Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
segunda-feira, 9 de janeiro de 2023
QUEM FOI DI CAVALCANTI
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Conversa
Alexandre de Moraes
@alexandre
Os desprezíveis ataques terroristas à Democracia e às Instituições Republicanas serão responsabilizados, assim como os financiadores, instigadores, anteriores e atuais agentes públicos que continuam na ilícita conduta dos atos antidemocráticos. O Judiciário não faltará ao Brasil!
7:21 PM · 8 de jan de 2023
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RESUMO DA BIOGRAFIA DE DI CAVALCANTI
Ocupação
Pintor brasileiro
Data do Nascimento
06/09/1897
Data da Morte
26/10/1976 (aos 79 anos)
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Di Cavalcanti
Pintor brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora
Biografia de Di Cavalcanti
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Mandante - Renato Aroeira - Brasil 247
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Di Cavalcanti (1897-1976) foi um pintor brasileiro. Apesar da influência cubista e surrealista, foi um dos mais típicos pintores brasileiros pela representação dos temas populares, como o carnaval, as mulatas, o samba, as favelas e os operários.
Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque, conhecido como Di Cavalcanti, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 6 de setembro de 1897. Era filho de Frederico Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Rosália de Sena.
Desde 1916, Di Cavalcanti já publicava charges políticas para a revista Fon-Fon. No mesmo ano, expôs no Salão dos Humoristas uma série de ilustrações sobre a Balada do Cárcere de Reading, de Oscar Wilde.
Em 1917 começou a pintar sob a influência do estilo Art Nouveau. Neste mesmo ano, fez sua primeira individual para a revista "A Cigarra".
Exposição na Semana de Arte Moderna
Em 1919, Di Cavalcanti ilustrou o livro "Carnaval" de Manuel Bandeira. Em 1921, casou-se com sua prima Maria. Nesse mesmo ano, mudou-se para São Paulo, onde participou com destaque da Semana de Arte Moderna de 1922. Elaborou a capa do catálogo e expôs 11 telas no hall do Teatro Municipal de São Paulo, entre elas:
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di cavalcanti
Pierret (1922)
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Di Cavalcanti mudou-se para Paris, em 1923, como correspondente do jornal Correio da Manhã. Voltou ao Brasil, em 1925, com visíveis influencias cubistas de Picasso e Braque. Em 1926, ilustrou o livro Losango Cáqui, de Mário de Andrade. Nesse mesmo ano entrou para o Diário da Noite, como ilustrador e jornalista.
Em 1929, executou os primeiros painéis modernos do Brasil, para o Teatro João Caetano, no Rio, onde revelou as marcas do cubismo acentuado por curvas barrocas e motivos populares como o carnaval e o samba:
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di cavalcanti
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di cavalcanti
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Em 1932, Di Cavalcanti fundou o Clube dos Artistas Modernos, junto com Flávio de Carvalho, Antônio Gomide e Carlos Prado. Em 1934, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro. Simpatizante das ideias comunistas foi perseguido pelo governo de Getúlio Vargas. Nesse mesmo ano mudou-se para a cidade do Recife.
Di Cavalcanti voltou para a Europa, onde permaneceu entre 1935 e 1940. Expôs seus trabalhos em galerias de Bruxelas, Amsterdã, Paris, Londres, onde conheceu artistas como Picasso, Satie, Léger e Matisse. São dessa época as telas:
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di cavalcanti
Vênus (1938)
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di cavalcanti
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Ciganos (1940)
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Di Cavalcanti ilustrou livros de Vinícius de Moraes e Jorge Amado. Em 1951, participou da Bienal de São Paulo e doou seus desenhos ao MAM- Museu de Arte Moderna.
Em 1953, recebeu o prêmio de melhor pintor nacional, na II Bienal de São Paulo. Em 1954, O MAM do Rio de Janeiro fez uma retrospectiva de sua obra. Em 1955, publicou o livro "Memórias de Minha Vida".
