Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
segunda-feira, 31 de julho de 2023
domingo, 30 de julho de 2023
FAROL(EIRO)
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IEPfD | A Representação Democrática e suas dificuldades – Seminário 4
Dando continuidade ao *Curso Política e Democracia - reflexões sobre seus desafios para o século XXI* , realizamos ontem nosso quarto seminário.
O tema abordado foi *“A Representação Democrática e suas Dificuldades”.* Marco Aurélio Nogueira e Luiz Sérgio Henriques apresentaram diferentes enfoques que nos ajudam a entender os desafios da representavidade política para as democracias modernas.
Segue o vídeo completo
Bom final de semana.
João Rego – presidente
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Agosto Vem Aí!
A Gosto!
Vem Aí!
Vem!
Aí!
A Í!
Í!
!
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Livro
Agosto
Rubem Fonseca
1º de agosto de 1954, Rio de Janeiro, capital da República. Um empresário é assassinado e outro crime é planejado na sede do governo federal. O atentado frustrado contra o jornalista Carlos Lacerda, opositor de Getúlio Vargas, causará uma das maiores reviravoltas da história do Brasil. Um dos maiores sucessos de crítica de Rubem Fonseca, Agosto nos questiona: em que medida a história de uma pessoa e a história de um país se determinam, se diferenciam e se assemelham? Ao misturar com maestria história e ficção, o autor encontra a resposta: a boa literatura.
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REAL GABINETE PORTUGUÊS DE LEITURA
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Nabuco justifica assim a “política de conciliação”: “O reformador em geral detém-se diante do obstáculo; dá longas voltas para não atropelar nenhum direito; respeita, como relíquias do passado, tudo que não é indispensável alterar; inspira-se na ideia de identidade, de permanência; tem, no fundo, a superstição chinesa — que não se deve deitar abaixo um velho edifício, porque os espíritos enterrados debaixo dele perseguirão o demolidor até a morte”.
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POEMINHO DO CONTRA - MARIO QUINTANA
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Leandro Vendrami
Todos esses que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!
(MARIO QUINTANA)
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Jarbas Gonçalves Passarinho
11.jan.1920 -
Ministro do Trabalho
Sergio Moraes/Agência Folha
"Às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência." A frase, que foi modificada na ata sem prejuízo de sentido (as "favas" foram trocadas pela conjugação verbal "ignoro"), foi dita pelo então ministro do Trabalho e da Previdência Social Jarbas Passarinho durante a reunião do AI-5, em 1968.
Apesar de afirmar em entrevistas que, no papel de ministro, interferiu nos sindicatos apenas em questões de corrupção, no período de vigência do AI-5, mais de cem dirigentes sindicais foram destituídos dos cargos durante sua gestão.
Passarinho nasceu em Xapuri (AC) em 1920, participou da articulação do golpe de 64 e, no mesmo ano, assumiu o governo do Pará, indicado pelo presidente Castello Branco.
Com a posse de Emilio Garrastazú Medici, assumiu a pasta de Educação em 69. Passarinho, que entrou na Escola Militar do Realengo 30 anos antes, implantou sistema de créditos, ciclos básicos de disciplina e um novo regime de cátedras, na reforma universitária brasileira conhecida como MEC-Usaid, por causa do apoio do governo norte-americano.
Em 77, três anos após ter voltado ao Senado, defendeu na tribuna a substituição do AI-5 por um instrumento que garantisse ao Estado sua defesa contra minorias subversivas e a atribuição ao STM (Superior Tribunal Militar) de julgamentos políticos.
Em 80, Passarinho foi eleito presidente do Senado, casa que deixou três anos depois após perder a eleição no Pará para o candidato do MDB. No mesmo ano, assumiu o Ministério da Previdência e Assistência Social no governo de João Batista Figueiredo.
Foi senador constituinte, ministro da Justiça do governo de Fernando Collor de Mello (de 1990-1992) e presidente da CPI que investigou a "máfia do orçamento". Passarinho, que já havia sido cronista e redator em jornais na década de 40, deixou o Senado em 1995.
Tornou-se articulista do Estado de S. Paulo, onde criticava abertamente as ações do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Continuou com as críticas mesmo depois de ter sido nomeado pelo ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso em 96 como consultor do Programa Nacional de Direitos Humanos.
Em manifestações recentes sobre o pagamento de indenizações relativas ao período militar, Passarinho, que hoje tem 88 anos, se posicionou publicamente contra o pagamento a perseguidos pelo regime.
Para ele, se fosse o feito o pagamento, que houvesse o mesmo tratamento com as famílias de militares mortos pelo movimento armado da esquerda.
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Luiz Carlos Azedo - Acordo com Centrão ressuscita política de conciliação
Correio Braziliense
Agenda de direitos humanos e pautas identitárias não terão vez na base governista ampliada. Nesses quesitos, o governo só poderá avançar administrativamente
Com o fim do recesso do Congresso e do Judiciário, a política nacional retoma seu curso com dois fatos relevantes na largada. Primeiro, a conclusão do processo de aprovação do novo arcabouço fiscal e da reforma tributária, que ainda dependem de votações na Câmara e no Senado, respectivamente. Segundo, a retomada dos trabalhos do Judiciário, que tem na ordem do dia a conclusão do chamado inquérito das fake news, que investiga os responsáveis pela tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro, a cargo do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
É neste contexto que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva negocia a incorporação do Centrão ao governo, o que provocará um realinhamento de forças na Esplanada, sob a égide da velha “política de conciliação”. Também é neste cenário que o novo ministro do Supremo, Cristiano Zanin, tomará posse, na quinta-feira. Será o principal interlocutor de Lula nos bastidores da Corte. Em outubro, o ministro Luiz Roberto Barroso assumirá a presidência do STF, no lugar da ministra Rosa Weber, que se aposentará. É adversário figadal do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Voltemos às mudanças na Esplanada. Lula finge desconhecer o Centrão, mas a tese de que não existe é apenas um subterfúgio de narrativa. O acordo com o PP, de Ciro Nogueira (PI), e o Republicanos, do deputado Marcos Pereira (SP), sob a liderança do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é uma aliança com um partido conservador e oligárquico, de um lado, e os setores evangélicos ligados ao bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus.
