segunda-feira, 29 de setembro de 2025

VER O TRAVESSEIRO BODIANSK NO BALANÇO DO BALAIO

Ensaio – A conjuntura brasileira como mosaico de práticas, discursos e responsabilidades A política brasileira de 2025 apresenta-se como um mosaico de tensões em que passado e presente se entrelaçam. O debate público recente, refletido em colunas de Dora Kramer e José Casado, ilumina a maneira como a sociedade reage a abusos, avalia seus líderes e busca saídas para impasses institucionais. 1. O estopim: a PEC da Blindagem A tentativa de aprovar uma emenda constitucional que limitaria a responsabilização de parlamentares provocou indignação social e institucional. Dora Kramer descreveu a reação popular e a rejeição no Senado como um “curto-circuito moral”, capaz de unir setores ideologicamente opostos diante da ameaça à integridade do sistema. A autora vê no episódio a prova de que pautas convergentes podem emergir quando a “dor da maioria” é sentida, sugerindo que a sociedade brasileira ainda possui anticorpos contra retrocessos. 2. O pano de fundo histórico Para José Casado, o presente não pode ser dissociado de um processo de desgaste democrático em que Lula e o lulismo têm parcela de responsabilidade. Em sua coluna “No Travesseiro”, Casado provoca o atual presidente a refletir sobre alianças, erros e omissões que, em sua leitura, abriram espaço para o crescimento da extrema direita. Essa perspectiva desloca o debate da mera indignação momentânea para uma autocrítica estrutural: o sistema político brasileiro foi corroído por escolhas sucessivas de governos e oposição. 3. Discursos de líderes e os limites da liberdade As falas de figuras centrais – Lula, Jair Bolsonaro e outros – ilustram como a retórica política pode reforçar ou enfraquecer instituições. Lula usa expressões fortes (“300 picaretas”, “golpe”) para qualificar adversários e episódios do passado, tensionando a relação com Congresso e STF. Bolsonaro, ao declarar-se “condenado sem provas”, coloca em xeque a legitimidade de decisões judiciais. Ambos exercem a liberdade de expressão, mas assumem riscos de erosão da confiança institucional quando fazem acusações sem base técnica ou jurídica. 4. Sociedade, instituições e o desafio da convergência Os dois artigos convergem em um ponto essencial: a vitalidade democrática depende da capacidade de reação da sociedade. As manifestações contra a PEC da Blindagem lembram que ruas e instituições podem atuar como freios a projetos de autoproteção política. Ao mesmo tempo, a crítica de Casado mostra que reação não basta: é preciso repensar práticas de governo, alianças partidárias e mecanismos de accountability para evitar novos ciclos de descrédito. 5. Síntese e perspectivas O Brasil de 2025 vive uma conjuntura marcada por: Indignação difusa contra privilégios e impunidade; Lideranças polarizadoras, que mobilizam afetos mas fragilizam a coesão institucional; Instituições resilientes, capazes de barrar excessos, mas ainda vulneráveis a acordos corporativos. O episódio da PEC da Blindagem demonstra que, apesar da polarização, há energia social para defender limites democráticos. O desafio é transformar essa energia em projetos duradouros, capazes de enfrentar problemas estruturais – impunidade, violência, desigualdade – sem depender apenas de sobressaltos ocasionais. Conclusão As colunas de Dora Kramer e José Casado, somadas aos discursos de Lula, Bolsonaro e outros atores, compõem um quadro em que opinião pública, crítica jornalística e ação institucional se retroalimentam. O Brasil não carece de diagnósticos; carece de lideranças que, em vez de apenas nomear inimigos, construam convergências. A lição extraída é que democracia exige vigilância permanente: a sociedade deve estar pronta a reagir, mas também a exigir de seus líderes a responsabilidade que suas palavras e atos impõem ao destino comum. No Balanço do Balaio Vander Lee
