Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
sábado, 7 de janeiro de 2023
DE LIVREIRO A ALMIRANTE
Volta para o lugar de onde vieste
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Trailer Revertere Ad Locum Tuum
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Texto associado
Texto 1
O livreiro Garnier
Segunda-feira desta semana, o livreiro Garnier saiu pela primeira vez de casa para ir a outra parte que não a livraria. Revertere ad locum tuum — está escrito no alto da porta do cemitério de S. João Batista. Não, murmurou ele talvez dentro do caixão mortuário, quando percebeu para onde o iam conduzindo, não é este o meu lugar; o meu lugar é na Rua do Ouvidor 71, ao pé de uma carteira de trabalho, ao fundo, à esquerda; é ali que estão os meus livros, a minha correspondência, as minhas notas, toda a minha escrituração.
Durante meio século, Garnier não fez outra coisa senão estar ali, naquele mesmo lugar, trabalhando. Já enfermo desde alguns anos, com a morte no peito, descia todos os dias de Santa Teresa para a loja, de onde regressava antes de cair a noite. Uma tarde, ao encontrá-lo na rua, quando se recolhia, andando vagaroso, com os seus pés direitos, metido em um sobretudo, perguntei-lhe por que não descansava algum tempo. Respondeu-me com outra pergunta: Pourriez-vous résister, si vous étiez forcé de ne plus faire ce que vous auriez fait pendant cinquante ans? Na véspera da morte, se estou bem-informado, achando-se de pé, ainda planejou descer na manhã seguinte, para dar uma vista de olhos à livraria.
Essa livraria é uma das últimas casas da Rua do Ouvidor; falo de uma rua anterior e acabada. Não cito os nomes das que se foram, porque não as conhecereis, vós que sois mais rapazes que eu, e abristes os olhos em uma rua animada e populosa, onde se vendem, ao par de belas jóias, excelentes queijos [...]
ASSIS, Machado de. O livreiro Garnier. In: SANTOS, Joaquim Ferreira dos. (Organização e introdução). As Cem Melhores Crônicas Brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007, p. 41-43. Fragmento.
Considerando as informações do Texto 1, a respeito do livreiro Garnier, informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a alternativa com a sequência correta.
( ) O livreiro Garnier saiu para acompanhar o cortejo para o cemitério S. João Batista. ( ) O texto foi escrito no mesmo dia em que o personagem principal faleceu. ( ) O personagem principal não gostava de ir a cemitérios. ( ) O personagem principal faleceu, tendo cumprido, na véspera, ritual de trabalho. ( ) O livreiro Garnier tinha hábitos bem consolidados e conhecidos há 50 anos.
Alternativas
A
V – V – F – F – F.
B
V – F – V – F – V.
C
F – V – F – V – F.
D
F – F – V – F – F.
E
F – F – F – V – V.
Sem a presença do antecessor, novo comandante da Marinha assume cargo em Brasília
Na maior parte das transmissões de cargo do governo Lula, os ministros de Bolsonaro não estavam presentes. No entanto, essa quebra de protocolo é incomum nas Forças Armadas
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Pedro Nogueirada CNN
Brasília
05/01/2023 às 18:20 | Atualizado 05/01/2023 às 19:34
Ouvir notícia
O almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen tomou posse do comando da Marinha do Brasil nesta quinta-feira (5). Indicado por Lula, Olsen substitui o almirante Almir Garnier Santos, último chefe da armada do governo Bolsonaro. Garnier não compareceu à cerimônia de posse de seu sucessor.
Na maior parte das transmissões de cargo do governo Lula, os ministros de Bolsonaro não estavam presentes. No entanto, essa quebra de protocolo é incomum nas Forças Armadas. Essa é a primeira vez na história que uma troca de comando acontece na Marinha sem a presença do antecessor.
Nas passagens de comandos do Exército e Força Aérea, comandantes substitutos e substituídos estavam presentes nas cerimônias. A Marinha não justificou oficialmente a ausência do antecessor.
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Em abril de 2021, Garnier recebeu o cargo de seu antecessor, o almirante Ilques Barbosa Junior, em cerimônia com a participação do então presidente Jair Bolsonaro (PL).
Apesar de ausente, o almirante Garnier deixou mensagem escrita, destacando os valores do sucessor e, usando uma alegoria militar, afirmou que vai “procurar manter a mais precisa posição”. Na prática isso significa que ele seguirá “fiel à Marinha”.
No discurso de posse, o novo comandante agradeceu ao presidente Lula pelo privilégio da nomeação. Ele também citou objetivos e desafios para cumprir as metas estratégicas da Marinha do Brasil. Olsen fez referência emocionada à família.
O ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, compareceu à cerimônia. Como manda a praxe, foi agraciado com a Ordem do Mérito Naval. Em discurso, ele destacou o papel da Marinha no apoio à política externa brasileira e diplomacia naval, o suporte na repressão de crimes e o trabalho científico da Armada.
Tópicos
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Luiz Inácio Lula da Silva (Lula)
Marinha
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COLUNA
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Marcelo Godoy
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Ausência de almirante na passagem de comando na Marinha causa mal-estar nas Forças
Por Marcelo Godoy
05/01/2023 | 20h46
A ausência do almirante Almir Garnier Santos na cerimônia de passagem de comando da Marinha foi criticada por oficiais-generais do Exército e da Força Aérea. Um deles lembrou que, ao tomar essa atitude, Garnier atentou, de certa forma, contra o ethos militar.
