Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
terça-feira, 7 de setembro de 2021
Naquele tempo
Por Quanto Tempo Ainda
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Pixinguinha
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Naquele Tempo - Pixinguinha
Eu sempre lhe amei
Eu sempre lhe adorei
Eu sempre almejei
Um dia ver você feliz
Fiz tudo, carreguei
A minha cruz com retidão
Apenas pra ganhar seu coração
Mas tudo foi em vão porque
Sofri sem reclamar
Sofri pra não chorar
Curti a minha dor
Por desejar o seu amor
Ficava na esquina a lhe esperar
Porém, você passava
Sem ao menos me olhar
Naquele tempo você tinha tudo
Beleza, riqueza, lábios sensuais
Malícia no olhar
Charmosa até demais
Eu quis lhe conquistar
Você nunca me quis
E ainda disse para alguém
Que eu era infeliz
Naquele tempo havia tocatas
Romances, serestas, também ao luar
Alguém contou pra mim
Que viu você chorar
Naquela noite eu cantei
Chorinhos e canções
Com flauta, cavaquinho e violões
O tempo foi tudo passa
Eu também agora
Já não sofro mais
Já tenho um grande amor
Pra acalmar minha dor
Amenizar meu sofrer
E escutar os meus ais
Você ficou sem ninguém
Pois desprezou a quem tanto lhe quis
Tudo acabou
E hoje sou feliz
Composição: Benedito Lacerda / Pixinguinha.
*** *** https://www.letras.mus.br/pixinguinha/naquele-tempo/ *** ***
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José Álvaro Moisés: "Excesso de partidos políticos impede surgimento de novas lideranças"
5 de set. de 2021
Marco Antonio Villa
A corrupção continua sendo um tema central da política brasileira
Bolsonaro quer golpear a democracia
A crise é estrutural.
Precisamos urgentemente reformar o sistema político
Partidos políticos não podem se transformar em mercadorias
*** *** https://www.youtube.com/watch?v=RkwDwhfmoY4 *** ***
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TEMPO
José Álvaro Moisés: “O governo está esfarinhando”
Para o cientista político, a baixa popularidade de Dilma Rousseff e a desconfiança da população nos partidos e no Congresso podem abrir espaço para um “aventureiro” em 2018
JOSÉ FUCS
27/04/2015 - 08h00 - Atualizado 27/04/2015 08h00
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DESCONFIANÇA O professor José Álvaro Moisés, em seu apartamento, em São Paulo. Para ele, o segundo governo Dilma vive um ocaso prematuro (Foto: Camila Fontana/ÉPOCA)
DESCONFIANÇA
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O professor José Álvaro Moisés, em seu apartamento, em São Paulo. Para ele, o segundo governo Dilma vive um ocaso prematuro (Foto: Camila Fontana/ÉPOCA)
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O cientista político José Álvaro Moisés, de 69 anos, é um dos mais duros críticos do PT na academia, onde os simpatizantes do partido detêm a hegemonia, em especial na área de filosofia e ciências humanas. Professor de ciência política e diretor do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo (USP), Moisés foi um dos fundadores do PT, em 1980, mas deixou o partido em meados dos anos 1990. A “pá de cal”, segundo ele, ocorreu em dois tempos – com a recusa do PT em atender ao chamado do então presidente, Itamar Franco, para um governo de união nacional logo após o impeachment de Fernando Collor, em 1992, e o afastamento da deputada Luiza Erundina (hoje no PSB), por ter aceitado um cargo de ministra no governo. “Minha impressão é que, hoje, o PT entrou na fase do declínio”, afirma. “Se a oposição for capaz de ocupar o espaço deixado pelo PT, provavelmente vai disputar as eleições de 2018 com muita força, mesmo que o candidato seja o Lula.” Em entrevista a ÉPOCA, Moisés fala sobre a crise de legitimidade de Dilma e a desconfiança da população nos partidos e no Congresso Nacional. “A presidente Dilma conseguiu perder seu capital político em apenas três meses”, diz. “As pessoas estão cobrando o preço da mentira.”
ÉPOCA – O Brasil vive hoje a maior crise política desde o impeachment do ex-presidente Fernando Collor, em 1992. Como o senhor vê o cenário político?