Essa aliança isola Bolsonaro no Congresso e bloqueia o surgimento precoce uma candidatura de centro-direita robusta para 2026, no caso a do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que pode trocar o Republicanos pelo PL de Valdemar Costa Neto, partido de Bolsonaro.
A coalizão preserva as práticas fisiológicas e patrimonialistas do Congresso, uma das faces do nosso iberismo, e mais uma vez resgata a velha “política de conciliação” que uniu liberais (“luzias”) e conservadores (“saquaremas”) no Império, a partir do gabinete do Marques do Paraná (1853), o mineiro Honório Hermeto Carneiro Leão. Seu objetivo era conciliar as ações políticas dos dois partidos do Império, o Conservador e o Liberal, em torno de interesses comuns — no caso, a manutenção da escravidão, que somente foi abolida em 1888.
Para o notável historiador cearense Capistrano de Abreu, a “política de conciliação” era um “termo honesto e decente para qualificar a prostituição política de uma época”. Capistrano se dedicou ao estudo do Brasil colonial. Sua obra Caminhos Antigos e Povoamento do Brasil ainda hoje explica muita coisa sobre a nossa formação política e cultural.
São Paulo
Mas essa não é a opinião dominante na política nacional. Conservador e monarquista, o político e diplomata pernambucano Joaquim Nabuco escreveu duas obras monumentais: O Abolicionismo (1883), fruto de suas pesquisas no British Museum, de Londres, e os três volumes de Um Estadista no Império (1897-1899), dedicada ao seu pai, o conselheiro Nabuco de Araújo, autor de um dos mais célebres discursos da história do Senado — “A ponte de ouro”, no qual se coloca em oposição aos liberais na província de Pernambuco, mas aceita participar do gabinete de maioria liberal de Paraná, por lealdade ao imperador Dom Pedro II.
Nabuco justifica assim a “política de conciliação”: “O reformador em geral detém-se diante do obstáculo; dá longas voltas para não atropelar nenhum direito; respeita, como relíquias do passado, tudo que não é indispensável alterar; inspira-se na ideia de identidade, de permanência; tem, no fundo, a superstição chinesa — que não se deve deitar abaixo um velho edifício, porque os espíritos enterrados debaixo dele perseguirão o demolidor até a morte”.
Isso é recorrente na nossa política, que arrasta as correntes do passado. O patrimonialismo, cuja mais nova versão é o Orçamento Secreto, parece uma fatalidade.
O acordo de Lula com Centrão garantirá sua governabilidade e apoio às reformas econômicas que contam com amplo apoio empresarial. Entretanto, representará um bloqueio a mudanças mais profundas e estruturantes, que dependam de aprovação pelo Congresso. A agenda de direitos humanos e social e as pautas identitárias não terão vez na base governista ampliada. Nesses quesitos, o governo só poderá avançar administrativamente, mas sem contrariar a maioria do Congresso.
No Império, “luzias” e “saquaremas” dividiam o gabinete, juravam lealdades ao imperador e se digladiavam nas províncias em disputas pelo poder. É o que vai acontecer com o PT e seus aliados, e o Centrão nas eleições municipais. O melhor exemplo é o caso da Prefeitura de São Paulo. Lula fez um acordo com Guilherme Boulos (PSol) para receber seu apoio nas eleições passadas. Agora, terá que apoiá-lo.
Candidato à reeleição, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) busca o apoio de Tarcísio e Bolsonaro para remover a candidatura de Ricardo Salles (PL-SP) e se tornar única opção à direita nas eleições da capital paulista.
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Bruno Boghossian - A mentira como negócio
Folha de S. Paulo
Ex-presidente escondeu gravidade da pandemia, posou de vítima e foi premiado com Pix
Depois de perder a eleição, Donald Trump arrecadou US$ 255 milhões em oito semanas. O presidente derrotado pedia doações enquanto espalhava alegações de fraude e prometia usar o dinheiro para contestar o resultado das urnas.
A vaquinha enganava os eleitores duas vezes. A primeira lorota era a finalidade das doações. Nem 4% do dinheiro foi gasto com a tentativa de virada de mesa. Uma parte foi usada em propaganda e o resto (cerca de US$ 175 milhões) ficou guardado para uma nova campanha de Trump.
A outra falcatrua era o discurso da eleição roubada. Na última semana, Rudy Giuliani admitiu que, como advogado de Trump, fez acusações falsas de fraude na contagem de votos.
A mentira é uma arma poderosa na política, mas também pode ser um negócio lucrativo. Uma história falsa e cheia de excitação é sempre um produto mais interessante que uma realidade entediante ou dolorosa. Um eleitor apaixonado e dedicado a uma causa é o consumidor ideal.
Uma fabulação com baixo grau de veracidade ajudou a movimentar a conta bancária de Jair Bolsonaro. Um relatório do Coaf mostrou que o ex-presidente recebeu R$ 17,2 milhões numa campanha informal para ajudá-lo a pagar multas judiciais.
O eixo central da fantasia é a ideia de que Bolsonaro foi punido porque é vítima de uma conspiração. As multas, portanto, não seriam meras consequências de seus atos.
Um elemento do engodo foi a convocação de eleitores para ajudar o ex-presidente a pagar multas por não usar máscaras durante a pandemia. A enganação é dupla porque Bolsonaro escolheu desafiar recomendações das autoridades de saúde, mas também porque seu governo conhecia e preferiu esconder informações sobre a gravidade da Covid.
O senador Flávio Bolsonaro ainda acrescentou uma mentira extra ao tentar defender o pai, afirmando que o ex-presidente foi punido "por estar na linha de frente na pandemia salvando vidas e empregos". Jair Bolsonaro foi multado em comícios e passeios de moto.
