Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
segunda-feira, 20 de setembro de 2021
A montanha pariu o rato
“…Ah issae Ratinho inda vai cumprir sieu ideaal Inda vai si turnar enum imensum Cabramalt🎶…”
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*** **** https://nationalgeographic.pt/natureza/grandes-reportagens/1125-a-elegancia-a-beira-do-abismo-da-cabra-montes *** ***
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Esta terra ainda vai cumprir seu ideal?
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Assistir:
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Rede TVT
Boaventura de Sousa Santos, catedrático da Universidade de Coimbra é questionado pelo jornalista e apresentador do Entre Vistas sobre uma pergunta secular, inspirada por Chico Buarque:
Esta terra ainda vai cumprir seu ideal? Ainda vai tornar-se um imenso Portugal?
*** *** https://www.youtube.com/watch?v=RL9EMGSocDk *** ***
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sábado, 18 de setembro de 2021
Adriana Fernandes - A montanha pariu o rato
O Estado de S. Paulo
O governo tratou praticamente como confidencial o plano gradual de corte de renúncias fiscais encaminhado ao Congresso como exigência da famosa PEC emergencial, proposta que a equipe econômica classificou como medida “revolucionária” para as contas públicas.
O prazo para o envio terminou esta semana, o plano foi enviado a tempo, mas o Planalto e a Economia não quiseram divulgar o seu conteúdo e muito menos justificar as escolhas.
Estranho, né? Repete-se o que já aconteceu quando o governo enviou um plano ao Congresso para atender dispositivo na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2019, mas pediu sigilo e nada aconteceu.
Na moita, o governo também protocolou na Câmara um projeto que revoga os benefícios para atender o plano traçado. Batizada de “gradual”, a proposta não passou de uma medíocre carta de intenções de redução (até 2029) de R$ 22,41 bilhões, dos R$ 308 bilhões.
Isso mesmo: menos de R$ 3 bilhões por ano. A montanha pariu um rato.
Estamos falando de 4% do PIB, que o governo deixa de arrecadar todo ano para beneficiar setores específicos. É muito pouco o que se propôs.
Durante a pandemia da covid-19, a ideia de cortar esses incentivos era apresentada (e ainda é) como a solução para melhorar as contas do governo e irrigar recursos para políticas públicas mais eficientes que serão necessárias para diminuir as cicatrizes deixadas pelo impacto da crise sanitária, principalmente para a população mais carente.
Na boca das autoridades, um discurso fácil e bonito. Um clichê ambulante. Na vida real, uma causa que não anda de jeito nenhum.
Se a queda dos incentivos previstos no plano já era risível, o governo tratou de piorar. Botou nessa conta um corte de renúncias que estava sendo considerado em outro projeto, o do IR. É que, para diminuir o rombo na arrecadação provocado pelas medidas do projeto, o relator, deputado Celso Sabino, incluiu cortes de renúncias tributárias.
Acabou ficando uma espécie de “dupla” contagem. O governo quer se aproveitar do projeto do IR para dizer que está cumprindo o que mandou a PEC emergencial. Fingindo esquecer que os cortes de renúncias do projeto foram feitos para compensar outras isenções dadas pelo próprio relator. Tira com uma mão, dá com outra. Portanto, não há ganho efetivo.
Dos R$ 22,4 bilhões de corte previstos entre 2022 e 2029, R$ 15,29 bilhões são referentes à revogação de benefícios no projeto do IR, que não há garantias que vá ser aprovado no Senado.
Na hora da votação, o próprio Sabino renovou por mais anos incentivos concedidos por meio do IR e acabou retirando da proposta, na última hora, corte de benefícios para embarcações e aeronaves em resposta à pressão do lobby do setor de turismo.
O restante do plano do governo basicamente se resume a não renovar incentivos que têm prazo para terminar. Não há nada nele que aponte uma avaliação dessas políticas.
O plano faz uma leitura meio torta do texto da PEC, que determinou uma queda para 2% do PIB dos incentivos em oito anos. Mas blindou seis grandes benefícios do corte: desoneração da cesta básica, entidades sem fins lucrativos, fundos constitucionais, Prouni, Simples Nacional e áreas de livre comércio, como a Zona Franca de Manaus. Juntos, representam a metade de toda a renúncia: R$ 150 bilhões.
A área jurídica do governo adotou uma interpretação mais branda e entendeu que havia obrigação de propor uma redução de só R$ 4,21 bilhões.
Essa discussão toda parece muito chata e complexa, mas é crucial para entender por que o governo optou em aumentar o IOF esta semana, encarecendo ainda mais o crédito num momento de alta dos juros pelo BC.
O aumento do imposto foi feito para que o governo pudesse lançar o novo Bolsa Família, o Auxílio Brasil, com a marca de Bolsonaro.