José Álvaro Moisés – Há uma crise de legitimidade do governo. Ele está esfarinhando, dissolvendo como sorvete na mão de criança no verão. A presidente Dilma conseguiu perder quase todo o seu capital político em apenas três meses, de tal modo que, quando alguém do governo vai falar na televisão, tem panelaço. Nas últimas pesquisas, a aprovação do governo e da presidente Dilma ficou em torno de 10%. Não conheço na história brasileira nenhum governo que, num período tão curto, tenha enfrentado um questionamento desses. Não apenas no que se refere às medidas de ajuste da economia. As dúvidas sobre o governo e as críticas de todos os lados passam pelo questionamento da capacidade de Dilma governar e coordenar sua própria base política. Agora, com a escolha do vice-presidente, Michel Temer, para fazer a articulação política, parece que isso está mudando um pouco. A escolha de Temer não vai resolver tudo, mas aponta a possibilidade de melhoria na relação com o Congresso. Para completar o quadro, uma parte dos eleitores do PT está decepcionada. Você não chega a 78% de rejeição da presidente e 65% da política do governo, como mostrou a pesquisa CNT (Confederação Nacional dos Transportes), no final de março, se não imaginar que, nesse contingente, tem gente que votou no PT.
ÉPOCA – Quais as consequências dessa crise para o país?
Moisés – Se muita gente começa a desacreditar no governo e associa isso ao mau funcionamento de algumas instituições da democracia, como os partidos e o Congresso Nacional, pode levar à formação de uma base potencial para apoiar alternativas não democráticas, como uma intervenção militar. Isso é um horror. Em todas as pesquisas que fiz na USP, essa desconfiança nas instituições aparece. Em 2006, 29% diziam que a democracia pode funcionar sem o Congresso e 31% sem os partidos. Em 2014, isso foi para 46% no caso dos partidos e para 45% no caso do Congresso. É muito para duas instituições centrais na democracia, cujo papel é trazer os desejos da sociedade, suas preferências, para dentro do sistema político.
>> Leia outras entrevistas
ÉPOCA – No dia 12 de abril, milhares de pessoas voltaram às ruas para pedir o impeachment da presidente Dilma e protestar contra o PT e a corrupção no governo. O senhor acredita que o impeachment é possível?
Moisés – A democracia não pode funcionar na base do impeachment. O impeachment é uma solução de emergência, que deve ser usada numa situação de radicalização política, para não aprofundar a crise. Na situação atual, não estão criadas nem as condições políticas, nem as condições que a Constituição assegura, para permitir o impeachment. Agora, eu tenho uma dúvida. Admitindo que, neste mandato, não haja atos de responsabilidade da presidente que justifiquem o impeachment, o que vamos fazer com o que aconteceu no primeiro mandato, quando ela era chefe da Casa Civil, presidente do conselho da Petrobras e ministra de Minas e Energia? Não sei se o sistema político vai tratar disso no fim do mandato dela. Recentemente, vi uma tese que tem de ser considerada. Como o Brasil adotou o sistema de reeleição, o segundo mandato seria uma sequência do primeiro. Embora não esteja claro na Constituição, os crimes de responsabilidade do primeiro mandato se transfeririam para o segundo. Estou tentando entender se isso faz sentido jurídico, porque mudaria minha posição em relação ao impeachment.
"Por oportunismo ou não, o PMDB está ocupando o espaço deixado pelo PT e pela oposição”
ÉPOCA – O PT, Lula e Dilma continuam a negar participação ou conhecimento sobre as propinas na Petrobras. Como o senhor analisa isso?
Moisés – As pesquisas mais recentes mostram que muita gente não apenas está acompanhando as investigações do petrolão, como imagina que tanto Lula como Dilma sabiam o que estava acontecendo e têm responsabilidade pelo que ocorreu. Bem mais que 50% estão dizendo isso. Não é um antipetismo ou um ódio ao PT, como disse o ex-ministro Luís Carlos Bresser Pereira outro dia num artigo. Em nenhum momento o Bresser fala sobre o direito de as pessoas protestarem e se indignarem com a corrupção. Ele teria de dizer que o PT está dando motivo não só para os ricos, mas também para muitos de seus eleitores começarem a protestar e se colocarem contra o partido e o governo. As pessoas estão cobrando o preço da mentira. Ouvi muito isso nas manifestações da Avenida Paulista. As pessoas não são idiotas. Elas estão percebendo que alguma coisa não está funcionando bem. A minha impressão é que o PT entrou numa fase de decadência.
>> FHC: “Dilma não mostra firmeza na condução”
ÉPOCA – Em sua opinião, esse quadro pode abrir espaço para a ascensão de um “salvador da pátria” em 2018?
