Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
segunda-feira, 8 de setembro de 2025
SEM TANQUES E SEM TROUXAS NAS RUAS
SEM ESPERAR TIÕES, BOLSÕES OU GOMÕES
ZÉ CELSO SOBRE “ESPERANDO GODOT”
Canal Arte1
9 de jul. de 2023
O Teatro Oficina se apropriou do texto de Samuel Beckett para falar de um salvador que nunca vem. A peça “Esperando Godot” foi um dos últimos trabalhos de direção de Zé Celso, que morreu na última quinta-feira (06/07), e tem vida e obra celebradas pelo Arte1.
"Não reprimir criminalmente tentativas dessa ordem, como mostram relatos de fato aqui e no estrangeiro, recrudesce ímpetos de autoritarismo e põe em risco o modelo de vida civilizada."
PAULO GONET, procurador-geral da República
O sequestro do 7 de Setembro | Meio-Dia em Brasília - 08/09/2025
O Antagonista
Transmissão ao vivo realizada há 71 minutos Meio-Dia em Brasília - 🎧 PODCAST | 2025
Meio-Dia em Brasília traz as principais notícias e análises da política nacional direto de Brasília.
Com apresentação de José Inácio Pilar e Wilson Lima, o programa aborda os temas mais quentes do cenário político e econômico do Brasil.
Com um olhar atento sobre política, notícias e economia, mantém o público bem informado.
Veja a íntegra da acusação feita pelo Procurador-Geral da República, Paulo Gonet
"O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou no julgamento do 8 de janeiro que a cadeia de fatos golpistas já estava em curso muito antes da invasão às sedes dos Três Poderes.
Segundo ele, o então presidente da República chegou a conclamar a população contra as urnas eletrônicas, ameaçar o não reconhecimento das eleições e promover campanhas de desinformação contra o processo eleitoral e contra magistrados do TSE e do STF.
Gonet destacou que o presidente e o ministro da Defesa convocaram os comandantes militares para apresentar minutas de decretos golpistas, que buscavam impedir a posse do candidato eleito e manter o mandatário derrotado no poder.
“Quando o presidente da República e o ministro da Defesa se reúnem com os comandantes militares para apresentar documentos de formalização de golpe de Estado, o processo criminoso já está em curso”, disse o PGR.
📺 Assista ao trecho em que o procurador Paulo Gonet descreve como a tentativa de golpe foi articulada desde dentro do governo."
"O próximo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, foi engenheiro militar sênior da ONU no Haiti, chegando pouco depois de Heleno partir em 2005."
Brasil apoia formação sobre gestão de projetos de engenharia militar em África
30 Maio 2017
"Discussão sobre anistia a Bolsonaro acelera em função de candidatura de Tarcísio", diz Andreazza
Tarcísio mostra do que é capaz | Estadão Analisa
Estadão
"sábado, 6 de setembro de 2025 Tarcisio anistiado. Por Carlos Andreazza O Estado de S. Paulo. Várias propostas de anistia estão na pista. Todas organizadas – orientação nova – em função da disputa eleitoral. Explicitamente. Com complemento. Não apenas o pós-Bolsonaro. O pós-Bolsonaro eleitoral. Esse é o triunfo do movimento recente de Tarcísio de Freitas. Firmou o chão do qual ascende como candidato sem precisar se anunciar. Os outros – vide Ciro Nogueira – o anunciam. Os outros – vide Lula – o anunciam... O governador lidera uma blitz por anistia a Bolsonaro que consiste, na prática, em liberdade para Bolsonaro e candidatura para si; em pacificação – olha a pacificação aí – para que possa se candidatar com menos arestas. Os maledicentes dirão ser tudo teatro; que Tarcísio atua por acreditar que as gestões pela anistia darão em nada; para sossegar (ganhar tempo com) o bolsonarismo eduardista. Fato é que age. Mexe-se, objetivamente. A articulação pela anistia pode dar em nada. O movimento de Tarcísio já resultou. Já estabeleceu novo eixo para a campanha por anistia. Há um claro deslocamento de objeto. Não mais a liberdade de Bolsonaro. Mas a inelegibilidade de Bolsonaro. É isso que se pretende assegurar. É o que se negocia. Talvez mesmo se imponha. A liberdade do – condição fundamental – inelegível Bolsonaro. Liberdade com inelegibilidade. Liberdade em troca da inelegibilidade. É a partir dessa posição que o futuro se projeta e que o governador bota a cara e toma riscos. E é como reação a esse jogo influente e acelerado que o