Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
domingo, 30 de julho de 2023
FAROL(EIRO)
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IEPfD | A Representação Democrática e suas dificuldades – Seminário 4
Dando continuidade ao *Curso Política e Democracia - reflexões sobre seus desafios para o século XXI* , realizamos ontem nosso quarto seminário.
O tema abordado foi *“A Representação Democrática e suas Dificuldades”.* Marco Aurélio Nogueira e Luiz Sérgio Henriques apresentaram diferentes enfoques que nos ajudam a entender os desafios da representavidade política para as democracias modernas.
Segue o vídeo completo
Bom final de semana.
João Rego – presidente
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Agosto Vem Aí!
A Gosto!
Vem Aí!
Vem!
Aí!
A Í!
Í!
!
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Livro
Agosto
Rubem Fonseca
1º de agosto de 1954, Rio de Janeiro, capital da República. Um empresário é assassinado e outro crime é planejado na sede do governo federal. O atentado frustrado contra o jornalista Carlos Lacerda, opositor de Getúlio Vargas, causará uma das maiores reviravoltas da história do Brasil. Um dos maiores sucessos de crítica de Rubem Fonseca, Agosto nos questiona: em que medida a história de uma pessoa e a história de um país se determinam, se diferenciam e se assemelham? Ao misturar com maestria história e ficção, o autor encontra a resposta: a boa literatura.
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REAL GABINETE PORTUGUÊS DE LEITURA
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Nabuco justifica assim a “política de conciliação”: “O reformador em geral detém-se diante do obstáculo; dá longas voltas para não atropelar nenhum direito; respeita, como relíquias do passado, tudo que não é indispensável alterar; inspira-se na ideia de identidade, de permanência; tem, no fundo, a superstição chinesa — que não se deve deitar abaixo um velho edifício, porque os espíritos enterrados debaixo dele perseguirão o demolidor até a morte”.
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POEMINHO DO CONTRA - MARIO QUINTANA
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Leandro Vendrami
Todos esses que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!
(MARIO QUINTANA)
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Jarbas Gonçalves Passarinho
11.jan.1920 -
Ministro do Trabalho
Sergio Moraes/Agência Folha
"Às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência." A frase, que foi modificada na ata sem prejuízo de sentido (as "favas" foram trocadas pela conjugação verbal "ignoro"), foi dita pelo então ministro do Trabalho e da Previdência Social Jarbas Passarinho durante a reunião do AI-5, em 1968.
Apesar de afirmar em entrevistas que, no papel de ministro, interferiu nos sindicatos apenas em questões de corrupção, no período de vigência do AI-5, mais de cem dirigentes sindicais foram destituídos dos cargos durante sua gestão.
Passarinho nasceu em Xapuri (AC) em 1920, participou da articulação do golpe de 64 e, no mesmo ano, assumiu o governo do Pará, indicado pelo presidente Castello Branco.
Com a posse de Emilio Garrastazú Medici, assumiu a pasta de Educação em 69. Passarinho, que entrou na Escola Militar do Realengo 30 anos antes, implantou sistema de créditos, ciclos básicos de disciplina e um novo regime de cátedras, na reforma universitária brasileira conhecida como MEC-Usaid, por causa do apoio do governo norte-americano.
Em 77, três anos após ter voltado ao Senado, defendeu na tribuna a substituição do AI-5 por um instrumento que garantisse ao Estado sua defesa contra minorias subversivas e a atribuição ao STM (Superior Tribunal Militar) de julgamentos políticos.
Em 80, Passarinho foi eleito presidente do Senado, casa que deixou três anos depois após perder a eleição no Pará para o candidato do MDB. No mesmo ano, assumiu o Ministério da Previdência e Assistência Social no governo de João Batista Figueiredo.
Foi senador constituinte, ministro da Justiça do governo de Fernando Collor de Mello (de 1990-1992) e presidente da CPI que investigou a "máfia do orçamento". Passarinho, que já havia sido cronista e redator em jornais na década de 40, deixou o Senado em 1995.
Tornou-se articulista do Estado de S. Paulo, onde criticava abertamente as ações do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Continuou com as críticas mesmo depois de ter sido nomeado pelo ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso em 96 como consultor do Programa Nacional de Direitos Humanos.
Em manifestações recentes sobre o pagamento de indenizações relativas ao período militar, Passarinho, que hoje tem 88 anos, se posicionou publicamente contra o pagamento a perseguidos pelo regime.
