sábado, 9 de agosto de 2025

Attila, os Filhos do Século e os Bolsonaros — Entre a Tragédia e a Farsa

D. Evarista mentiu às esperanças do Dr. Bacamarte, não lhe deu filhos robustos nem mofinos” (MACHADO DE ASSIS, cit., p. 15).
O Alienista” – Resumo e Análise do conto de Machado de Assis "QI: Confundir teste de inteligência com teste de senilidade é a receita infalível para ser reprovado em ambos — e ainda ganhar um atestado de confusão mental!" Encontro Marcado com Fernando Sabino [Rede Minas Memória] Rede Minas 12 de out. de 2023 #RedeMinas #RedeMinasMemoria #FernandoSabino No dia 12 de outubro de 2023 o escritor mineiro Fernando Sabino completaria 100 anos de vida. Junto com Hélio Pellegrino, seu amigo de infância, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos, formava o grupo dos “quatro cavaleiros de um íntimo apocalipse”. Nesse trecho do ‪@SempreUmPapo‬, de 1988, o sobrinho de Sabino questiona o seu tio, bem ao estilo perguntador das crianças, sobre suas obras preferidas e sobre, sua amizade com Pellegrino.
sábado, 9 de agosto de 2025 Encontro marcado - Oscar Vilhena Vieira Folha de S. Paulo Sem mudanças, STF continuará vulnerável a ataques dos que querem destruir a ordem constitucional Os ataques da extrema direita ao Supremo Tribunal Federal são uma consequência direta da disposição da corte em defender a democracia. Suas deficiências, no entanto, colocam o tribunal e seus membros em situação de vulnerabilidade face aos inimigos da Constituição. A presente ofensiva contra o Supremo não constitui um fato isolado. Nos últimos meses, tribunais franceses e israelenses também vêm sendo hostilizados e acusados de promover uma "caça às bruxas", por conduzirem processos contra Marine Le Pen e Binyamin Netanyahu. Até mesmo o Tribunal Penal Internacional, que investiga o premiê de Israel por crimes contra a humanidade, passou a sofrer retaliações. Vivemos uma quadra bruta da história, em que consensos civilizatórios básicos, em torno das ideias de democracia constitucional, de primazia dos direitos humanos, de autodeterminação dos povos, de proibição do uso da força nas relações internacionais e da regulação do comercio internacional estão sob forte ataque de forças nacionalistas e autoritárias. Nesse contexto, tribunais independentes são vistos como obstáculos, que devem ser desacreditados, capturados ou suprimidos, como ocorreu na Rússia, na Venezuela, na Hungria ou na Turquia nas últimas décadas. É importante não esquecer que dois terços da população mundial vivem hoje sob regimes autoritários. Nesses regimes não há tribunais independentes. A tentativa de subordinação do Supremo não é uma novidade no Brasil. Como destacou o ministro Luis Roberto Barroso em seu recente e contundente discurso na reabertura dos trabalhos do STF, as tentativas de subordinação do tribunal têm sido recorrentes ao longo de nossa história republicana. Veio de Floriano Peixoto a primeira ameaça ao STF, ainda em 1891, ao perguntar ameaçadoramente quem concederia habeas corpus aos ministros do STF se estes concedessem habeas corpus aos inimigos do presidente? Daí em diante, ministros foram cassados, tanto pelo regime Vargas como pelo regime militar, e os dois regimes alteraram a composição e as prerrogativas do tribunal. Inúmeras foram as rupturas ou tentativas de ruptura da ordem constitucional nestes 200 anos de acidentada trajetória constitucional. A associação de militares com setores autoritários tem sido motivo de grande instabilidade nas nossas instituições. Sucessivas leis de anistia asseguraram a impunidade àqueles que se insurgiram contra a Constituição e a soberania popular ou atentaram contra os direitos humanos, servindo como incentivo para os futuros golpes e quarteladas. O presente julgamento do ex-presidente Bolsonaro e de mais de uma dezena de militares de alta patente, acusados de atentar contra o Estado democrático de Direito, é um fato sem precedentes em nossa história e institucional, rompendo esse perverso ciclo de impunidade. A tentativa de intimidar o Supremo, assim como a de emparedar os presidentes da Câmara e do Senado, para aprovar uma nova lei de anistia em benefício de Bolsonaro é apenas mais uma evidência da falta de compromisso da extrema direita brasileira com as regras do jogo democrático. O desafio imediato é sobreviver às investidas, tanto internas como externas, contra a ordem constitucional. Superada a borrasca, no entanto, o Supremo tem um encontro marcado com suas deficiências, como parece ter clareza o ministro Edson Fachin. Sem que o tribunal aperte algumas porcas e parafusos, adotando um código de conduta, reduzindo o protagonismo individual de alguns de seus membros e estabilizando colegiadamente sua jurisprudência, continuará vulnerável aos ataques daqueles que querem destruir a ordem constitucional.