Outro concordou que o ato do almirante não atingiu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas o próprio Garnier, que devia saber que a continência que se recusou a prestar não se devia à figura do presidente, mas à instituição da Presidência.
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O novo comandante da Marinha, almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, na transmissão de cargo realizada nesta quinta-feira, 5.
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O novo comandante da Marinha, almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, na transmissão de cargo realizada nesta quinta-feira, 5. Foto: Marinha do Brasil
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Um brigadeiro lembrou que o ex-comandante da FAB Carlos de Almeida Baptista Junior disse, no dia 2, ao passar o comando ao brigadeiro Marcelo Damasceno: “Esse gesto de saudação militar, impessoal, visa às autoridades, não às pessoas. Minha continência selará a passagem da autoridade que recebi de meu antecessor”.
Um dos comandantes do governo de Jair Bolsonaro, Baptista Junior chegou a marcar sua passagem de comando para o dia 23 de dezembro, mas foi demovido da ideia. Garnier, que organizara o desfile de tanques na Esplanada no dia em que o Congresso rejeitou a PEC do Voto Impresso, queria fazer o mesmo. Como o almirantado o desaconselhou, ele decidiu não ir à posse do sucessor, o almirante Marcos Sampaio Olsen.
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COMENTÁRIOS
Agência Estado
https://www.estadao.com.br/politica/marcelo-godoy/ausencia-de-almirante-garnier-na-passagem-de-comando-na-marinha-causa-mal-estar-nas-forcas/
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Após a catástrofe de janeiro de 1933, seguiu-se mais um período feliz de férias com velhos amigos, por muito tempo lembrado por todos nós, em nossas recordações, como um belo mas doloroso adeus à "era dourada".
CONTRAPONTO
A PARTE E O TODO
HEISENBERG
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Encenação com tochas no Portão de BrandemburgoFoto: Ullstein
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HISTÓRIAALEMANHA
1933: Hitler assumia o poder na Alemanha
Publicado 30/01/2013Publicado 30 de janeiro de 2013Última atualização 30/01/2020Última atualização 30 de janeiro de 2020
Em 30 de janeiro de 1933, o então presidente Hindenburg nomeou Adolf Hitler como chanceler do Reich. Poucos tinham ideia da dimensão desse fato. Propaganda nazista encenou o acontecimento como "tomada de poder".
https://p.dw.com/p/17Ui3
Cenas sombrias ocorreram no Portão de Brandemburgo em 30 de janeiro de 1933, em Berlim. Já há horas, o chefe da Propaganda nazista, Joseph Goebbels, vinha posicionando homens da tropa de assalto de Hitler próximo ao local. Mais de 20 mil membros da chamada SA (Sturmabteilung), a tropa de choque do Partido Nazista, haviam chegado durante a noite.
O início estava marcado para as 19h. Tochas foram acesas, batalhões da SA desfilavam pelo Portão de Brandemburgo. Poucas horas antes, Adolf Hitler havia alcançado seu grande objetivo: ser nomeado chanceler do Reich pelo então presidente alemão Paul von Hindenburg.
O recém-empossado chanceler alemão foi festejado por seus seguidores. De uma janela da então Chancelaria, Hitler cumprimentou os espectadores presentes. Goebbels havia planejado um gigantesco espetáculo. Ele pretendia encenar de forma dramática esse novo capítulo da Alemanha: aquela deveria ser "a noite do grande milagre". Uma espécie de fita de fogo formada por portadores de tochas devia atravessar a cidade.
Foto histórica mostra colunas de soldados marchando assistidos por multidãoFoto histórica mostra colunas de soldados marchando assistidos por multidão
Encenação com tochas no Portão de BrandemburgoFoto: Ullstein
Goebbels queria criar imagens monumentais, ideais para impressionar os espectadores no cinema, já que era ali que os noticiários eram transmitidos na época. Mas os transeuntes passeavam distraídos para lá e para cá entre as formações da SA e impediram as gravações desejadas.
Goebbels ficou desapontado e reencenou as imagens mais tarde. O famoso pintor alemão de origem judaica Max Liebermann já tinha visto o bastante. Para o desfile de tochas dos homens da SA na frente de sua casa, o pintor escolheu palavras dramáticas: "Eu nunca conseguiria comer tanto para tudo o que gostaria de vomitar."
A história da ascensão de Adolf Hitler está intimamente ligada ao declínio da República de Weimar. Desde o surgimento em 1918, ela sofria de defeitos congênitos irreparáveis – era uma democracia sem democratas. Boa parte da população rejeitava a jovem República, sobretudo a elite econômica, funcionários públicos e até mesmo políticos.
Tentativas de golpe pela direita e pela esquerda sacudiram o país. Nos primeiros cinco anos da República de Weimar, assassinatos espetaculares chocaram o país. Entre outros, as mortes dos comunistas Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht, bem como o assassinato do ministro do Exterior Walther Rathenau, de origem judaica. Os criminosos provinham da ala de extrema direita.
