terça-feira, 27 de maio de 2025

"Notas e notas: entre cifras, trilhos e despedidas"

Trocando Em Miúdos Francis Hime Cifra: Principal (violão e guitarra) Favoritar Cifra Tom: A [Intro] A7M A7 A7/6 D7M Dm7 A7M A7 A7/6 D6 Dm6 A7M A7 A7/6 D7M Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim Dm7 Não me valeu A7M A7 A7/6 D6 Mas fico com o disco do Pixinguinha, sim? Dm6 O resto é seu Am9 Am/G F#m7(5-) Trocando em miúdos, pode guardar F7M Am As sobras de tudo que chamam lar Am/G F#m7 As sombras de tudo que fomos nós B7 E7M As marcas de amor nos nossos lençóis E7(9-) A7M As nossas melhores lembranças A7 D7M Aquela esperança de tudo se ajeitar Dm7 Pode esquecer A7M A7 A7/6 D6 Aquela aliança, você pode empenhar Dm6 Ou derreter Am9 Am/G F#m7(5-) Mas devo dizer que não vou lhe dar F7M Am O enorme prazer de me ver chorar Am/G F#m7 B7 Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago F#m7 B7 Bm7 E7 Bm7 E7 Meu pei__to tão dilacerado A7M Aliás A7 A7/6 D7M Aceite uma ajuda do seu futuro amor Dm7 Pro aluguel A7M A7 A7/6 D6 Devolva o Neruda que você me tomou Dm6 E nunca leu Am9 Am/G F#m7(5-) Eu bato o portão sem fazer alarde F7M Am Eu levo a carteira de identidade Am/G F#m7(5-) Uma saideira, muita saudade F7M Am9 Am E a leve impressão de que já vou tarde Repetir Modo teatro Composição de Chico Buarque / Francis Hime NOTAS e notas — polissemia da língua, da tinta e da especulação 🎶 Interlúdio I: "Menino de Braçanã" Intérprete: Rita Lee Compositores: Arnaldo Passos / Luiz Rattes Vieira Filho Ouça aqui "É tarde, já vou indo Preciso ir embora, até amanhã Mamãe quando eu saí Disse: Bichinho, não demora em Braçanã..." Naquela manhã enevoada, a medida provisória amanheceu deitada na praça, entre pombos sonolentos, velhos jogando dominó e os primeiros bocejos de analistas financeiros. O rumor se espalhou ligeiro como vento seco: — O IOF morreu. Uns diziam suicídio técnico; outros, assassinato político. Mas havia a certeza de que Brasília acordara com cheiro de missa de sétimo dia — e nem era domingo. A equipe econômica, ainda sonolenta, esboçava discursos e desculpas, enquanto o Mercado, essa criatura mitológica que vive de sustos e cochichos, corria desvairado pelas alamedas: — Vai dar ruim, vai dar ruim! E alguém, talvez o próprio ministro, murmurou: — Quando a Casa Grande não quer, a Fazenda desfaz… e o IOF… foi. E foi mesmo. Sumiu do Diário Oficial com a mesma rapidez de uma promessa eleitoral após a apuração das urnas. 🎶 Interlúdio II: "Trem das Onze" Intérprete e compositor: Adoniran Barbosa Ouça e veja a tradução aqui "Não posso ficar nem mais um minuto com você Sinto muito, amor, mas não pode ser Moro em Jaçanã Se eu perder esse trem Que sai agora, às onze horas Só amanhã de manhã..." Dizem os mais supersticiosos que, naquele instante, o próprio Adoniran Barbosa desceu de um trem metafísico, não em Jaçanã, mas numa plataforma invisível entre o Planejamento e a Fazenda, cantarolando com aquele sotaque inconfundível: — É tarde, já vou indo… Preciso ir embora… Enquanto isso, Haddad, com olhar de quem perdeu o trem, tentava explicar aos vivos o que os mortos já sabiam: decisão sem consulta ao Banco Central é como embarcar sem bilhete — pode até dar certo, mas o fiscal do Mercado não perdoa. Lá estava o IOF, estendido, com o olhar vítreo dos que nunca entenderam sua própria função. Ao redor, técnicos cochichavam, não muito diferentes das beatas que em Antares discutiam o fedor dos cadáveres insepultos: — Foi falta de comunicação… — Não, arrogância… — Eu ouvi dizer que foi um erro de Excel… E, claro, sempre há o cético que decreta: — Isso aí foi só especulação… De mercado, de alma, de tudo. 