quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

OS ESPELHOS

O que é um espelho? ***
*** A exigência que Auschwitz não se repita é a primeira de todas para a educação. (Theodor Adorno) ***
*** Luiz Werneck Vianna* - A nossa Noite dos Cristais e um Tribunal de Nuremberg O poeta Ferreira Gullar costumava dizer que seus poemas nasciam do espanto a que era acometido diante dos incidentes da vida, daí lhe viria a inspiração em que o inesperado deflagrava nele o impulso para fixar num poema a sua percepção do que sentia sobre a experiência vivida. Gullar nos deixou uma obra genial, mas o tamanho do espanto que sentimos com os fatos calamitosos desse inesquecível dia 8 de janeiro que não abandonam a nossa memória não nos têm conduzido às sendas da criação, e já se ouvem vozes que nos sugerem ir em frente, passar um pano e voltarmos ao regaço do cotidiano de sempre. O dia 8 de janeiro foi a data da profanação do que havia de sagrado entre os brasileiros no culto de suas tradições e seu projeto de futuro, sempre reiterado de seguir em frente na realização dos ideais civilizatórios de que Brasília, saída das mãos de Oscar Niemeyer e de Lucio Costa como projeto sinalizador da utopia brasileira de realizar nos trópicos pela obra de um país miscigenado uma cultura democrática e singular. Os palácios de Brasília, as sedes dos três poderes republicanos, não eram separados das vistas do público por muros, mas por vidros a fim de afirmar os ideais da transparência do poder. Neste famigerado dia 8 abateram-se as vidraças dos palácios de Brasília com a mesma fúria com que as hordas nazistas, em 1938, levaram a efeito um pogrom num bairro judeu destruindo suas lojas. Seu propósito era o de colapsar a sede do poder democrático recentemente investido a fim de impedir a realização dos seus fins declarados de ruptura com uma história nascida da relação monstruosa entre o latifúndio e a escravidão, que preservada em seus fundamentos de exclusão, encontrou lugar nos processos de modernização autoritária que nos trouxeram aos dias de hoje. A tentativa criminal foi abortada, mas antes disso ela conspurcou e maculou o que dava sentido à nossa história e alento para seguir seu curso. Os alemães, depois de 1945 com a derrota do nazismo, acertaram suas contas com os sicários que a tinham dissociado da sua rica história cultural no Tribunal de Nuremberg. Aqui, e pelas mesmas razões, é imperativo levar aos tribunais todos os que atentaram por ações ou omissões contra a nossa incipiente democracia. Qualquer tergiversação nessa linha deixa os flancos abertos para recidivas do fascismo que já encontrou as brechas em nossa sociedade para se infiltrar, que não se restringem às ocupações de posições de poder, mirando com igual intensidade as interpretações sobre o sentido da nossa história que vinham animando a construção da nossa democracia, do que foi exemplar a elaboração da Carta de 1988. Tais interpretações que foram se sucedendo e se retroalimentando desde José Bonifácio, Euclides da Cunha e tantos outras que imediatamente as seguiram, encontraram ressonância na ensaística moderna como nas obras de Sérgio Buarque de Holanda, Raimundo Faoro, Roberto Schartz, Rubem Barbosa Filho, para citar apenas alguns, que tentaram desvendar quais poderiam ser os rumos para uma sociedade cujo ponto de partida, o atraso ibérico, lhe era tão pouco propício. Cada qual, a seu modo, interpretava o nosso destino como vocacionado para uma intervenção de ruptura com o nosso passado. O avanço continuado do moderno, antípoda do processo de modernização com que a ordem burguesa abriu seu caminho entre nós pelo autoritarismo político e a exclusão social, pôs em cheque a reprodução do passado, sustentado na ordem burguesa pelos seus vínculos com a ordem patrimonial que lhe garantia no plano da política. O regime Bolsonaro significou em todos os sentidos, político, cultural, econômico, um levante das forças do passado a fim de obstar a passagem do moderno, e foram elas que estavam presentes nos acampamentos em que se gestava o assalto à democracia brasileira, quer financiando suas ações, quer nas concepções dos seus movimentos, quer arrostando como massa de apoio setores retardatários da sociedade. Esconjurar nosso espanto diante da calamidade a que fomos expostos, saída das próprias entranhas da nossa sociedade, é obra coletiva a ser desencadeada por um julgamento público, quando se