A política da República de Weimar foi marcada pela total instabilidade. Nos 14 anos de sua existência, ela presenciou 21 diferentes governos. Entre os 17 partidos do Parlamento, encontrava-se uma série de inimigos declarados da Constituição. Com cada nova crise política e econômica, os eleitores perdiam mais e mais a confiança nos partidos democráticos.
Enquanto isso, o extremismo político vivenciava um grande crescimento. Os nazistas, pelo lado da direita, e os comunistas, pela esquerda, ganhavam cada vez mais adeptos. Por volta de 1930, a Alemanha estava à beira de uma guerra civil. Nazistas e comunistas travavam batalhas de rua. A crise econômica de 1929 piorou ainda mais a situação. Em junho de 1932, o número oficial de desempregados no país somava 5,6 milhões de pessoas.
Em tal situação, muitos alemães ansiavam por um nome forte à frente do governo, alguém que pudesse tirar o país da crise. O presidente Paul von Hindenburg era uma dessas pessoas, para muitos, ele era uma espécie de substituto do imperador. De fato, segundo a Constituição de Weimar, o presidente do país era a instância política central. O cargo detinha uma imensa esfera de poder.
O presidente podia dissolver o Parlamento e outorgar leis por decretos emergenciais, algo que cabe normalmente a qualquer Parlamento. Hindenburg fez uso, diversas vezes, da possibilidade de governar contornando o Legislativo. No entanto, Hindenburg não tinha como cumprir o papel de salvar a Alemanha da miséria, pois já estava com 85 anos no início de 1933.
Cartaz histórico com Hitler e o presidente alemão em 1933
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Cartaz histórico com Hitler e o presidente alemão em 1933
Hitler e Hindenburg apresentados como "salvadores da nação"Foto: picture alliance/dpa/arkivi
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Após diversas trocas de governo, Hindenburg pretendia, na ocasião, instalar um governo estável chefiado pelos conservadores nacionalistas de direita. A princípio, ele era cético quanto à nomeação de Adolf Hitler para chefe de governo. Durante muito tempo, Hindenburg ironizou Hitler, chamando-o de "soldado raso da Boêmia" – uma alusão ao fato de que ele, Hindenburg, era um condecorado marechal de campo da Primeira Guerra Mundial, e Hitler, apenas um soldado comum.
Mas Hindenburg mudou de opinião. Pessoas próximas a ele lhe asseguraram que manteriam Hitler sob controle. Alfred Hugenberg, líder do Partido Popular Nacional Alemão, declarou: "Nós iremos enquadrar Hitler." Tinha-se um grande senso de segurança, também porque somente dois ministérios foram oferecidos aos nazistas no novo gabinete de governo. Por outro lado, Hitler e seus seguidores passaram a se apresentar propositalmente de forma moderada e a evitar alaridos.
De fato, no dia 30 de janeiro de 1933, um sonho se tornou realidade para Hitler e sua comitiva. Com alegria, Goebbels confidenciou ao seu diário: "Hitler é chanceler do Reich. Como um conto de fadas!" Na mais completa ignorância sobre Hitler e suas intenções, nomeou-se o "coveiro" da República para chanceler. Mas Hitler já havia apresentado seus planos no livro Mein Kampf. Ele escreveu que os judeus seriam "removidos" e um novo "habitat" seria conquistado "pela espada".
O dia 30 de janeiro de 1933 entrou para a história como o dia da "tomada de poder", conceito na verdade inventado pela propaganda nazista, pois a nomeação de Hitler – e essa é a verdadeira ironia da história – aconteceu de forma constitucional. Após a tomada de posse, Hindenburg falou as seguintes palavras: "E agora, meus senhores, para frente com a ajuda de Deus!"
Hindenburg não teve de presenciar que o caminho de Hitler levaria na verdade ao Holocausto e à Segunda Guerra Mundial. Ele morreu em 1934. E logo Hitler mostrava quão ingênua foi a crença de que ele poderia ser controlado e neutralizado. Pouco depois de ser empossado como chefe de governo, começou em todo o país o horror das tropas de assalto da SA.
Comunistas, social-democratas e sindicalistas foram perseguidos. Em pouco tempo, os primeiros campos de concentração foram instalados. Ali, os membros da SA torturavam suas vítimas, que iriam incluir, pouco tempo depois, judeus e outras pessoas consideradas indesejáveis pelos nazistas. Hitler precisou somente de poucos meses para embaralhar a República de Weimar e instalar sua ditadura.
https://www.dw.com/pt-br/1933-hitler-assumia-o-poder-na-alemanha/a-16562683
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Anos Dourados
Tom Jobim
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Série sem Limite (2001) - Tom Jobim
Gravadora:
Ano: 2001
Faixa: 5
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Anos dourados
Canção de Antonio Carlos Jobim
LetrasOuvirVídeos
Parece que dizes
Te amo, Maria
Na fotografia
Estamos felizes
Te ligo afobada
E deixo confissões
No gravador
Vai ser engraçado
Se tens um novo amor
Me vejo a teu lado
Te amo?