🎶 Interlúdio III: "Trocando em Miúdos" Intérprete: Nara Leão Compositores: Chico Buarque / Francis Hime Ouça aqui "Eu bato o portão sem fazer alarde Eu levo a carteira de identidade Uma saideira Muita saudade E a leve impressão de que já vou tarde…" O mais curioso: mesmo após a morte súbita, o IOF seguiu movimentando os vivos. O Mercado, que só teme o que não compreende, especulava em loops infinitos: — Fraqueza do governo? — Jogada estratégica? — Mais um tropeço na coreografia desajeitada das pastas econômicas? E, no meio desse espetáculo tragicômico, alguém percebeu a ironia suprema: tudo não passava de notas. Notas fiscais, notas técnicas, notas de rodapé e, claro, notas musicais. A língua portuguesa, sempre pronta para a pegadinha, lembrava: a mesma palavra que embala a Receita também entoa o samba que consola quem perdeu o trem. No fim, como em toda boa história brasileira, ficou a impressão de improviso — e uma melodia no ar, meio triste, meio debochada: "Se eu perder esse trem, que sai agora às onze horas… Só amanhã de manhã…" E assim Brasília foi adormecendo, não pelo ruído das máquinas públicas, mas pelo silêncio constrangido das decisões mal calculadas e das oportunidades perdidas, que sempre acabam voltando… como um fantasma político ou como um velho trem, rangendo pelos trilhos da História. E, cá entre nós: quem nunca perdeu um trem, que atire a primeira nota. Fim Confirmando os dados recebidos: 1) Menino de Braçanã Intérprete: Rita Lee Compositores: Arnaldo Passos / Luiz Rattes Vieira Filho Link: Ouça aqui Letra completa: É tarde, já vou indo Preciso ir embora, até amanhã Mamãe quando eu saí Disse: Bichinho, não demora em Braçanã Se eu demoro, mamãezinha tá a me esperar Pra me castigar Tá doido, moço, num faço isso, não Vou-me embora, vou sem medo dessa escuridão Quem anda com Deus Não tem medo de assombração E eu ando com Jesus Cristo no meu coração Ai, ai Lá, lá, lá, lá, lá, lá, ai, ai Lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá Lá, lá, lá, lá, lá (repetição) 2) Trem das Onze Intérprete: Adoniran Barbosa Compositor: Adoniran Barbosa Link: Ouça e veja a tradução aqui Letra completa: Não posso ficar nem mais um minuto com você Sinto muito, amor, mas não pode ser Moro em Jaçanã Se eu perder esse trem Que sai agora, às onze horas Só amanhã de manhã Além disso, mulher Tem outra coisa Minha mãe não dorme Enquanto eu não chegar Sou filho único Tenho minha casa pra olhar Não posso ficar (repetição) 3) Trocando em Miúdos Intérprete: Nara Leão Compositores: Chico Buarque / Francis Hime Link: Ouça aqui Letra completa: Eu vou lhe deixar a medida do bom fim Não me valeu Mas fico com o disco do Pixinguinha sim O resto é seu Trocando em miúdos pode guardar As sobras de tudo que chamam lar As sombras de tudo que fomos nós As marcas de amor nos nossos lençóis As nossas melhores lembranças Aquela esperança de tudo se ajeitar Pode esquecer Aquela aliança você pode empenhar Ou derreter Mas devo dizer que não vou lhe dar O enorme prazer de me ver chorar Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago Meu peito tão dilacerado Aliás, aceite uma ajuda do seu futuro amor Pro aluguel Devolva o Neruda que você me tomou E nunca leu Eu bato o portão sem fazer alarde Eu levo a carteira de identidade Uma saideira Muita saudade E a leve impressão de que já vou tarde
Análise Nas Entrelinhas: Motta sobe o tom contra o governo "Haddad sofre críticas por não fazer um corte de despesas maior, mas o catalisador da política é o aumento de alíquota de 0,38% para 0,95% para empréstimos e financiamentos", saienta o jornalista PRI-2705-ENTRELINHAS - (crédito: Maurenilson Freire) Não há pior momento para o governo tratar de aumento de impostos do que na última semana de prazo para a entrega da declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). É nesse contexto que o debate sobre o aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) virou uma "treta" entre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) — que criticou o governo pelo X (antigo Twitter) —, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que anunciou a medida e voltou atrás, parcialmente, na semana passada, mantendo o aumento do imposto. O governo anunciou um congelamento de R$ 31,3 bilhões no Orçamento de 2025, sendo R$ 10,6 bilhões em bloqueios temporários e R$ 20,7 bilhões em contingenciamentos mais duradouros. O valor cumpriria as regras do arcabouço fiscal, segundo as quais a despesa não pode crescer mais do que 2,5% ao ano (acima da inflação). Para atingir a meta fiscal, também prevê deficit zero, mas admite que poderá chegar a R$ 31 bilhões. Haddad sofre críticas por não