Para ele, se fosse o feito o pagamento, que houvesse o mesmo tratamento com as famílias de militares mortos pelo movimento armado da esquerda.
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Luiz Carlos Azedo - Acordo com Centrão ressuscita política de conciliação
Correio Braziliense
Agenda de direitos humanos e pautas identitárias não terão vez na base governista ampliada. Nesses quesitos, o governo só poderá avançar administrativamente
Com o fim do recesso do Congresso e do Judiciário, a política nacional retoma seu curso com dois fatos relevantes na largada. Primeiro, a conclusão do processo de aprovação do novo arcabouço fiscal e da reforma tributária, que ainda dependem de votações na Câmara e no Senado, respectivamente. Segundo, a retomada dos trabalhos do Judiciário, que tem na ordem do dia a conclusão do chamado inquérito das fake news, que investiga os responsáveis pela tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro, a cargo do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
É neste contexto que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva negocia a incorporação do Centrão ao governo, o que provocará um realinhamento de forças na Esplanada, sob a égide da velha “política de conciliação”. Também é neste cenário que o novo ministro do Supremo, Cristiano Zanin, tomará posse, na quinta-feira. Será o principal interlocutor de Lula nos bastidores da Corte. Em outubro, o ministro Luiz Roberto Barroso assumirá a presidência do STF, no lugar da ministra Rosa Weber, que se aposentará. É adversário figadal do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Voltemos às mudanças na Esplanada. Lula finge desconhecer o Centrão, mas a tese de que não existe é apenas um subterfúgio de narrativa. O acordo com o PP, de Ciro Nogueira (PI), e o Republicanos, do deputado Marcos Pereira (SP), sob a liderança do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é uma aliança com um partido conservador e oligárquico, de um lado, e os setores evangélicos ligados ao bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus.
Essa aliança isola Bolsonaro no Congresso e bloqueia o surgimento precoce uma candidatura de centro-direita robusta para 2026, no caso a do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que pode trocar o Republicanos pelo PL de Valdemar Costa Neto, partido de Bolsonaro.
A coalizão preserva as práticas fisiológicas e patrimonialistas do Congresso, uma das faces do nosso iberismo, e mais uma vez resgata a velha “política de conciliação” que uniu liberais (“luzias”) e conservadores (“saquaremas”) no Império, a partir do gabinete do Marques do Paraná (1853), o mineiro Honório Hermeto Carneiro Leão. Seu objetivo era conciliar as ações políticas dos dois partidos do Império, o Conservador e o Liberal, em torno de interesses comuns — no caso, a manutenção da escravidão, que somente foi abolida em 1888.
Para o notável historiador cearense Capistrano de Abreu, a “política de conciliação” era um “termo honesto e decente para qualificar a prostituição política de uma época”. Capistrano se dedicou ao estudo do Brasil colonial. Sua obra Caminhos Antigos e Povoamento do Brasil ainda hoje explica muita coisa sobre a nossa formação política e cultural.
São Paulo
Mas essa não é a opinião dominante na política nacional. Conservador e monarquista, o político e diplomata pernambucano Joaquim Nabuco escreveu duas obras monumentais: O Abolicionismo (1883), fruto de suas pesquisas no British Museum, de Londres, e os três volumes de Um Estadista no Império (1897-1899), dedicada ao seu pai, o conselheiro Nabuco de Araújo, autor de um dos mais célebres discursos da história do Senado — “A ponte de ouro”, no qual se coloca em oposição aos liberais na província de Pernambuco, mas aceita participar do gabinete de maioria liberal de Paraná, por lealdade ao imperador Dom Pedro II.
Nabuco justifica assim a “política de conciliação”: “O reformador em geral detém-se diante do obstáculo; dá longas voltas para não atropelar nenhum direito; respeita, como relíquias do passado, tudo que não é indispensável alterar; inspira-se na ideia de identidade, de permanência; tem, no fundo, a superstição chinesa — que não se deve deitar abaixo um velho edifício, porque os espíritos enterrados debaixo dele perseguirão o demolidor até a morte”.
Isso é recorrente na nossa política, que arrasta as correntes do passado. O patrimonialismo, cuja mais nova versão é o Orçamento Secreto, parece uma fatalidade.
O acordo de Lula com Centrão garantirá sua governabilidade e apoio às reformas econômicas que contam com amplo apoio empresarial. Entretanto, representará um bloqueio a mudanças mais profundas e estruturantes, que dependam de aprovação pelo Congresso. A agenda de direitos humanos e social e as pautas identitárias não terão vez na base governista ampliada. Nesses quesitos, o governo só poderá avançar administrativamente, mas sem contrariar a maioria do Congresso.
