sexta-feira, 7 de julho de 2023

CAJADO REAL

"Matou dois coelhos com uma só caixa dada." ----------
---------- Nos tempos bíblicos, o cajado era uma ferramenta comum usada pelos pastores para conduzir suas ovelhas e protegê-las de predadores. ---------
----------- DIRETO AO PONTO O Plano Real, lançado em 1994, completou 20 anos em 2014. Essa troca de moeda foi um episódio importante na história do Brasil porque acabou com a inflação, iniciando um novo ciclo de desenvolvimento econômico. Em 1993, a inflação chegou a bater 2700%. Oficialmente, o real tornou-se a moeda brasileira no dia 1º de julho de 1994, durante o governo de Itamar Franco, que tinha como ministro da fazenda Fernando Henrique Cardoso. A principal meta da nova moeda era conter a hiperinflação. O plano foi implantado em três etapas, para evitar o congelamento de preços e o aumento da inflação. A primeira delas se deu com o ajuste das contas públicas, por meio de um corte no Orçamento. Na segunda etapa, ocorreu a implantação provisória da Unidade Real de Valor (URV), que funcionava da seguinte maneira: cada real era equivalente a uma URV. Esta, por sua vez, valia 2.750 cruzeiros reais (a moeda anterior). A partir de 1º de julho de 1994, foi colocada em marcha a fase final do plano e a URV foi substituída pelo real. Outras tentativas frustradas de planos haviam sido feitas em governos anteriores: o Plano Cruzado, 1986; o Plano Bresser, 1987; o Plano Verão, em 1989; e o Plano Collor, 1990. https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/plano-real-20-anos-moeda-trouxe-novo-ciclo-de-desenvolvimento-economico.htm ___________________________________________________________________________________ ----------- Com Shakespeare, se poderia dizer que o palavreado configura "uma história contada por um louco, cheia de som e fúria, significando nada". --------- ---------- Mulheres de Areia (1993): Assista a abertura da novela TV Globo ----------- ___________________________________________________________________________________ --------- - 1 milhão duzentos e cinquenta mil. - Putzgrila. - Quanto é o troco? - 20 mil. - Pode ficar. ___________________________________________________________________________________ --------- Mulheres de areia Autor: Ivani Ribeiro Gênero: Drama Ano de lançamento: 1993 Sinopse As gêmeas Ruth e Raquel têm perfis distintos. Raquel se casa com o namorado da irmã por interesse até que, após um acidente, é dada como morta, causando uma reviravolta na trama. ___________________________________________________________________________________ ---------- ------ Bolsonaro pede para PL votar contra a reforma tributária, mas é ignorado | Entrevista Cláudio Cajado -------- MyNews Transmissão ao vivo realizada há 15 horas #mynews #cafédomynews No Café do MyNews desta quinta-feira, 06 de julho de 2023, Mara Luquet, João Bosco Rabello e Afonso Marangoni falam do enfraquecimento da liderança de Bolsonaro após o ex-presidente pedir para o PL se posicionar contra a Reforma Tributária da equipe econômica de Lula (PT) e o partido não fechar questão com Jair. Os jornalistas conversam com o relator do Arcabouço fiscal na Câmara, o deputado Cláudio Cajado (PP-BA). Na segunda parte do programa, Sylvia Colombo se junta ao time do Café para falar da reunião dos presidentes sul-americanos no Mercosul. O primeiro aniversário do fim da comissão da verdade colombiana também será assunto. ___________________________________________________________________________________ ---------- ---------- Felipe Camargo - William Shakespeare - "Soneto 66" (Som e Fúria) ___________________________________________________________ Felipe Camargo interpretando o Soneto 66 de William Shakespeare. Seriado "Som e Fúria" "À morte peço a paz farto de tudo, de ver talento a mendigar o pão, e o oco abonitado e farfalhudo, e a pura fé rasgada na traição, e galas de ouro es despejados bustos, e a virgindade à bruta rebentada, e em justa perfeição tratos injustos, e o valor da inépcia valer nada, e autoridade na arte pôr mordaça, e pedantes a engenho dando lei, e a verdade por lorpa como passa, e no cativo bem o mal ser rei. Farto disto, não deixo o meu caminho, pois se eu morrer, é o meu amor sozinho." ____________________________________________________________________________________ -----------
---------- ___________________________________________________________________________________ O trecho compartilhado é um artigo escrito por Maria Hermínia Tavares, professora titular aposentada de ciência política da USP e pesquisadora do Cebrap, publicado na Folha de S. Paulo. Neste artigo, Tavares aborda a persistência de um grupo de cerca de 30% dos brasileiros que acredita que o governo de Jair Bolsonaro beneficiou o país, independentemente do seu futuro político. Ela busca entender as aspirações dessas pessoas e as narrativas que circulam em suas redes sociais, com destaque para o antipetismo e teorias conspiratórias. A autora menciona um artigo recentemente publicado na revista Oeste, que retrata uma visão apocalíptica na qual o Brasil estaria caminhando para se tornar um "país soviético". Tavares critica essa narrativa como um delírio apocalíptico, mas destaca que 7 em cada 10 partidários de Bolsonaro acreditam nessa história, e metade dos entrevistados concorda, total ou parcialmente, que o Brasil corre o risco de se tornar comunista. Ela observa que essa fantasia de comunização do país está relacionada à adesão a valores conservadores ligados à conduta individual, família e religião. Essa direita reacionária já existia antes do surgimento de Bolsonaro e se estruturou por meio de grupos, líderes, redes sociais, editoras e mídia. Tavares menciona o estudo "Treze" da socióloga Angela Alonso, que explora as origens dos conflitos ocorridos durante o longo período de governo petista. Ela argumenta que é importante desmontar os argumentos que sustentam a miragem da ameaça comunista, destacando que não se deve deixar aos criadores de fantasmas a suposta defesa da liberdade de expressão e a denúncia hipócrita da corrupção política. É importante ressaltar que essa é uma análise e opinião da autora, expressada no artigo, e não uma afirmação definitiva sobre as posições políticas dos brasileiros ou sobre a existência real da ameaça comunista. ___________________________________________________________________________________
---------- quinta-feira, 6 de julho de 2023 Maria Hermínia Tavares* - Os fantasmas da ultradireita Folha de S. Paulo Cabe tentar desmontar os argumentos que sustentam a miragem do comunismo Especular sobre o futuro político de Jair Bolsonaro é exercício fútil. Mais proveitoso é tratar de entender as variadas aspirações dos cerca de 30% dos brasileiros que, segundo o Datafolha, continuam a acreditar que o seu governo beneficiou o país. Eles seguirão por aqui seja qual for o destino de quem foi banido da vida política até 2030 e ainda poderá enfrentar outras penas. Dessa população faz parte uma amiga que votou em Bolsonaro tanto em 2018 como no ano passado. Ela me abastece regularmente de material que circula em suas redes sociais, servindo-lhe uma dieta reforçada de antipetismo e teorias conspiratórias. Da última vez, enviou artigo recém-publicado na revista Oeste, de