sábado, 24 de maio de 2025

Rios de Vida: Entre o Sofrimento, a Memória e o Cotidiano

Do embate político à função redentora do sofrimento, da linguagem à poesia: um percurso pela história, pela filosofia e pela cultura brasileira.
📸 Sebastião Salgado Fonte: Instituto Terra Hermeto Pascoal | Programa Instrumental Sesc Brasil Instrumental Sesc Brasil "Caso houvesse menos desinteligência e se confiasse, de fato, nas instituições guardiãs da liberdade e da democracia, no verdadeiro Estado de Direito, talvez percebessem que há mais estrelas e planetas no firmamento, e enxergassem a estrela solar de Sebastião por trás da lente, com suas duas contas contra a luz, passando como um cometa Halley, à busca de luz."
"E a vida só é possível reinventada."Manuel Bandeira Epitáfio: "Aqui jazem os gestos que forjaram a liberdade, Os nomes que recusaram o silêncio, E as palavras que, mesmo frágeis, sustentaram a memória."
Ponte Maurício de Nassau A Ponte Maurício de Nassau localiza-se na cidade do Recife e interliga os bairros do Recife e Santo Antônio. Foi a primeira ponte de grande porte do Brasil.[1] Rios que afundam a memória sob lajes partidas, sobre lajes erguidas, um corpo suspenso, como andaime ou travessia, ergue o estuque do tempo — e da palavra. Vem o verbo em pedra, seca, incisiva, como traço arquitetônico, mas pulsa, ainda, como carne e afeto, como pão e café, como lençol de manhã, em cheiro e fome — e ausência. Assim se represa o rio, assim se despeja a vida.
Gravura do Recife, Johann Moritz Rugendas — Domínio Público Venda em Recife, Pernambuco. Ilustração de Johann Moritz Rugendas, (1822-1825). Durante sua viagem pelo Brasil, Rugendas descreveu a Capital de Pernambuco como a mais limpa e organizada cidade do País. Introdução: roteiro do percurso Este artigo propõe um itinerário que atravessa as fronteiras entre a memória histórica, o sofrimento como experiência formadora, a linguagem como estrutura de interação humana, e a cultura como expressão máxima do cotidiano. O fio condutor parte da narrativa de encontros políticos e acadêmicos, atravessa a história de resistência democrática no Brasil, reflete sobre a função filosófica do sofrimento, esmiúça o funcionamento do imperativo na linguagem e encerra-se na celebração da simplicidade, através da música e da poesia. Como um grande rio, essas águas se confluem, criam margens e atravessam campos diversos do saber, sempre em movimento.
Mapa holandês de 1665 mostrando a ponte original, antecessora da atual, que ligava o Recife (Reciffo) à Cidade Maurícia (Stadt Mauritius). Texto Integrado: Reflexões sobre História, Linguagem, Sofrimento e Cultura No ambiente acadêmico e político brasileiro, algumas trajetórias se cruzam de forma significativa. Eduardo Bolsonaro e Chico Alencar, respectivamente aluno de Direito e professor no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), foram contemporâneos na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mais tarde, encontraram-se novamente, desta vez como pares na Câmara dos Deputados, compartilhando, ainda que por visões distintas, a arena política nacional. Essas relações institucionais e humanas, que transpassam o tempo e os espaços institucionais, remetem a episódios marcantes da nossa história recente, como a crise estrutural das universidades federais. A precarização das condições de ensino e pesquisa não é um fenômeno novo. Há mais de vinte anos, o vice-reitor e professor da UFRJ, Joel Teodósio, foi vitimado pelo desabamento de uma laje em deterioração no Hospital Universitário. Após permanecer em coma por cerca de dois anos, faleceu na casa da família, no Recife (PE). Joel era filho de Naide e Bianor Teodósio, médicos e professores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ambos presos durante o golpe militar de 1964. Naide, enquanto médica, chegou a realizar o parto de outra prisioneira política durante sua detenção. A família Teodósio integra o rol das personalidades comprometidas com o campo socialista democrático em Pernambuco. Marta, filha do casal, seguiu a tradição familiar, atuando como médica e professora da UFPE, com mestrado e doutorado pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Outro filho, Manoel Teodósio, o “Mano”, destacou-se como militante do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), assessorando figuras públicas como Jarbas Vasconcelos, que foi prefeito do Recife, senador e governador de Pernambuco. A matriarca, Naide, participou do governo de Miguel Arraes (1963-1964), deposto e preso por um ano na Ilha de Fernando de Noronha após o golpe militar. Assim, a memória da família Teodósio — composta por médicos, engenheiros e professores universitários — permanece viva entre todos que batalharam pela democracia, pela legalidade e pelo progresso social em Pernambuco e no