No Império, “luzias” e “saquaremas” dividiam o gabinete, juravam lealdades ao imperador e se digladiavam nas províncias em disputas pelo poder. É o que vai acontecer com o PT e seus aliados, e o Centrão nas eleições municipais. O melhor exemplo é o caso da Prefeitura de São Paulo. Lula fez um acordo com Guilherme Boulos (PSol) para receber seu apoio nas eleições passadas. Agora, terá que apoiá-lo.
Candidato à reeleição, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) busca o apoio de Tarcísio e Bolsonaro para remover a candidatura de Ricardo Salles (PL-SP) e se tornar única opção à direita nas eleições da capital paulista.
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Bruno Boghossian - A mentira como negócio
Folha de S. Paulo
Ex-presidente escondeu gravidade da pandemia, posou de vítima e foi premiado com Pix
Depois de perder a eleição, Donald Trump arrecadou US$ 255 milhões em oito semanas. O presidente derrotado pedia doações enquanto espalhava alegações de fraude e prometia usar o dinheiro para contestar o resultado das urnas.
A vaquinha enganava os eleitores duas vezes. A primeira lorota era a finalidade das doações. Nem 4% do dinheiro foi gasto com a tentativa de virada de mesa. Uma parte foi usada em propaganda e o resto (cerca de US$ 175 milhões) ficou guardado para uma nova campanha de Trump.
A outra falcatrua era o discurso da eleição roubada. Na última semana, Rudy Giuliani admitiu que, como advogado de Trump, fez acusações falsas de fraude na contagem de votos.
A mentira é uma arma poderosa na política, mas também pode ser um negócio lucrativo. Uma história falsa e cheia de excitação é sempre um produto mais interessante que uma realidade entediante ou dolorosa. Um eleitor apaixonado e dedicado a uma causa é o consumidor ideal.
Uma fabulação com baixo grau de veracidade ajudou a movimentar a conta bancária de Jair Bolsonaro. Um relatório do Coaf mostrou que o ex-presidente recebeu R$ 17,2 milhões numa campanha informal para ajudá-lo a pagar multas judiciais.
O eixo central da fantasia é a ideia de que Bolsonaro foi punido porque é vítima de uma conspiração. As multas, portanto, não seriam meras consequências de seus atos.
Um elemento do engodo foi a convocação de eleitores para ajudar o ex-presidente a pagar multas por não usar máscaras durante a pandemia. A enganação é dupla porque Bolsonaro escolheu desafiar recomendações das autoridades de saúde, mas também porque seu governo conhecia e preferiu esconder informações sobre a gravidade da Covid.
O senador Flávio Bolsonaro ainda acrescentou uma mentira extra ao tentar defender o pai, afirmando que o ex-presidente foi punido "por estar na linha de frente na pandemia salvando vidas e empregos". Jair Bolsonaro foi multado em comícios e passeios de moto.
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Dorrit Harazim – Experimentos
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O Globo
Reparações históricas e desculpas oficiais costumam vir na rabeira da própria História. E com frequência nada reparam
Na terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou a criação de um Monumento Nacional em memória do menino negro Emmett Till e de sua mãe, Mamie Till-Mobley. Na verdade, serão três os monumentos que evocarão o assassinato de Emmett, com requintes de selvageria, por supremacistas brancos nos idos de 1955. O primeiro será erguido na igreja de Chicago onde o garoto fora velado; o segundo, na ravina do Rio Tallahatchie, no Mississippi, onde encontraram seu corpo brutalizado; e um terceiro, certamente o mais significativo, na entrada do tribunal onde os matadores confessos, dois irmãos graúdos, foram rapidamente absolvidos por um júri branco.
À época, a mãe-coragem de Emmett obrigara o país a encarar o que restara do filho: uma massa disforme e desumanizada exposta em caixão aberto, sem retoques. Como já relatado neste espaço, a atrocidade serviu de catalisador para o Movimento pelos Direitos Civis que galvanizaria o país na década seguinte.
Passaram-se quase 70 anos. Desde então, 12 presidentes ocuparam a Casa Branca. Ainda assim, Biden achou necessário explicar ao país o motivo de um memorial nacional para os dois corpos negros.
— Vivemos tempos em que se tenta banir livros, enterrar a História — disse o presidente. — Por isso queremos deixar bem claro e cristalino: embora a treva e o negacionismo possam esconder muita coisa, não conseguem apagar nada. Não devemos aprender somente aquilo que queremos saber. Devemos poder aprender o que é preciso saber.