sábado, 9 de agosto de 2025 A disputa pela franquia Bolsonaro - Thaís Oyama O Globo Quem será o ungido que levará a tocha do bolsonarismo nas eleições de 2026? Hermeticamente fechado em casa até segunda ordem, e sem perspectiva de sair desta para melhor com o julgamento de setembro, muito antes pelo contrário, Jair Bolsonaro está prestes a virar uma “ideia”. A afirmação de que fulano “não é mais uma pessoa, mas uma ideia” foi usada por integralistas nos anos 1930 para se referir ao líder do movimento de extrema direita e inspiração fascista Plínio Salgado. Lula copiou a frase em 2018, no discurso que fez antes de se entregar à Polícia Federal. Ironicamente, ela pode agora ser adaptada a seu adversário Bolsonaro — o quarto ex-presidente brasileiro a amargar a prisão, fato que leva qualquer um a se perguntar o que há de errado com este país. De imediato, a controversa e muito criticada prisão de Bolsonaro ordenada por Alexandre de Moraes aumenta a pressão para que o ex-presidente indique seu Zero Dois, o ungido que levará a tocha do bolsonarismo nas eleições de 2026. Tarcísio de Freitas segue dizendo que não quer, mas a pressão para que mude de ideia crescerá diante de um eventual aceno do ex-presidente. Ratinho Junior permanece no páreo, como nome do PSD ou numa composição com partidos do Centrão — também a depender do dedaço de Bolsonaro. Dentro do clã, Michelle Bolsonaro conta com o entusiasmo de Valdemar Costa Neto, presidente do PL. Viaja e se comporta como candidata. Há 15 dias, aliados dela procuraram amigos de um político fora da órbita bolsonarista para discutir a ampliação de seu arco eleitoral. Não por coincidência, o político é o mesmo que havia sido sondado, sem sucesso, para ser vice do hoje praticamente inviável Eduardo Bolsonaro. Flávio, o primogênito, agrada mais dentro da política que fora. Sempre na lanterninha das pesquisas, é tido por líderes da centro-direita no Congresso como o mais palatável entre os nomes da franquia Bolsonaro. Virá desses líderes boa parte da pressão que o ex-presidente, preso, sofrerá a partir de agora. Para eles, quanto mais Bolsonaro demorar a indicar seu candidato, mais ajudará Lula, cujo plano de reeleição passa pela aprovação de um pacote de benefícios sociais no Congresso. No entender desses políticos, parlamentares de partidos com ministérios no governo — como MDB, União Progressista e Republicanos — hesitarão em arcar com o ônus de votar contra propostas como a ampliação do vale-gás se não souberem qual é o projeto de poder no campo oposto e que contrapartidas ele oferece. Sacrifício, só com recibo. O Centrão, porém, terá de conviver por mais tempo com sua angústia. Bolsonaro e seu círculo íntimo ainda têm a esperança de que ele saia do modo inelegível para o de candidato antes de 31 de março de 2026, prazo para que ocupantes de cargos públicos, como os governadores Tarcísio e Ratinho Junior, renunciem a seus postos. Nas palavras de um conselheiro da família, embalam a esperança de que “tudo pode acontecer”. Desde uma hipotética preferência de Lula por ter Bolsonaro como adversário em 2026 até uma esperada, e eloquente, retaliação de Donald Trump à prisão do ex-presidente. Eduardo Bolsonaro acrescenta a essa lista os efeitos do tarifaço no médio prazo. Crê o deputado, segundo diz a aliados, que o sofrimento econômico imposto ao país por Trump poderá fazer as “elites brasileiras”, até agora inertes diante de arbitrariedades cometidas por Moraes, “finalmente se mexer” e pressionar Legislativo e Judiciário em prol de causas como a anistia ao seu pai. Quanto aos termos da esperada ajuda de Washington a Bolsonaro, o conselheiro do clã afirma apenas ter certeza de que “Trump não perde” e, portanto, não engolirá uma “derrota” para Moraes. A dúvida é