Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
segunda-feira, 24 de julho de 2023
GAMBIARRA
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Solução improvisada para resolver um problema ou para remediar uma situação de emergência; remendo.
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WW - Edição de domingo | Por que a política no Brasil não funciona? - 23/07/2023
CNN Brasil
Transmissão ao vivo realizada há 22 horas #CNNBrasil
Assista ao programa WW deste domingo, 23 de julho de 2023, apresentado por William Waack. #CNNBrasil
O tema deste programa é: Por que a política no Brasil não funciona?
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O político conservador de 61 anos, Alberto Núñez Feijóo, do PP, pode se tornar o próximo primeiro-ministro da Espanha
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Direita ganha eleição na Espanha, mas não forma maioria
Com 99% das urnas apuradas, partido de Alberto Núñez Feijóo leva 136 cadeiras no Parlamento; são necessárias 176 para governar
PODER360
23.jul.2023 (domingo) - 18h29
Com 99% das urnas apuradas, o partido de direita PP (Partido Popular), liderado por Alberto Núñes Feijóo, venceu as eleições gerais na Espanha, mas não conseguiu formar maioria e precisa negociar uma coalizão para governar.
Para isso, são necessárias 176 cadeiras no Parlamento. Até o momento, o PP tem 136, enquanto seu aliado de direita Vox conquistou outras 33. Com isso, os partidos têm, juntos, 169 assentos e precisarão atrair ao menos 7 cadeiras para oficializar a vitória.
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O pleito colocou em disputa as 350 cadeiras do Congresso dos Deputados, assim como 208 das 265 cadeiras do Senado. No sistema parlamentar espanhol, os partidos políticos apresentam uma lista de candidatos a deputados. Os eleitores votam nas legendas. Depois das eleições, verifica-se a proporção de votos que cada sigla recebeu e chega-se ao número de cadeiras que serão ocupadas pelo partido. A exceção são os senadores, únicos eleitos por voto direto.
O atual governo do atual premiê, Pedro Sánchez, foi formado a partir das eleições de novembro de 2019. Consiste em uma coalizão de esquerda entre o PSOE e a coligação Unidas Podemos. Isso se deu porque o partido de Sánchez não conseguiu maioria absoluta para eleger sozinho um candidato a primeiro-ministro, precisando se unir ao Podemos. Essa foi a 1ª coalizão governamental formal na política espanhola desde o fim do franquismo, em 1975.
Com 47,2 milhões de habitantes, a Espanha tem um PIB (Produto Interno Bruto) per capita de € 24.580 –inferior ao da UE (União Europeia), de € 28.840.
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ELEIÇÕES ANTECIPADAS
As eleições na Espanha estavam previstas inicialmente para dezembro de 2023. Em 29 de maio, porém, Sánchez decidiu antecipar o pleito. O primeiro-ministro justificou a decisão com o fraco desempenho de sua coalizão de esquerda nas eleições locais e regionais.
Dentre as 12 regiões autônomas da Espanha que estavam em jogo, 10 eram governadas pelo PSOE, mas só 4 permaneceram sob comando da sigla depois das eleições de 28 de maio. O PP levou a maioria. “Os espanhóis devem esclarecer quais forças políticas querem assumir a liderança”, disse o primeiro-ministro depois do anúncio dos resultados.
O PSOE é o partido que governou a Espanha por mais tempo desde que o país teve suas primeiras eleições democráticas, em 1977, depois da morte do ditador Francisco Franco (1907-1975). Em 40 anos de eleições livres, a Espanha era um dos únicos países na Europa onde ainda não havia a presença representativa de um partido populista de direita no Parlamento. Esse fenômeno, que ficou conhecido como “exceção espanhola”, chegou ao fim com a ascensão do Vox em 2018.
PARTIDO POPULAR
De ideologia liberal-conservadora, o PP esteve no poder antes de Sánchez, com Mariano Rajoy chegando ao cargo de premiê em 2016. Entretanto, 2 anos depois, o Parlamento espanhol aprovou a destituição de Rajoy e elegeu Sánchez como seu sucessor. Nas eleições de 2019, a coligação da esquerda possibilitou que Sánchez se mantivesse no cargo.
Em 2022, o PP sofreu uma mudança de liderança depois que pressões e mobilizações internas removeram Pablo Casado da presidência do partido e Feijóo assumiu o comando da sigla. A partir de então, a legenda cresceu nas pesquisas de opinião na Espanha e alcançou a maioria das regiões autônomas nas eleições regionais de maio de 2023. O PSOE conseguiu reduzir a diferença percentual entre ele e os rivais nas últimas semanas.
