfundíveis da música popular brasileira. Nana Caymmi partiu, mas sua voz — aquela que parecia saber de todos os segredos da alma — permanece entre nós, ecoando suave e forte como um rio que não se cansa de correr. Filha de Dorival, irmã de Dori e Danilo, Nana foi mais do que herdeira de um legado: foi uma intérprete visceral, intensa, intransigente com a mediocridade e absolutamente devota à arte do cantar. Com ela, a canção nunca era só melodia — era sentimento exposto, memória cantada, verdade à flor da voz. Sua maneira de interpretar dilacerava sem pedir licença e confortava sem fazer esforço. Nos últimos dias, o país se silenciou em reverência. Os que a conheceram, os que a cantaram, os que a ouviram — todos perderam algo. Alcione resumiu em um sopro o que muitos sentem: "Eu perdi uma amiga, o Brasil a voz." Zeca Pagodinho, com seu jeito de oração de boteco, desejou: "Deus te receba de braços abertos." E Fagner, com gratidão e reverência, afirmou: "No lugar onde você merece. Obrigado por tudo." As palavras, em sua honra, foram muitas. Mas todas cabiam em uma única canção: aquela que fosse capaz de acolher o amor e a perda ao mesmo tempo. Nana cantava a dor como quem conhece seus becos, suas esquinas, suas frestas. "Cantou a dor de amor." — disse Ana Cristina. Leila Pinheiro, emocionada, declarou: "Vai com ela nossa música." E Mariana Gross, no encerramento de um noticiário que parecia não querer terminar, disse simplesmente: "Nana, inesquecível." Inesquecível. É isso. Porque há vozes que o tempo não apaga. Porque há cantoras que não se apagam: se tornam presença na ausência, permanência no silêncio, lembrança na saudade. Hoje, o Brasil se despede de Nana Caymmi. Mas só do corpo. A alma, essa ficou onde sempre esteve: nas entrelinhas da música brasileira, onde mora o que é eterno. Nana Caymmi canta "Atrás da Porta" (Francis Hime e Chico Buarque) 1974 🎶 Música de Encerramento: Atrás da Porta (Chico Buarque e Francis Hime) Atrás da Porta Nana Caymmi Quando olhaste bem nos olhos meus E o teu olhar era de adeus Juro que não acreditei, eu te estranhei Me debrucei sobre o teu corpo e duvidei E me arrastei e te arranhei E me agarrei nos teus cabelos Nos teus peitos, teu pijama Nos teus pés ao pé da cama Sem carinho, sem coberta No tapete atrás da porta Reclamei baixinho Dei pra maldizer o nosso lar Pra sujar teu nome, te humilhar E me vingar a qualquer preço Te adorando pelo avesso Pra mostrar que ainda sou tua Composição: Chico Buarque / Francis Hime.

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