Não lembro
Parece dezembro
De um ano dourado
Parece bolero
Te quero, te quero
Dizer que não quero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais
Não sei se eu ainda
Te esqueço de fato
No nosso retrato
Pareço tão linda
Te ligo ofegante
E digo confusões no gravador
E desconcertante
Rever o grande amor
Meus olhos molhados
Insanos, Dezembros
Mas quando me lembro
São anos dourados
Ainda te quero
Bolero, nossos versos são banais
Mas como eu espero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais
Fonte: LyricFind
Compositores: Antonio Jobim / Chico Buarque De Hollanda / Spanish Vers.: Laura Canoura
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Laura Canoura & Hugo Fattoruso - Años dorados- (Locas Pasiones)
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Laura Canoura
29 de jul. de 2014
Años dorados
Antonio Carlos Jobim/Chico Buarque
Versión al español Laura Canoura
Incluído en el disco "Locas Pasiones" de Laura Canoura & Hugo Fattoruso grabado en vivo el 5 y 6 de Mayo de 1994 en el Teatro Solís.
Remasterizado en 2014
Edita Bizarro Records.
https://www.facebook.com/lauracanoura
https://twitter.com/lauracanoura
Música
MÚSICA
Años Dorados (En Vivo)
ARTISTA
Laura Canoura - Hugo Fattoruso
ÁLBUM
Locas Pasiones en el Solís (En Vivo)
LICENÇAS
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Música
4 comentários
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luigi santis
luigi santis
há 8 anos
Parece que dices
Te amo, Maria
La fotografía
Nos muestra felices
Te llamo ansiosa
Y me confieso
a tu contestador
Va ser divertido
Si tienes un nuevo amor
Me veo a tu lado
Te amo?
Quien sabe
Parece diciembre
De un año dorado
Parece bolero
Te quiero, te quiero
Decir que no quiero
Tus besos nunca mas
Tus besos nunca mas
No se si yo aún
De verdad te olvido
En nuestro retrato
Parezco tan linda
Te llamo insinuante
E me confundo
con el contestador
Es desconcertante
Rever un gran amor
Mis ojos mojados
Insanos, diciembres
Pero en mi recuerdo
Son años dorados
Aún yo te quiero
Bolero, nuestro tema es tan banal
Pero eh como espero
Tus besos nunca mas
Tus besos nunca mas
Responder
Rosi Nuñez
Rosi Nuñez
há 8 anos
precioso tema ..lo escucharé en vivo el domingo.....iré con mi hijo que me invitó.....y tiene 27 años.....eso a cuenta de lo que comentaban en la entrevista el otro día....
Responder
Valledor Krull Music
Valledor Krull Music
há 8 anos
Laura, yo te conocí cuando de repente te escuché en TV Española cantando "Tus sentidos" preciosos tema de Hugo y tuyo!!
Soy yo mismo Pianista y admirador de Hugo, y hace muchos años escuchaba las maravillas de OPA.
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"Não importa: laboremus. Valha sequer a memória, ainda que perdida nas páginas dos dicionários biográficos. Perdure a notícia, ao menos, de alguém que neste país novo ocupou a vida inteira em criar uma indústria liberal, ganhar alguns milhares de contos de réis, para ir afinal dormir em sete palmos de uma sepultura perpétua. Perpétua!"
Machado de Assis
GARNIER
1893, outubro
Segunda-feira desta semana, o livreiro Garnier saiu pela primeira vez de casa para ir a outra parte que não a livraria. Revertere ad locum tuum - está escrito no alto da porta do cemitério de São João Batista. Não, murmurou ele talvez dentro do caixão mortuário, quando percebeu para onde o iam conduzindo, não é este o meu lugar; o meu lugar é na rua do Ouvidor 71, ao pé de uma carteira de trabalho, ao fundo, à esquerda; é ali que estão os meus livros, a minha correspondência, as minhas notas, toda a minha escrituração.
Durante meio século, Garnier não fez outra coisa, senão estar ali, naquele mesmo lugar, trabalhando. Já enfermo desde alguns anos, com a morte no peito, descia todos os dias de Santa Teresa para a loja, de onde regressava antes de cair a noite. Uma tarde, ao encontrá-lo na rua, quando se recolhia, andando vagaroso, com os seus pés direitos, metido em um sobretudo, perguntei-lhe por que não descansava algum tempo. Respondeu-me com outra pergunta: Pourriez-vous résister, si vous étiez forcé de ne plus faire ce que vous auriez fait pendant cinquante ans? Na véspera da morte, se estou bem informado, achando-se de pé, ainda planejou descer na manhã seguinte, para dar uma vista de olhos à livraria.
Essa livraria é uma das últimas casas da rua do Ouvidor; falo de uma rua anterior e acabada. Não cito os nomes das que se foram, porque não as conheceríeis, vós que sois mais rapazes que eu, e abristes os olhos em uma rua animada e populosa onde se vendem, ao par de belas jóias, excelentes queijos. Uma das últimas figuras desaparecidas foi o Bernardo, o perpétuo Bernardo, cujo nome achei ligado aos charutos do duque de Caxias, que tinha fama de os fumar únicos, os quase únicos. Há casas como a Laemmert e o Jornal do Comércio, que ficaram e prosperaram, embora os fundadores se fossem; a maior parte, porém, desfizeram-se com os donos.