QUEM É ALBERTO NUÑES FEIJÓO
Alberto Núñez Feijóo é um político conservador de 61 anos. Formado em direito, autodefine-se como um “tecnocrata chato”. Entre suas promessas de campanha estão um forte apoio à União Europeia, à Ucrânia e à América Latina. É defensor da “autonomia estratégica” da Europa, que daria ao continente independência em setores como defesa e tecnologia.
Por ser um político moderado, Feijóo ganhou 4 eleições consecutivas na Galiza, uma região majoritariamente rural e conservadora. Hoje, atua como senador no Parlamento espanhol.
Com sua vitória, além do governo do país, Feijóo assumirá a presidência semestral do Conselho da UE, iniciada por Sánchez em 1º de julho.
autores
PODER360
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"Opinião do dia – Antonio Gramsci* ("Jacobino")
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“Ao se aprofundar a questão, vê-se que sob muitos aspectos a diferença entre muitos homens do Partido de Ação e os moderados era mais de '"temperamento" do que de caráter organicamente político. O termo "jacobino” terminou por assumir dois significados: existe o significado próprio, historicamente caracterizado, de um determinado partido da Revolução Francesa, que concebia o desenvolvimento da vida francesa de um modo determinado, com um programa determinado, com base em forças sociais determinadas, e que explicitou sua ação de partido e de governo com um método determinado que era caracterizado por uma extrema energia, decisão e resolução, derivado da crença fanática na virtude tanto daquele programa quanto daquele método. Na linguagem política, os dois aspectos do jacobinismo foram cindidos e se chamou "jacobino" o político enérgico, resoluto e fanático, porque fanaticamente persuadido das virtudes taumatúrgicas de suas ideias, fossem quais fossem: nesta definição, prevaleceram os elementos destrutivas derivados do ódio contra os adversários e os inimigos, mais do que aqueles construtivos, derivados do fato de se terem adotado as reivindicações das massas populares; o elemento sectário, de conventículo, de pequeno grupo, de individualismo desenfreado, mais do que o elemento político nacional.”
*Antonio Gramsci(1891-1937), Cadernos do Cárcere, V. 5, p. 68-9, Civilização Brasileira, 2002"
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Robespierre foi um dos líderes do jacobinismo francês
Jacobinismo e a ação política
A prática política do jacobinismo superou a Revolução Francesa, sendo utilizada para caracterizar outros grupos políticos.
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/jacobinismo-acao-politica.htm
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O texto apresenta uma reflexão sobre o conceito de "jacobino" sob a ótica de Antonio Gramsci, um importante filósofo, político e teórico marxista italiano. Gramsci analisa como a designação "jacobino" pode ser compreendida em dois sentidos distintos:
Sentido histórico da Revolução Francesa: O primeiro significado refere-se ao jacobinismo como um partido específico durante a Revolução Francesa, que tinha um programa político bem definido, baseado em certas forças sociais e executado por meio de métodos enérgicos, decisivos e fanáticos. Esse partido acreditava fervorosamente na virtude tanto de seu programa quanto de sua abordagem política. Nesse sentido histórico, o jacobinismo pode ser visto como um movimento radical que buscava transformações significativas na sociedade.
Sentido político contemporâneo: O segundo significado do termo "jacobino" é empregado para descrever uma pessoa política enérgica, resoluta e fanática, mas cujo fanatismo está mais direcionado à defesa de suas ideias do que à adoção das reivindicações das massas populares. Aqui, prevalecem os elementos destrutivos, como o ódio contra adversários e inimigos, em vez de elementos construtivos que buscam atender às necessidades das massas populares. Além disso, o "jacobino" contemporâneo pode ser visto como alguém com uma mentalidade sectária, representando um pequeno grupo ou individualismo desenfreado em vez de uma perspectiva política nacional.
Antonio Gramsci parece fazer essa análise com o objetivo de distinguir entre diferentes abordagens políticas e destacar que a energia e a determinação podem ser empregadas tanto para fins construtivos quanto destrutivos. Ele também ressalta a importância de considerar o contexto histórico e social em que essas ideias e ações estão inseridas. É fundamental entender o significado específico que Gramsci atribui ao termo "jacobino" para compreender adequadamente o ponto que ele está tentando transmitir em sua reflexão política.
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Decifra-me ou te devoro era o mistério ultimato da esfinge de Tebas no antigo mito grego. Segundo a história, a mesma observava cada viajante que passava pela cidade. O transeunte, assim que se deparava com ela, precisava resolver um enigma que poderia indicar o fim de sua vida ou recomeço dela.