bolsonarismo sediado nos EUA rearma o discurso: a anistia “ampla, geral e irrestrita”, vocalizada pelo líder do PL Sóstenes Cavalcante, agora vem endereçada – note-se – tendo por cabeça a exigência da elegibilidade. Bolsonaro livre e elegível. Indissociáveis: liberdade e elegibilidade. Não tem negócio. É como a turma responde. Responde, por exemplo, à entrevista de Ciro Nogueira à Folha – sobre se Jair estaria ciente de que não concorrerá em 2026: “Está consciente de que não vão dar o direito a disputar eleição”. Restaria o mundo real – a salvação única: “O que credencia Tarcísio é a chance de vitória. A única pessoa que não pode perder essa próxima eleição é o Bolsonaro, e ele não vai arriscar. Tire as conclusões.” Está tudo aí. A liberdade de Bolsonaro como concessão-consequência pelo cumprimento-aceitação do modo inelegível. Quase um contrato a ser assinado. A liberdade de Bolsonaro – “ele não vai arriscar” – como passagem para a superação político-eleitoral de Bolsonaro. Essa é a anistia de Tarcísio, pela qual pôs o bloco na rua e expõe do que é capaz. Não estará de brincadeira – não explicará pouco sobre si – aquele que, uma vez presidente, baixaria por primeiro ato o perdão ao padrinho líder golpista. Essa é a anistia de Ciro. De Marcos Pereira. De Rueda. Até – no sapatinho – de Valdemar Costa Neto. Bolsonaro livre e encostado. Tarcísio presidente e solto."
Nana Mouskouri, aos 90 anos de idade, cantou frente ao Arco do Triunfo, em Paris, o Hino da Liberdade da ópera Nabucco, de Verdi, para comemorar os 80 anos da vitória sobre os nazistas.
Música | Nana Mouskouri - Je chante avec toi liberté (Live @ Le Concert de la Paix | 8/5/2025)
segunda-feira, 8 de setembro de 2025
"Estamos em guerra. O Haiti também estava em guerra", disse Bolsonaro em uma entrevista recente à televisão. "(No Haiti) a regra era: você encontra um elemento com uma arma, você atira, e depois vê o que aconteceu. Você resolve o problema".
O Haiti tem grande destaque no gabinete de Bolsonaro.
Edu Lobo | Canudos
"Oitenta" é o álbum que comemora os 80 anos do cantor, compositor, arranjador e multi-instrumentista brasileiro, Edu Lobo. O projeto apresenta 24 canções, além de participações especiais de grandes artistas da música nacional.
Biscoito Fino
7 de nov. de 2023
Ouça em todas as plataformas de música: https://orcd.co/oitenta
Haiti (part. Gilberto Gil)
Caetano Veloso
Quando você for convidado pra subir no adro da fundação
Casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos e outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
E aos quase brancos pobres como pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos, quase pretos de tão pobres são tratados
E não importa se olhos do mundo inteiro
Possam estar por um momento voltados para o largo
Onde os escravos eram castigados
E hoje um batuque um batuque
Com a pureza de meninos uniformizados de escola secundária
Em dia de parada
E a grandeza épica de um povo em formação
Nos atrai, nos deslumbra e estimula
Não importa nada
Nem o traço do sobrado
Nem a lente do fantástico
Nem o disco de Paul Simon
Ninguém, ninguém é cidadão
Se você for a festa do pelô, e se você não for
Pense no Haiti
Reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui
E na TV se você vir um deputado em pânico
Mal dissimulado
Diante de qualquer, mas qualquer mesmo, qualquer, qualquer
Plano de educação que pareça fácil
Que pareça fácil e rápido
E vá representar uma ameaça de democratização
Do ensino do primeiro grau
E se esse mesmo deputado defender a adoção
Da pena capital
E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto
E nenhum no marginal
E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual
Notar um homem mijando na esquina da rua sobre um saco
Brilhante de lixo
Do Leblon
E quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo
Diante da chacina
111 presos indefesos, mas presos são quase todos pretos
Ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres
E pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos
E quando você for dar uma volta no Caribe
E quando for trepar sem camisinha
E apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba
Pense no Haiti
Reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui
Composição: Caetano Veloso / Gilberto Gil.