Brasil. A trajetória humana, marcada por desafios e superações, encontra no sofrimento uma função paradoxalmente redentora. A astrologia sugere que, sob a influência estelar de um trígono entre Sol e Plutão e a conjunção entre Mercúrio e Urano, evidencia-se o pressentimento de uma dimensão maior, capaz de nos amparar e proteger. Toda vez que, impotentes, nos vemos diante de desafios que fogem ao nosso controle, tendemos a buscar essa dimensão superior, seja pela via da fé ou da ciência. Independentemente do nome que lhe damos, o essencial é compreender que o sofrimento nos impele a transcender o autocentramento e nos reconectar com os rios maiores da Vida, nos quais nos movimentamos e experimentamos a existência. Embora fosse desejável que essa conexão se fizesse pela alegria, é ainda o sofrimento — reflexo de nossa ignorância empedernida — que amplia nosso entendimento e nossa sensibilidade ao essencial. No campo da linguagem, a proposição imperativa desempenha papel fundamental ao expressar diversas intenções comunicativas. Trata-se da estrutura que exerce funções típicas do modo imperativo: exortar, ordenar, invocar, postular ou convidar. Exortar: consiste em dar uma ordem, buscando convencer. Exemplo: Dá-me um pedaço de pão, porque estou com fome. Ordenar: implica exprimir uma ordem direta. Exemplo: Olívio! Vá pegar a patativa. Invocar: refere-se ao ato de chamar ou convocar. Exemplo: Vem, criança, vem comigo. Postular: caracteriza-se por pedir com insistência. Exemplo: Levante-se; não é respeitoso sentar quando outros de pé estão. Convidar: corresponde a solicitar o comparecimento, estimulando o interesse do convidado. Exemplo: Vem ao estudo, porque o estudo engrandece. Esses recursos, ao estruturarem comandos, convites ou apelos, revelam a riqueza funcional da linguagem e sua importância na interação humana. Por fim, a arte, enquanto expressão sensível da experiência humana, materializa-se também na música popular. Em “Café com Pão”, de João Donato, celebra-se a simplicidade cotidiana, evocando imagens de afeto e naturalidade entre dois seres que se amam: Café Com Pão João Donato Coisas tão simples de nós dois Pão com manteiga no café Coisa com coisa que somou mais Coisas tão poucas, tão banais Coisas com coisas tão iguais Coisa que homem e mulher faz Coisas de quem sabe o que quer Somos assim tão naturais Como o amor dos animais... É coisa que a gente nem deu nome E de manhã aquela fome O nosso cheiro nos lençóis Nós. A música, com sua delicadeza poética, reafirma a beleza das coisas simples, das experiências partilhadas, e da harmonia espontânea, lembrando-nos que, para além das lutas e dos sofrimentos, reside também a ternura do cotidiano. Esse texto, ao articular memórias históricas, reflexões filosóficas, análises linguísticas e manifestações culturais, evidencia a complexidade e a beleza da condição humana em suas múltiplas dimensões. Síntese final / Conclusão A presente travessia pelas memórias, ideias e expressões culturais brasileiras revela como as estruturas humanas — sejam elas políticas, filosóficas, linguísticas ou artísticas — estão intrinsecamente ligadas aos processos históricos e às experiências de vida. O sofrimento emerge, paradoxalmente, como força de reconexão com a Vida maior, enquanto a linguagem se faz instrumento essencial para organizar e transmitir essa experiência. Por fim, a arte, seja na música ou na poesia, transforma o ordinário em sublime, selando nossa condição de seres que vivem, sofrem, resistem, e amam. Este percurso não apenas revisita a memória e o conhecimento, mas reafirma a potência da cultura como alicerce e testemunho da humanidade. Referências e fontes: Eurípedes — o Homem e a Missão, pp. 114-116 — Conceito de proposição imperativa. Memórias: Família Teodósio do Recife-Pe. — Antônio Fausto Nascimento. Data estelar: Sol e Plutão em trígono, Mercúrio e Urano em conjunção — reflexão filosófico-astrológica. Letra da música “Café com Pão” — Composição: João Donato. Gravura: Johann Moritz Rugendas, domínio público — Wikimedia Commons. Poetas referenciais: Joaquim Cardozo, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira. Música-tema: 🎵 “Café com Pão” — João Donato Escolhida por simbolizar a celebração das coisas simples e cotidianas, que transcendem o sofrimento e se convertem em poesia e afeto, encerrando o artigo com leveza e beleza. ✅ Resumo final Este artigo articula memórias políticas e familiares, reflexões filosóficas sobre o sofrimento, explicações sobre estruturas linguísticas e a apreciação da arte na música e na poesia, compondo uma visão ampla e integradora da cultura brasileira. Como um rio que se alonga e encontra afluentes, o texto conecta e celebra a diversidade de expressões humanas que fazem do Brasil um território de resistência, criatividade e esperança.