Como a legislação exige fonte de recursos para financiar novos programas, Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes optaram por aumentar um imposto regulatório, que pode subir sem o aval Congresso.
O que o presidente poderia ter feito? Poderia ter enviado uma medida provisória cortando alguma renúncia para evitar esse aperto no crédito. Mas eles sabem que isso é encrenca para aprovar no Congresso. Prova de que esse plano tem tudo para não dar em nada. Isso se o Tribunal de Contas de Contas não rejeitá-lo e mandar o governo refazê-lo por não atender à PEC.
Está mais do que na hora de uma exposição da lista das empresas beneficiadas pelas renúncias.
*** *** https://gilvanmelo.blogspot.com/2021/09/adriana-fernandes-montanha-pariu-o-rato.html *** ***
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ARMAZÉM DE TEXTO - Blogger
ARMAZÉM DE TEXTO: FÁBULA: O PARTO DA MONTANHA - ESOPO - COM GABARITO
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Fábula: O parto da montanha
Há muitos e muitos anos uma montanha começou a fazer um barulhão.
A montanha fazia tanto barulho que todos suspeitavam que algo terrível estava por acontecer.
Nas rodas de conversas, o falatório corria solto.
--- Ai de nós! A montanha vai explodir.
--- É um aviso sobre o fim do mundo.
--- Deus me livre de ser um terremoto!
Adivinhando uma tragédia muitos moradores partiram para bem longe. Outros esconderam-se em cavernas escuras.
Até o jornal local deixou de circular, pois os parafusos das máquinas impressoras emperraram de medo. O povo do vilarejo mal respirava de tanta expectativa.
Então, a montanha tremeu e rachou ao meio.
O barulho foi ouvido a centenas de quilômetros de distância.
E, para surpresa de todos, de uma nuvem de poeira saiu... um pequenino rato.
Foi a piada do não.
Moral: Nem sempre as promessas magníficas dão resultados impressionantes.
Fábulas de Esopo
Entendendo a fábula:
01 – De acordo com esse texto, o motivo do falatório no vilarejo era:
( ) a partida de muitos moradores
( ) a previsão de um terremoto no vilarejo
( ) um aviso sobre o fim do mundo
(X) um grande barulho de uma montanha.
02 – No trecho “--- Deus me livre de ser um terremoto!”, o ponto de exclamação sugere:
( ) alegria
(X) desespero
( ) empolgação
( ) interrupção
03 – O fato ocorrido nesse texto se tornou a piada do ano porque:
( ) a imensa nuvem de poeira causou surpresa a todos
( ) a montanha tremeu e rachou ao meio
( ) o barulho foi ouvido a grande distância
(X) o barulho na montanha era feito por um pequeno rato.
04 – Se você pudesse mudar o final da fábula, qual seria?
Resposta pessoal do aluno.
às outubro 30, 2018
6 comentários:
Unknown23 de março de 2020 13:47
Adorei a atividade gostaria de receber mais atividadr com gabarito
Responder
Unknown9 de dezembro de 2020 10:20
Nossa obrigado
Responder
*** *** https://armazemdetexto.blogspot.com/2018/10/fabula-o-parto-da-montanha-esopo-com.html *** ***
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JC - UOL
JBS, Odebrecht... Campeãs nacionais à base de corrupção
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POLÍTICA
Campeãs nacionais de corrupção
O depoimento de Antonio Palocci e as malas de dinheiro de Geddel Vieira Lima são voz e imagem do capitalismo de compadrio brasileiro. Como podemos nos livrar dele?
JOÃO GABRIEL DE LIMA
08/09/2017 - 20h49 - Atualizado 08/09/2017 21h10
O governo escolhe algumas empresas – as campeãs nacionais. Franqueia facilidades a essas empresas. Em geral, contratos milionários com estatais ou empréstimos camaradas de bancos do governo. Parte do dinheiro, invariavelmente, sai do Tesouro – do contribuinte. Em troca, as campeãs nacionais financiam as campanhas do governo, que assim se perpetua no poder. Em cinco frases, pode-se resumir assim o capitalismo de estado da era PT-PMDB. A academia americana já tem um nome para esse fenômeno: crony capitalism – em português, capitalismo de compadrio. Acrescentando-se a essa fórmula a vasta circulação de propinas, talvez os historiadores do futuro resumam a era Lula-Dilma-Temer em três palavras: capitalismo de compadrio corrupto.