Moisés – Num momento em que há muita descrença, se aparecer um aventureiro, as pessoas podem aceitar. Em última instância, foi isso que aconteceu com a eleição do Collor. Mas, naquela época, estávamos em outra fase do processo de democratização brasileiro. É preciso lembrar que, naquele momento, o PT teve um papel importante na mobilização pelo impeachment. Não considerou que fosse golpismo, como agora. Hoje, temos de evitar que essa deterioração do governo se articule com a crítica das instituições. Essa separação precisa ser feita pelo governo, pelos partidos e pelas lideranças políticas. Mas estamos carentes de lideranças democráticas capazes de pensar o momento e os desdobramentos futuros. Sei que teve o Aécio Neves na eleição de 2014. Diria até que ele saiu maior do que entrou na campanha. Só que, nos últimos meses, não estamos vendo a presença dele. Sou crítico também em relação à participação da Marina. Algumas semanas atrás, a Marina disse que estava “ouvindo o silêncio”. Eu respeito isso. Mas a sociedade está num momento crítico. Precisa haver vozes de liderança que façam essa separação. O Fernando Henrique tem feito isso, mas não podemos depender só dele.
ÉPOCA – Há uma luz no fim do túnel?
Moisés – Depende do papel que a oposição desempenhar. Estamos vivendo uma crise no Brasil que abre as portas para que as forças políticas se reinventem. Isso significa que precisam agir. Não só o PSDB, mas o DEM, o PPS, o próprio PSB, para não falar do partido da Marina. Precisamos de uma oposição democrática, capaz de falar sobre os temas centrais do momento: ajuste fiscal, para retomar a economia, a reforma política, em especial as questões que dizem respeito à corrupção, a maneira como é feito o financiamento das campanhas eleitorais e medidas para ter mais controle e punição sobre a corrupção. A oposição tem de dizer algo sobre isso. Não apenas um elenco de propostas para se contrapor, mas que faça sentido para a população e mostre que a política é um caminho para melhorar a sociedade. Se a oposição for capaz de ocupar o espaço deixado pelo PT, provavelmente vai disputar as eleições de 2018 com muita força, mesmo que o candidato seja o Lula.
>> Luiz Gonzaga Belluzzo: ‘‘Precisamos de um pacto para enfrentar a crise’’
ÉPOCA – Que papel cabe ao PMDB nesse processo?
Moisés – Nos últimos 25 anos, formamos a imagem do PMDB como um partido fisiológico, que aproveita todas as chances de estar no poder e não teria nem projeto para o Brasil. De repente, o PMDB está jogando um alto papel. Não importa se por vias transversas ou por pessoas que nem têm tanto crédito, mas o PMDB está dizendo que, na democracia, a agenda política não pode ser definida só pelo Executivo. O Legislativo tem de participar, ter mais independência para examinar o que o Executivo está propondo. Por mais contraditório que seja, o PMDB está dizendo: “Algum princípio republicano tem de prevalecer” e “Ter 39 ministérios não faz sentido”. Alguém sempre vai dizer que é oportunismo. Se você vai na linha do presidencialismo de coalizão, quem faz parte da coalizão tem de participar das decisões. Às vezes, da crise podem emergir mudanças positivas. O espaço da boa política deixado pelo PT e pela oposição, surpreendentemente, começa a ser ocupado pelo PMDB.
*** *** https://epoca.oglobo.globo.com/tempo/noticia/2015/04/jose-alvaro-moises-o-governo-esta-esfarinhando.html *** ***
As 10 melhores músicas brasileiras sobre o Tempo
Raphael Vidigal | Postado em 05/01/2021
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*por Raphael Vidigal
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“Não há tempo. Um bicho arisco vive dentro de uma espécie de eternidade. Duma ilusão de eternidade. Onde ele pode ficar parado para sempre, mastigando o eterno. Para não assustá-lo, para tê-lo dentro dos seus dedos quando eles finalmente se fecharem, você também precisa estar dentro dessa ilusão do eterno.” Caio Fernando Abreu
Compositor, ator e poeta, Mário Lago cunhou uma das mais precisas definições sobre a relação do ser humano com a passagem do tempo, aquele ser invisível e maciço que emolduramos em relógios, fotografias e calendários e nos encontra na pele e nos ossos. “Fiz um acordo com o tempo, nem ele me persegue, nem eu fujo dele. Um dia, a gente se encontra”, escreveu Lago. Com a passagem de ano, o tempo parece a esperança de dias melhores à nossa espera, e, como de praxe, não faltam canções brasileiras que versam sobre esse assunto, passando pelo humor, a reflexão e a revolta, indo do samba ao rock, com parada na MPB.