Garnier é das figuras derradeiras. Não aparecia muito; durante os 20 anos das nossas relações, conheci-o sempre no mesmo lugar, ao fundo da livraria, que a princípio era em outra casa, n.º 69, abaixo da rua Nova. Não pude conhecê-lo na da Quitanda, onde se estabeleceu primeiro. A carteira é que pode ser a mesma, como o banco alto onde ele repousava, às vezes, de estar em pé. Aí vivia sempre, pena na mão, diante de um grande livro, notas soltas, cartas que assinava ou lia. Com o gesto obsequioso, a fala lenta, os olhos mansos, atendia a toda gente. Gostava de conversar o seu pouco. Neste caso, quando a pessoa amiga chegava, se não era dia de mala, ou se o trabalho ia adiantado e não era urgente, tirava logo os óculos, deixando ver no centro do nariz uma depressão do longo uso deles. Depois vinham duas cadeiras. Pouco sabia da política da terra, acompanhava a de França, mas só o ouvi falar com interesse por ocasião da guerra de 1870. O francês sentiu-se francês. Não sei se tinha partido; presumo que haveria trazido da pátria, quando aqui aportou, as simpatias da classe média para com a monarquia orleanista. Não gostava do império napoleônico. Aceitou a república, e era grande admirador de Gambetta.
Daquelas conversações tranqüilas, algumas longas, estão mortos quase todos os interlocutores, Liais, Fernandes Pinheiro, Macedo, Joaquim Norberto, José de Alencar, para só indicar estes. De resto, a livraria era um ponto de conversação e de encontro. Pouco me dei com Macedo, o mais popular dos nossos autores, pela Moreninha e pelo Fantasma Branco, romance e comédia que fizeram as delícias de uma geração inteira. Com José de Alencar foi diferente; ali travamos as nossas relações literárias. Sentados os dois, em frente à rua, quantas vezes tratamos daqueles negócios de arte e poesia, de estilo e imaginação, que valem todas as canseiras deste mundo. Muitos outros iam ao mesmo ponto de palestra. Não os cito, porque teria de nomear um cemitério, e os cemitérios são tristes, não em si mesmos, ao contrário. Quando outro dia fui a enterrar o nosso velho livreiro, vi entrar no de São João Batista, já acabada a cerimônia e o trabalho, um bando de crianças que iam divertir-se. Iam alegres, como quem não pisa memórias nem saudades. As figuras sepulcrais eram, para elas, lindas bonecas de pedra; todos esses mármores faziam um mundo único, sem embargo das suas flores mofinas, ou por elas mesmas, tal é a visão dos primeiros anos. Não citemos nomes.
Nem mortos, nem vivos. Vivos há-os ainda, e dos bons, que alguma coisa se lembrarão daquela casa e do homem que a fez e perfez. Editar obras jurídicas ou escolares, não é mui difícil; a necessidade é grande, a procura certa. Garnier, que fez custosas edições dessas, foi também editor de obras literárias, o primeiro e o maior de todos. Os seus catálogos estão cheios dos nomes principais, entre os nossos homens de letras. Macedo e Alencar, que eram os mais fecundos, sem igualdade de mérito, Bernardo Guimarães, que também produziu muito nos seus últimos anos, figuram ao pé de outros, que entraram já consagrados, ou acharam naquela casa a porta da publicidade e o caminho da reputação.
Não é mister lembrar o que era essa livraria tão copiosa e tão variada, em que havia tudo, desde a teologia até à novela, o livro clássico, a composição recente, a ciência e a imaginação, a moral e a técnica. Já a achei feita; mas vi-a crescer ainda mais, por longos anos. Quem a vê agora, fechadas as portas, trancados os mostradores, à espera da justiça, do inventário e dos herdeiros, há de sentir que falta alguma coisa à rua. Com efeito, falta uma grande parte dela, e bem pode ser que não volte, se a casa não conservar a mesma tradição e o mesmo espírito.
Pessoalmente, que proveito deram a esse homem as suas labutações? O gosto do trabalho, um gosto que se transformou em pena, porque no dia em que devera libertar-se dele, não pôde mais; o instrumento da riqueza era também o do castigo. Esta é uma das misericórdias da Divina Natureza. Não importa: laboremus. Valha sequer a memória, ainda que perdida nas páginas dos dicionários biográficos. Perdure a notícia, ao menos, de alguém que neste país novo ocupou a vida inteira em criar uma indústria liberal, ganhar alguns milhares de contos de réis, para ir afinal dormir em sete palmos de uma sepultura perpétua. Perpétua!
in A Semana, Gazeta de Notícias, 08/10/1893
Fonte: A Semana - Machado de Assis - W. M. Jackson Inc. - 1946
Ortografia Atualizada.
http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/machadodeassis/garnier.htm
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NOITE DE ALMIRANTE
Deolindo Venta-Grande (era uma alcunha de bordo) saiu do arsenal de marinha e
enfiou pela rua de Bragança. Batiam três horas da tarde. Era a fina flor dos marujos e, de
mais, levava um grande ar de felicidade nos olhos. A corveta dele voltou de uma longa
viagem de instrução, e Deolindo veio à terra tão depressa alcançou licença. Os
companheiros disseram-lhe, rindo:
— Ah! Venta-Grande! Que noite de almirante vai você passar! ceia, viola e os
braços de Genoveva. Colozinho de Genoveva...
Deolindo sorriu. Era assim mesmo, uma noite de almirante, como eles dizem, uma
dessas grandes noites de almirante que o esperava em terra. Começara a paixão três meses
antes de sair a corveta. Chamava-se Genoveva, caboclinha de vinte anos, esperta, olho
negro e atrevido. Encontraram-se em casa de terceiro e ficaram morrendo um pelo outro, a
tal ponto que estiveram prestes a dar uma cabeçada, ele deixaria o serviço e ela o
acompanharia para a vila mais recôndita do interior.