investigue as origens presentes e remotas do mal que nos ronda, sempre com a inspiração de que jamais o dia 8 de janeiro ocorra mais uma vez. *Luiz Werneck Vianna, Sociólogo, PUC- Rio As ciências sociais têm um lugar de importância nesse Tribunal de Nuremberg, e seu papel é o de encontrar explicações para os espantosos acontecimentos que abalaram a república e os comportamentos igualmente espantosos dos seus personagens. *************************************
*** Ruy Castro - Dias de infâmia Folha de S. Paulo O 8 de janeiro é uma das datas que o Brasil deveria guardar como se fossem feriados ao contrário O 8 de janeiro de 2023 passará à história como uma data da infâmia. Um dia a não esquecer, um feriado a se guardar ao contrário. Os mais radicais dirão que a infâmia já começou com a nossa descoberta por Cabral, a 22 de abril de 1500. Eu não chegaria a tanto, mas iria a um dia de 1538, com a chegada dos primeiros escravizados da África. Outros dias infames seriam o 15 de julho de 1720, do enforcamento de Filipe dos Santos, líder da Revolta de Vila Rica, e o 21 de abril de 1792, de Tiradentes. A jovem República também teve seus dias de infâmia, como o do massacre de Canudos, a 5 de outubro de 1897, com o incêndio e destruição dos 5.000 casebres do arraial e a degola de centenas de pessoas. E o de 5 de julho de 1922, em que dezoito (ou nem isso) jovens oficiais do Exército marcharam do Forte de Copacabana contra a oligarquia que atrasava o Brasil e deixaram seu sangue contra 3.000 soldados do governo. A infâmia não tem fim. A 10 de novembro de 1937, Getúlio Vargas deu o golpe que instituiu a ditadura de oito anos do Estado Novo. A 16 e 17 de agosto de 1942, cinco inofensivos navios mercantes brasileiros foram afundados pelo submarino alemão U-507. E em 1º de abril de 1964 começaram os 21 anos da ditadura militar, marcada pelo 13 de dezembro de 1968, dia do Ato Institucional nº 5, e o 25 de outubro de 1975, do assassinato de Vladimir Herzog, um dos muitos mortos em seus porões. Antes do 8 de janeiro, o governo Bolsonaro já tinha gerado datas infames como o daquela reunião do ministério, a 22 de abril de 2020; o 7 de Setembro de 2021, sua primeira tentativa de golpe; e o 18 de julho de 2022, sua fala mentirosa aos embaixadores. Mas, pelo que fez quanto à epidemia, o meio ambiente, as instituições, os direitos humanos e os yanomamis, os dias de infâmia de Bolsonaro começaram mesmo foi no dia 1º de janeiro de 2019. E ainda não terminaram. ****************************
*** Malu Gaspar O ruído das democracias O Globo A participação de militares nos episódios golpistas de 8 de janeiro trouxe à tona uma questão que nunca ficou bem resolvida no Brasil. Afinal, o que fortalece mais a democracia: punir os militares por crimes políticos ou apaziguar a situação, jogando as evidências para debaixo do tapete? A anarquia promovida por Jair Bolsonaro nas Forças Armadas, buscando fomentar o golpe que afinal foi sufocado, parecia ter fortalecido a noção de que era não só possível como necessário investigar e punir os militares por seus crimes. Mas os ataques de janeiro ainda parecem ser, para o governo, mais um problema incômodo que uma oportunidade de colocar em pratos limpos o golpismo e a indisciplina nas Forças Armadas. Dias antes de demitir o comandante do Exército, o general Júlio Cesar de Arruda, Lula declarou em entrevista à jornalista Natuza Nery, na GloboNews, que os atos do dia 8 “permitiram que a gente fizesse, porque a gente não estava querendo fazer, que é fazer um processo de investigação muito séria do que aconteceu nesse país”. Lula não esclareceu por que não estava querendo investigar “o que aconteceu nesse país”, mas deu uma pista ao explicar por que também é contra a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os responsáveis pelos ataques: " Ela pode não ajudar, e ela pode criar uma confusão tremenda". Antes de demitir Arruda, o presidente ainda tentou agradar as Forças Armadas com verbas e equipamentos, numa lógica parecida com a de quem negocia com o Centrão para garantir a governabilidade. Lula só exonerou o comandante quando ele resistiu a anular a promoção do coronel Mauro Cid, assessor de Bolsonaro investigado pelo Supremo por tentar minar a credibilidade do sistema eleitoral e operar os saques do cartão corporativo da Presidência da República. Não que haja alguém defendendo publicamente aliviar a barra dos militares. Pelo