fazer um corte de despesas maior, mas o catalisador da política é o aumento de alíquota de 0,38% para 0,95% para empréstimos e financiamentos a empresas. A alíquota diária passou de 0,0041% para 0,0082%, resultando em uma taxa anual de 3,95%. Entretanto, Haddad recuou da taxação de recursos enviados para investimentos no exterior, devido às pressões, e agora terá que anunciar um bloqueio adicional. O aumento do IOF sobre o câmbio e operações de crédito das empresas aumentará o custo do crédito para a indústria. Haddad tenta amenizar esse impacto, com o argumento de que o aumento dos juros básicos é outro fator que influencia o custo dos empréstimos ao setor produtivo. "Quando aumenta a Selic, aumenta o custo do crédito. É igual. Quando aumenta a Selic, aumenta o custo de crédito e nem por isso os empresários deixam de entender a necessidade da medida", disse. O aumento do IOF possibilitou que a oposição retomasse a ofensiva no Congresso. O deputado André Fernandes (PL-CE), na Câmara, e o senador Rogério Marinho (PL-RN), apresentaram propostas para suspender o aumento por decreto legislativo. O assunto ganhou mais tração no Congresso depois de uma entrevista de Haddad ao jornal O Globo, na qual o ministro falou que a superação do deficit estrutural "depende muito mais do Congresso". Segundo Haddad, "hoje nós vivemos um quase parlamentarismo. Quem dá a última palavra sobre tudo isso é o Congresso". Almoço indigesto Essa declaração tirou Hugo Motta do sério, que usou as redes sociais, ontem, para enviar um recado direto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em tom crítico, contestou a condução fiscal do Executivo e se posicionou pelo X (Twitter) contra qualquer tentativa de aumento da carga tributária: "Bom dia e boa semana! Lembrando o que disse logo que assumi: o Estado não gera riqueza — consome. E quem paga essa conta é a sociedade. A Câmara tem sido parceira do Brasil, ajudando a aprovar os bons projetos que chegam do Executivo, e assim continuaremos. Mas quem gasta mais do que arrecada não é vítima, é autor. O Executivo não pode gastar sem freio e, depois, passar o volante para o Congresso segurar. O Brasil não precisa de mais imposto. Precisa de menos desperdício. Vamos trabalhar sempre em harmonia e em defesa dos interesses do país." Motta almoçou com Lula no domingo, evitou tornar pública suas críticas no fim de semana, mas não manteve o silêncio obsequioso. A pressão dos seus pares é para pautar o aumento do IOF o quanto antes. Para o governo, isso será um desastre. Dificilmente o aumento será aprovado num ambiente no qual as críticas dos setores prejudicados se somam a insatisfação dos contribuintes, que estão declarando o IR até o final deste mês. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), também participou do almoço, mas não se pronunciou. Na conversa no Palácio da Alvorada, num encontro fora da agenda, Lula assumiu a responsabilidade pelo aumento do IOF e deixou claro para Motta e Alcolumbre que a proposta havia passado por ele. Ontem, o presidente da República foi embora mais cedo para casa com uma crise de labirintite, que geralmente é causada por infecções virais que inflamam o labirinto e/ou o nervo vestibular, estruturas importantes para o equilíbrio. Infecções como gripes e resfriados podem desencadear a doença. Outros fatores são infecções bacterianas, doenças autoimunes, traumas, problemas circulatórios, metabólicos e até mesmo o uso de certos medicamentos. O aumento do IOF é uma dor de cabeça para os empreendedores das empresas do Simples Nacional, cuja alíquota subiu de 0,38% para 0,95%, com a alíquota diária passando de 0,00137% para 0,00274%, totalizando 1,95% ao ano. O IOF unificado em 3,5% para cartões de crédito e débito internacionais, cartões pré-pagos, compra de moeda estrangeira em espécie e empréstimos externos de curto prazo, às vésperas das férias, também é uma dor de cabeça para os contribuintes de classe média. Enquanto isso, o aumento da faixa de isenção para contribuintes que ganham até R$ 5 mil por mês e a implementação de uma alíquota maior para rendas superiores a R$ 50 mil mensais empacaram no Congresso. Aumentar