A velha Inácia, que morava com ela, dissuadiu-os disso; Deolindo não teve remédio
senão seguir em viagem de instrução. Eram oito ou dez meses de ausência. Como fiança
recíproca, entenderam dever fazer um juramento de fidelidade.
— Juro por Deus que está no céu. E você?
— Eu também.
— Diz direito.
— Juro por Deus que está no céu; a luz me falte na hora da morte.
Estava celebrado o contrato. Não havia descrer da sinceridade de ambos; ela
chorava doidamente, ele mordia o beiço para dissimular. Afinal separaram-se, Genoveva
foi ver sair a corveta e voltou para casa com um tal aperto no coração que parecia que "lhe
ia dar uma coisa". Não lhe deu nada, felizmente; os dias foram passando, as semanas, os
meses, dez meses, ao cabo dos quais, a corveta tornou e Deolindo com ela.
Lá vai ele agora, pela rua de Bragança, Prainha e Saúde, até ao princípio da
Gamboa, onde mora Genoveva. A casa é uma rotulazinha escura, portal rachado do sol,
passando o cemitério dos Ingleses; lá deve estar Genoveva, debruçada à janela, esperando
por ele. Deolindo prepara uma palavra que lhe diga. Já formulou esta: "Jurei e cumpri", mas
procura outra melhor. Ao mesmo tempo lembra as mulheres que viu por esse mundo de
Cristo, italianas, marselhesas ou turcas, muitas delas bonitas, ou que lhe pareciam tais.
Concorda que nem todas seriam para os beiços dele, mas algumas eram, e nem por isso fez
caso de nenhuma. Só pensava em Genoveva. A mesma casinha dela, tão pequenina, e a
mobília de pé quebrado, tudo velho e pouco, isso mesmo lhe lembrava diante dos palácios
de outras terras. Foi à custa de muita economia que comprou em Trieste um par de brincos,
que leva agora no bolso com algumas bugigangas. E ela que lhe guardaria? Pode ser que
um lenço marcado com o nome dele e uma âncora na ponta, porque ela sabia marcar muito
bem. Nisto chegou à Gamboa, passou o cemitério e deu com a casa fechada. Bateu, faloulhe uma voz conhecida, a da velha Inácia, que veio abrir-lhe a porta com grandes
exclamações de prazer. Deolindo, impaciente, perguntou por Genoveva.
— Não me fale nessa maluca, arremeteu a velha. Estou bem satisfeita com o
conselho que lhe dei. Olhe lá se fugisse. Estava agora como o lindo amor.
— Mas que foi? que foi?
A velha disse-lhe que descansasse, que não era nada, uma dessas coisas que
aparecem na vida; não valia a pena zangar-se. Genoveva andava com a cabeça virada...
— Mas virada por quê?
— Está com um mascate, José Diogo. Conheceu José Diogo, mascate de fazendas?
Está com ele. Não imagina a paixão que eles têm um pelo outro. Ela então anda maluca. Foi
o motivo da nossa briga. José Diogo não me saía da porta; eram conversas e mais
conversas, até que eu um dia disse que não queria a minha casa difamada. Ah! meu pai do
céu! foi um dia de juízo. Genoveva investiu para mim com uns olhos deste tamanho,
dizendo que nunca difamou ninguém e não precisava de esmolas. Que esmolas, Genoveva?
O que digo é que não quero esses cochichos à porta, desde as aves-marias... Dois dias
depois estava mudada e brigada comigo.
— Onde mora ela?
— Na praia Formosa, antes de chegar à pedreira, uma rótula pintada de novo.
Deolindo não quis ouvir mais nada. A velha Inácia, um tanto arrependida, ainda lhe
deu avisos de prudência, mas ele não os escutou e foi andando. Deixo de notar o que
pensou em todo o caminho; não pensou nada. As idéias marinhavam-lhe no cérebro, como
em hora de temporal, no meio de uma confusão de ventos e apitos. Entre elas rutilou a faca
de bordo, ensangüentada e vingadora. Tinha passado a Gamboa, o Saco do Alferes, entrara
na praia Formosa. Não sabia o número de casa, mas era perto da pedreira, pintada de novo,
e com auxílio da vizinhança poderia achá-la. Não contou com o acaso que pegou de
Genoveva e fê-la sentar à janela, cosendo, no momento em que Deolindo ia passando. Ele
conheceu-a e parou; ela, vendo o vulto de um homem, levantou os olhos e deu com o
marujo.
— Que é isso? exclamou espantada. Quando chegou? Entre, seu Deolindo.
E, levantando-se, abriu a rótula e fê-lo entrar. Qualquer outro homem ficaria
alvoroçado de esperanças, tão francas eram as maneiras da rapariga; podia ser que a velha
se enganasse ou mentisse; podia ser mesmo que a cantiga do mascate estivesse acabada.