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Dorrit Harazim – Experimentos
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O Globo
Reparações históricas e desculpas oficiais costumam vir na rabeira da própria História. E com frequência nada reparam
Na terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou a criação de um Monumento Nacional em memória do menino negro Emmett Till e de sua mãe, Mamie Till-Mobley. Na verdade, serão três os monumentos que evocarão o assassinato de Emmett, com requintes de selvageria, por supremacistas brancos nos idos de 1955. O primeiro será erguido na igreja de Chicago onde o garoto fora velado; o segundo, na ravina do Rio Tallahatchie, no Mississippi, onde encontraram seu corpo brutalizado; e um terceiro, certamente o mais significativo, na entrada do tribunal onde os matadores confessos, dois irmãos graúdos, foram rapidamente absolvidos por um júri branco.
À época, a mãe-coragem de Emmett obrigara o país a encarar o que restara do filho: uma massa disforme e desumanizada exposta em caixão aberto, sem retoques. Como já relatado neste espaço, a atrocidade serviu de catalisador para o Movimento pelos Direitos Civis que galvanizaria o país na década seguinte.
Passaram-se quase 70 anos. Desde então, 12 presidentes ocuparam a Casa Branca. Ainda assim, Biden achou necessário explicar ao país o motivo de um memorial nacional para os dois corpos negros.
— Vivemos tempos em que se tenta banir livros, enterrar a História — disse o presidente. — Por isso queremos deixar bem claro e cristalino: embora a treva e o negacionismo possam esconder muita coisa, não conseguem apagar nada. Não devemos aprender somente aquilo que queremos saber. Devemos poder aprender o que é preciso saber.
Reparações históricas e desculpas oficiais costumam vir na rabeira da própria História. E com frequência nada reparam. Ainda assim, acabam compondo um retrato das feridas de cada nação. No caso atual, a iniciativa de Biden não deve ser descartada como mero artifício eleitoreiro visando ao pleito de 2024. Há também uma real preocupação com um surto de apagamento histórico em curso na América profunda e retrógrada. Quando governadores extremados como Ron DeSantis, da Flórida, ou Greg Abbott, do Texas, ordenam escolas e bibliotecas públicas a varrer das estantes clássicos da literatura negra e LGBTQIA+, um monumento nacional à coragem de Mamie Till chega em boa hora.
Para a população negra dos Estados Unidos, existe uma ferida coletiva que nenhuma reparação ainda conseguiu cicatrizar. Ela tem nome extenso: Estudo Tuskegee de Sífilis Não Tratada no Homem Negro. Trata-se do mais longo experimento não terapêutico em seres humanos da História da medicina. Ele durou de 1932 até 1972 e teve como propósito estudar os efeitos da sífilis em corpos negros. Por meio de concorridos convites divulgados em igrejas e plantações de algodão, o Instituto de Saúde Pública da época selecionou 600 homens, todos filhos ou netos de escravizados. A grande maioria nunca tinha se consultado com médico. No grupo, 399 estavam contaminados pela doença, e 201 eram sadios. Aos contaminados foi informado apenas serem portadores de “sangue ruim”. Como o estudo visava à observação da doença até o “ponto final” — a autópsia —, os doentes foram ficando cegos, dementes e morreram sem conhecer a penicilina, que a partir dos anos 1940 se tornou o tratamento de referência para sifilíticos. A família dos que morriam recebia US$ 50 para cobrir o enterro. A pesquisa só foi interrompida em 1972, quando o jornalismo da Associated Press revelou a história, levando o governo americano a pagar US$ 10 milhões em acordo coletivo com os sobreviventes.
Oito deles, já quase nonagenários, estavam no Salão Leste da Casa Branca em maio de 1997 quando o então presidente Bill Clinton pediu desculpas públicas pelo horror cometido. Em discurso marcante, falou em nome do povo americano:
— O que foi feito não pode ser desfeito. Mas podemos acabar com o silêncio, parar de desviar do assunto. Podemos olhá-los de frente para finalmente dizer que o que o governo dos Estados Unidos fez foi uma ignomínia, e eu peço desculpas.
Ainda assim, passado menos de um ano, nova barbárie experimental veio à luz, desta vez com cem meninos negros e hispânicos de Nova York arrebanhados por três instituições de renome científico. Todos eram irmãos caçulas de delinquentes juvenis e tinham idade entre 6 e 11 anos. O estudo pretendia demonstrar a correlação entre determinados marcadores biológicos e o comportamento violento em humanos. Para isso, aplicaram nas crianças injeções intravenosas de fenfluramina, substância posteriormente associada a danos à válvula mitral. Às mães que os levavam ao local do experimento foi oferecida uma recompensada de US$ 125 .
Tudo isso e muito mais faz parte do pesado histórico de abuso de corpos negros, até mesmo em nome da ciência. Não espanta, portanto, a rejeição quase atávica à obrigatoriedade de vacinação contra a Covid-19 manifestada pela população negra em tempos recentes. A retirada de circulação ou dificuldade de acesso a livros que narram essas vivências deveriam ser impensáveis em 2023. É sinal de uma sociedade adoecida pelo medo de livros.
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Faroleiro
Ary Lobo
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Deixa de contar vantagem
Conterrâneo companheiro
Que eu também nasci no norte
Não sou faroleiro
É muito feio o sujeito
Contar vantagem
Dizer que tem coragem
E na hora correr
É preferível o sujeito calado
Mas ficando aperreado
E fazer o pau comer
É tão bonito assim
O cabra tão aperreado e faz o pau comer
Ainda me lembro
Da Paraíba do Norte
Tive um pega muito forte
Com um Miguelão
Por isso que eu passei dez anos trancafiados
Vendo o sol nascer quadrado
E não conto vantagem não
É tão bonito assim
Sou um cabra bom danado e não conto vantagem não
Esse criado que ta falando consigo
Nunca teve um inimigo e nem deseja ter
Eu nunca matei cabo, nem soldado e nem sargento
Compadre do Mané Bento que vinha me conhecer
É tão bonito assim
Esse cabra da peste devia me conhecer
Composição: Gordurinha.