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“Tempo Feliz” (samba, 1965) – Vinicius de Moraes e Baden Powell
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Vinicius de Moraes e Baden Powell compuseram “Tempo Feliz” especialmente para Ciro Monteiro, como avisava o encarte do compacto editado pela Elenco em 1965, selo de Aloysio de Oliveira. Conhecido nas rodas de samba como Formigão, o cantor foi resgatado pela dupla em um período em que já não gozava de tanto prestígio. A letra, aliás, expressava essa nostalgia: “Feliz o tempo que passou, passou/ Tempo tão cheio de recordações/ Tantas canções ele deixou, deixou/ Trazendo paz a tantos corações”. Ao final, a esperança se assanhava sem constrangimentos: “E quando um dia esse tempo voltar/ Eu nem quero pensar/ No que vai ser/ Até o sol raiar…”. A música foi um grande sucesso.
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“Oração ao Tempo” (MPB, 1979) – Caetano Veloso
Durante a turnê “Ofertório”, em que se apresentava ao lado dos três filhos, Caetano Veloso contou que a relação musical com os filhos se estabeleceu cada uma à sua maneira, e confidenciou que o último a aderir foi, justamente, o caçula Tom. Ele afirmou, que, ainda bebê, Tom demonstrava irritação ao ouvi-lo cantar, o que naturalmente se dispersou com o tempo, aquele senhor que “é tão bonito quanto a cara do meu filho”, como já eternizou a clássica “Oração ao Tempo”, lançada em 1979 no álbum “Cinema Transcendental”. “Fazer música com meus filhos parece outra coisa, não é como fazer com outros parceiros. Eles são extensões de mim na minha cabeça”, disse o tropicalista, inquieto como o tempo.
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“Novo Tempo” (MPB, 1980) – Ivan Lins e Vítor Martins
O teclado inconfundível de Ivan Lins se tornou tão presente na cabeça dos brasileiros quanto os versos escritos por Vítor Martins para a parceria da dupla, lançada em 1980 com o título “Novo Tempo”. Com um forte teor de esperança, a música serviu como manual de autoajuda para muita gente e segue como uma das mais executadas em épocas de virada de ano. “No novo tempo/ Apesar dos castigos/ Estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos/ Pra nos socorrer…”, proclama. Pelo período em que foi composta, a canção também se tornou uma espécie de hino contra a ditadura militar no Brasil, que chegou ao final em 1985, após duas décadas de um regime repressivo, violento e covarde.
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“Tempo Rei” (MPB, 1984) – Gilberto Gil
É de Gilberto Gil uma das mais cristalinas demonstrações da qualidade subjetiva e da densidade crítica e de consciência que se pode extrair dos nossos ditados populares. O movimento capitaneado na música brasileira por Gil, aliás, ao lado de Caetano Veloso, tinha como uma das metas estabelecer a real valorização da nossa cultura, afinal a Tropicália estende o seu tapete vermelho dos Beatles até Vicente Celestino. “Tempo Rei” traça um paralelo existencialista, entre a finitude e o que é eterno, o momento presente e o passageiro. Ela foi lançada em 1984, e começa, sem terminar, um dos mais conhecidos ditados do Brasil: “Água mole/ Pedra dura/ Tanto bate/ Que não restará/ Nem pensamento…”, diz.
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“Tempo Perdido” (rock, 1986) – Renato Russo
A ascensão do rock durante os anos 1980 no Brasil teve como um de seus ícones Renato Russo, líder da Legião Urbana que, com ares messiânicos, guiava plateias de adolescentes que passaram a lotar os estádios para ouvir as suas profecias. Uma das mais emblemáticas data do segundo disco da trupe, editado em 1986, intitulado “Dois”. “Tempo Perdido” ali a carga filosófica e cheia de existencialismo que atraía Renato a considerações mais casuais que cativavam o grande público. “Todos os dias quando acordo/ Não tenho mais o tempo que passou/ Mas tenho muito tempo/ Temos todo o tempo do mundo”, diz a letra. Em 2020, a música ganhou uma versão com Pitty, Leo Jaime, Frejat, Supla e outros.
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“O Tempo Não Para” (rock, 1988) – Cazuza e Arnaldo Brandão
Todas as músicas do espetáculo de lançamento do álbum “Ideologia” já estavam definidas quando Cazuza apresentou a Ney Matogrosso uma novidade. O antigo vocalista do grupo Secos e Molhados era o responsável pela direção, iluminação e cenografia do show. Ao se deparar com a letra arrebatadora de “O Tempo Não Para”, Ney não teve dúvidas de que a música daria nome à turnê. Parceria com Arnaldo Brandão, “O Tempo Não Para” mescla a batalha pela vida de Cazuza com as agonias de um país em constante crise. “A música é sobre essa velharia que está aí e vai passar. Vão ficar as ideias de uma nova geração”, afirmou Cazuza. Ney, Simone, Zélia Duncan, Lobão e Barão Vermelho regravaram o hit.