contrário. Depois do comandante do Exército, Lula vem demitindo os fardados da Presidência que herdou de Bolsonaro. Em Brasília, a expectativa é que o próximo a cair será o chefe do Comando Militar do Planalto, general Gustavo Dutra de Menezes. Até o ministro da Defesa, José Múcio, que dizia não haver prova de envolvimento das Forças Armadas no golpe, mudou de discurso. Agora, ele diz que espera que o novo comandante do Exército, general Tomás Paiva, “faça o que o presidente quer que ele faça”. Nesta semana, depois da primeira reunião do Alto-Comando sob nova direção, foi suspensa a promoção do coronel Mauro Cid. Ainda assim, há uma discreta torcida na cúpula do Exército para que o ministro do Supremo Alexandre de Moraes avoque para si os julgamentos de militares que participaram da tentativa de golpe. Isso pouparia o comandante do desgaste e facilitaria sua meta de transformar o 8 de janeiro em “página virada” o mais rápido possível. A impressão entre os generais é que, com o caso dos militares sob a responsabilidade do Supremo e a agenda do país voltando a se concentrar em urgências sociais, ambientais e econômicas, eles serão esquecidos. Lula disse, ao comentar a troca de comandantes, que “nós vamos colocar as coisas em seu lugar”. Imaginar, contudo, que o golpismo vai enfraquecer ou simplesmente sumir por obra da ação de um único ministro do Supremo parece coisa de amador — coisa que Lula não é. Ele sabe que o golpismo, militar ou não, veio para ficar. Basta ver o que aconteceu nos Estados Unidos, onde nem mesmo a prisão de centenas de pessoas e uma investigação minuciosa sobre a participação de Donald Trump nos ataques ao Congresso americano impediram o recrudescimento da direita. Na GloboNews, ele mesmo disse que iria aos Estados Unidos, à China e à Alemanha conversar com seus presidentes sobre formas de impedir o avanço da extrema direita. (Não deixa de ser curioso que não expresse a mesma preocupação com o autoritarismo de esquerda, como na Venezuela ou em Cuba, mas isso já é outra conversa.) O exemplo da Argentina, que promoveu um julgamento duro, mas justo, dos crimes cometidos por militares, mostra que encarar o golpismo sem tergiversar fortalece as instituições e solidifica a democracia. No caso do Brasil, tanto uma caça às bruxas como um ímpeto de pacificação forçada podem dar margem a novas investidas golpistas. Não é fácil e, como diz o próprio Lula, pode, sim, causar confusão. Mas o ruído é próprio das democracias. O que mata são o silêncio e a acomodação. ********************************************************************** ***
*** Merval Pereira - A ‘verdade oficial’ O Globo Lula falou uma fake news quando afirmou que impeachment de Dilma foi golpe Não bastassem comunicados oficiais do PT afirmando que a então presidente Dilma Rousseff foi tirada do governo por um golpe — o que poderia ser atribuído a uma das muitas facções petistas radicais —, o presidente Lula deu seu aval oficial a tal absurdo, afirmando, na presença do presidente da Argentina, Alberto Fernández, e do ex-presidente da Bolívia Evo Morales: — Vocês sabem que, depois de um momento auspicioso no Brasil, quando governamos de 2003 a 2016, houve um golpe de Estado — disse Lula na Argentina. Incluindo os anos Dilma no “momento auspicioso”, Lula, além de imodesto, fugiu da verdade. Se houve alguma coisa fora da legalidade no impeachment de Dilma, foi a manobra do senador Renan Calheiros, referendada pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, para evitar a perda de direitos políticos da presidente derrubada, com uma leitura distorcida do artigo constitucional que transforma automaticamente a autoridade impedida em inelegível. Coube ao eleitorado mineiro cassar pela segunda vez a ex-presidente, candidata ao Senado derrotada nas urnas pelo voto direto. Como é possível que um governo que pretende acabar com as fake news e combater a desinformação comece, ele mesmo, a tentar transformar mentira em verdade? O que Lula disse foi fake news. Vários órgãos, em diversos ministérios e secretarias governamentais, se preparam para divulgar a “verdade oficial”. Diz-se que a História é escrita pelos vencedores. A verdade, porém, é que Dilma foi deposta por um fato concreto. Impeachment é sempre um processo político, e ela não escapou porque tinha relacionamento político frágil no Congresso. Deixou atrás um rabo grande de pedaladas fiscais, que foi