certo uma voz estridente da extrema direita na mídia nacional. O texto quer fazer crer nada menos que o Brasil está em vias de se transformar em um "país soviético". Nesse delírio apocalíptico, o conluio entre Lula e o STF (Supremo Tribunal Federal) já teria engendrado "um regime de partido único", no qual a corrupção viceja e a liberdade de expressão definha, sob o tacão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), "polícia política a serviço do governo". Com Shakespeare, se poderia dizer que o palavreado configura "uma história contada por um louco, cheia de som e fúria, significando nada". Ainda assim, é no que acreditam 7 em cada 10 partidários do ex-capitão. Pior: metade dos entrevistados pelo Datafolha concorda, no todo ou em parte, que o Brasil corre o risco de se tornar comunista. Aqui, a fantasia da comunização do país anda de mãos dadas com a adesão a valores relativos à conduta individual, à família e à religião. Embora devam se combinar em graus variados em diferentes segmentos da sociedade, em conjunto definem um campo político nitidamente reacionário. Com seus grupos, líderes, redes sociais, editoras e mídia, essa direita de pesadelo se estruturou muito antes que Bolsonaro lhe desse desaguadouro eleitoral. Em "Treze", excelente estudo sobre o ciclo de protestos de um decênio atrás, a socióloga Angela Alonso garimpa suas origens nos conflitos surgidos durante o longo período petista no governo federal. Talvez não seja possível dissipar de todo a crença em uma ameaça comunista inexistente. Afinal, há quem creia que a Terra é plana. Mas ao menos cabe tentar desmontar —com palavras e sobretudo com atos— os argumentos que sustentam a miragem. Não há por que deixar aos criadores de fantasmas a suposta defesa da liberdade de expressão e a denúncia hipócrita da corrupção política. Uma e outra estão a pedir atenção e resposta dos progressistas. *Professora titular aposentada de ciência política da USP e pesquisadora do Cebrap. ___________________________________________________________________________________
----------- Vista do plenário da Câmara dos Deputados antes do início da votação do texto da reforma tributária, em Brasília, na noite desta quinta-feira, 6 de julho de 2023. — Foto: CLÁUDIO REIS/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO --------- Reforma tributária: veja como votou cada deputado e partido Texto-base foi aprovado em 1º turno na noite desta quinta-feira (6) com placar de 382 a 118. Por Wesley Bischoff, g1 — São Paulo 06/07/2023 21h56 Atualizado há uma hora O texto-base da reforma tributária foi aprovado na Câmara dos Deputados no 1º turno, na noite desta quinta-feira (6), pelo placar de 382 a 118. Veja mais abaixo como votou cada partido e deputado. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Por ser uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), pelo menos 308 deputados, ou três quintos da Câmara, deveriam votar a favor do texto para a aprovação. Mais cedo, a Câmara rejeitou um requerimento que pedia o adiamento da votação da proposta. Com isso, o mérito começou a ser discutido. Durante a sessão, o presidente da Casa, Arthur Lira, fez um pronunciamento na tribuna defendendo a votação da reforma. Em linhas gerais, a proposta da reforma tributária prevê a unificação de cinco tributos: IPI, PIS e Cofins, que são federais; ICMS, que é estadual, e o ISS, que é municipal. A última versão também prevê zerar os tributos sobre a cesta básica e criar o 'imposto do pecado', sobre produtos nocivos à saúde e ao meio ambiente. Pela proposta, o IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS seriam substituídos por dois impostos sobre valor agregado, os IVAs: um seria gerenciado pela União e outro teria gestão compartilhada por estados e municípios. Depois da aprovação do texto-base da reforma em 1º turno, a proposta será votada mais uma vez, em 2º turno. Essa votação deve acontecer ainda na noite desta quinta-feira. LEIA TAMBÉM Entenda os principais pontos da reforma tributária Relator atende parte do pleito de governadores, e inclui mudanças em novo parecer da reforma tributária Bolsonaro pode estar preocupado em perder protagonismo para Tarcísio, diz presidente do Republicanos Placar Lista 1º turno AJ Albuquerque (PP-CE) - Sim Abilio Brunini (PL-MT) - Não Acácio Favacho (MDB-AP) - Sim Adail Filho (Republicanos-AM) - Sim Adilson Barroso (PL-SP) - Não Adolfo Viana (PSDB-BA) - Sim Adriana Ventura (Novo-SP) - Sim Adriano do Baldy (PP-GO) - Sim Aécio Neves (PSDB-MG) - Sim Afonso Hamm (PP-RS) - Não Afonso Motta (PDT-RS) - Sim Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) - Sim Airton Faleiro (PT-PA) - Sim Alberto Fraga (PL-DF) - Não Alberto Mourão (MDB-SP) - Sim Albuquerque (Republicanos-RR) - Sim Alceu Moreira (MDB-RS) - Sim Alencar Santana (PT-SP) - Sim Alex Manente (Cidadania-SP) - Sim Alex Santana (Republicanos-BA) - Sim Alexandre Guimarães (Republicanos-TO) - Sim Alexandre Leite (União-SP) - Sim Alfredinho (PT-SP) - Sim Alfredo Gaspar (União-AL) - Não Alice Portugal (PCdoB-BA) - Sim Aliel Machado (PV-PR) - Sim Altineu Côrtes (PL-RJ) - Não Aluisio Mendes (Republicanos-MA) - Sim Amália Barros (PL-MT) - Não Amanda Gentil (PP-MA) - Sim Amaro Neto (Republicanos-ES) - Sim Amom Mandel (Cidadania-AM) - Sim Ana Paula Leão (PP-MG) - Não Ana Paula Lima (PT-SC) - Sim Ana Pimentel (PT-MG) - Sim André Fernandes (PL-CE) - Não André Ferreira (PL-PE) - Não André Figueiredo (PDT-CE) - Sim André Fufuca (PP-MA) - Sim André Janones (Avante-MG) - Sim Andreia Siqueira (MDB-PA) Antônia Lúcia (Republicanos-AC) - Sim Antonio Andrade (Republicanos-TO) - Sim Antonio Brito (PSD-BA) - Sim Antonio Carlos R. (PL-SP) - Sim Antônio Doido (MDB-PA) - Sim Any Ortiz (Cidadania-RS) - Sim Arlindo Chinaglia (PT-SP) - Sim Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) - Sim Arthur Lira (PP-AL) - Sim Arthur O. Maia (União-BA) - Sim Átila Lins (PSD-AM) - Sim Átila Lira (PP-PI) - Sim Augusto Coutinho (Republicanos-PE) - Sim Augusto Puppio (MDB-AP) - Sim Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) - Sim Bacelar (PV-BA) - Sim Baleia Rossi (MDB-SP) - Sim Bandeira de Mello (PSB-RJ) - Sim Bebeto (PP-RJ) - Sim Benedita da Silva (PT-RJ) - Sim Benes Leocádio (União-RN) - Sim Beto Pereira (PSDB-MS) - Sim Beto Richa (PSDB-PR) - Sim Bia Kicis (PL-DF) - Não Bibo Nunes (PL-RS) - Não Bohn Gass (PT-RS) - Sim Bruno Farias (Avante-MG) - Sim Bruno Ganem (Podemos-SP) - Sim Caio Vianna (PSD-RJ) - Sim Camila Jara (PT-MS) - Sim Cap. Alberto Neto (PL-AM) - Não Capitão Alden (PL-BA) - Não Capitão Augusto (PL-SP) - Não Carla Zambelli (PL-SP) - Não Carlos Chiodini (MDB-SC) - Sim Carlos Gaguim (União-TO) - Sim Carlos Gomes (Republicanos-RS) - Sim Carlos Jordy (PL-RJ) - Não Carlos Sampaio (PSDB-SP) - Sim Carlos Veras (PT-PE) - Sim Carlos Zarattini (PT-SP) - Sim Carol Dartora (PT-PR) - Sim Caroline de Toni (PL-SC) - Não Castro Neto (PSD-PI) - Sim Cb Gilberto Silva (PL-PB) - Não Cel. Chrisóstomo (PL-RO) - Não Célia Xakriabá (PSOL-MG) - Sim Célio Silveira (MDB-GO) - Sim Célio Studart (PSD-CE) - Sim Celso Russomanno (Republicanos-SP) - Sim Celso Sabino (União-PA) - Sim Cezinha Madureira (PSD-SP) - Sim Charles Fernandes (PSD-BA) - Sim Chico Alencar (PSOL-RJ) - Sim Chiquinho Brazão (União-RJ) - Sim