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Dorrit Harazim - O elevador
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O Globo
Desde a instalação em edifícios residenciais no Brasil, a função primeira do equipamento sempre foi a segregação racial e social
Qualquer vida é uma travessia contínua de fronteiras. Somos todos uma cartografia ambulante. Desde o momento da concepção sem volta — narrada de forma memorável pelo personagem central do romance “O tambor”, de Günter Grass — até nosso enredamento final, do qual também não tem volta. Entre o nascer e o morrer, a sucessão de rupturas nem sempre é percebida. O simples movimento de sair de casa (do privado) para a rua (o público), por exemplo, tão corriqueiro e banal , traz embutido todo um ritual preparatório. Vai de uma checada em alguma luz acesa, o fechar de janela ainda aberta, um apalpar de bolsos, uma espiadela na bolsa para ver se está tudo lá, talvez uma última conferida no espelho. Mas, a cada vez que giramos a chave da porta de saída, deixamos para trás nossa vida interior. E do lado de fora, escreveu Georges Perec em “Espèces d’espaces”, “outras gentes, o mundo, o público, a política. Você não pode simplesmente passar de um a outro espaço; para atravessar a soleira você precisa mostrar suas credenciais, saber se comunicar com o universo exterior”.
Depoimento publicado nesta semana no site da revista piauí por Gabriella Figueredo mostra a violência da primeiríssima credencial exigida até hoje de milhões de brasileiros: antes mesmo de pisarem na rua, eles devem passar pelo elevador de serviço. O tema é surrado. Já foi fartamente estudado, documentado e denunciado em filmes, novelas, romances. Ainda assim, no início deste mês, o prefeito do Rio de Janeiro teve de sancionar a Lei 7.597, que proíbe a denominação “elevador social” e “elevador de serviço” nos prédios particulares da cidade, em parte porque a lei anterior, que 20 anos atrás vetava qualquer tipo de discriminação em elevadores, nunca foi aceita pelos portadores do privilégio social.
Gabriella é filha do porteiro de um prédio de classe alta de Ipanema, onde viveu da primeira infância até se formar em letras pela PUC-Rio. Cresceu seguindo ao pé da letra o pedido do pai: sempre chamar moradores de “senhor” e “senhora” e jamais usar o elevador social. A leitura de Lima Barreto na faculdade fez com que começasse a questionar o lugar de cada um na sociedade. Contudo, só pôde compreender a dimensão da violência interiorizada quando foi fazer mestrado na Espanha, aos 29 anos:
— Entrei em um prédio que tinha dois elevadores, um do lado do outro, e nenhuma placa para distinguir qual era o de serviço e qual o social. Travei, sem saber em qual entrar... Como saber se eu não estava violando alguma regra ou invadindo o espaço de alguém? [..] Tudo explodiu dentro de mim [...] A questão está enraizada, inclusive em mim. Hoje, mesmo depois da graduação e do mestrado, sempre escolho o elevador de serviço. Por quê? Não sei responder.
Saberá. Em seu depoimento, Gabriella manifesta a intenção de escrever um livro de autoficção sobre a família do porteiro — seu pai — que até hoje mora e trabalha no mesmo prédio da Rua Barão da Torre. Ótimo.
Desde a instalação de elevadores em edifícios residenciais no Brasil, no final dos anos 1920, a função primeira do equipamento sempre foi a segregação racial e social. É do saudoso geógrafo baiano Milton Santos a experiência marcante vivenciada na Salvador dos anos 1950, quando ele foi visitar um amigo recém-instalado num edifício modernoso. Como construir dois elevadores elevaria os custos em demasia, incorporadora e condôminos honraram a divisão de castas de outro modo: dentro do único elevador existente, já estreito, foi colocada uma divisória mambembe a separar os usuários. O professor sempre lamentou não ter fotografado a engenhoca, pois, a seu ver, ela retratava o Brasil de sempre. Dedicou a vida a nos ensinar o país e nos deixou ferramentas para percebermos a profundidade dos enroscos nacionais. Milton Santos tinha esperança.
A carioca Gabriella, já reinstalada no Rio, conta que em conversas com o pai ambos acabam concordando que o Brasil nunca vai mudar:
— Temos a noção de que a classe política nos prometeu um país que ainda não conseguiu entregar — escreveu em seu depoimento.
Ela tem razão — em 2023 o país prometido e devido ainda está longe de ser entregue. Mas não são os políticos, em separado, que haverão de chacoalhar as estruturas coloniais do Brasil — somos nós, o conjunto da sociedade, que devemos impulsionar as mudanças. Seja em casa, no elevador, na rua, no trabalho, no voto, na cobrança ou na informação, é hora de derrubar tapumes e divisórias. Até que o país inteiro tenha acesso ao mesmo elevador. É o mínimo do mínimo
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