Tudo isso lhe passou pela cabeça, sem a forma precisa do raciocínio ou da reflexão, mas em
tumulto e rápido. Genoveva deixou a porta aberta, fê-lo sentar-se, pediu-lhe notícias da
viagem e achou-o mais gordo; nenhuma comoção nem intimidade. Deolindo perdeu a
última esperança. Em falta de faca, bastavam-lhe as mãos para estrangular Genoveva, que
era um pedacinho de gente, e durante os primeiros minutos não pensou em outra coisa.
— Sei tudo, disse ele.
— Quem lhe contou?
Deolindo levantou os ombros.
— Fosse quem fosse, tornou ela, disseram-lhe que eu gostava muito de um moço?
— Disseram.
— Disseram a verdade.
Deolindo chegou a ter um ímpeto; ela fê-lo parar só com a ação dos olhos. Em
seguida disse que, se lhe abrira a porta, é porque contava que era homem de juízo. Contoulhe então tudo, as saudades que curtira, as propostas do mascate, as suas recusas, até que
um dia, sem saber como, amanhecera gostando dele.
— Pode crer que pensei muito e muito em você. Sinhá Inácia que lhe diga se não
chorei muito... Mas o coração mudou... Mudou... Conto-lhe tudo isto, como se estivesse
diante do padre, concluiu sorrindo.
Não sorria de escárnio. A expressão das palavras é que era uma mescla de candura e
cinismo, de insolência e simplicidade, que desisto de definir melhor. Creio até que
insolência e cinismo são mal aplicados. Genoveva não se defendia de um erro ou de um
perjúrio; não se defendia de nada; faltava-lhe o padrão moral das ações. O que dizia, em
resumo, é que era melhor não ter mudado, dava-se bem com a afeição do Deolindo, a prova
é que quis fugir com ele; mas, uma vez que o mascate venceu o marujo, a razão era do
mascate, e cumpria declará-lo. Que vos parece? O pobre marujo citava o juramento de
despedida, como uma obrigação eterna, diante da qual consentira em não fugir e embarcar:
"Juro por Deus que está no céu; a luz me falte na hora da morte". Se embarcou, foi porque
ela lhe jurou isso. Com essas palavras é que andou, viajou, esperou e tornou; foram elas que
lhe deram a força de viver. Juro por Deus que está no céu; a luz me falte na hora da morte...
— Pois, sim, Deolindo, era verdade. Quando jurei, era verdade. Tanto era verdade
que eu queria fugir com você para o sertão. Só Deus sabe se era verdade! Mas vieram
outras coisas... Veio este moço e eu comecei a gostar dele...
— Mas a gente jura é para isso mesmo; é para não gostar de mais ninguém...
— Deixa disso, Deolindo. Então você só se lembrou de mim? Deixa de partes...
— A que horas volta José Diogo?
— Não volta hoje.
— Não?
— Não volta; está lá para os lados de Guaratiba com a caixa; deve voltar sexta-feira
ou sábado... E por que é que você quer saber? Que mal lhe fez ele?
Pode ser que qualquer outra mulher tivesse igual palavra; poucas lhe dariam uma
expressão tão cândida, não de propósito, mas involuntariamente. Vede que estamos aqui
muito próximos da natureza. Que mal lhe fez ele? Que mal lhe fez esta pedra que caiu de
cima? Qualquer mestre de física lhe explicaria a queda das pedras. Deolindo declarou, com
um gesto de desespero, que queria matá-lo. Genoveva olhou para ele com desprezo, sorriu
de leve e deu um muxoxo; e, como ele lhe falasse de ingratidão e perjúrio, não pôde
disfarçar o pasmo. Que perjúrio? que ingratidão? Já lhe tinha dito e repetia que quando
jurou era verdade. Nossa Senhora, que ali estava, em cima da cômoda, sabia se era verdade
ou não. Era assim que lhe pagava o que padeceu? E ele que tanto enchia a boca de
fidelidade, tinha-se lembrado dela por onde andou?
A resposta dele foi meter a mão no bolso e tirar o pacote que lhe trazia. Ela abriu-o,
aventou as bugigangas, uma por uma, e por fim deu com os brincos. Não eram nem
poderiam ser ricos; eram mesmo de mau gosto, mas faziam uma vista de todos os diabos.
Genoveva pegou deles, contente, deslumbrada, mirou-os por um lado e outro, perto e longe
dos olhos, e afinal enfiou-os nas orelhas; depois foi ao espelho de pataca, suspenso na
parede, entre a janela e a rótula, para ver o efeito que lhe faziam. Recuou, aproximou-se,
voltou a cabeça da direita para a esquerda e da esquerda para a direita.
— Sim, senhor, muito bonitos, disse ela, fazendo uma grande mesura de
agradecimento. Onde é que comprou?
Creio que ele não respondeu nada, não teria tempo para isso, porque ela disparou
mais duas ou três perguntas, uma atrás da outra, tão confusa estava de receber um mimo a
troco de um esquecimento. Confusão de cinco ou quatro minutos; pode ser que dois. Não
tardou que tirasse os brincos, e os contemplasse e pusesse na caixinha em cima da mesa
redonda que estava no meio da sala. Ele pela sua parte começou a crer que, assim como a
perdeu, estando ausente, assim o outro, ausente, podia também perdê-la; e, provavelmente,
ela não lhe jurara nada.
— Brincando, brincando, é noite, disse Genoveva.