Chris Tonietto (PL-RJ) Clarissa Tércio (PP-PE) - Não Claudio Cajado (PP-BA) - Sim Cleber Verde (MDB-MA) - Sim Clodoaldo Magalhães (PV-PE) - Sim Cobalchini (MDB-SC) - Sim Coronel Assis (União-MT) - Não Coronel Fernanda (PL-MT) - Não Coronel Meira (PL-PE) - Não Coronel Telhada (PP-SP) - Não Coronel Ulysses (União-AC) - Não Covatti Filho (PP-RS) - Sim Cristiane Lopes (União-RO) - Não Da Vitoria (PP-ES) - Sim Dagoberto Nogueira (PSDB-MS) - Sim Daiana Santos (PCdoB-RS) Dal Barreto (União-BA) - Sim Damião Feliciano (União-PB) - Sim Dandara (PT-MG) - Sim Dani Cunha (União-RJ) - Sim Daniel Agrobom (PL-GO) - Não Daniel Almeida (PCdoB-BA) - Sim Daniel Barbosa (PP-AL) - Sim Daniel Freitas (PL-SC) - Não Daniel Trzeciak (PSDB-RS) - Sim Daniela Reinehr (PL-SC) - Não Danilo Forte (União-CE) - Sim David Soares (União-SP) - Sim Dayany Bittencourt (União-CE) - Sim Def. Stélio Dener (Republicanos-RR) Del. Adriana A. (PT-GO) - Sim Del. Éder Mauro (PL-PA) - Não Del. Fabio Costa (PP-AL) - Não Del. Matheus L. 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(MDB-PA) - Sim Duarte (PSB-MA) - Sim Duda Ramos (MDB-RR) - Sim Duda Salabert (PDT-MG) Eduardo Velloso (União-AC) - Sim Eduardo da Fonte (PP-PE) - Sim Eduardo Bolsonaro (PL-SP) - Não Elcione Barbalho (MDB-PA) - Sim Eli Borges (PL-TO) - Não Elmar Nascimento (União-BA) - Sim Ely Santos (Republicanos-SP) - Sim Emanuel Pinheiro N (MDB-MT) - Sim Emidinho Madeira (PL-MG) - Não Enf. 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---------- quinta-feira, 6 de julho de 2023 Maria Cristina Fernandes - Por que a reforma tributária agora vai ----------
-------- Valor Econômico Se as resistências baixaram é porque se chegou a conclusão de que afundarão todos sem a reforma Foi preciso que São Paulo passasse a ser governado por um carioca para baixar a guarda na reforma tributária. A origem de Tarcísio de Freitas, porém, é que menos conta na história. A chave, para ficar no trocadilho da reforma em curso, é o destino. É verdade, como tem dito o próprio governador, que todos os seus antecessores fizeram oposição às sucessivas tentativas de reforma tributária ao longo das últimas três décadas. E é fato também que nenhum deles foi bem-sucedido em suas pretensões presidenciais. E não se trata apenas de enfrentar a imagem de um Estado de costas para o Brasil que tanto tem prejudicado candidatos paulistas à Presidência. Mas de ir contra empresários, investidores e formadores de opinião da economia nacional que, de maneira inaudita, se manifestaram pela reforma. O manifesto uniu desde um industrial que cresceu à sombra de um Estado protecionista, como Jorge Gerdau, a um investidor contra muros, como Arminio Fraga; um ex-ministro que militou na economia dos subsídios, como Guido Mantega, até um economista que lhes tem ojeriza como Marcos Mendes. E, finalmente, ficou difícil para Tarcísio de Freitas se associar à artilharia contrária à reforma, que juntou desde o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, que disse se tratar da implantação do “Soviete Supremo”, até o governador Ronaldo Caiado, cujo Estado tem por tradição atrair empresas no tapetão, e resumiu a reforma como “coisa de venezuelano”. Ficou complicado para o governador paulista, sobretudo, aliar-se aos argumentos do bolsonarismo. Depois de uma gestão tributária desastrosa, que isentou a gasolina de quem anda de carro, e congelou o salário mínimo de quem pega ônibus, o ex-presidente Jair Bolsonaro resolveu “fechar questão” contra a reforma tributária. Só esqueceu de combinar com lideranças de seu partido na Câmara que fizeram um bem bolado de votos e emendas com o