O IOF encrenca nossa vida, não importam fofocas e fogueira das vaidades no governo sexta-feira, 23 de maio de 2025 Lula vai apanhar mais com IOF - Vinicius Torres Freire Folha de S. Paulo Novo IOF encarece crédito para empresa, custo de 'brusinhas' e tapa buraco do arcabouço fiscal Os economistas do governo disseram que vão fazer o arroz com feijão para cumprir o "arcabouço fiscal". No meio desse caldo, vieram uns caroços grandes de azeitona, aumentos de IOF, que anualmente renderiam R$ 40 bilhões. Isto é, a fim de respeitar a meta de déficit primário, Lula 3 vai cobrar um dinheiro extra. Foi assim o anúncio da revisão bimestral das contas do governo federal, nesta quinta (22). Um arrochozinho inesperado, por meio de aumento de imposto. Quebrou uns dentes. O prato-feito da revisão bimestral de gastos não muda a economia e a política econômica, mas vai encarecer operações financeiras e ser politicamente indigesto. Para a maioria das pessoas, mesmo as de renda mais alta, não vai fazer lá grande diferença. Mas o crédito para empresas ficará mais caro, por exemplo, com algum aumento de custo, perda de produção e produtos mais caros. O "mercado" vai pagar mais. Até as "brusinhas" vão custar mais caro. Em suma, com mais IOF, o governo contribuiria para o arrocho da Selic alta e das taxas de juros altas no atacadão do mercado de dinheiro. Na política, ainda mais na política viral e epidêmica das redes, vai se bater mais no ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que será xingado de Taxad. Para começar. Vai ter mais imposto sobre operações de crédito, sobre empréstimos para empresas, fora as que estão nos Simples —as taxas de juros desses financiamentos vão aumentar, em português claro. Vai ter imposto sobre planos de previdência VGBL e seguros de vida de "ricos", com contribuições mensais de R$ 50 mil ou mais. Tributo maior sobre gastos em compras internacionais (com cartão de crédito, pré-pago e débito), compras de moeda estrangeira (em dinheiro vivo), remessas para o exterior e empréstimos externos de curto prazo (um ano), cooperativas maiores. Quanto à revisão de gastos, em si, o que mudaria para a atividade econômica (PIB, emprego, inflação) e para a política macroeconômica (aumento da dívida pública, taxas de juros)? Nada. O IOF aumenta o arrocho em um tico. Se o governo não suspendesse despesas, poderia dar nalguma besteira depois do anúncio do que é oficialmente chamado de "Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias". Seria assim se ignorasse o gasto maior do que o previsto com Previdência e outros benefícios sociais e ignorasse que a receita pode não vir na quantidade planejada (por arrecadação menor com petróleo, estatais, negociação de pagamento de dívidas de empresas com a Receita Federal). No essencial, os ministérios da Fazenda e do Planejamento disseram que devem evitar gastos em quantidade bastante para manter a despesa no limite do teto do "arcabouço" e o suficiente para evitar que o déficit primário seja maior do que 0,25% do PIB (uns R$ 30 bilhões), a outra meta maior do "arcabouço". Vai ser por um triz e por IOF. A quantidade de dinheiro que, por ora, deixará de ser gasta veio mais ou menos no tamanho esperado por economistas e gestores do dinheiro grosso. Houve uns siricuticos do mercado, quando ainda se especulava se o governo ainda poderia inventar outro aumento de receita e porque, até o fim dos negócios do dia, não se sabia quem pagaria o IOF extra e quanto. Vai ficar um gosto amargo na praça financeira pelos próximos dias. No essencial, na economia, ficamos na mesma. Na política, Lula vai apanhar mais. JORNAL DA CULTURA | 24/05/2025 Jornalismo TV Cultura Transmissão ao vivo realizada há 2 horas #JC #TVCultura #JornalismoTVCultura No Jornal da Cultura deste sábado (24), você vai ver: oposição reage às novas regras do IOF e à recusa da Fazenda; Wagner Moura e Kleber Mendonça Filho são premiados em Cannes; Quase 650 mil estudantes estão em escolas sem água potável, segundo o Censo Escolar; Reims recebe exposição sobre Rodrigo, filho de Sebastião Salgado; Prouni registra 85% de ociosidade no segundo semestre de 2024. Esses e outros destaques você confere agora no Jornal da Cultura!

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