Reparações históricas e desculpas oficiais costumam vir na rabeira da própria História. E com frequência nada reparam. Ainda assim, acabam compondo um retrato das feridas de cada nação. No caso atual, a iniciativa de Biden não deve ser descartada como mero artifício eleitoreiro visando ao pleito de 2024. Há também uma real preocupação com um surto de apagamento histórico em curso na América profunda e retrógrada. Quando governadores extremados como Ron DeSantis, da Flórida, ou Greg Abbott, do Texas, ordenam escolas e bibliotecas públicas a varrer das estantes clássicos da literatura negra e LGBTQIA+, um monumento nacional à coragem de Mamie Till chega em boa hora.
Para a população negra dos Estados Unidos, existe uma ferida coletiva que nenhuma reparação ainda conseguiu cicatrizar. Ela tem nome extenso: Estudo Tuskegee de Sífilis Não Tratada no Homem Negro. Trata-se do mais longo experimento não terapêutico em seres humanos da História da medicina. Ele durou de 1932 até 1972 e teve como propósito estudar os efeitos da sífilis em corpos negros. Por meio de concorridos convites divulgados em igrejas e plantações de algodão, o Instituto de Saúde Pública da época selecionou 600 homens, todos filhos ou netos de escravizados. A grande maioria nunca tinha se consultado com médico. No grupo, 399 estavam contaminados pela doença, e 201 eram sadios. Aos contaminados foi informado apenas serem portadores de “sangue ruim”. Como o estudo visava à observação da doença até o “ponto final” — a autópsia —, os doentes foram ficando cegos, dementes e morreram sem conhecer a penicilina, que a partir dos anos 1940 se tornou o tratamento de referência para sifilíticos. A família dos que morriam recebia US$ 50 para cobrir o enterro. A pesquisa só foi interrompida em 1972, quando o jornalismo da Associated Press revelou a história, levando o governo americano a pagar US$ 10 milhões em acordo coletivo com os sobreviventes.
Oito deles, já quase nonagenários, estavam no Salão Leste da Casa Branca em maio de 1997 quando o então presidente Bill Clinton pediu desculpas públicas pelo horror cometido. Em discurso marcante, falou em nome do povo americano:
— O que foi feito não pode ser desfeito. Mas podemos acabar com o silêncio, parar de desviar do assunto. Podemos olhá-los de frente para finalmente dizer que o que o governo dos Estados Unidos fez foi uma ignomínia, e eu peço desculpas.
Ainda assim, passado menos de um ano, nova barbárie experimental veio à luz, desta vez com cem meninos negros e hispânicos de Nova York arrebanhados por três instituições de renome científico. Todos eram irmãos caçulas de delinquentes juvenis e tinham idade entre 6 e 11 anos. O estudo pretendia demonstrar a correlação entre determinados marcadores biológicos e o comportamento violento em humanos. Para isso, aplicaram nas crianças injeções intravenosas de fenfluramina, substância posteriormente associada a danos à válvula mitral. Às mães que os levavam ao local do experimento foi oferecida uma recompensada de US$ 125 .
Tudo isso e muito mais faz parte do pesado histórico de abuso de corpos negros, até mesmo em nome da ciência. Não espanta, portanto, a rejeição quase atávica à obrigatoriedade de vacinação contra a Covid-19 manifestada pela população negra em tempos recentes. A retirada de circulação ou dificuldade de acesso a livros que narram essas vivências deveriam ser impensáveis em 2023. É sinal de uma sociedade adoecida pelo medo de livros.
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Faroleiro
Ary Lobo
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Deixa de contar vantagem
Conterrâneo companheiro
Que eu também nasci no norte
Não sou faroleiro
É muito feio o sujeito
Contar vantagem
Dizer que tem coragem
E na hora correr
É preferível o sujeito calado
Mas ficando aperreado
E fazer o pau comer
É tão bonito assim
O cabra tão aperreado e faz o pau comer
Ainda me lembro
Da Paraíba do Norte
Tive um pega muito forte
Com um Miguelão
Por isso que eu passei dez anos trancafiados
Vendo o sol nascer quadrado
E não conto vantagem não
É tão bonito assim
Sou um cabra bom danado e não conto vantagem não
Esse criado que ta falando consigo
Nunca teve um inimigo e nem deseja ter
Eu nunca matei cabo, nem soldado e nem sargento
Compadre do Mané Bento que vinha me conhecer
É tão bonito assim
Esse cabra da peste devia me conhecer
Composição: Gordurinha.