governo. É possível até imaginar que a inelegibilidade tenha acabado por favorecer a aceitação da reforma tributária pelo governador. O ocaso do bolsonarismo faz com que Tarcísio de Freitas precise se viabilizar como um candidato do sistema e não contra ele. Até o fim da tarde desta quarta-feira, não havia ainda uma tradução, no texto do substitutivo, de um Palácio dos Bandeirantes desarmado, mas havia um consenso, pra lá de razoável, de que a governança desse conselho federativo não poderia reproduzir o Comsefaz, o conselho que reúne os secretários de Fazenda das unidades da Federação. Neste conselho, que tende a ser esvaziado se o outro for aprovado, como cada Estado tem um voto, o Nordeste, região que tem o maior número de Estados, faz todos os presidentes. A ideia que mais angariou apoio ao longo da semana foi aquela que atribuiu um voto por região, de maneira a que a soma de Norte e Nordeste se limite a dois terços dos votos e não seja capaz, como no Comsefaz, de fazer a maioria absoluta nas deliberações. Some-se a isso a disposição de o Rio negociar a inclusão de emenda que assegura regime especial para royalties, com metade da receita para os Estados e municípios produtores. A concentração desses recursos em mãos de alguns poucos está paralisada no Supremo Tribunal Federal e é um dos enroscos que a reforma se dispunha a resolver. A emenda tem por autoria a mesma deputada filha de ex-presidente da Câmara cassado que fracassou na recente tentativa de blindar crimes financeiros a pretexto de impedir a “discriminação de políticos”. Com os Estados dispostos a negociar e o PIB engajado pela reforma, restou ao presidente da Câmara reformular sua estratégia. Cercado pela operação policial que flagrou assessores com uma botija do “orçamento secreto”, o deputado Arthur Lira (PP-AL) havia pautado um esforço concentrado para votar as pautas econômicas e renovar seus créditos junto ao Executivo e à própria Casa. Contava com as resistências setoriais e dos governadores para ajudá-lo a barganhar por mais um naco de emendas e cargos. Foi fechado um acordo com a Secretaria de Relações Institucionais para um lote de emendas na Saúde em troca da aprovação do acordo no Carf e do arcabouço fiscal. Um outro lote, além da concessão de novos cargos, viria na etapa seguinte, da reforma tributária. Quando Lira viu que a reforma já não angariava a mesma resistência, resolveu inverter a pauta e sugeriu colocá-la em votação, para que fossem destravadas as entregas da segunda parte do acordo, sem que a primeira tenha resultado em Carf ou arcabouço. Se a virada visava à insistente pressão para reaver seus domínios na Saúde, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu verbalizar a blindagem da ministra Nísia Trindade. Os embates em torno da negociação só chocam porque se esquece que a última grande reforma tributária aconteceu sob um regime de exceção. A União foi fortalecida e setores empresariais, aliviados. Com a Constituição de 1988, Estados e municípios se beneficiaram com transferências tributárias que reduziram os recursos da União. É claro que o custo seria alto para fazer, com democracia e sem constituinte, reforma com décadas de atraso. Quando se fala de perda de autonomia leia-se menos chance de distribuir benesses que têm, não apenas blindado setores, mas sustentado carreiras políticas. Se a resistência baixou é porque concluiu-se que afundarão todos - com ou sem benefícios. No substitutivo se saberá onde estão as melhores boias. ___________________________________________________________________________________

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