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Foto: DINO / DINO
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Em suma, o salto quântico no pensamento do jovem Joaquim Nabuco pode ser explicado pela combinação de suas experiências pessoais, seu ambiente familiar e intelectual, além do contato com ideias progressistas e humanitárias que o levaram a questionar e repudiar a escravidão, tornando-se um defensor da abolição e dos valores liberais e igualitários que buscavam a humanização tanto do escravizado quanto do escravizador.
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A expressão "salto quântico no pensamento" é uma metáfora que descreve uma mudança ou avanço significativo e abrupto no modo como uma pessoa pensa ou percebe determinado assunto ou questão. Assim como na física quântica, onde um elétron pode realizar um "salto quântico" entre níveis de energia sem percorrer as energias intermediárias, no contexto do pensamento, o termo refere-se a uma transformação súbita, profunda e às vezes inesperada na compreensão, visão de mundo ou ideias de uma pessoa.
Quando aplicada a figuras históricas ou pensadores, como no caso mencionado de Joaquim Nabuco, a expressão sugere que houve uma mudança radical em suas convicções, percepções ou ideias sobre um determinado assunto. Esse salto quântico pode ocorrer devido a experiências pessoais, influências intelectuais, novas descobertas ou uma combinação de fatores que levam a uma transformação fundamental em sua maneira de pensar e enxergar o mundo.
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Cristovam Buarque* - O racismo tolerado
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Blog do Noblat / Metrópoles
A desigualdade na qualidade das escolas conforme a raça do aluno é um racismo invisível
Até recentemente, muitas manifestações racistas ficavam imperceptíveis, tão aceitas que eram invisíveis. Felizmente, qualquer gesto racista por uma pessoa passou a ser imediatamente visto e combatido. Mas continua aceito o racismo considerado desigualdade na estrutura como vivem, estudam, moram os afrodescendentes brasileiros. É como se as ideias racistas fossem visíveis, mas a desigualdade conforme a cor do usuário não fosse também uma manifestação de racismo.
Esta semana percebeu-se o descuido nas escolas com a oferta de aulas de conscientização contra o racismo, mas não se percebe o racismo embutido na desigual qualidade entre as escolas dos brancos e negros que poderem pagar, em relação às escolas dos negros e brancos por serem pobres. O racismo é visto apenas na falta de aula sobre o assunto, não na falta de escola para todos os assuntos que as crianças precisam aprender. Não se vê como racismo o fato de o sistema escolar separar os brasileiros em “escolas senzala” e “escolas casa grande”, conforme a renda e o endereço, em consequência, conforme a raça porque no Brasil a pobreza tem cor.
O racismo da escola desigual é invisível. Até mesmo antirracistas não percebem o racismo no sistema com escola desigual na qualidade. Consideram demagogia a defesa de escola com a mesma qualidade para todos, brancos ou negros, ricos ou pobres. Este racismo material é invisível e até mesmo desejado pelos que podem pagar boas escolas privadas. Por isto, não é chamado de racismo, mas de legítima prática de desigualdade conforme a disponibilidade de renda, uma condição necessária à liberdade. Não há liberdade sem direito de usar a desigualdade de renda para ter acesso diferenciado a bens e serviços oferecidos no mercado, mas a indecência está no fato que a educação é a fábrica de racismo. Em uma sociedade onde a renda e riqueza têm cor branca, ao deixar educação como um serviço para compra no mercado, mantém-se a fábrica de racismo funcionando, mesmo que haja aula com mensagem contra o racismo.
Há um racismo visível na mente dos racistas e um racismo invisível na estrutura como funciona a sociedade. A prática de preconceito é um racismo visível, a desigualdade na qualidade das escolas conforme a raça do aluno é um racismo invisível, aceito. A África do Sul acabou o racismo visível do apartheid, os Estados Unidos acabaram o racismo visível da segregação, mas os dois mantém racismo invisível, ao diferenciarem a qualidade da escola para rico ou para pobre: fantasiando com desigualdade o que é racismo e fábrica do racismo.
O descuido com o ensino antirracista nas escolas provocou críticas e manifestações, mas não houve críticas nem manifestações contra a prática racista de condenar aos negros brasileiros, por serem pobres, a escolas com qualidade inferior a dos brancos, que podem pagar ensino com qualidade.
*Cristovam Buarque foi ministro, senador e governador
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undiscovered country de Hamlet
"Espantoso, pelos padrões convencionais de conduta que se espera do Presidente num sistema assim, Lula não proteger Haddad e sua importante aliada de tal risco numa hora dessa."
Paulo Fábio Dantas Neto* - Dois protagonistas e um vácuo político
https://gilvanmelo.blogspot.com/2023/07/paulo-fabio-dantas-neto-dois.html
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"NEM HADDAD, SEQUER ALIADA, TÊM NOS SEUS SOBRENOMES AS LETRAS L E M DE HAMLET."
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"Over 400 years after William Shakespeare wrote arguably the best known play of all time, Hamlet: The Undiscovered Country picks up where Shakespeare left off. Taking characters from the original play and placing them in wholly unfamiliar surroundings, enables this story to continue into the unknown."