devidamente punido. Mas não há como evitar a versão dos vitoriosos. Imaginemos o que fizeram com Lula: anularam as condenações por causa de atitudes do ex-juiz Sergio Moro e dos procuradores que, algumas vezes, realmente saíram das regras. Moro, durante anos, foi um herói nacional, com sentenças, inclusive as de Lula, referendadas por juízes de segunda e terceira instâncias e pelo próprio plenário do Supremo Tribunal Federal, embora alguns ministros tenham mudado de posição no meio do caminho. Do jeito como as coisas acontecem no Brasil, se volta um governo de direita, Moro poderá ser reabilitado, e os petistas voltarão a ser acusados e presos novamente. O país precisa entrar numa normalidade de alternância de poder democrática, com projetos de Estado que possam ser continuados, sem revisionismos. No romance “1984”, de George Orwell, o protagonista trabalha para o Ministério da Verdade, responsável pelo revisionismo histórico. Reescreve artigos de jornais do passado, destrói documentos não revisados, para não deixar prova de que o governo mente. Além de tentar emplacar uma versão mentirosa do impeachment, uma série de medidas legislativas está sendo proposta para que a verdade oficial prevaleça, como a retirada das redes sociais de conteúdos considerados perniciosos pelo governo, antes mesmo de intervenção judicial. O “Pacote da Democracia” do Ministério da Justiça, uma nomenclatura orwelliana que é uma contradição em termos, está em preparação. A criminalização de postagens que incitem a violência contra as instituições pela internet seria feita sem nem mesmo passar pelo crivo do Judiciário. Se as ações do ministro Alexandre de Moraes, respaldadas posteriormente pelo plenário do Supremo, já são criticadas por parte da sociedade, o que dizer de uma decisão governamental sem a interferência desse mesmo Supremo já acusado — na maior parte das vezes injustamente — de politização? Não é apenas no Ministério da Justiça que se engendra essa “orwellização”. Também na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República foi instituído um “Departamento de Promoção da Liberdade de Expressão”, para fiscalizar peças de desinformação e promover políticas de igualdade social. Parece brincadeira, mas é grave e sério. *********************************** O foco agora é o Congresso. ***
*** Se o capitalismo fosse um bruto, eu o toleraria. Aflige-me é perceber nele uma inteligência, uma inteligência safada que aluga outras inteligências canalhas. Esforço-me por alinhavar esta prosa lenta, sairá daí um lucro, embora escasso – e este lucro fortalecerá pessoas que tentam oprimir-me. É o que me atormenta. Não é o fato de ser oprimido: é saber que a opressão se erigiu um sistema. (RAMOS, Graciliano. Memórias do Cárcere, vol. 1, p. 111). ***
*** Que o homem político faça uma pressão para que a arte do seu tempo exprima um determinado mundo cultural é atividade política e não da crítica artística; se o mundo cultural pelo qual se luta é um fato vivo e necessário, sua expansividade será irresistível, ele encontrará os seus artistas. Mas se, apesar da pressão, essa irresistibilidade não aparece e não opera, então o que se tratava de um mundo fictício e postiço, elucubração retórica de medíocres que se lamentam porque os homens de maior envergadura não estão de acordo com eles. (GRAMSCI, Antonio. Literatura e vida nacional, p.12). ***
*** MEMÓRIAS DA PRISÃO: LITERATURA E LIBERDADE Um estudo sobre Graciliano Ramos e Antonio Gramsci Edlena da Silva Pinheiro Natal – RN 2012 ***
*** Corrida De Jangada Elis Regina *** *** Meu mestre deu a partida É hora, vamos embora Pros rumos do litoral Vamos embora Na volta eu venho ligeiro Vamos embora Eu venho primeiro pra tomar teu coração É hora! Ora, vamos embora É hora, vamos embora É hora, vamos embora Vamos embora, ora, vamos embora! É hora, vamos embora É hora, vamos embora Viração virando vai Olha o vento, a embarcação Minha jangada não é navio, não Não é vapor nem avião Mas carrega muito amor Dentro do seu coração Sou meu mestre, meu proeiro Sou segundo, sou primeiro Reta de chegar Olha a reta de chegar Mestre, proeiro Segundo, primeiro Reta de chegar Reta de chegar Meu barco é procissão Minha terra é minha igreja Noiva é rosário No seu corpo vou rezar Minha noiva é meu rosário No seu corpo vou rezar Ora! Ora, vamos embora Vamos embora Vamos embora Vamos embora Vamos embora Ora, vamos embora Ora, vamos embora, nego compositores: Edu Lôbo,Jose Carlos Capinan Fascinação (1990) - Elis Regina Gravadora: Ano: 1990 Faixa: 5 "A abertura do processo de impeachment é um ato monocrático do presidente da Câmara e, quando isso ocorreu, virou um trem descarrilado nos governos Collor de Mello e Dilma Rousseff, que foram depostos constitucionalmente."