o lugar na escala de prioridades de Trump ocupado por Bolsonaro. A cada novo episódio de radicalismo protagonizado por seus discípulos, como o triste motim no Congresso, ele lembra ao país que, preso ou solto, continua a ser má ideia. Entenda o plano de Israel para tomar a cidade de Gaza | Fora da Ordem #12 CNN Brasil Transmitido ao vivo em 8 de ago. de 2025 FORA DA ORDEM | 1ª TEMPORADA 🌏 A CNN Brasil estreou o videocast semanal #ForadaOrdem e você pode assistir aqui o episódio de hoje! O programa explica as transformações e tensões da política internacional. Neste episódio, você vai entender o plano de Israel para tomar a cidade de Gaza, o que esperar do encontro entre Putin e Trump e a estratégia do governo brasileiro para se defender das taxações dos Estados Unidos. Assista ao vivo, toda sexta-feira, a partir das 13h (horário de Brasília) com apresentação de analista de Internacional Lourival Sant’Anna, o analista sênior de Internacional Américo Martins, direto de Londres, e a correspondente Priscila Yazbek, de Nova York. Tristeza Pé no Chão Clara Nunes Composição: Armando Fernandes. Rapaz, sabe o que me irrita? Gente que fala “no meu sentir” achando que tá arrasando. Parece que tá recitando bula de remédio em francês. Manuel Bandeira que me perdoe a comparação, mas ele sim sabia dizer “Juiz de Fora” e fazer a gente sentir cheiro de jabuticaba na hora, sem nem fechar o olho. Aí vem o Weber, o tal do Max, e me solta que tem ética da convicção e ética da responsabilidade. Traduzindo pro botequim: uma é seguir o que você acredita até o fim, custe o que custar; a outra é pensar no estrago que pode dar e escolher o que dói menos. Simples. E como cantava Clara Nunes, “pé no chão” é a única tradição que vale. Falar claro, sem empolação, é como cerveja bem tirada: gelada, direta e sem espuma demais.
Introdução Revisita ao filme 1900 (1976), de Bernardo Bertolucci, como lente para compreender o bolsonarismo. Enredo do filme: luta de classes na Itália rural do início do século XX, ascensão e queda do fascismo de Mussolini. Personagem central para a análise: Attila Mellanchini, capataz fascista, brutal com os fracos e servil aos poderosos. Pararelo estabelecido: Eduardo Bolsonaro e o clã Bolsonaro reproduzem traços e estratégias do fascismo histórico. Resumo Attila no filme Sádico, ressentido, oportunista, bajulador de patrões. Representa as camadas médias frustradas que aderiram ao fascismo por medo do socialismo. Violência e covardia caminham juntas: arrogante com camponeses, submisso com chefes. Fascismo histórico vs. bolsonarismo Itália pós-Primeira Guerra: desemprego, inflação, greves, medo do comunismo. Brasil pré-bolsonarismo: instabilidade política, recessão, antipetismo, crise de representação. Bases sociais semelhantes: camadas médias e periféricas ressentidas, militares, pequenos empresários, conservadores. Paralelos de ações “Marcha sobre Roma” × 8 de janeiro de 2023 no Brasil. Truculência parlamentar fascista × agressividade de parlamentares bolsonaristas. Anticomunismo virulento como trampolim político. O fim de Attila e o medo dos Bolsonaros No filme: Attila é capturado, implora por sua vida, revelando fragilidade moral. Na vida real: Bolsonaro reverente diante do STF, Eduardo dependente do respaldo de Trump. Ambos: valentia só sob proteção; diante da derrota, medo e tentativa de se justificar. Conclusão O fascismo de Mussolini foi uma tragédia; o bolsonarismo, sua versão farsesca. A imagem final de Attila — sujo, derrotado e choramingando — desmonta o mito do homem fascista forte e destemido. Bolsonaro e seu clã podem não ter fim trágico como Attila, mas serão julgados por um Estado Democrático de Direito. Entre prisão e desonra, já escolheram a desonra — e acabarão enfrentando ambas.