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“Sobre o Tempo” (pop, 1995) – John Ulhôa
Uma trupe formada em Belo Horizonte por John Ulhôa, Fernanda Takai e Ricardo Koctus deu um drible nas expectativas da música brasileira ao misturar influências eletrônicas de bandas internacionais à prosódia dos nossos inventivos compositores, com atenção destacada para Tom Zé e Os Mutantes. O segundo disco do Pato Fu, de 1995, tinha o sugestivo e irônico nome de “Gol de Quem?”. Com regravações dos Beatles e até de Nelson Gonçalves, o grande sucesso foi uma composição de John Ulhôa. “Sobre o Tempo” versava sobre essa questão tão cara ao ser humano de forma leve, sem perder a profundidade: “Tempo, tempo, mano velho, falta um tanto ainda eu sei/ Pra você correr macio”.
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“Resposta ao Tempo” (bossa nova, 1998) – Aldir Blanc e Cristóvão Bastos
A música “Resposta ao Tempo” concentra uma poesia altamente existencial e reflexiva de Aldir Blanc, aliada à melodia sofisticada de Cristóvão Bastos e à voz de mormaço de Nana Caymmi. Esse conjunto, por si só, a justifica como obra-prima. Não bastasse isso, essa típica peça de bossa nova, tema de abertura da minissérie “Hilda Furacão” em 1998, tem como tema o “tempo”, um dos mais misteriosos ao ser humano, senão o principal responsável por suas dúvidas, esperanças e medos. Por isso, ele adquire condição de protagonista, numa conversa franca com o eu-lírico, que conclui: “No fundo é uma eterna criança/ Que não soube amadurecer/ Eu posso, ele não vai poder/ Me esquecer…”, diz.
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“Templo do Tempo” (MPB, 2015) – Flaira Ferro e Igor Bruno
Lançando mão da metalinguagem, a canção “Templo do Tempo” permanece apenas instrumental durante quase metade de sua gravação. Só então entra a voz de Flaira Ferro, que a compôs com Igor Bruno, recitando o refrão reflexivo: “Eu sou o templo do tempo/ O tempo acontece em mim/ No meu rosto, na minha pele/ No meu modo de vestir”. A música chegou para o público no primeiro álbum da cantora e compositora pernambucana, “Cordões Umbilicais”, de 2015. Uma das revelações da nova geração, Flaira apostou em um tom interiorizado nessa estreia para, nos trabalhos seguintes, dar vazão a um lado mais explícito e explosivo, que rendeu o polêmico clipe “Coisa Mais Bonita” e “Virada na Jiraya”.
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“Tempo da Estiagem” (samba, 2020) – Raphael Vidigal e Ronaldo Ferreira
O samba “Tempo da Estiagem” foi composto por Raphael Vidigal e Ronaldo Ferreira no início de 2020. É a estreia da dupla no gênero. Juntos, o mineiro Vidigal e o paulista Ferreira já haviam criado duas marchinhas de Carnaval: “Cuidado Com o Pescoço” e “Retiro do Vampiro”, em 2017 e 2018, respectivamente. Para interpretar a mais nova composição, eles convidaram a cantora Deh Mussulini e o violonista Lucas Telles, que também cuidou dos arranjos e da produção da faixa. “Tempo da Estiagem” é um samba lírico, na tradição da música popular brasileira afeita à dor de cotovelo, e que bebe nas influências tanto de Batatinha quanto de Paulinho da Viola, com doce melancolia.
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Foto: Mônica Imbuzeiro.
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Não sei por quanto tempo
Ainda esperarei
Por ti pelos carinhos teus
Por tudo que me vem bailando
Tecendo os sonhos meus
Talvez só por viver
A sombra da ilusão
Envolto no silencio frio
Irei por quanto tempo ainda
Esperarei teu amor em vão
Nunca animais se confessam
Aos que sofrem de mal do amor
Lá no teu corpo gelado
A perfídia do teu encanto
Nunca terás a teus pés a ventura
Da minha dor
Os meus joelhos dobrados um dia
E em pranto há de implorar o amor
Talvez só por viver a sombra da ilusão
Envolto no silencio frio
Irei por quanto tempo ainda
Esperarei teu amor em vão
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Por Quanto Tempo Ainda - Orlando Silva
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