Em 1956, recebeu o prêmio da mostra Internacional de Arte Sacra de Trieste, na Itália. Em 1958, elaborou a tapeçaria para o Palácio da Alvorada e pintou a Via Sacra da catedral de Brasília.
Nos anos 60, Di Cavalcanti era saudado como "o mais brasileiro dos pintores modernistas". Suas notórias telas de mulatas eram muito apreciadas no mercado de arte. Entre elas destacam-se:
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di cavalcanti
Samba (1928)
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di cavalcanti
Cinco Moças (1930)
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Di Cavalcanti
Três Mulheres (1938)
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Di Cavalcanti
Duas Mulatas (1961)
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Di Cavalcanti faleceu no Rio de Janeiro, no dia 26 de outubro de 1976.
Obras de Di Cavalcanti
Pierrete, 1922
Pierrot, 1924
Samba, 1925
Samba, 1928
Mangue, 1929
Cinco Moças de Guaratinguetá, 1930
Mulheres Com Frutas, 1932
Família na Praia, 1935
Mulata Sentada, 1936
Vênus, 1938
Ciganos, 1940
Mulheres Protestando, 1941
Arlequins, 1943
Gafieira, 1944
Colonos, 1945
Abigail, 1947
Aldeia de Pescadores, 1950
Nu e Figuras, 1950
Retrato de Beryl, 1955
Cenas da Bahia, 1960
Tempos Modernos, 1961
Tempestade, 1962
Duas Mulatas, 1962
Músicos, 1963
Ivete, 1963
Rio de Janeiro Noturno, 1963
Mulatas e Pombos, 1966
Baile Popular, 1972
Se você apreciou a biografia de Di Cavalcanti, explore também o artigo: Descubra as biografias dos maiores pintores brasileiros.
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Última atualização: 23/07/2021
Dilva Frazão
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
https://www.ebiografia.com/di_cavalcanti/
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"Foi posto
em liberdade após três meses de reclusão, por força de um habeas-corpus. Morreu
no Rio de Janeiro, em novembro de 1965."
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[PDF] A COLEÇÃO DE ASTROJILDO PEREIRA NO AMORJ - ARQUIVO DE MEMÓRIA OPERÁRIA DO RIO DE JANEIRO-UFRJ1 Elina Pessanha2 Rodrigo Guede
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Trabalho necessário
v.17, nº 33, mai-ago (2019) ISSN: 1808-799 X
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A COLEÇÃO DE ASTROJILDO PEREIRA NO AMORJ -
ARQUIVO DE MEMÓRIA OPERÁRIA DO RIO DE JANEIRO-UFRJ1
Elina Pessanha2
Rodrigo Guedes3
O Arquivo de Memória Operária do Rio de Janeiro-AMORJ, fundado em 1987,
é um núcleo de pesquisa e documentação voltado para a recuperação, registro e
preservação do patrimônio material e imaterial referente à história do trabalho, dos
trabalhadores e suas organizações. Partindo de uma perspectiva bastante abrangente,
o AMORJ tem tentado cobrir as características de constituição e trajetória de diversos
segmentos da classe trabalhadora, sua experiência de trabalho em diferentes
ambientes, seus esforços de reprodução, suas manifestações culturais, suas várias
formas de resistência e atuação política, além da história das instituições relacionadas
ao mundo do trabalho. O AMORJ é vinculado ao Programa de Pós-Graduação em
Sociologia e Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade
Federal do Rio de Janeiro.
A coleção ASTROJILDO PEREIRA é uma das mais importantes fontes sobre
as primeiras organizações operárias no Brasil, já que ele pertenceu ao movimento
anarquista do início do século XX e foi um dos fundadores do Partido Comunista
Brasileiro, em 1922. Dela fazem parte, além de jornais e revistas operários e sindicais,
uma farta documentação sobre conferências de base e sobre reuniões do Comitê
Central do PCB até l930. Destacam-se as correspondências enviadas e recebidas por
Astrojildo Pereira de militantes, de dirigentes políticos e de intelectuais, assim como o
seu trabalho de crítico literário, principalmente os estudos sobre Machado de Assis.