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Foto: DINO / DINO
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Em suma, o salto quântico no pensamento do jovem Joaquim Nabuco pode ser explicado pela combinação de suas experiências pessoais, seu ambiente familiar e intelectual, além do contato com ideias progressistas e humanitárias que o levaram a questionar e repudiar a escravidão, tornando-se um defensor da abolição e dos valores liberais e igualitários que buscavam a humanização tanto do escravizado quanto do escravizador.
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A expressão "salto quântico no pensamento" é uma metáfora que descreve uma mudança ou avanço significativo e abrupto no modo como uma pessoa pensa ou percebe determinado assunto ou questão. Assim como na física quântica, onde um elétron pode realizar um "salto quântico" entre níveis de energia sem percorrer as energias intermediárias, no contexto do pensamento, o termo refere-se a uma transformação súbita, profunda e às vezes inesperada na compreensão, visão de mundo ou ideias de uma pessoa.
Quando aplicada a figuras históricas ou pensadores, como no caso mencionado de Joaquim Nabuco, a expressão sugere que houve uma mudança radical em suas convicções, percepções ou ideias sobre um determinado assunto. Esse salto quântico pode ocorrer devido a experiências pessoais, influências intelectuais, novas descobertas ou uma combinação de fatores que levam a uma transformação fundamental em sua maneira de pensar e enxergar o mundo.
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Cristovam Buarque* - O racismo tolerado
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Blog do Noblat / Metrópoles
A desigualdade na qualidade das escolas conforme a raça do aluno é um racismo invisível
Até recentemente, muitas manifestações racistas ficavam imperceptíveis, tão aceitas que eram invisíveis. Felizmente, qualquer gesto racista por uma pessoa passou a ser imediatamente visto e combatido. Mas continua aceito o racismo considerado desigualdade na estrutura como vivem, estudam, moram os afrodescendentes brasileiros. É como se as ideias racistas fossem visíveis, mas a desigualdade conforme a cor do usuário não fosse também uma manifestação de racismo.
Esta semana percebeu-se o descuido nas escolas com a oferta de aulas de conscientização contra o racismo, mas não se percebe o racismo embutido na desigual qualidade entre as escolas dos brancos e negros que poderem pagar, em relação às escolas dos negros e brancos por serem pobres. O racismo é visto apenas na falta de aula sobre o assunto, não na falta de escola para todos os assuntos que as crianças precisam aprender. Não se vê como racismo o fato de o sistema escolar separar os brasileiros em “escolas senzala” e “escolas casa grande”, conforme a renda e o endereço, em consequência, conforme a raça porque no Brasil a pobreza tem cor.
O racismo da escola desigual é invisível. Até mesmo antirracistas não percebem o racismo no sistema com escola desigual na qualidade. Consideram demagogia a defesa de escola com a mesma qualidade para todos, brancos ou negros, ricos ou pobres. Este racismo material é invisível e até mesmo desejado pelos que podem pagar boas escolas privadas. Por isto, não é chamado de racismo, mas de legítima prática de desigualdade conforme a disponibilidade de renda, uma condição necessária à liberdade. Não há liberdade sem direito de usar a desigualdade de renda para ter acesso diferenciado a bens e serviços oferecidos no mercado, mas a indecência está no fato que a educação é a fábrica de racismo. Em uma sociedade onde a renda e riqueza têm cor branca, ao deixar educação como um serviço para compra no mercado, mantém-se a fábrica de racismo funcionando, mesmo que haja aula com mensagem contra o racismo.
Há um racismo visível na mente dos racistas e um racismo invisível na estrutura como funciona a sociedade. A prática de preconceito é um racismo visível, a desigualdade na qualidade das escolas conforme a raça do aluno é um racismo invisível, aceito. A África do Sul acabou o racismo visível do apartheid, os Estados Unidos acabaram o racismo visível da segregação, mas os dois mantém racismo invisível, ao diferenciarem a qualidade da escola para rico ou para pobre: fantasiando com desigualdade o que é racismo e fábrica do racismo.
O descuido com o ensino antirracista nas escolas provocou críticas e manifestações, mas não houve críticas nem manifestações contra a prática racista de condenar aos negros brasileiros, por serem pobres, a escolas com qualidade inferior a dos brancos, que podem pagar ensino com qualidade.
*Cristovam Buarque foi ministro, senador e governador
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