Quando o julgamento de Bolsonaro será retomado? Veja datas e horários
Ex-presidente e outros sete réus são julgados no processo que apura a suposta tentativa de golpe de Estado em 2022
Laura Molfese, da CNN*, São Paulo
08/09/25 às 07:52 | Atualizado 08/09/25 às 09:27
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A Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) retoma, na próxima terça-feira (9), o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus do núcleo 1 da ação penal que apura uma tentativa de golpe de Estado em 2022.
Na última quinta-feira (5), o ministro Cristiano Zanin, presidente do colegiado, marcou sessões extras para o julgamento nesta semana.
Os réus não precisam comparecer presencialmente ao julgamento na Suprema Corte.
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9 de setembro, terça-feira, 9h às 12h;
9 de setembro, terça-feira, 14h às 19h;
10 de setembro, quarta-feira, 9h às 12h;
11 de setembro, quinta-feira, 9h às 12h;
11 de setembro, quinta-feira, 14h às 19h;
12 de setembro, sexta-feira, 9h às 12h;
12 de setembro, sexta-feira, 14h às 19h.
Quem são os réus do "núcleo 1"?
Além de Bolsonaro, fazem parte também do grupo tido como "crucial" na suposta trama golpista:
Alexandre Ramagem (PL-RJ), deputado federal e ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência);
Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal;
Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República);
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
Walter Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro e candidato a vice na chapa de 2022.
*Sob supervisão de Lucas Schroeder
Tópicos
Julgamento Bolsonaro
PGR (Procuradoria-Geral da República)
STF (Supremo Tribunal Federal)
JOSÉ CASADO
O ESPÓLIO
— Ó DEUS, o Deus do poder... — balbuciava a mulher com um pano vermelho amarrado e desbotado sobre os ombros, vagueando diante do portão do condomínio onde vive Jair Messias Bolsonaro, a 15 quilômetros do Supremo Tribunal Federal.
Ele completou um mês em prisão domiciliar, à espera da condenação no julgamento de processos criminais no qual é acusado, inclusive, de tentativa de golpe de Estado. Sabe que perdeu a aposta no milagre para se livrar da prisão e da inelegibilidade que pode durar até 2030. As chances, porém, são próximas de zero, como disse durante o panegírico semanalmente na padaria: “Sou Messias, mas não faço milagre”.
A alegação mais nova na realidade esdrúxula decorre de um erro administrativo que envolveu 400 metros quadrados além dos limites do lote demarcado no jardim. O aluguel do imóvel custa cerca de 12.000 por mês. É o lar subsidiado que ele recebeu do Exército por ter sido reformado como capitão há 37 anos, sob acusações de indisciplina na Vila Militar, no Rio.
Se condenado, como é provável, Bolsonaro deverá ser submetido ao silêncio do ostracismo pelas Forças Armadas, na companhia dos demais oficiais cassados do Exército na ditadura e retirados da folha de pagamentos. A transição para a aposentadoria custaria um benefício mensal de cerca de 3.000 reais mantido nos “mortos-vivos do Exército” — “mortos fictícios” —, aqueles que, depois da morte simbólica da farda, descem do posto de capitão até a base da hierarquia militar. São quase 20 mil “mortos-vivos” pagos a sociedade.
Ele “tem consciência” do futuro no ostracismo, dizem aliados como Ricardo Araújo, vice-prefeito de São Paulo que viajou a Brasília na semana passada para visitá-lo: “Sabe que está sendo enterrado vivo e já estão disputando o seu espólio político". Há quem veja nessa situação um complicador familiar, como escreveu Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara, para quem Bolsonaro é vítima "das aspiraçÕes de parte dos seus familiares, loucos para herdarem seu espólio eleitoral, sem ter qualquer noção da realidade política."
“Futuro ‘morto-vivo’ no Exército, Bolsonaro já está sendo enterrado vivo na política”
Artífice de negociações frustradas sobre anistia no Congresso, Cunha jogou a toalha: “O filho de Bolsonaro (Eduardo, deputado federal) produziu um tarifaço à revelia do pai, ao que parece, que só tem a consequência de causar raiva na polulação, que perderá emprego e renda com isso. Assim como inviabilizou qualquer solução política para o caso do pai, pois ninguém vai ceder a essa situação debaixo de chantagens. Se já estava difícil a aprovação de uma anistia, agora ficou mais difícil ainda, não se tratando somente de se colocar ou não em votação. Na realidade, hoje se trata mais de se ter os votos para isso".