>> A queda do capitalismo de compadres
Nos primeiros anos, parecia que o governo Lula seria lembrado pelos historiadores como um ciclo modernizador. De um lado, preservava as conquistas do período anterior – estabilidade da moeda e responsabilidade fiscal. De outro, aperfeiçoava aquilo a que, na era Fernando Henrique, se chamava de “rede de proteção social”, tornando-a mais eficiente e mais focada. Tudo isso respeitando a democracia tão duramente conquistada. O que o filósofo Renato Janine Ribeiro definiu como o tripé modernizador do Brasil – democracia, inclusão social, estabilidade econômica – parecia um consenso nacional.
Em algum momento do segundo governo Lula começou o retrocesso. Talvez tenha sido, como sugeriu o ministro Antonio Palocci em seu depoimento esclarecedor na quarta-feira (6), na descoberta do pré-sal. O governo viu aí a oportunidade de gerar dinheiro não apenas para melhorar a situação social do país, mas também para se perpetuar no poder. A troca de favores entre poderosos, tão típica do Brasil antigo, voltou a ser prática corrente. As malas de dinheiro encontradas no apartamento de Geddel Vieira Lima – que ocupou cargos de confiança nos governos Lula, Dilma e Temer – são imagem simbólica do capitalismo de compadrio corrupto.
Poucas vezes as entranhas de tal sistema ficaram tão expostas quanto nesta Semana da Pátria, em que os nomes das campeãs nacionais de corrupção – Odebrecht e JBS – voltaram às manchetes. Como o país pode se livrar dessa cultura perniciosa? A Operação Lava Jato, que pela primeira vez na história brasileira processa e pune os grandes corruptos, é um começo. Mas não se trata apenas de um caso de polícia. É preciso acabar com os mecanismos que possibilitam o capitalismo de compadrio corrupto. O governo não pode ter tantos instrumentos para fazer escambo com empresas, nem tanta facilidade para burlar pareceres técnicos. Menos campeões nacionais e mais foco na inclusão social com estabilidade econômica. Menos empresas estatais, menos bancos estatais, menos bolsa-empresário – e mais educação, saúde e segurança para os cidadãos. Eis um bom tema de debate para a campanha presidencial do ano que vem.
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O ex- ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci (Foto: WILSON PEDROSA/ESTADÃO)
O ex-ministro-chefe da Casa Civil Antonio Palocci. Seu depoimento mostrou como funciona o capitalismo de compadrio brasileiro (Foto: Wilson Pedrosa/Estadão)
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Disciplina: Direito Penal II - ppt carregar
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'Não é demais lembrar, embora já tenhamos articulado sobre, que pela" teoria do domínio do fato " é autor, e não mero partícipe, a pessoa que, mesmo não tendo praticado diretamente a Infração penal, decidiu e ordenou sua prática a subordinado seu, o qual foi efetivamente o agente que diretamente a praticou em obediência ao primeiro. O mentor da infração não é mero partícipe, pois seu ato não se restringe a induzir ou instigar o agente infrator, pois havia relação de hierarquia e subordinação entre ambos, não de mera influência resistível.'
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Termos e expressões do coloquial do cotidiano da zona rural
no Brasil central no século XX.
Ismael David Nogueira
Armando Honório da Silva
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No tempo do ronco (Antigo, fora de moda).
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Chamar na chincha (Corda para atrelar e arrastar animais).
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Maílson da Nóbrega: "Paulo Guedes foi um completo fracasso" - YouTube
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Assistir:
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Maílson da Nóbrega: "Paulo Guedes foi um completo fracasso"
17 de set. de 2021
Marco Antonio Villa
As dificuldades do Plano Verão
Como evitar o colapso da economia
A surpresa do Plano Collor
A baixa produtividade do trabalho e suas consequências
A importância da educação
Paulo Guedes não tinha experiência na administração pública
Bolsonaro se preocupa apenas com assuntos periféricos. É despreparado.
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2:25
YouTube
Rita Lee - O bode e a cabra (DVD Multishow Ao Vivo)
Assistir
Enviado por: Rita Lee, 18 de dez. de 2020
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Assistir:
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Rita Lee - "O Bode e a Cabra" (Ao Vivo) - Multishow Ao Vivo
152.613 visualizações12 de jul. de 2016
Biscoito Fino
Vídeo oficial da faixa "O Bode e a Cabra" (Ao Vivo), do álbum "Multishow Ao Vivo"
Compre o álbum: https://geo.itunes.apple.com/br/album...
Siga Rita Lee no Spotify:
https://open.spotify.com/artist/7dnT2...
Rita Lee consagra 40 anos de carreira com o CD 'Multishow Ao Vivo'. Gravado no Rio, em janeiro, este lançamento, registra a última turnê (Pic Nic) da rainha do rock brasileiro, que incendiou plateias no Brasil afora e no exterior. No repertório, sucessos de uma vida toda, como Ovelha Negra, Lança Perfume, Mutante e Flagra, entre vários outros, além das inéditas Tão, Insônia e Se Manca, versão I Wanna Hold Your Hand dos Beatles.