1 Texto recebido em 28/03/2019. Aprovado em 25/04/2019, pelos editores. Publicado em 04/07/2019.
DOI: https://doi.org/10.22409/tn.17i33.p29382
2 Doutora em Ciências Sociais (USP), professora do IFCS/UFRJ, no Rio de Janeiro/RJ, Brasil. É
pesquisadora do CNPq e coordenadora do AMORJ. E-mail: elina.pessanha@terra.com.br. ORCID:
http://orcid.org/0000-0001-8443-1534.
3 Graduação em História (UFRJ), técnico-administrativo do IFCS/UFRJ, no Rio de Janeiro/RJ, Brasil. É
supervisor técnico do AMORJ.
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Sobre Astrojildo
Astrojildo Pereira Duarte Silva nasceu em Rio Bonito (RJ), em 1890. Foi
historiador, sindicalista, crítico literário e jornalista. Já em Niterói, então capital do
Estado do Rio de Janeiro, abandonou a escola na terceira série ginasial, em 1908,
para trabalhar e estudar por conta própria. A educação formal esteve longe de
entusiasmar Astrojildo. Em lugar dos bancos escolares, dedicou-se ao “autodidatismo
arquiatabalhoado”, como gostava de dizer.
Em 1911, iniciou atividades na imprensa anarquista, experimentando e
amadurecendo vivências importantes ao universo da militância política e intelectual.
Astrojildo dirigiu e colaborou em diferentes periódicos: ABC, Barricada, O Clarim,
Crônica Subversiva, Germinal, Guerra Social, A Plebe, Voz do Padeiro, entre outros.
Participou, em 1913, da promoção do II Congresso Operário Brasileiro, engajando-se
em campanha contra o militarismo e a guerra. Em 1917, no calor das rebeliões
operárias que começaram em São Paulo e logo se espalharam por outros estados,
inclusive o Rio de Janeiro, assumiu a direção do jornal O Debate, para o qual também
colaborou o escritor Lima Barreto. Em 1918, sob o pseudônimo de Alex Pavel,
escreveu A Revolução Russa e a Imprensa, um panfleto que ajuda a contextualizar o
início de uma virada ideológica. Da experiência revolucionária russa, derivou o contato
com a literatura marxista, afastando gradativamente Astrojildo do anarcossindicalismo.
Neste processo, dirigiu os jornais Spartacus e Voz do Povo.
Apesar da convicção crescente sobre a necessidade de fundação de um partido
operário e do apoio militante à Revolução Russa, Astrojildo tentou agir com cautela
para não agravar as cisões na base do movimento operário e nos grupos dirigentes.
A assimilação do marxismo impôs novas estratégias de mobilização e luta política que,
na prática, dificultou a costura de consensos em torno de uma agenda unificada de
ação. Pelas páginas d’A Vanguarda, O Internacional e, posteriormente, da revista
Movimento Comunista, Astrojildo debateu criticamente a atuação dos anarquistas na
condução das greves de 1917 a 1920, ao mesmo tempo em que militou pela unidade
do movimento numa conjuntura de derrota e refluxo.
Participou, em 1922, da fundação do Partido Comunista do Brasil (PCB) e foi
eleito secretário-geral de organização. Quando o PCB iniciou a publicação do jornal A
Classe Operária, tornou-se, ao lado de Otávio Brandão, um de seus principais
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redatores. Olhando a realidade nacional, o PCB viu na aliança com setores rebeldes
da juventude militar uma possibilidade de amadurecer o processo revolucionário,
ainda nos limites da democracia burguesa. Mirava-se o desenvolvimento das forças
produtivas em oposição às oligarquias rurais. Para tanto, Astrojildo fez contato com
Luis Carlos Prestes, em 1927, então exilado na Bolívia. À ocasião, entregou ao líder
tenentista livros e folhetos. Foram os primeiros contatos de Prestes com a literatura
marxista.