impostos para arrecadar mais e obter o equilíbrio fiscal pela receita, sem cortar gastos, parece uma obsessão de Lula. Mas parece que bateu no teto do Congresso, como uma Curva de Laffer política. Ontem, o presidente da República foi embora mais cedo devido uma crise de labirintite, que geralmente é causada por infecções virais que inflamam o labirinto e/ou o nervo vestibular, estruturas importantes para o equilíbrio. Lula sentiu-se mal, fez exames no hospital e foi pra casa repousar. Infecções como gripes e resfriados podem desencadear a doença. Outros fatores de labirintite são infecções bacterianas, doenças autoimunes, traumas, problemas circulatórios, metabólicos e até mesmo o uso de certos medicamentos. Saiba Mais Política Moraes assume relatório do inquérito contra Eduardo Bolsonaro no STF e decreta sigilo Política Lula tem indisposição, vai para hospital e é diagnosticado com labirintite Política Ex-assessor do general Augusto Heleno no GSI presta depoimento ao STF Política Moraes quebra sigilo de inquérito contra Eduardo Bolsonaro Luiz Carlos Azedo + Tags crise fernando haddad governo Hugo Motta iof Por Luiz Carlos Azedo postado em 27/05/2025 03:55 / atualizado em 27/05/2025 08:33
terça-feira, 27 de maio de 2025 Haddad faz o diabo - Carlos Andreazza O Estado de S. Paulo Inicio este artigo com a questão com que concluí o último: se o governo Lula já aciona, em maio de 2025, o botão do IOF, ao que estará apelando em maio de 26? Essa é a questão. Fernando Haddad disse que recuou – revogou parte do decreto – porque o aumento de imposto sobre aplicações no exterior “passava uma mensagem equivocada”. A mensagem foi transmitida de forma claríssima – e captada perfeitamente. Equivocada fora a decisão por instrumentalizar o IOF para estabelecer repressão financeira. Equivocada fora a decisão por instrumentalizar o IOF para elevar a arrecadação. Um conjunto de medidas que pretendeu controlar capitais. Não flertou com o controle de capitais. Quis mesmo reprimir o trânsito de dinheiros. Essa era a intenção. As iniciativas foram pensadas para segurar a saída de recursos do País. Jogada que o ministro da Fazenda chamou de “pequeno ajuste”. E que era “estudada há bastante tempo” – havia mais de ano. Imagine se a turma não estudasse. Estudando, avaliaram que o lance desvalorizaria o dólar... Volto à questão fundamental: se o governo encorpa o IOF agora, estará tomando nossa grana de que maneira no ano eleitoral? Essa é a questão. Questão que fez, ao contrário, o dólar mostrar os dentes; porque o cara preferirá pagar o imposto – perder algum – para tirar os seus dinheiros daqui do que arriscar ter prejuízos ainda maiores. Exemplo melhor do “risco Brasil” não haverá. Por isso Haddad e outros estudiosos decidiram recuar – porque já colhiam a desvalorização do real. O aumento das alíquotas do IOF não quis somente controlar capitais. O governo Lula ora aplica o Imposto sobre Operações Financeiras – que tem natureza regulatória e cuja utilização deve ser comedida – para fazer política fiscal. Para bater as metas mequetrefes que o próprio governo propôs. Para cumprir as regras frouxas do arcabouço fiscal – este presunto – que o próprio governo criou. Não corta despesas. Congela gastos e pedala-maquia a conta. Jamais em volume a contento. E então vem tapar o buraco do puxadinho cobrando mais IOF. É disso que se trata. É disto que se trata, afinal: dinheiro extra cobrado de nós para financiar mais uma tentativa de reeleição de presidente. Haddad, o moderado, aquele que seguraria o ímpeto gastador do Planalto, falou ao PT, na sede do partido em Brasília, na segunda, dia 19. Disse: “No ano que vem, a gente vai dar trabalho para essa extrema direita escrota que está aí. E vamos ver de novo o presidente Lula subir, mais uma vez, a rampa do palácio”. No dia 22, quinta, anunciaria a mordida via IOF, mais um ato para cumprir a profecia de “dar trabalho”. O mesmo que “fazer o diabo”. Dar trabalho para quem? Quem trabalhará para pagar essa fatura? É isto, repito, o que se quer: grana – nossa – para tentar empurrar Lula rampa acima.

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