Letra:
O bode saiu com a cabra
Foram andar a pé
O bode pisou na cabra
A cabra gritou mé
A cabra gritou méiéié
A cabra gritou mé
A cabra estremecida
De tanta dor no pé
O bode arrependido
Pediu desculpas mé
Pediu desculpas méiéié
Pediu desculpas mé
A cabra então se contorcia
De dor no pé
Pois não havia o que curasse
O chulé
O bode foi tomar banho
O rio não dava pé
A cabra toda assustada
Tornou a gritar mé
Tornou a gritar méiéié
Tornou a gritar mé
O bode então não se arriscou
Deu marcha ré
A cabra se entusiasmou
Deu no pé
E agora acabou-se a história
Conte pra quem quiser
O bode beijou a cabra
Sarou a dor no pé
Sarou a dor no péiéié
Sarou a dor no pé
*** *** https://www.youtube.com/watch?v=sbZEYnFVLrI *** ***
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FADO TROPICAL (letra e vídeo) com CHICO BUARQUE e RUY GUERRA, vídeo MOACIR SILVEIRA
136.598 visualizações17 de out. de 2013
Moacir Silveira
"Fado Tropical" foi composta especialmente para a peça teatral "Calabar" de Chico Buarque de Holanda e Ruy Guerra durante o período da ditadura militar iniciada com o golpe de 1964. Foi originalmente composta como parte da fala de um dos personagens e deve ser lida no contexto que exigiu dos autores refinada ironia para expressar o desejo das elites brasileiras em se verem "civilizadas" nos moldes europeus. Em uma verdadeira inversão de valores aceita a visão colonizadora, sem romper laços de dependência na relação norte/sul. Ao inserir imagens que nos remetem a Revolução dos Cravos, golpe que derrubou o governo fascista de Oliveira Salazar em 25 de abril de 1974, chega mesmo a almejar que o Brasil se torne um dia "um imenso Portugal". Daí advir sua conotação utópica e revolucionária de caráter socialista. Se num primeiro momento mirar-se em Portugal pode significar subserviência ao imperialismo capitalista e adesão ao autoritarismo local, no segundo momento pode também ser vista como uma forma de resistência ao autoritarismo local. Só quem viveu aqueles duros momentos de nossa história pode ter a dimensão que a mensagem da música transmitia naquela época e continua transmitindo até hoje. "Fado Tropical" foi composta em 1973. Sugerindo painéis de azulejo à moda portuguesa do século XVIII, Chico Buarque e Ruy Guerra propõem nesta canção um retrato crítico do Brasil colonial, que corresponde em filigrana ao país tal como se encontrava sob a ditadura civil-militar. Na confluência entre pintura, história e literatura, os dois artistas compõem uma série de paisagens e de naturezas mortas luso-tropicais. Através deste jogo metafórico, tornado ainda mais complexo pela censura, buscaremos desvendar como "Fado Tropical", ao recorrer à arte pictórica, esboça uma nova "aquarela do Brasil", ambivalente e irônica, que sugere a permanência do autoritarismo ibérico em nossa formação histórica e cultural.
FATO TROPICAL
De: Chico Buarque e Ruy Guerra.
Oh, musa do meu fado,
Oh, minha mãe gentil,
Te deixo consternado
No primeiro abril,
Mas não sê tão ingrata!
Não esquece quem te amou
E em tua densa mata
Se perdeu e se encontrou.
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal:
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal!
"Sabe, no fundo eu sou um sentimental. Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo (além da sífilis, é claro). Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar, o meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."
Com avencas na caatinga,
Alecrins no canavial,
Licores na moringa:
Um vinho tropical.
E a linda mulata
Com rendas do alentejo
De quem numa bravata
Arrebata um beijo...
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal:
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal!
"Meu coração tem um sereno jeito
E as minhas mãos o golpe duro e presto,
De tal maneira que, depois de feito,
Desencontrado, eu mesmo me contesto.
Se trago as mãos distantes do meu peito
É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito,
Me assombra a súbita impressão de incesto.
Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadora à proa,
Mas meu peito se desabotoa.
E se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa,
Pois que senão o coração perdoa".
Guitarras e sanfonas,
Jasmins, coqueiros, fontes,
Sardinhas, mandioca
Num suave azulejo
E o rio Amazonas
Que corre trás-os-montes
E numa pororoca
Deságua no Tejo...
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal:
Ainda vai tornar-se um império colonial!
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal:
Ainda vai tornar-se um império colonial!
*** *** https://www.youtube.com/watch?v=NfjaFMah7sE *** ***
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