Com efeito, a noite ia caindo rapidamente. Já não podiam ver o hospital dos Lázaros
e mal distinguiam a ilha dos Melões; as mesmas lanchas e canoas, postas em seco, defronte
da casa, confundiam-se com a terra e o lodo da praia. Genoveva acendeu uma vela. Depois
foi sentar-se na soleira da porta e pediu-lhe que contasse alguma coisa das terras por onde
andara. Deolindo recusou a princípio; disse que se ia embora, levantou-se e deu alguns
passos na sala. Mas o demônio da esperança mordia e babujava o coração do pobre diabo, e
ele voltou a sentar-se, para dizer duas ou três anedotas de bordo. Genoveva escutava com
atenção. Interrompidos por uma mulher da vizinhança, que ali veio, Genoveva fê-la sentarse também para ouvir "as bonitas histórias que o Sr. Deolindo estava contando". Não houve
outra apresentação. A grande dama que prolonga a vigília para concluir a leitura de um
livro ou de um capítulo, não vive mais intimamente a vida dos personagens do que a antiga
amante do marujo vivia as cenas que ele ia contando, tão livremente interessada e presa,
como se entre ambos não houvesse mais que uma narração de episódios. Que importa à
grande dama o autor do livro? Que importava a esta rapariga o contador dos episódios?
A esperança, entretanto, começava a desampará-lo e ele levantou-se definitivamente
para sair. Genoveva não quis deixá-lo sair antes que a amiga visse os brincos, e foi mostrarlhos com grandes encarecimentos. A outra ficou encantada, elogiou-os muito, perguntou se
os comprara em França e pediu a Genoveva que os pusesse.
— Realmente, são muito bonitos.
Quero crer que o próprio marujo concordou com essa opinião. Gostou de os ver,
achou que pareciam feitos para ela e, durante alguns segundos, saboreou o prazer exclusivo
e superfino de haver dado um bom presente; mas foram só alguns segundos.
Como ele se despedisse, Genoveva acompanhou-o até à porta para lhe agradecer
ainda uma vez o mimo, e provavelmente dizer-lhe algumas coisas meigas e inúteis. A
amiga, que deixara ficar na sala, apenas lhe ouviu esta palavra: "Deixa disso, Deolindo"; e
esta outra do marinheiro: "Você verá." Não pôde ouvir o resto, que não passou de um
sussurro.
Deolindo seguiu, praia fora, cabisbaixo e lento, não já o rapaz impetuoso da tarde,
mas com um ar velho e triste, ou, para usar outra metáfora de marujo, como um homem
"que vai do meio caminho para terra". Genoveva entrou logo depois, alegre e barulhenta.
Contou à outra a anedota dos seus amores marítimos, gabou muito o gênio do Deolindo e
os seus bonitos modos; a amiga declarou achá-lo grandemente simpático.
— Muito bom rapaz, insistiu Genoveva. Sabe o que ele me disse agora?
— Que foi?
— Que vai matar-se.
— Jesus!
— Qual o quê! Não se mata, não. Deolindo é assim mesmo; diz as coisas, mas não
faz. Você verá que não se mata. Coitado, são ciúmes. Mas os brincos são muito engraçados.
— Eu aqui ainda não vi destes.
— Nem eu, concordou Genoveva, examinando-os à luz. Depois guardou-os e
convidou a outra a coser. — Vamos coser um bocadinho, quero acabar o meu corpinho
azul...
A verdade é que o marinheiro não se matou. No dia seguinte, alguns dos
companheiros bateram-lhe no ombro, cumprimentando-o pela noite de almirante, e
pediram-lhe notícias de Genoveva, se estava mais bonita, se chorara muito na ausência, etc.
Ele respondia a tudo com um sorriso satisfeito e discreto, um sorriso de pessoa que viveu
uma grande noite. Parece que teve vergonha da realidade e preferiu mentir.
Noite de Almirante, de Machado de Assis
Fonte:
ASSIS, Machado de. Volume de contos. Rio de Janeiro : Garnier, 1884.
Texto proveniente de:
A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro
A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo
Permitido o uso apenas para fins educacionais.
Texto-base digitalizado por:
Edição eletrônica produzida pela Costa Flosi Ltda.
Revisão: Sandra Flosi/Edição: Edson Costa Flosi e Nancy Costa
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Revertere Ad Locum Tuum
armando mendz
Uma comédia sobre a vida em família.
Melhor Curta Metragem – Mostra Minas – 12º Festival Internacional de Curtas de BH
Melhor Curta Metragem – CNC – 4º Festival Filmes na Floresta - MT
Melhor Ator – Festival Curta-Canoa - CE
Melhor Trilha Sonora – CINE-PE 2010
Produtora: Abuzza Filmes
Direção: Armando Mendz
Produção: Gui Fiúza
Roteiro: Armando Mendz
Elenco: Carlos Magno Rodrigues, Otávio Augusto, Inês Peixoto, Berta Zemel, Teuda Bara e Cláudia Assunção
Fotografia: Bruno Magalhães (Prentz)
Câmera: Frederico Penna (Eti)
Montagem: Armando Mendz e Janaína Patrocínio
Som Direto: Engenho - Gustavo Campos e Alexandre Bomfim
Trilha Sonora: Márcio Brant
Finalização: Labocine
Mixagem e Print Master: Meios e Mídia.
Demais créditos no final do filme.
https://vimeo.com/37851164
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