👇🏿 ***
*** Nas entrelinhas: Reeleição de Lira muda o foco político de Lula Publicado em 26/01/2023 - 06:28 Luiz Carlos Azedo Brasília, Comunicação, Congresso, Eleições, Ética, Governo, Impeachment, Meio ambiente, Memória, Militares, Partidos, Política, Política, Saúde Há uma disputa surda por lugares na Mesa e nas Comissões, que são distribuídos de acordo com o tamanho das bancadas, mas podem ser disputados de forma avulsa Os 513 deputados federais eleitos em outubro do ano passado tomarão posse no próximo dia 1º, em sessão marcada para as 10h, no Plenário Ulysses Guimarães. No mesmo dia, às 16h30, começa a sessão destinada à eleição do novo presidente e da Mesa Diretora para o biênio 2023/2024. Haverá troca de posições na composição (11 cargos), mas não na Presidência, pois é praticamente certa a recondução do deputado Arthur Lira (PP-AL) ao comando da Câmara. Ele tem o apoio de 19 partidos, que somam 489 deputados. Em 2021, numa disputa com o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), foi eleito com 302 votos contra 145. No comando da Casa, consolidou seu poder quando o presidente Jair Bolsonaro, temendo um impeachment, decidiu entregar o Orçamento da União e a Casa Civil da Presidência ao PP. A abertura do processo de impeachment é um ato monocrático do presidente da Câmara e, quando isso ocorreu, virou um trem descarrilado nos governos Collor de Mello e Dilma Rousseff, que foram depostos constitucionalmente. À época do acordo com o Centrão, o filho do presidente da República, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), estava acossado pelas investigações do escândalo das rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e pelo envolvimento de um capitão da PM-RJ que fora seu assessor parlamentar no assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSol). Um vizinho miliciano de Bolsonaro, na Barra da Tijuca, no Rio, foi apontado como um dos executores. O governo também já estava mal das pernas, com grande perda de popularidade. Ou seja, as coisas estavam do jeito que o Centrão gosta. Apesar de aliado de Bolsonaro, cuja reeleição apoiou, Lira prontamente reconheceu a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na primeira reunião entre ambos, o petista sinalizou que não interferiria nas eleições para a presidência da Câmara e do Senado. Foi uma declaração sensata e já esperada, mas a rapidez com que a bancada do PT decidiu apoiar a reeleição de Lira surpreendeu o próprio presidente da República. A explicação veio na hora de cobrir o rombo no Orçamento de 2022, que Bolsonaro estourou durante a campanha eleitoral. Lira demonstrou pronto apoio à chamada PEC da Transição, que autorizava o governo a gastar aproximadamente R$ 170 bilhões fora do teto de gastos. Lula poderia ter resolvido o problema da falta de recursos para o Bolsa família por medida provisória, no primeiro dia de governo, mas foi pressionado pela bancada do PT e os próprios aliados a apoiar a PEC e embutir no projeto o jabuti do pagamento das emendas parlamentares do chamado orçamento secreto de 2022, que não haviam sido executadas. Petistas e aliados avaliaram que esse seria o primeiro passo para uma relação amigável com Lira, fundamental para a sustentação política do novo governo no Congresso. O Centrão é o fiel da balança da governabilidade de Lula. A recondução do deputado muda completamente o eixo político do governo, hoje focado na desmilitarização do Palácio do Planalto e dos ministérios, e na despolitização das Forças Armadas. O foco agora é o Congresso. Guerra surda O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), também articula a reeleição de Lira. O PT terá a segunda maior bancada da Câmara, com 68 deputados. Com os partidos que compõem a Federação (PCdoB e PV), chega-se a 80 parlamentares, ficando atrás do PL, com 99, o partido de Bolsonaro. Lira começou a agregar apoios em novembro de 2022. Além do PP e do PL, reuniu ainda o União Brasil, que terá a terceira maior bancada, Republicanos, Podemos, PSC e Mais Brasil (fusão PTB e Patriota), que formam o Centrão. PSD, MDB, PDT, PSDB, Cidadania, Solidariedade, Pros também aderiram. O PSol, na federação com a Rede, que soma 14 deputados, lançará a candidatura do deputado Chico Alencar (RJ), que está de volta à Câmara. Há uma disputa surda por lugares na Mesa e nas Comissões, que são distribuídos de acordo com o tamanho das bancadas, mas podem ser disputados de forma avulsa. Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), aliado de Bolsonaro e presidente da bancada evangélica, pleiteia a primeira vice-presidência da Câmara. O PT quer a deputada Maria do Rosário (RS) na cobiçada primeira-secretaria. Outra disputa importante é pela vaga aberta pela aposentadoria da ministra Ana Arraes, no Tribunal de Contas da União (TCU), cargo indicado pela Câmara. A escolha será em 2 de fevereiro. Lira trabalha para garantir a eleição de Jhonatan de Jesus (Republicanos—RR), de 39 anos, que vem a ser o responsável pela indicação dos últimos três diretores do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y) e há uma série de denúncias do senador Telmário Mota (Pros-RR) que o envolvem. O órgão é investigado pela Polícia Federal por fraude na compra de remédios, deixando pelo menos 10 mil crianças indígenas sem medicamentos. Uma operação da PF, realizada em novembro, cumpriu 10 mandados de busca e apreensão no órgão ligado ao Ministério da Saúde. A crise dos ianomâmis virou uma dor de cabeça para Jhonatan, que sonha com os 36 anos que poderia passar no TCU. Também disputam a vaga Soraya Santos (PL-RJ), Hugo Leal (PSD-RJ) e Fábio Ramalho (MDB-MG). A todos Lira já prometera apoio. Compartilhe: ************************** Por que o gato mia? *** *** Lacalle Pou diz a Lula que não abdicará de acordo com China *** O Antagonista 25 de jan. de 2023 ******************************* *** Porque seu GATO MIA QUANDO TE VÊ - 7 significados PeritoAnimal “…Minhas fotos são o espelho do meu olhar….” Minha voz, minha vida, Gal Costa. A dor da gente não sai no jornal. Surrealismo Evangelista, que Stuckzinho se cuide e guarde! https://jc.ne10.uol.com.br/colunas/jamildo/2023/01/15163005-capa-da-folha-de-s-paulo-cria-polemica-com-fotografia-de-lula-veja-motivo.html *** *** Minha Voz, Minha Vida · Gal Costa *** Minha Voz Released on: 1982-01-01 Producer: Mariozinho Rocha Producer: Gal Costa Composer Lyricist: Caetano Veloso ******************************************
*** Lygia Maria - Ruídos na comunicação *** Folha de S. Paulo Foto de Gabriela Biló acende debate sobre novas tecnologias no jornalismo e gera agressões inaceitáveis no sistema democrático Atrás de uma vidraça trincada, Lula sorri enquanto ajeita a gravata. Essa foto causou grande polêmica nos últimos dias. Gabriela Biló, fotógrafa da Folha, usou a técnica de múltipla exposição (quando se captam duas imagens no mesmo frame do filme). Para alguns críticos, isso é fake news, já que a cena não estava dada na realidade. Seria uma distorção que privilegia a visão pessoal da autora em detrimento dos fatos. Objetividade na imprensa é fundamental. No entanto esse aspecto não é nem essencialista nem funcionalista: o jornalismo não é apenas o relato frio e distanciado da realidade atual. Daí o conceito de "jornalismo opinativo" —que engloba colunas, crônicas, artigos— assim como a quebra paradigmática do "jornalismo literário" de Hunter Thompson entre outros. Encaro a peça de Biló como uma foto opinativa, com um mandatário alvo de agressão (o vidro partido) mas que, mesmo assim, a supera (o sorriso, a gravata). Uma legenda mais didática sobre a técnica e o contexto político evitaria ruídos na comunicação. Muito mais poderia ser dito sobre o tema, que é rico principalmente para pesquisadores e jornalistas. Mas o que chamou atenção foi a crítica ideológica distorcida e, em muitos casos, violenta. Sugerir que o jornal ou a fotógrafa incentivaram o assassinato do presidente é um disparate digno de teorias da conspiração. Biló recebeu uma enxurrada de xingamentos e até ameaças. Qualquer semelhança com o tratamento dado a jornalistas por bolsonaristas não é mera coincidência: os extremismos se tocam. Até a Secom da Presidência emitiu uma nota repudiando a foto de forma ignóbil e autoritária. Numa democracia liberal, não é papel do Executivo bancar o ombudsman da imprensa. A esfera do debate público consegue muito bem lidar com a controvérsia. O lado bom do imbróglio é que, se radicais da esquerda e da direita atacam o jornalismo, ele deve estar no caminho