Attila, os filhos do século e os Bolsonaros Por Tibério Canuto | ago 8, 2025 | Artigos | 3 | Revisitar a grande obra de Bernardo Bertolucci – o filme 1900 – é quase mandatório para entender os tempos atuais, em particular o Brasil de hoje e o bolsonarismo. O enredo se desenrola em torno da luta de classes no início do século XX, tendo como pano de fundo a ascensão e a queda do fascismo de Mussolini. A obra nos ajuda, sobretudo, a compreender o perfil psicológico do clã dos Bolsonaros. Pai e filhos – principalmente Eduardo, o “Zero Três” – têm traços muito semelhantes aos do fascista de 1900, Attila Mellanchini, personagem magistralmente interpretado por Donald Sutherland. Na estética do filme de Bertolucci, Attila é um capataz fascista, sádico, ressentido e brutal, que trabalha para um grande latifundiário na Itália rural do início do século XX. Ele representa, de forma grotesca e hiperbolizada, a ascensão do fascismo entre as camadas intermediárias daquela Itália, especialmente entre pequenos funcionários, soldados e trabalhadores cooptados pelo discurso de ordem, autoridade e anticomunismo. Foi essa massa que massacrou os camponeses, reprimiu sindicatos e movimentos grevistas nos anos que antecederam a ascensão de Mussolini ao poder, vindo a formar o contingente dos fasci di combattimento – uma horda de arruaceiros e a coluna vertebral da “Marcha sobre Roma”. Eram a “gendarmeria” a serviço dos latifundiários e do patronato industrial, que temiam os ventos socialistas que varriam a península Itálica naquela época. Há um livro magistral – M. O Filho do Século, de Antonio Scurati – que retrata esse lumpesinatodas camadas médias como um exército de violentos e frustrados por não encontrarem espaço na Itália pós-Primeira Guerra Mundial, e que viram no fascismo o meio para sua ascensão social. É inescapável traçar um paralelo entre a ascensão do fascismo descrita no primeiro volume da trilogia de Scurati e a ascensão do bolsonarismo no Brasil. A intentona bolsonarista de 8 de janeiro é uma cópia grotesca da “Marcha sobre Roma”, assim como a ação violenta de parlamentares bolsonaristas que ocuparam o Congresso Nacional se assemelha à truculência de deputados fascistas no parlamento italiano do início dos anos 1920. Mas voltemos a Attila Mellanchini. Embora seja brutal com camponeses e comunistas, Attila é bajulador e servil diante dos patrões e do sistema fascista. Isso revela seu papel como instrumento de dominação, mas também sua fragilidade moral. Sádico, prepotente, oportunista e, ao mesmo tempo, subserviente aos poderosos — assim como Eduardo Bolsonaro, que se esmera na vassalagem a Trump. O personagem de Bertolucci e o Eduardo da vida real têm outro ponto em comum: ambos enxergaram no anticomunismo virulento um meio para a ascensão social e política. Attila não é apenas um personagem individual, mas uma alegoria do fascismo como expressão do ódio de classe, do ressentimento pequeno-burguês e da transformação de homens comuns em monstros sob o manto da ideologia autoritária. Qualquer semelhança com bolsonaristas que se enrolam na bandeira nacional, tramaram assassinatos do presidente da República, do seu vice e de um ministro do STF, não é mera coincidência. Quando o fascismo é derrubado na Itália, ao final da Segunda Guerra Mundial, e os camponeses tomam temporariamente o controle, Attila é capturado e julgado pelo povo. Nesse momento, revela seu verdadeiro caráter. Implora por sua vida, se mostra frágil e amedrontado — uma figura bem distante da postura arrogante e violenta que sustentava quando tinha respaldo do regime fascista. Suas palavras e gestos revelam sua covardia moral: ele não assume seus crimes com altivez nem se responsabiliza por eles. Em vez disso, tenta se justificar e fugir do destino. Aquele Bolsonaro dócil e reverencial diante de Alexandre de Moraes, quando foi inquirido no processo que responde no STF por tentativa de golpe de Estado, é Attila redivivo em seu trágico fim. A ideia de um fascismo formado por “heróis da