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"Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei. E foi assim que cheguei à cláusula dos
meus dias; foi assim que me encaminhei para o undiscovered
country de Hamlet, sem as ânsias nem as dúvidas do moço príncipe, mas pausado e trôpego, como quem se retira tarde
do espetáculo. Tarde e aborrecido. Viram-me ir umas nove ou
dez pessoas, entre elas três senhoras, -- minha irmã Sabina,
casada com o Cotrim, -- a filha, um lírio-do-vale, -- e... Tenham paciência! daqui a pouco lhes direi quem era a terceira
senhora. Contentem-se de saber que essa anônima, ainda que
não parenta, padeceu mais do que as parentas. É verdade,
padeceu mais. Não digo que se carpisse, não digo que se deixasse rolar pelo chão, epiléptica. Nem o meu óbito era coisa
altamente dramática... Um solteirão que expira aos sessenta
e quatro anos, não parece que reúna em si todos os elementos de uma tragédia. E dado que sim, o que menos convinha
a essa anônima era aparentá-lo. De pé, à cabeceira da cama,
com os olhos estúpidos, a boca entreaberta, a triste senhora
mal podia crer na minha extinção.
- Morto! morto! dizia consigo.
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Saiba de maneira rápida o que é Morfologia, Sintaxe e Semântica!
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Sintaxe: é a parte da língua que estuda o modo como o falante transmite a informação, a maneira com que organiza e relaciona as palavras em uma oração. Semântica: é a parte da língua que estuda o significado das palavras, os sentidos que elas podem tomar de acordo com o contexto.
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Gleisi Hoffmann fala tudo sobre política, Campos Neto e Bolsonaro
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MyNews
Estreou há 17 horas #confrariadobrito #MyNews
#confrariadobrito
Neste domingo, a Confraria do Brito recebe à mesa a presidente do PT Gleisi Hoffmann, para uma conversa especial com os jornalistas Ricardo Noblat, Luiz Carlos Azedo, Ricardo Jarrão, Guga Noblat e Vanda Célia.
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Correção sintática:
"Vazamento Providencial de crime em FAVELA ILUMINADA
De: Dr. Gusmão
Para: Vereador Dr. Edgar
A/C Secretaria do Gabinete na Câmara de Vereadores do Município
Assunto: Trabalho de Casa para preparo de sua campanha como Prefeito Municipal na Coligação Mudando Tudo para continuar Tudo como está.
Meu caro Edgar, já encaminhei, pelo portador Leão da Favela, aquela mala de Pito para as primeiras despesas para cobrir e arregimentar mulheres para nossa campanha vitoriosa, posto que já comprada e acertada a priori.
Como sabe, a eleição é como um sorteio da contravenção. Não é considerada crime, mas os bichos podem ser domesticados de acordo com o nosso interesse e vontade. E agora, com urnas eletrônicas, procuram se adequar com a tecnologia que já dominamos há tempo na Zoologia Eletrônica Animal, através de nossas Roletas Eletrônicas e Bingos Eletrônicos.
Nunca esqueceremos de nosso inspirador Barão de Drummond no Império, com suas rifas em seu zoológico em terras por ele arrendadas à mulher de D. Pedro I, na Vila Izabel de Noel Rosa. Mas temos que nos antecipar ao progresso, para que uma roda de um veículo mais rápido que as das velhas Marias Fumaças da Leopoldina, não passe sobre nossas pernas.
Posto isto, estou encaminhando em anexo um material para que você ou sua assessoria leia e medite sobre o discurso de certa esquerda esquerdejante que ousa atravessar em nosso caminho.
Precisamos cortar o mal pela raiz, para não termos que arcar mais tarde com maiores despesas em propinas, subornos e corrupção de quem hoje faz discurso demagógico para agradar a massa ignara.
Trata-se da plataforma, resumida em entrevista da então candidata a Prefeito de Curitiba, a Amante na Planilha da Odebrecht, hoje senadora e presidente da Coirmã Organização Criminosa PT, que atende também pela alcunha de Gleisi Hoffman. Na oposição, é útil para nós, como as neófitas Sheilas de FAVELA, mas no poder julgam que o mesmo mudou de mãos, quando apenas estarão temporariamente cuidando do que não lhes pertence como deveriam saber - e talvez até saibam - mas fingem-se de ignorantes ou idiotas, coisas que sabemos que não são, posto que somos do mesmo ramo criminal.
Mudam-se os gêneros, mas permanece a espécie. Ela gruda no Poder como Mariposas aos candeeiros em noites frias do inverno do Paraná. Quando se queimam, temos que apenas varrer suas cinzas para debaixo do tapete e calar as vozes e ações de quem ouse descobrir o bem feito.
Não admitiremos que azinhavres encrostem sobre nossa comunidade, enfraquecendo a luminosidade de Favela Iluminada. Essas crostas esverdeadas de zinabre não embaçarão nossa bateria querida. Não passarão.
Dê um tempo nas noites brilhantes de Madame Stael e ponha a bunda na cadeira para estudar e assimilar o que tento lhe passar na prática.
Não economize com os aditivos para que Frida e a outra, que me foge o nome, mas que se interessou muito pelo Pito do Morro de vó Ana, não deixem de tratar bem aquela jovem porta-estandarte da minha comunidade, como menina de família séria prestes a se tornar uma dama das nossas divinas estrelas. Brilho natural e graça não lhe faltam, como até você já expressou. Resta a lapidação desse diamante bruto, que muito lucro poderá trazer no outro ramo de nosso empreendimento.
Não é necessário queimar velas para Divindades do bem, a nossa já está comprometida com o Demo. Passar bem e recomendações saudosas à doce porta-bandeira.
Seu Patrão e Mentor."
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Teatro e política, arena oficina e opinião
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Teatro e Politica
SIGNFICADO DA EXPRESSÃO: "HADDAD NÃO SIGNIFICA HAMLET, NECESSARIAMENTE. AVISO AOS NAVEGANTES"
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Essa expressão é uma metáfora que compara o político Fernando Haddad a Hamlet, um famoso personagem da literatura de William Shakespeare. A frase sugere que, embora Haddad seja uma figura pública conhecida e possa ter características que lembram o personagem Hamlet, isso não significa que ele seja exatamente como Hamlet em todos os aspectos.
"Aviso aos navegantes" é uma expressão idiomática que significa alertar alguém sobre algo importante ou fazer uma advertência, indicando que se deve ter cautela ou estar atento a alguma situação.