Há muito barulho sobre a anistia. Leonardo Barreto, da consultoria Think Policy, recomenda observar esse movimento na perspectiva do teatro político: "A direita e o bosonarismo vivem um dilema que pode ser resumido assim: os partidos do Centrão querem os votos de Jair Bolsonaro, mas não sua liderança". Na Câmara é notória a tendência de rejeição a confronto com o Supremo, mas o caso do ex-presidente não se resume a isso. "É porque, quando for votar, cada deputado terá de dizer se é contra ou a favor Bolsonaro.
As pesquisas sugerem que pode não ser bom negócio para parlamenares ansiosos com a reeleição em 2026. Nas sondagens de agosto da Quaest e Ipsos, a maioria dos eleitores (55%) anuncia repúdio à ideia de votar em Bolsonaro, assim como declara (53%) rejeição a Lula. Quse metade (47%) diz ter medo "da volta" do ex-presidente, que já está inelegível até 2030, ou de seu adversário petista "continuar no governo" (39%). Lula, no entanto, aposta que a confusão criada pelo tarifaço de Donald Trump em apoio ao bosonarismo vai ajudá-lo a conquistar o quarto mandato, permanecendo no poder até os 85 anos de idade.
Ampla maioria (67%) dos eleitores dos oito Estados com maior com maior colégio eleitoral acha que chegou a hora de ex-presidente "apoiar outro candidato". Porém, metade ou mais se recusa a votar em alguém do clã Bolsonaro: a ex-primeira-dama Michele tem pouco menos rejeição (50%) do que o deputado Eduardo (56%) e o senador Flávio (55%).
Com habilidade, o governador paulisa Tarcísio de Freitas, do Republicanos, se candidata a "herdeiro" do eleitorado identificado como bolsonarista. A pretexto de articular um hipotético perdão, ele se legitimou como personagem central na discussão dos partidos sobre o futuro no pós-Bolsonaro . Mais adiante, Tarcísio precisará escolher se quer ser o representante da extrema-direita ou da centro-direita.
VEJA 5 DE SETEMBRO, 2025
p. 90
Advogado questiona Alexandre de Moraes e menciona "juiz inquisidor"
O TEMPO
3 de set. de 2025
A defesa do general Augusto Heleno, um dos acusados de tentativa de golpe de Estado no julgamento da ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, criticou o acesso às provas e a conduta do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação. "Nós temos uma postura ativa do ministro relator de investigar testemunhas. Por que o Ministério Público que não fez isso? Qual é o papel do juiz julgador? Ou é o juiz inquisidor? O juiz não pode em hipótese alguma se tornar protagonista do processo", questionou o advogado Matheus Mayer Milanez.
Augusto Heleno: o general fala com líder de grupo de apoiadores do ex-presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide sobre a rota que uma manifestação deveria tomar em 29 de março de 2005 (Daniel Morel/Reuters)
Brasil
General Augusto Heleno, futuro ministro, liderou missão polêmica no Haiti
Tropas dispararam 22 mil balas na busca por líder combatente; segundo organizações, dezenas de civis morreram no fogo cruzado, incluindo mulheres e crianças
Reuters
Publicado em 29 de novembro de 2018 às 17h51.
Última atualização em 29 de novembro de 2018 às 19h29.
Rio de Janeiro - O general brasileiro Augusto Heleno comandou centenas de soldados da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2005 em uma missão em uma favela do Haiti em busca de um criminoso poderoso.
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Ao longo de uma luta armada de sete horas, as tropas dispararam mais de 22 mil balas em Cité Soleil, um bairro pobre da capital haitiana, Porto Príncipe. Seu alvo, um líder combatente conhecido como Dread Wilme, foi morto.
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A operação, batizada de "Punho de Ferro", coroou a cruzada de Heleno para restaurar a ordem no país depois que o presidente haitiano foi deposto por insurgentes. Heleno declarou a ação uma sucesso.
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Mas vários grupos de direitos humanos a classificaram como um "massacre", alegando que dezenas de civis morreram no fogo cruzado, muitos deles mulheres e crianças.