A orientação política do Partido, no entanto, sofreu mudanças significativas.
Depois de uma temporada em Moscou, Astrojildo regressou ao Brasil, em 1930, com
a orientação de mudar o arco de alianças e de conferir às direções partidárias um
rosto mais operário e menos intelectual. O próprio Astrojildo foi alvo desse processo
de proletarização, sendo afastado da secretaria geral. No ano seguinte, após breve
período de atuação junto ao Comitê Regional de São Paulo, desligou-se do PCB. Os
esforços para continuar na militância partidária não foram suficientes. Juntamente com
seu grupo político, Astrojildo foi responsabilizado pelos problemas enfrentados pelo
Partido. Decide retornar a Rio Bonito, dedicando parte do tempo ao comércio de
bananas herdado do pai. Em 1935, apesar das dificuldades com editoras, conseguiu
publicar seu primeiro livro: URSS, Itália e Brasil, que reuniu textos escritos entre 1929
e 1934. Longe da vida partidária, escreveu críticas literárias para o Diário de Notícias
e colaborou em Diretrizes. Publicou Interpretações, em 1944, com destaque para o
artigo Machado de Assis, Romancista do Segundo Reinado.
Em 1945, foi delegado do Estado do Rio ao I Congresso Brasileiro de Escritores,
realizado em São Paulo, e um dos redatores da declaração de princípios do encontro,
marcada por críticas à ditadura de Vargas. Ainda em 1945, quando o PCB foi
legalizado, retornou ao Partido de maneira intensa. Dirigiu as revistas Literatura e
Problemas da Paz e do Socialismo. Colaborou, ainda, com os periódicos Imprensa
Popular, Novos Rumos e Fundamentos. Mas foi na revista Estudos Sociais que
Astrojildo reviveu a experiência de intelectual e organizador político. Diante de
divergências teóricas e conjunturais entre antigos quadros do PCB, Astrojildo abriu
espaço para jovens intelectuais que se formaram longe do stalinismo, como Leandro
Konder e Carlos Nelson Coutinho. Em 1962, publicou A formação do PCB, por conta
dos 40 anos de vida do Partido.
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Em outubro de 1964, foi preso pelo regime militar, acusado de fundar o PCB e
de ter recrutado Luis Carlos Prestes para a militância comunista. Com problemas
cardíacos, ficou recolhido no Hospital da Polícia Militar, no Rio de Janeiro. Foi posto
em liberdade após três meses de reclusão, por força de um habeas-corpus. Morreu
no Rio de Janeiro, em novembro de 1965.
Em 1979, o arquivo particular de Astrojildo, de grande valor para o estudo do
movimento operário e sindical, foi enviado para o Arquivo Histórico do Movimento
Operário Brasileiro (ASMOB), em Milão, Itália. Em 1993, a UFRJ adquire o acervo
microfilmado. São 133 rolos, com cerca de 100.000 fotogramas, custodiados pelo
Arquivo de Memória Operária do Rio de Janeiro (AMORJ).
O longo percurso do arquivo de Astrojildo Pereira
Após o golpe militar de 1964, um dos endereços visitados pelos agentes do
DOPS foi o de Astrojildo Pereira. Levaram, do acervo pessoal do velho comunista,
uma quantidade significativa de material considerado subversivo, como se ainda fosse
necessário provar, dentro do contexto político do golpe, de que lado Astrojildo estaria
e construiria sua trincheira. Acusado de fundar o PCB, Astrojildo ficou preso por 83
dias. Foi solto em janeiro de 1965, mesmo ano de sua morte.
A partir de então, deu-se início a um longo caminho pela preservação do
arquivo de Astrojildo. Além de representar uma preciosa fonte de pesquisa e estudo,
os documentos ali reunidos fazem parte da biografia de um homem que dedicou boa
parte de seus 75 anos de vida a uma intensa militância política e intelectual. A
repressão cerceou a liberdade do velho comunista e agora ameaçava a sua memória.