No contexto político, essa expressão pode estar sendo usada para dizer que é preciso ter cuidado ao fazer comparações ou tirar conclusões precipitadas sobre Haddad, pois ele é uma figura complexa e suas características podem ser diferentes daquelas do personagem fictício Hamlet.
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O Vocabulário de Hamlet, Mário Amora Ramos
SIGNIFICADO DA FRASE: "NEM HADDAD, SEQUER A ALIADA, TEM, NOS SEUS SOBRENOMES, AS LETRAS L E M DE HAMLET."
A frase está sugerindo que nem Fernando Haddad, nem sua aliada têm, em seus sobrenomes, as letras "L" e "M" que compõem o nome "Hamlet".
O significado pode ser interpretado de forma literal, indicando que os sobrenomes de Haddad e de sua aliada não contêm essas letras específicas. Porém, a frase também pode ter uma conotação mais ampla, sugerindo que as pessoas mencionadas não possuem as características ou atributos associados ao personagem de Shakespeare, Hamlet. Em outras palavras, a frase pode estar sugerindo que eles não têm uma natureza trágica, indecisa ou contemplativa, que são características frequentemente associadas ao personagem Hamlet.
Paulo Fábio Dantas Neto* - Dois protagonistas e um vácuo político
https://gilvanmelo.blogspot.com/2023/07/paulo-fabio-dantas-neto-dois.html
https://shakespearebrasileiro.org/o-vocabulario-de-hamlet-mario-amora-ramos/
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Rui Falcão, pres. da CCJ, fala da imagem de deputados e ataques a Flávio Dino | Confraria do Brito
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MyNews
Estreou em 16 de abr. de 2023 #confrariadobrito #MyNews
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O deputado Rui Falcão, presidente da CCJ, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara, a mais importante da casa, fala da imagem dos deputados e dos ataques ao ministro da Justiça, Flávio Dino. Os jornalistas Ricardo Noblat, Mara Luquet, João Bosco Rabello, Vanda Célia, Luiz Carlos Azedo e José Casado, batem um papo sobre como administrar o radicalismo de alguns deputados e do excesso de projetos a serem votados. O entrevistado conta o que vai acontecer na CCJ depois que a comissão recebeu Flávio Dino para falar das mudanças na política de controle de armas do governo federal e das ações depois dos ataques de 8 de janeiro. Na sessão do dia 28/3 alguns deputados, preocupados apenas com a lacração das redes, fizeram do ambiente um circo, foram agressivos com o ministro e tumulturam o ambiente.
De acordo com Rui Falcão, há mais de 10 mil projetos à espera de análise da comissão. Falcão explica como vai administrar esse volume de trabalho sem favorecer um segmento da esquerda ou da direita. Ele conta que alguns deputados enviam inúmeros projetos apenas para constar que estão envolvidos em muitos relatórios e outros porque querem impedir que um determinado projeto seja votado.
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de VERDADE
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O direito à verdade: Cartas para uma criança
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"Na infância, o que se ouve ou se vê não sobe para o cérebro. Desce para o coração…"
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Foco narrativo AO VERME QUE PRIMEIRO ROEU AS FRIAS CARNES DO MEU CADÁVER DEDICO COMO SAUDOSA LEMBRANÇA ESTAS MEMÓRIAS PÓSTUMAS - PDF Free Download
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Verdade
é que não houve cartas nem anúncios.
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A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te
com um piparote, e adeus.
Brás Cubas
CAPÍTULO 1
Óbito do Autor
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo
princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu
nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a
adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a
campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim
mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua
morte, não a pôs no intróito, mas no cabo; diferença radical
entre este livro e o Pentateuco.
Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de
Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos,
era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! V
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117 anos de Quintana
De Alegrete a Porto Alegre
Sem costear eterno
E sem marear
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O amor é quando a gente mora um no outro.
Mario Quintana (30/07/2006)
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"UM ENGANO EM BRONZE É UM
ENGANO ETERNO."
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Mário Quintana: a história de um dos maiores poetas do Brasil -
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POEMINHO DO CONTRA - MARIO QUINTANA
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Leandro Vendrami
Todos esses que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!
(MARIO QUINTANA)
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RESUMO
O texto é uma análise política escrita por Paulo Fábio Dantas Neto, um cientista político e professor. Ele aborda a reconfiguração da dinâmica política no Brasil, especialmente a relação entre o Executivo e o Legislativo, após as eleições de 2018. O autor destaca dois protagonistas importantes nessa mudança: Artur Lira, presidente da Câmara, e Lula. Lira busca liderar a centro-direita e ser o mentor desse campo político, enquanto Lula se aproxima do centrão liderado por Lira em vez de outro centrão alternativo. O texto também menciona uma indicação controversa para o IBGE, indicando que ambos os líderes estão se preparando para o futuro e buscando garantir sua relevância política e enfrentar a competição eleitoral de 2026.
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INTRODUÇÃO
Este texto é uma análise política escrita por um cientista político e professor chamado Paulo Fábio Dantas Neto. Ele aborda a dinâmica interna do sistema político brasileiro, especialmente a relação entre os poderes Executivo e Legislativo, bem como a interação entre atores políticos, partidos e a governabilidade do país.
O autor destaca que, após as eleições de 2018, houve uma reconfiguração na dinâmica política, com uma mudança no papel do presidente na garantia da governabilidade. Em vez de depender mais do presidente, a governabilidade passou a depender da coesão legislativa e das alianças eleitorais contínuas com partidos políticos.
Ele menciona a atuação de dois protagonistas nessa nova conjuntura: Artur Lira e Lula. Artur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, movimenta-se para reinar sobre a centro-direita e se apresentar como mentor desse campo político. Por outro lado, Lula opta por uma centro-direita mais à direita, alinhando-se ao centrão liderado por Lira em detrimento de outra centro-direita alternativa representada pelo MDB e PSD.