certo. Como disse Millôr, "imprensa é oposição, o resto é armazém de secos e molhados". ******************************************************** Petistas deflagram disputa por principais cargos em Itaipu Os dois principais cotados para assumir o comando de Itaipu Binacional são o ex-diretor-geral Jorge Samek, nome preferido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o deputado federal Enio Verri, o favorito do PT Vista geral da Usina Hidrelétrica de Itaipu (Itaipu Binacional), em Foz do Iguaçu (PR), na fronteira entre Brasil e Argentina ***
*** Vista geral da Usina Hidrelétrica de Itaipu (Itaipu Binacional), em Foz do Iguaçu (PR), na fronteira entre Brasil e Argentina *** Felipe Mortara/Estadão Conteúdo *** Caio Junqueira 25/01/2023 às 20:06 Compartilhe: Facebook Twitter Linkedin WhatsApp flipboard Ouvir notícia Em meio à tentativa de militares manterem a influência sobre Itaipu –conforme mostrado ontem pela CNN– a disputa pelos principais cargos na empresa se acirra entre petistas. Os dois principais cotados para assumir o comando de Itaipu Binacional são o ex-diretor-geral Jorge Samek, nome preferido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o deputado federal Enio Verri, o favorito do PT, segundo interlocutores. Samek é filiado ao PT desde os aos 90 e foi candidato a vice-governador do Paraná no ano passado, na chapa com Roberto Requião. *** Leia mais Militares tentam manter influência sobre Itaipu, revelam documentos obtidos pela CNN Militares tentam manter influência sobre Itaipu, revelam documentos obtidos pela CNN Dois dias após posse de Lula, Bolsonaro faz “anúncio” de redução na tarifa de Itaipu para 2023 Dois dias após posse de Lula, Bolsonaro faz “anúncio” de redução na tarifa de Itaipu para 2023 Governo tem 28,1 mil cargos, funções comissionadas ou gratificações nos 37 ministérios e no Planalto Governo tem 28,1 mil cargos, funções comissionadas ou gratificações nos 37 ministérios e no Planalto *** A disputa se afunilou entre Samek e Enio após uma intensa disputa nos bastidores que envolveu ainda outros cotados como o também deputado federal Zeca Dirceu e Requião, ambos do PT. Requião, segundo petistas ouvidos pela CNN, defendia assumir a companhia no modelo “porteira fechada”, quando todos os cargos abaixo deveriam passar por ele. Zeca acabou indo para a liderança do PT na Câmara e se aliou à presidente do partido, Gleisi Hoffmann, na defesa do nome de Enio, que tem feito campanha aberta pelo nome dele. O entorno da petista afirma que Enio tem boa formação –ele é economista pela USP–, mas não tem intimidade com a área. Além de Lula, o ex-chanceler Celso Amorim e o chanceler Mauro Vieira, segundo petistas, preferem Samek. A primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, também tem simpatia por Samek, pois trabalhou com ele em Itaipu. A leitura é que, em razão dos 50 anos do tratado de Itaipu e da revisão obrigatória dos seus termos, é preciso um nome mais experiente, que conhece bem a usina e o setor elétrico e tem boas relações com o Paraguai. Tanto para poder baixar o valor da tarifa –algo que pode ter impacto positivo na popularidade de Lula– quanto para conduzir uma negociação sem sobressaltos com os paraguaios em um momento em que a política externa brasileira busca reconstruir o Mercosul. O nome só deve ser definido após a eleição para as Mesas Diretoras da Câmara e do Senado, em 2 de fevereiro, pois é preciso verificar como será o jogo de forças no Congresso. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tenta a reeleição e é padrinho do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Se confirmar o favoritismo, o PSD, partido de ambos, será contemplado com uma ou duas das cinco diretorias de Itaipu, segundo fontes a par das negociações. O PT deve ficar com outra. O MDB tem interesse em ter outra, mas petistas dizem que o partido só tem um deputado no Paraná e é ligado ao bolsonarismo. Além disso, a bancada do PSD é maior do que a do MDB na Câmara. Nomes para postos da empresa já circulam em listas de apostas. Silvana Vitorassi é próxima a Janja. Carlos Carboni também é citado e é o preferido de Gleisi. David Krug é o nome de Samek. Luiz Fernando Delazari é o nome de Requião, ainda segundo fontes ouvidas pela CNN. Tópicos Tópicos Itaipu Luiz Inácio Lula da Silva (Lula) PT (Partido dos Trabalhadores) ******************************* *** O Fim de Sete Quedas em 1982 - Editado - JWS com br *** José Wille Compartilhar 256.454 visualizações 6 de nov. de 2017 O Fim de Sete Quedas em 1982 . Breve história da extinção das cachoeiras do Rio Paraná, com a construção da Usina de Itaipú. ***************************************************
*** "E hoje temos 33 milhões de pessoas passando fome." 25 de janeiro de 2023 ***
*** "A exibição da própria miséria de marcas de torturas num tronco desnudo." 