pátria” não resiste à realidade, quando a hora da verdade bate à porta. A figura final de Attila — derrotado, sujo, choramingando — é uma imagem patética e reveladora. Bertolucci não apenas denuncia o fascismo como sistema, mas desmonta o mito do homem fascista como viril, forte e destemido, mostrando-o como o que realmente é: um covarde disfarçado de valentão, cuja violência esconde sua pequenez interior. Não tenham dúvidas: Bolsonaro morre de medo de terminar seus dias na prisão, ainda que seja em prisão domiciliar. Nessas horas, ele é o personagem frágil, de olhos lacrimosos e expressão tristonha. Já a valentia de Eduardo Bolsonaro só se manifesta quando está protegido debaixo do guarda-chuva de Donald Trump. Não espanta, portanto, que, entre a desonra e a prisão, tenham escolhido a desonra e traído sua pátria. Terão, assim, a prisão e a desonra. Não terão o mesmo fim trágico de Attila Mellanchini, que perdeu a vida quando os camponeses resolveram fazer justiça com as próprias mãos. Serão julgados por um Estado Democrático de Direito, com direito ao contraditório e à mais ampla defesa. Mas não tenham dúvidas: ao final, pagarão por seus crimes contra a democracia — e, agora, contra a soberania nacional. A Itália pós-Primeira Guerra Mundial enfrentava desemprego em massa, inflação, revoltas camponesas, greves e o colapso da autoridade liberal. Havia o medo do comunismo, estimulado pela Revolução Russa de 1917. O bolsonarismo surgiu após anos de instabilidade política, recessão econômica, a crise de representação provocada por escândalos de corrupção (como a Lava Jato) e o impeachment de Dilma Rousseff. Havia um sentimento difuso de antipetismo, desconfiança nas instituições e pânico moral com relação à esquerda. Mussolini e Bolsonaro se apoiaram em segmentos frustrados das camadas médias e periféricas, ressentidas por perderem prestígio e estabilidade: Na Itália, a base do fascismo era composta por ex-combatentes, pequenos proprietários, funcionários públicos, comerciantes e trabalhadores precarizados, que viam nos socialistas uma ameaça à ordem. No Brasil, o bolsonarismo atraiu militares da reserva, PMs, funcionários públicos, evangélicos conservadores, pequenos empresários, e classes populares afetadas pela crise econômica, com ressentimento contra “os privilégios da elite progressista”. Ambos, foram filhos do seu século. O fascismo italiano de Mussolini caiu como uma tragédia para a Itália. Já o bolsonarismo é sua versão farsesca, um século depois. https://revistasera.info/2025/08/attila-os-filhos-do-seculo-e-os-bolsonaros/ Official Trailer 1900 (1976, Bernardo Bertolucci, Robert De Niro, Gérard Depardieu) Trailer World 19 de mar. de 2023 Theatrical trailer of "1900" (Novecento) by Bernardo Bertolucci. Starring Robert De Niro, Gérard Depardieu, Dominique Sanda, Francesca Bertini, Laura Betti, Werner Bruhns, Stefania Casini, Sterling Hayden, Anna Henkel, Ellen Schwiers, Alida Valli, Romolo Valli, Paolo Branco, Stefania Sandrelli, Donald Sutherland, Burt Lancaster Música 1 músicas Romanzo Ennio Morricone Novecento (Original Motion Picture Soundtrack)
Pôster promocional Itália França Alemanha Ocidental 1976 • cor • 311 min Gênero drama histórico Direção Bernardo Bertolucci Produção Alberto Grimaldi Roteiro Franco Arcalli Bernardo Bertolucci Giuseppe Bertolucci Elenco Robert De Niro Gérard Depardieu Dominique Sanda Donald Sutherland Burt Lancaster Música Ennio Morricone Diretor de fotografia Vittorio Storaro Distribuição Paramount Pictures United Artists 20th Century Fox Idioma língua italiana língua francesa língua alemã língua inglesa