O autor também menciona a indicação controversa de Marcio Pochmann para o IBGE, um órgão importante para a política econômica. Essa indicação gera fricções e pode ser interpretada como uma tentativa de Lula de realinhar o Republicanos contra a liderança de São Paulo, mas também pode ser vista como uma estratégia para fortalecer o centrão no governo.
O texto conclui que há um possível vácuo político em torno dessas duas personalidades - Lira e Lula - e que ambos estão se preparando para o futuro, buscando assegurar sua relevância política e enfrentar a competição eleitoral de 2026.
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Lula chega à Residência Oficial da Câmara e é recebido pelo presidente Lira
Câmara dos Deputados
9 de nov. de 2022
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Paulo Fábio Dantas Neto* - Dois protagonistas e um vácuo político
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Após três semanas sem publicação da coluna, permanecerei, neste artigo, próximo ao tema do último publicado antes do recesso (O jogo político e a institucionalidade dos poderes de governo, 09.07.23). Sigo aqui não apenas o fio daquela análise precedente, como pistas de outras análises que também sugerem estar havendo uma reconfiguração da dinâmica interna do sistema político, no que se refere a papéis que Legislativo e Executivo, assim como instituições e atores políticos diversos, vêm desempenhando, praticamente, na sua interação institucional. Tanto os dois poderes como partidos políticos e atores individuais que exercem responsabilidade institucional destacada têm atuado de modo a pôr em xeque a habitual lógica de coalizão parlamentar para fins de governo e a realçar o que, especulativamente, pode se entender como lógica de coligação eleitoral contínua, assentada em acordos pontuais instáveis.
Como possível explicação – ou ao menos interpretação – dessa inflexão nas condutas políticas de atores relevantes (que não vem de hoje, mas se intensificou e “normalizou” a partir das eleições de 2018), aparece o deslocamento das garantias de governabilidade do país de um circuito de relação institucional antes coordenado pelo Presidente da República para outro, controlado por maiorias parlamentares formadas com grande autonomia política perante governos. Enquanto a governabilidade (especialmente econômica) depende cada vez mais dessa coesão legislativa do que de uma interação fluente entre os poderes, as estratégias eleitorais de lideranças e partidos, ao se tornarem atividades permanentes e crescentemente prioritárias, para esses atores, passam a demandar recursos políticos e materiais provenientes de decisões de ambos os poderes, exigindo práticas de cooperação entre eles. O orçamento público é o melhor exemplar dos laços que os atam.
Acrescentarei, a esse pano de fundo, uma reflexão sobre como análises de conjuntura podem/devem ser afetadas pela reconfiguração sistêmica. Essas análises, para manterem pés no chão, precisam lidar com o fato, a princípio insólito, da acentuação de poder pessoal nos dois poderes, em pleno processo de reinstitucionalização após a liquefação da política nos anos bolsonaristas. Falo, evidentemente, de um “duplo L” que pontifica na nova conjuntura. De um lado, o de Lira movimenta-se entre demandas pragmáticas (individuais e corporativas) dos seus pares, por prerrogativas e recursos públicos e pressões, também corporativas, de agentes do PIB, dispostos a rebaixar aquelas demandas. Nesse ir e vir, submete mais e mais o processo legislativo da Câmara a seus desígnios imperiais. O L de Lula, por sua vez, faz do terceiro governo do personagem uma sucessão de soluços entre compromissos com parâmetros de governabilidade ditados pelo Legislativo e requerimentos da arena plebiscitária, na qual seu poder pessoal se reproduz como pêndulo, conservando-se árbitro da conveniência de mostrar, a cada ocasião particular, uma das faces desse script. Nenhuma orientação nítida flui. Ao contrário da maioria coesa do Legislativo, para cuja lógica eleitoral governabilidade e palanque são subprodutos distintos da mesma política cartorial, Lula precisa usar o cartório, ritos institucionais e discurso plebiscitário consentido pelos ritos, como meios de manter salvo o seu cargo e ativo o seu palanque.
Na contramão dessa realidade complexa e opaca, rica em desdobramentos possíveis, mas não ainda suficientemente delineada, sobrevive, em análises de conjuntura, um raciocínio resiliente, inercial, que entende o governo do país como emanação de escolhas estratégicas do Presidente da República, enfatizando a dinâmica do Executivo como dínamo dos processos decisórios. Por esse ângulo já não se vê bem as coisas, mas ele segue mantido para analisar, por exemplo, o espectro da reforma ministerial. O objetivo desde sempre atribuído à aguardada reforma é o de ampliar e estruturar a base parlamentar governista para assegurar governabilidade através da aprovação de matérias de interesse do governo. Mas não está claro qual é a agenda de votações que se tem, afinal, em mira.
No plano da economia, há uma agenda do Legislativo composta das chamadas "reformas micro econômicas", oriundas do tempo do ex-ministro Paulo Guedes, com orientação pró-mercado. Nas atuais condições de temperatura e pressão vigentes naquele ambiente, elas serão feitas, não porque a composição ministerial seja essa ou aquela, mas porque é uma agenda que já tramita no Congresso e em torno da qual há, como havia no caso do arcabouço fiscal, consensos bem além dos marcos do antigo ou do novo governismo. Na ponta oposta à que se situa essa agenda de persuasão figura uma de embate, na qual pautas-bomba de costumes talvez não surjam com frequência, mas pode entrar, por exemplo, a reforma administrativa que agrada ao PIB e embaraça a relação do PT com parte de suas bases. Ministérios para o centrão podem arrefecer ânimos dispostos a jogar água nos palanques petistas.