PROJEÇÕES ELEITORAIS PARA 2026 Partido dos Trabalhadores (PT) – Presidência da República, Câmara dos Deputados e Senado Federal 1. Base de Dados Utilizada As projeções resultam da correlação histórica entre: Votos do PT para a Presidência (1989–2022, 1º e 2º turnos). Bancadas do PT na Câmara dos Deputados e no Senado nas eleições gerais correspondentes. Indicadores de não-voto (abstenções, brancos e nulos) desde 1989. Fontes: TSE, IBGE, séries históricas compiladas em levantamentos públicos (até 2022) e estimativas apresentadas nas análises acima. 2. Resultados Históricos e Relações Observadas Indicador Padrão Histórico Presidência (votos válidos) Correlação forte (r≈0,96) entre votos presidenciais e tamanho da bancada federal do PT. Câmara dos Deputados Pico de 91 deputados em 2010; retração para 56 em 2022; oscila em consonância com a votação presidencial. Senado Entre 4 e 13 senadores eleitos por ciclo; crescimento acompanha ciclos de vitória presidencial. Não-voto (abstenção + nulos + brancos) Tendência de alta: de ~18% em 1989 para 25–30% em 2018/2022. Quanto maior o não-voto, maior o risco para o PT, cuja base depende de participação popular ampla. 3. Projeções para 2026 Presidência da República Cenário Favorável (continuidade do lulismo ou sucessor forte): 1º turno: 45–48% dos votos válidos (~65–70 milhões de votos). 2º turno: 51–54% (possível vitória apertada). Cenário Adverso (candidato menos competitivo ou forte oposição unificada): 1º turno: 40–43% (~55–60 milhões). 2º turno: risco real de derrota caso não amplie alianças. Câmara dos Deputados Bancada projetada: 55–75 cadeiras (sobre 513). Faixa superior depende de desempenho presidencial e alianças regionais. Faixa inferior ocorre se a abstenção crescer e a direita mantiver fragmentação favorável ao sistema proporcional. Senado Federal Bancada projetada: 6–9 senadores (sobre 81). Limite superior exige vitória em estados-chave; metade das vagas em disputa em 2026. Não-voto (abstenção, brancos e nulos) Estimativa nacional: 27–30% do eleitorado total, mantendo tendência de crescimento lento pós-2018. Alta abstenção prejudica diretamente o PT, pois reduz o peso do voto popular de baixa renda. 4. Interpretações Correlacionadas Votos presidenciais ↔ Bancada federal: cada aumento de 1 ponto percentual na votação presidencial reflete, em média, acréscimo de ~2 a 3 deputados. Não-voto ↔ Desempenho do PT: crescimento de 1 ponto no não-voto tende a reduzir em ~0,4 ponto a participação presidencial do PT, dada a dependência da base popular. Senado: relação mais difusa, mas vitórias presidenciais robustas favorecem alianças estaduais. 5. Contexto Político-Econômico Relevante Os debates recentes — tarifa zero de transporte (PL do Busão 0800), planejamento econômico e investimento público (análises de Fishlow e Alfredo Maciel), e discussões sobre crescimento sustentado com taxa de investimento de 25% do PIB — configuram um pano de fundo estratégico: Popularidade de políticas distributivas urbanas (como o Busão 0800) pode reforçar a base eleitoral petista, sobretudo em capitais. Investimento público e planejamento indicativo aparecem como instrumentos de “política econômica” que também são “economia política”: decisões sobre crescimento têm impacto eleitoral direto. 6. Considerações Prospectivas Fatores positivos: Expansão de políticas sociais de grande visibilidade (ex.: transporte gratuito, programas de renda). Crescimento econômico acima de 3% a.a., com melhora do emprego. Manutenção de alianças de centro-esquerda. Riscos: Alta abstenção (≈30%). Eventual fragmentação da base aliada. Estagnação econômica, limitando a capacidade de investimento público. 7. Conclusão Geral O PT entra em 2026 competitivo, mas dependente de alta participação popular e de investimentos públicos que sustentem crescimento. Sem políticas que reativem a economia e reduzam o não-voto, o partido tende a manter força parlamentar moderada, mas enfrenta eleição presidencial apertada, possivelmente decidida no segundo turno. A disputa refletirá não apenas política econômica (instrumentos técnicos), mas também economia política (decisões de poder), confirmando que crescimento, investimento e inclusão social são, ao mesmo tempo, estratégia eleitoral e projeto de desenvolvimento. Abertura Bodiansk 👆🏼”Põe a mão na consciência.” Ataulfo Alves, com busto na pequena cidade de Miraí Pois é Chico Buarque Pois é! Fica o dito e redito Por não dito E é difícil dizer Que foi bonito É inútil cantar O que perdi Taí! Nosso mais-que-perfeito Está desfeito O que me parecia Tão direito Caiu desse jeito Sem perdão Então! Disfarçar minha dor Eu não consigo dizer Somos sempre bons amigos É muita mentira para mim Enfim! Hoje na solidão Ainda custo A entender como o amor Foi tão injusto Pra quem só lhe foi Dedicação Pois é! Taí! Nosso mais-que-perfeito Está desfeito O que me parecia Tão direito Caiu desse jeito Sem perdão Então! Disfarçar minha dor Eu não consigo dizer Somos sempre bons amigos É muita mentira para mim Enfim! Hoje na solidão Ainda custo A entender como o amor Foi tão injusto Pra quem só lhe foi Dedicação Pois é! E então! Composição: Antonio Carlos Jobim / Chico Buarque de Hollanda.

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