O episódio, quase esquecido fora do Haiti, pode ser um esboço da estratégia de segurança do presidente eleito Jair Bolsonaro para enfrentar a violência no Brasil.
Ele escolheu Heleno como ministro do Gabinete de Segurança Institucional e quer que o general da reserva e outros militares que atuaram no Haiti combatam a violência no Brasil com métodos empregados em Porto Príncipe.
O Brasil teve um recorde de 64 mil assassinatos no ano passado, a maior cifra do mundo. Bolsonaro prometeu não ter clemência com infratores da lei.
"Estamos em guerra. O Haiti também estava em guerra", disse Bolsonaro em uma entrevista recente à televisão. "(No Haiti) a regra era: você encontra um elemento com uma arma, você atira, e depois vê o que aconteceu. Você resolve o problema".
O Haiti tem grande destaque no gabinete de Bolsonaro.
Seu futuro ministro da Defesa, o general da reserva Fernando Azevedo e Silva, serviu no país como chefe de operações subordinado a Heleno. O próximo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, foi engenheiro militar sênior da ONU no Haiti, chegando pouco depois de Heleno partir em 2005. O general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, o novo ministro da Secretaria de Governo, liderou tropas da ONU na nação caribenha em 2007.
Nem Heleno nem Azevedo responderam a pedidos de comentário sobre a operação em Cité Soleil.
Ainda não se sabe o quão rígida poderá ser a abordagem de Heleno no Brasil, particularmente no Estado do Rio de Janeiro, mas outras ações repressivas não produziram resultados duradouros.
Entre estes esforços estão uma grande ofensiva de segurança em algumas favelas do Rio antes da Olimpíada de 2016 e mais recentemente uma intervenção militar iniciada em fevereiro. As mortes violentas aumentaram 1,3 por cento durante os primeiros nove meses da ocupação quando comparados ao mesmo período do ano passado, e o número de pessoas mortas por forças de segurança aumentou mais de 40 por cento -- cerca de quatro morrem diariamente.
A atual intervenção no Rio está programada para terminar pouco antes de Bolsonaro tomar posse no dia 1º de janeiro de 2019, mas nem Heleno nem Azevedo e Silva descartaram prorrogá-la.
Nas últimas semanas Heleno expressou apoio a uma estratégia radical de combate ao crime defendida pelo próximo governador fluminense, Wilson Witzel, que envolve a mobilização de atiradores de elite em helicópteros para eliminar traficantes com fuzis nas favelas.
Heleno afirmou em uma entrevista recente a uma rádio que suas regras de engajamento no Haiti eram semelhantes às propostas por Witzel, acrescentando que partes essenciais da intervenção militar no Rio "podem servir de modelo para o resto do país".
Essas opiniões preocupam alguns membros das Forças Armadas, que temem que uma guerra urbana prolongada mine o moral das tropas e provoque uma rejeição do público contra uma das instituições mais respeitadas do Brasil.
Elas também preocupam alguns especialistas em segurança pública, que receiam que os novos líderes do país intensifiquem uma estratégia fracassada.
"O Rio é um laboratório que ilustra que este tipo de diretriz não funciona", disse Ignacio Cano, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) que escreveu diversos artigos sobre questões de segurança.
"Balas atravessavam paredes"
A Reuters entrevistou mais de uma dúzia de pessoas a par da operação de 6 de julho de 2005, inclusive diplomatas, funcionários de ONGs, autoridades haitianas e moradores de Cité Soleil.
A Reuters também analisou relatórios da ONU, telegramas diplomáticos divulgados pelo Wikileaks, artigos de imprensa e as próprias declarações de Heleno à época. Juntos, esses documentos pintam um quadro detalhado das pressões que Heleno sofreu para ser rígido no Haiti.
O Brasil assumiu o controle militar da missão da ONU para estabilizar o Haiti, conhecida como Minustah, em meados de 2004. Heleno, o primeiro comandante militar brasileiro da Minustah, chegou pouco depois da deposição e da partida do então presidente Jean-Bertrand Aristide para o exílio. O general foi encarregado de estabilizar o país para a realização de eleições pacíficas.