Em 1977, brasileiros resistentes à ditadura decidiram enviar o acervo para fora
do país. Os olhos da ditadura eram vigilantes. Manter o acervo no Brasil representava
um risco para os responsáveis pela guarda do material e para a própria integridade
da documentação. Na sequência, pôs-se a caminho um arriscado traslado. O recémcriado ASMOB (Archivio Storico Del Movimento Operario Brasiliano), na Fundação
Feltrinelli, em Milão, Itália, seria o seu destino. Sobre essa corajosa ação são valiosos
os depoimentos das professoras Zuleide Faria de Melo, Dora Henrique da Costa e
Marly Vianna, protagonistas na bem-sucedida tarefa de salvaguardar um arquivo tão
importante para a memória dos trabalhadores e dos movimentos sociais no Brasil. A
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este respeito, foi publicado em 2015 o livro Luta e Memória: o resgate de pessoas e
de documentos das garras da ditadura, coordenado por Maria Ciavatta (Ciavatta,
2015).
Antes do retorno do arquivo original ao Brasil, onde foi acolhido pelo CEDEM
da Universidade Estadual de São Paulo/UNESP, cópias em microfilmes do acervo do
ASMOB, incluindo as referente à documentação de Astrogildo, foram recebidas por
centros de documentação no país. Foi o que ocorreu com o Arquivo Edgard Leuenroth,
da Universidade de Campinas, e mais tarde com o AMORJ, da Universidade Federal
do Rio de Janeiro. Em 1993, a UFRJ adquire grande parte do acervo do ASMOB,
compreendendo133 rolos de microfilmes, com cerca de 100.000 fotogramas. Esse
material precioso, hoje em grande parte digitalizado, é frequentemente consultado por
pesquisadores nacionais e estrangeiros, e serviu de base a vários estudos, livros,
dissertações e teses.
Patrimônio insubstituível
Seria difícil escrever a história do movimento operário brasileiro e do PCB sem
os livros e documentos colecionados por Astrojildo Pereira. Astrojildo viveu os últimos
anos de vida em um sobrado na rua do Bispo, com paredes repletas de livros até o
teto e de outros tantos documentos, incluindo revistas e jornais, salvaguardados em
caixas de papelão. Verdadeiras preciosidades reunidas ao longo de uma existência
dedicada à militância política e ao gosto pelas letras. Com o golpe empresarial-militar
de 1964, foi preso e teve sua casa várias vezes invadida e saqueada por policiais.
Pelo arbítrio da ditadura, muitos documentos foram rasurados ou desapareceram. No
entanto, ainda foi possível preservar parte significativa do seu acervo pessoal. De
1917 a 1922, por exemplo, existem importantes fontes de estudo que testemunham o
caminho percorrido, por frações da classe trabalhadora e por intelectuais, do
anarcossindicalismo à opção pela militância socialista. Entre essas fontes,
selecionamos para a revista Trabalho Necessário os seguintes periódicos: O Debate,
O ABC, Spartacus e Movimento Comunista.
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Referências
CIAVATTA, Maria (coord). Luta e Memória: o resgate de pessoas e de documentos
das garras da ditadura. Rio de Janeiro: Revan. 2015.
DEL ROIO, Marcos. A trajetória de Astrojildo Pereira (1890-1965), fundador do PCB.
Revista Praia Vermelha, vol.22, n.2. 2013.
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós
1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV. 2001.
SEGATTO, José Antônio. Reforma e revolução: as vicissitudes políticas do PCB,
1954-1964. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 1995.
SODRÉ, Nélson Werneck. Meu amigo Astrojildo Pereira. In: FEIJÓ, Martin Cezar.
Formação Política de Astrojildo Pereira (1890-1920). 2ª ed. Belo Horizonte:
Oficina de Livros, p. 07 -43. 1990.
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Meus Oito Anos (Casimiro de Abreu).mpg
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MEUS OITO ANOS
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
— Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d'amor!
Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minhã irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
— Pés descalços, braços nus
— Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
................................
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
— Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!Casimiro de Abreu
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