Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quinta-feira, 8 de abril de 2021
Plural majestático
O tardio discurso presidencial de ontem abusou do plural majestático, próprio dos reis, imperadores e papas, "nós", em lugar do "eu" que compete a todos que não se julgam reis, imperadores e papas. No plural, ele pediu desculpas à nação, reconhecendo os erros de seu governo e seu partido. Só usou o singular para se declarar indignado. Qual seria a alternativa dele? Declarar que estava solidário com a corrupção?
Lembro um filme de Kubrick, o "Dr. Fantástico", quando uma superfortaleza norte-americana foge do controle militar e se dirige a Moscou, para jogar uma bomba atômica na capital da ex-União Soviética.
O presidente dos Estados Unidos pega o telefone vermelho e fala com o presidente soviético: "Nikita, um avião dos nossos vai jogar uma bomba atômica em cima de vocês. Eu lamento muito!". Nikita responde, furioso: "Eu lamento muito mais do que você!".
Por falar em erros de governo, lembro outro episódio, não da ficção, mas da realidade. Em 1979, na crise entre os Estados Unidos e o Irã, com reféns presos na embaixada norte-americana em Teerã, a coisa esquentou, houve ameaças de resgate e vários incidentes que quase provocaram uma guerra. Reconhecendo o erro, o presidente Carter foi para a televisão e declarou: "Eu, Jimmy Carter, presidente dos Estados Unidos, declaro que sou o culpado por toda a lambança que cometemos!" (não falou em lambança, mas em coisa equivalente).
Pagou um preço por isso: não foi reeleito, contrariando a série de reeleições naquele país, onde até Bush foi reeleito. Mas ganhou um Nobel da Paz e continua sendo usado pelos EUA e pela ONU como um mediador aceito em todas as partes do mundo. Ele poderia ter culpado o Pentágono, a CIA, os adversários de seu país. Mas usou o pronome na primeira pessoa do singular: "eu".
Lula apelou para o "nós", permitido pela gramática e pelo uso diplomático. Não por humildade e protocolo. Por dissimulação, aliás inútil.
Por Carlos Heitor Cony
Folha de São Paulo (São Paulo) 13/08/2005
Folha de São Paulo (São Paulo), 13/08/2005
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https://www.academia.org.br/artigos/plural-majestatico
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Genesis 1:1 " Em princípio criou Elohim o céu e a terra."
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https://www.oholyao-em-queimados-rj.com.br/estudos-escriturais/compreendendo-o-plural-majestatico-do-termo-ulrrim/
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'Não vai ter lockdown nacional', diz Bolsonaro em Chapecó (SC)
Presidente também negou apoio das Forças Armadas a prefeitos e governadores para implementação de medidas restritivas
Murillo Ferrari, da CNN, em São Paulo
07 de abril de 2021 às 11:04 | Atualizado 07 de abril de 2021 às 11:30
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) descartou nessa quarta-feira (7) a adoção de um lockdown de caráter nacional para prevenir o contágio pelo novo coronavírus.
"Seria muito mais fácil atender e fazer, como alguns querem, da minha parte – porque eu posso – um lockdown nacional. Não vai ter lockdown nacional", disse, em discurso em Chapecó, na região oeste de Santa Catarina.
Bolsonaro também descartou qualquer apoio das Forças Armadas a prefeitos e governadores que queiram adotar medidas de isolamento contra a Covid-19. "O nosso Exército brasileiro não vai à rua para manter o povo dentro de casa."
Bolsonaro visitou o centro avançado de atendimento para casos de Covid-19 na cidade catarinense, onde reiterou ser contra a imposição de restrição de uso a remédios como a hidroxicloroquina, apesar de não mencionar o nome do medicamento, e defendeu o uso off label – ou seja, fora do previsto na bula.
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O presidente Jair Bolsonaro falou após visita a centro de combate à Covid-19 em Chapecó (SC)
Foto: Reprodução/CNN Brasil (7.abr.2021)
“Eu fui acometido de Covid. Procurei não me apavorar. Tomei o medicamento que todo mundo sabe qual foi. No dia seguinte, estava bom. Muitos fizeram isso”, afirmou o presidente.
“Agora, não podemos admitir impor limite ao médico. Se o médico não quer receitar aquele medicamento, não receite. Se outro cidadão qualquer acha que aquele medicamento não tá certo porque não tem comprovação científica, que não use. Liberdade dele”, continuou.
Para justificar esse uso não previsto de remédios, Bolsonaro citou como exemplo o caso de soldados na Guerra do Pacífico que receberam água de côco nas veias.
“Olha a questão do off label, fora da bula, é um direito [do paciente] e um dever do médico (...) Como na guerra do Pacífico. O soldado chegava ferido e não tinha sangue para transfusão. Começou-se ali a injetar água de coco na veia do ferido. E deu certo. É uma realidade ou não é?”
Os relatos, no entanto, indicam que a água de côco foi usada em substituição ao soro na hidratação de soldados e não em substituição ao sangue, como afirmou Bolsonaro.
Bolsonaro também afirmou que se considera o único líder mundial que continua "apanhando isoladamente" por conta das medidas que defende contra a pandemia.
"O mais fácil é ficar do lado da massa, da grande maioria. Se evita problemas, não é acusado de genocida, não sofre ataques por parte de gente que pensa diferente", afirmou. "O nosso inimigo é o vírus, não é o presidente, a governadora ou o prefeito. E dá para sairmos dessa."
'Exemplo para outros municípios'
Bolsonaro também defendeu que a cidade de Chapecó seja estudada e sirva de exemplo para outras cidades do país na forma de combater o novo coronavírus.
"Quero que Chapecó seja uma cidade para ser olhada pelos demais 5700 prefeitos do Brasil – se bem que tem prefeito que está na linha do João Rodrigues", afirmou.
"Mas quando se fala em vida, qualquer esforço para nós é válido. Temos que estudar Chapecó. Qualquer medida é válida. Temos que ver as medidas tomadas pelo prefeito, pela governadora", completou.
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Hospital em Chapecó, Santa Catarina, recebe paciente com coronavírus
Hospital em Chapecó, Santa Catarina, recebe paciente com coronavírus
Foto: Estadão Conteúdo
Apesar de elogiada pelo presidente, a cidade apresenta taxa de mortalidade por Covid-19 superior à média nacional, segundo dados do município e do Ministério da Saúde.
Chapecó somou 541 mortes por Covid-19 do início da pandemia até esta a terça-feira (6). A cidade tem 224.013 habitantes, segundo o IBGE, o que que, a cada 100 mil habitantes da cidade, 241 morreram de Covid-19.
A taxa está acima da média nacional, de 160 pessoas mortas por 100 mil habitantes, e da taxa de Santa Catarina, de 161 mortes a cada 100 mil habitantes.
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https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2021/04/07/nao-vai-ter-lockdown-nacional-diz-bolsonaro-em-chapeco-sc
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