Em seu caminho ele encontrou gangues criminosas poderosas que mantinham esquemas violentos de sequestros de pessoa e carros e de corrupção. À medida que os meses passavam, os Estados Unidos, em particular, expressavam impaciência com o progresso de Heleno.
"A Minustah foi incapaz de estabelecer segurança e estabilidade aqui", disse James B. Foley, então embaixador dos EUA no Haiti, em um telegrama de 1º de junho de 2005 a Washington. "Por mais que posamos pressionar a ONU e os brasileiros a adotarem a abordagem mais vigorosa que é necessária, não acredito que eles estarão à altura da tarefa no final das contas".
Cinco semanas depois Heleno ordenou que 440 soldados da ONU, apoiados por 41 veículos e helicópteros blindados, entrassem em Cité Soleil para deter Wilme, que telegramas dos EUA descreviam como o criminoso mais poderoso do Haiti.
Inicialmente a equipe de Heleno disse que Wilme e alguns aliados morreram, o que resultou no máximo em cinco ou seis fatalidades, de acordo com relatos da imprensa -- mas relatos de mortos e feridos civis logo surgiram.
"Temos informação crível de que tropas da ONU, acompanhadas pela polícia haitiana, mataram um número indeterminado de moradores desarmados de Cité Soleil, inclusive vários bebês e mulheres", disse na ocasião Renan Hedouville, chefe da organização local sem fins lucrativos Advogados Comprometidos com o Respeito aos Direitos Individuais.
O então diretor da missão dos Médicos sem Fronteiras no Haiti disse a repórteres que seus médicos trataram 27 pessoas de ferimentos de bala, a maioria mulheres e crianças.
Diplomatas dos EUA também questionaram a versão dos eventos da Minustah. Um telegrama de 26 de julho de 2005 disse que "22 mil cartuchos é uma quantidade grande de munição para ter matado só seis pessoas", e observou que alguns grupos de direitos humanos estimaram o saldo de mortes em até 70.
Um porta-voz do atual governo haitiano não respondeu a um pedido de comentário sobre a operação ou a liderança brasileira das tropas da Minustah.
Mas alguns moradores de Cité Soleil não conseguem se livrar da lembrança daquele dia. A ambulante Anol Pierre disse que estava em casa quando o ataque começou.
"Eu me escondi debaixo da cama com meus filhos enquanto as balas atravessavam as paredes", contou. "Só rezamos para Jesus. Lembro de uma mulher grávida com dois filhos que morreu. Muitas famílias foram vítimas".
Sem remorsos
Juan Gabriel Valdés, chefe civil da Minustah no Haiti à época, disse que as regras de pacificação da ONU permitiam que os soldados de Heleno reagissem a disparos ao serem atacados. A Minustah disse que Cité Soleil continuava tão volátil que era impossível realizar uma investigação completa para determinar o saldo de mortes.
Respondendo a alegações de força excessiva, um relator especial da ONU pediu esclarecimentos do que aconteceu à Minustah. Seu relatório sustentou que a explicação da missão para suas ações foi "essencialmente satisfatória".
Heleno expressou desdém por aqueles que questionaram suas ações, segundo Seth Donnelly, ativista de direitos humanos que estava no Haiti à época. Em um relatório escrito sobre o ataque, Donnelly afirmou que Heleno disse a ele e a seus colegas ativistas que "eles só pareciam se importar com os direitos dos 'fora da lei'".
As opiniões de Heleno sobre a segurança pública não se suavizaram desde que ele deixou o Haiti. Em 2008, ainda na ativa, ele criticou publicamente diretrizes brasileiras que garantem a autonomia de tribos indígenas em terras ancestrais por vê-la como uma ameaça à soberania nacional.
Ao se aposentar, em 2011, Heleno defendeu a ditadura militar que vigorou no Brasil de 1964 a 1985, dizendo ter sido um bastião contra a "comunização do país".
Em uma entrevista a uma rádio neste mês, Heleno disse que os direitos humanos deveriam ser reservados a "humanos decentes". Ele disse que facções criminosas estão transformando o Brasil em um "narcopaís" e que medidas agressivas precisam ser usadas para detê-los.
"É um absurdo tratar isso como situação normal. É situação de exceção que merece tratamento de exceção".
(Reportagem adicional de Robenson Sanon e Andres Martinez Casares, em Porto Príncipe; Anthony Boadle, em Brasília; e Michelle Nichols, em Nova York)
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