1936 *** OS ESPELHOS O que é um espelho? Não existe a palavra espelho - só espelhos, pois um único é uma infinidade de espelhos. - Em algum lugar do mundo deve haver uma mina de espelhos? Não são precisos muitos para se ter a mina faiscante e sonambólica: bastam dois, e um reflete o reflexo do que o outro refletiu, num tremor que se transmite em mensagem intensa e insistente "ad infinitum", liquidez em que se pode mergulhar a mão fascinada e retirá-la escorrendo de reflexos, os reflexos dessa dura água. - O que é um espelho? Como a bola de cristal dos videntes, ele me arrasta para o vazio que no vidente é o seu campo de meditação, e em mim o campo de silêncios e silêncios. - Esse vazio cristalizado que tem dentro de si espaço para se ir para sempre em frente sem parar: pois espelho é o espaço mais fundo que existe. - E é coisa mágica: quem tem um pedaço quebrado já poderia ir com ele meditar no deserto. De onde também voltaria vazio, iluminado e translúcido, e com o mesmo silêncio vibrante de um espelho. - A sua forma não importa: nenhuma forma consegue circunscrevê-lo e alterá-lo, não existe espelho quadrangular ou circular: um pedaço mínimo é sempre o espelho todo: tira-se a sua moldura e ele cresce assim como água se derrama. - O que é um espelho? É o único material inventado que é natural. Quem olha um espelho conseguindo ao mesmo tempo isenção de si mesmo, quem consegue vê-lo sem se ver, quem entende que a sua profundidade é ele ser vazio, quem caminha para dentro de seu espaço transparente sem deixar nele o vestígio da própria imagem - então percebeu o seu mistério. Para isso há-de se surpreendê-lo sozinho, quando pendurado num quarto vazio, sem esquecer que a mais tênue agulha diante dele poderia transformá-lo em simples imagem de uma agulha.Devo ter precisado de minha própria delicadeza para não atravessá-lo com a própria imagem, pois espelho que eu me vejo sou eu, mas espelho vazio é que é espelho vivo. Só uma pessoa muito delicada pode entrar num quarto vazio onde há um espelho vazio, e com tal leveza, com tal ausência de si mesma, que a imagem não marca. Como prêmio, essa pessoa delicada terá então penetrado num dos segredos invioláveis das coisas: Vi o espelho propriamente dito.E descobri os enormes espaços gelados que ele tem em si, apenas interrompidos por um ou outro alto bloco de gelo. Em outro instante, este muito raro - e é preciso ficar de espreita dias e noites, em jejum de si mesmo, para poder captar esse instante - nesse instante consegui surpreender a sucessão de escuridões que há dentro dele. Depois, apenas com preto e branco, recapturei sua luminosidade arco-irisada e trêmula. Com o mesmo preto e branco recapturei também, num arrepio de frio, uma de suas verdades mais difíceis: o seu gélido silêncio sem cor. É preciso entender a violenta ausência de cor de um espelho para poder recriá-lo, assim como se recriasse a violenta ausência de gosto da água. ******************* Pedro Nogueira Retweetou Ricardo Stuckert @ricardostuckert · 19 de jan #Brasília ***
*** Pedro Nogueira @nogueiro · 19 de jan "A foto única trouxe sentimentos ambíguos e leituras diferentes; a meu ver, todos válidos. Há quem veja um presidente derrotado e morto, vítima da violência, há quem veja um poder inabalável, reconstrução, blindagem, resistência, entre muitas outras interpretações." Comentar o Tweet Gabriela Biló @gabrielabilo1 · 19 de jan Como a autora da foto, aceito as críticas. Ninguém é obrigado a ver o mundo da mesma forma que eu. Respeito as diversas leituras e dores causou. O debate sobre a dupla exposição no fotojornalismo é valido e rico. Não precisa ser fecahdo. E por hoje chega. https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/01/foto-de-lula-com-vidro-trincado-mostra-que-planalto-resiste-apos-barbarie-em-brasilia.shtml?utm_source=sharenativo&utm_medium=social&utm_campaign=sharenativo https://twitter.com/nogueiro **********************************

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