Segue um resumo compreensivo do artigo de Marcus Pestana “Palpites sobre o SUS”: O autor propõe deixar de lado discussões políticas imediatistas, como as polêmicas envolvendo Donald Trump e crises institucionais brasileiras, para focar nas necessidades reais da população, especialmente na saúde. Relembra sua experiência como secretário de Saúde de Minas Gerais (2003–2010) e o legado deixado na gestão do SUS. Pestana ressalta que o SUS, apesar de gargalos e imperfeições, é uma conquista constitucional de 1988 que garante acesso universal à saúde. Reconhece a escassez de recursos, mas defende que é possível aumentar a eficiência e a produtividade na gestão. O texto critica o programa federal “Agora Tem Especialistas”, lançado como principal ação em saúde no ciclo 2023–2026. Para ele, dar protagonismo à atenção secundária (consultas e exames especializados) é equivocado, pois: Especialistas nunca estiveram ausentes em muitas regiões, como em Minas Gerais. O foco deveria estar na construção de redes integradas de atenção, com a atenção primária como eixo central e coordenador. Ele explica que um sistema eficiente conecta atenção primária (prevenção e cuidados básicos), secundária (especialistas e exames) e terciária (hospitais), complementados por políticas de medicamentos e vigilância em saúde. Pestana defende que 80% das demandas deveriam ser resolvidas na atenção primária, mas esta ainda sofre com problemas como: formação precária de médicos, falta de carreira nacional, infraestrutura deficiente, ausência de educação continuada, telemedicina e metas com incentivos. Na atenção secundária e terciária, aponta como melhor solução os consórcios intermunicipais nos polos regionais e a organização de uma rede hospitalar hierarquizada, com preferência para instituições filantrópicas ou geridas por organizações sociais, reguladas e articuladas com transporte e triagem eficientes. Critica programas pontuais, como mutirões e compra de serviços privados, por serem paliativos e não estruturantes. Conclui que apenas redes integradas, ancoradas em uma atenção primária qualificada, poderão avançar o SUS e cumprir a missão definida na Constituição e sonhada pela reforma sanitária dos anos 1980.
sábado, 9 de agosto de 2025 Palpites sobre o SUS - Marcus Pestana Chega, caros leitores, de falar sobre as estripulias de Donald Trump ou sobre a instabilidade política e institucional que ameaça a democracia brasileira. As crises conjunturais têm o condão de nos tirar atenção daquilo que realmente importa: as necessidades reais e básicas da maioria da população. Há enormes lacunas no Brasil que envolvem o cotidiano das pessoas nos campos da saúde, educação, moradia, saneamento, segurança, segurança alimentar, renda e emprego. E só temos tempo para discutir as ameaças e bravatas do Dr. Trump, as posturas do STF, as reações do ex-presidente, as repercussões no Congresso. Ou, qual a bolha ideológica irá radicalizar mais e nos alimentar de incertezas crescentes e informações parciais? Chamo este artigo de “palpites” porque estou destreinado, enferrujado. Afinal, faz mais de quinze anos que deixei a Secretaria de Saúde de Minas Gerais, que tive a honra de dirigir, acompanhado por uma equipe excepcional, de 2003 a 2010 - período mais feliz e produtivo de minha vida pública - e que deixou um legado até hoje referência nacional. O SUS – nunca é demais repetir – é uma ousada e vitoriosa aposta feita pelos nossos constituintes de 1988. Cheio de gargalos e imperfeições, garante acesso de todos os brasileiros ao conjunto de cuidados necessários para promover, restaurar e manter a saúde da população. Às vezes falha, mas o direito de cidadania está previsto e a tentativa de cumprir o mandamento constitucional é uma busca permanente. As demandas são infinitas e o dinheiro é curto. Mas há sempre espaço para aumentar a eficiência da gestão mesmo em regime de escassez, e aumentar a produtividade dos recursos públicos aplicados. O que me chamou atenção e motivou este artigo foi o lançamento do programa “AGORA TEM ESPECIALISTAS” pelo Governo Federal como mais importante programa de saúde do ciclo 2023/2026. Aprendi com o meu guru sanitarista, Eugênio Villaça, que o objetivo central de gestores e profissionais de saúde é a construção de redes integradas de atenção. Traduzindo para os não especialistas: um bom sistema de saúde deve ter fluidez, efetividade e conexão entre a atenção primária de qualidade (maestro da orquestra e porta de entrada do sistema para o cidadão, com a prevenção e intervenção curativa em cada bairro ou distrito do Brasil, através da estratégia da saúde da família), a atenção secundária (consultas especializadas e exames de imagem e laboratoriais) e a atenção terciária (rede hospitalar para internações, cirurgias e tratamentos). Esse tripé deve escoltado por uma boa política de assistência farmacêutica e pelas ações de vigilância em saúde (vacinação e combate a endemias, principalmente). Quando o Ministério da Saúde confere protagonismo ao AGORA TEM ESPECIALISTAS, alguma coisa está errada. Primeiro, porque os especialistas nunca estiveram ausentes, pelo menos em Minas e seus consórcios intermunicipais. Segundo, porque joga o foco em soluções temporárias para um elo intermediário da cadeia assistencial, abrindo mão de enfrentar o desafio de construção de uma rede integrada. O protagonismo deve ser sempre e inequivocamente da qualificação da atenção primária – centro de gravidade coordenador da rede integrada. A literatura diz que 80% das demandas da população deveriam ser resolvidas neste nível de atenção à saúde. Temos hoje 53.795 equipes de saúde da família espalhadas por todo o Brasil. Mas estamos longe de cumprir a meta que a literatura prescreve. Problemas graves de qualidade e organização impedem que a atenção primária cumpra plenamente seu papel (precariedade na formação dos profissionais médicos, ausência de uma carreira nacional que fixe e motive o médico de família, infraestrutura ruim, ausência de programas de educação permanente e de apoio de telemedicina, metas claras com prêmio por desempenho etc.). A ênfase da política pública e o foco dos gestores deveriam estar aqui. Além disso, creio que é preciso ter uma abordagem mais ampla da atenção secundária e terciária. Nossa experiência em Minas, indicou que além da prioridade absoluta para a organização eficaz da atenção primária, é preciso um modelo correto de organização da rede de especialistas e do sistema hospitalar, diante de uma teia de 5.569 municípios brasileiros, heterogêneos e desiguais da escala populacional à capacidade de resposta. Existem municípios com 3 ou 4 mil habitantes espalhados no território de um país continental com extrema diversidade econômica, social e cultural, e existe a cidade de São Paulo com seus 11 milhões e meio de habitantes. Organizar uma rede assistencial integrada não é tarefa fácil e trivial. A atenção primária de qualidade e as ações de vigilância em saúde têm que estar presentes em cada cantinho do Brasil, seja numa aldeia indígena no interior da floresta amazônica ou na periferia paulistana. Mas chegamos à conclusão de que a melhor resposta para o SUS na atenção secundária num sistema municipalizado, são os consócios intermunicipais de saúde localizados nos polos regionais de saúde. Já na atenção terciária, a organização, com incentivos e regulação efetiva, de uma rede de hospitais, preferencialmente filantrópicos ou geridos por organizações sociais, a partir da hierarquização de papéis, escala adequada e solidariedade pactuada. Isto tudo suportado por sistemas eficientes de transporte sanitário, classificação de risco e regulação de acesso. O programa AGORA TEM ESPECIALISTA resgata uma velha ideia com roupagem nova, visando atacar topicamente o gargalo na oferta de consultas especializadas e exames, comprando serviços na rede privada, que tenha capacidade ociosa, mediante renúncia fiscal. É bom, mas não é estruturante. Serra fez isso com os mutirões no Ministério da Saúde e Dória com o paulistano CORUJÃO DA SAÚDE, ambos com recursos orçamentários. Não há saídas simples para problemas complexos. Só as redes integradas, ancoradas numa qualificada atenção primária, podem assegurar os avanços necessários, memo em ambiente de escassez orçamentária, para cumprirmos a tarefa inscrita na Constituição brasileira de 1988 e sonhada pelo movimento da reforma sanitária dos anos 80.

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