O que não se conhece é a pauta do Executivo que a reforma ministerial viabilizaria. O ministro Haddad elevou um pouco o tom político, na semana passada, após a vitória nas mudanças das regras do CARF e avançou comentários sobre mudanças no Imposto de Renda, as quais seriam, do ponto de vista do governo, um complemento socialmente progressista da reforma tributária. Ecoa assim compromisso de campanha do Presidente. Pode ser uma pista sobre essa agenda ainda não explicitada? O ministro da Fazenda foi secundado hoje pelo Secretário Executivo do Ministério do Planejamento, que aventou a possibilidade de cortes de despesa se o Congresso não aprovar aumento de receitas. Mais uma evidência de sintonia entre as duas pastas, mesmo num momento em que a ministra Simone Tebet foi alvejada por um torpedo político petista. Mas essa sintonia não revoga a falta de outra, entre essa pauta progressista insinuada pelo governo e as inclinações e compromissos existentes, num Congresso de centro-direita, com setores a princípio afetados, negativamente, pelas cogitações que Haddad anunciou. O certo é haver controvérsia. O duvidoso é se a articulação política do governo crê e aposta que, abrindo espaços ao centrão no ministério, obterá, de fato, votos parlamentares para converter a pregação em lei. Ou se essa pregação, assim como vários outros pontos de uma pauta à esquerda, tem como endereço não exatamente a consagração legislativa e sim a arena plebiscitária, que é a principal bússola política do presidente e um campo de teste obrigatório para um eventual candidato seu.
A simultaneidade constante e o paralelismo “funcional” entre as lógicas da governabilidade e da busca de popularidade subvertem calendários concebidos em etapas estanques e são a principal novidade que a reconfiguração sistêmica das relações entre os dois poderes governativos acrescenta à conjuntura política, afetando estratégias de líderes e de partidos. Traz possibilidades desses atores adotarem políticas de aliança distintas e também simultâneas e paralelas.
Uma consequência disso é a impropriedade de se pensar, por exemplo, a centro-direita, campo político hegemônico no Congresso e em vias de crescer no Executivo, como se fosse um bloco coeso, tendente a abarcar também o centro. A coesão é real no apoio à agenda de reformas econômicas e administrativas, mas nem de longe repete-se no plano da política interna aos poderes ou em pautas políticas setoriais.
Artur Lira tenta borrar as diferenças internas a esse grande campo para reinar sobre o conjunto dele e se apresentar, a interlocutores políticos e econômicos, como mais que seu representante, seu mentor. Já Lula, o que está fazendo há sete meses é, gradual e sistematicamente, optar por uma centro-direita mais à direita – a de Lira - em detrimento de outra, mais ao centro do espectro político. Em outras palavras, empoderando o centrão contra um centro alternativo ensaiado, no terreno do Legislativo, pelo MDB e PSD, dois partidos de protagonismo relevante no Senado e capazes de, unidos ao Republicanos e ao Podemos em bloco parlamentar na Câmara, criarem uma alternativa ao poder pessoal de Artur Lira. Esses dois partidos sofrem, no Executivo, um monitoramento ou mesmo bloqueio parcial de seus espaços políticos pela influência assimétrica do PT nesse âmbito.
Lira e Lula ajudam-se mutuamente ao procurarem realinhar o Republicanos, na contramão do governador de São Paulo. O argumento do governo é que com isso afasta aquele partido do bolsonarismo, com o qual Tarcísio de Freitas ainda teria laços operativos e simbólicos, no passado e no presente. Falacioso, primeiro, porque são raros os que, no contexto político paulista, poderiam, sem olhar para os lados, atirar a primeira pedra no atual governador. Falacioso também porque aquilo que de fato fazem é tentar empurrar Tarcísio de Freitas a uma guinada mais à direita para, na sequência, ser possível demonizá-lo com mais razão. E, principalmente, tentar cortar os elos do Republicanos com o PSD e o MDB pelo potencial que têm os três partidos juntos de constituírem, mais adiante - a depender dos rumos do governo, do seu desempenho eleitoral e das sucessões nas duas casas legislativas – uma aliança política mais perene e de maior organicidade. Poderes pessoais da dupla de atores aqui analisada não se dão bem com pares que não atuem estritamente dentro da lógica da política líquida que pontificou sem peias durante o governo de Bolsonaro.
A investida sobre o ministério do Planejamento, no episódio da escolha do novo presidente do IBGE, deve ser inserida nesse quadro mais geral. A fulanização do assunto pode servir a interesses políticos de distintos “lados”, mas não ajuda a entender melhor o que se passa. Do mesmo modo não ajuda à elucidação da cena comprar o hábil discurso minimizador da ministra pelo seu valor de face. Os caroços podem entalar quem não os avistar para mastigá-los bem, ou expeli-los, antes de deglutir o angu.
Em condições típicas de normalidade do que sempre foi o presidencialismo de coalizão cabe interpretar, sem dúvida, como uma óbvia e flagrante imprudência designar uma figura de trajetória politicamente polêmica como Marcio Pochmann para dirigir uma área tão sensível para políticas públicas, justamente numa hora em que o ambiente econômico melhora, com a adoção de soluções moderadas no Legislativo e de uma política de entendimento ao centro no Executivo, levada à frente sob a liderança do ministro da Fazenda, com a cooperação ativa da ministra do Planejamento. O fato gerador de uma quase crise política no governo tem até cheiro forte de provocação, sabotagem, quiçá de fogo amigo. Espantoso, pelos padrões convencionais de conduta que se espera do Presidente num sistema assim, Lula não proteger Haddad e sua importante aliada de tal risco numa hora dessa.
O maior problema seria a fricção política que essa indicação potencialmente traz para o trabalho da equipe econômica, que precisa de sossego e blindagem. Haddad e Tebet vêm tocando uma partitura comum, internamente ao governo e em entendimento fluente com a agenda e a liderança do Congresso. Essa agenda, por sua vez, parte de premissas e de diagnósticos bem distintos dos pontos de vista públicos de Pochmann. Seria o caso de querer fazer contraposição quando se tem plena noção do limite de governabilidade, no país da política real? É até possível e talvez até se deva, a partir de um governo com perfil de centro-esquerda que se elegeu com um discurso esquerdista, apesar do apoio de liberais, questionar, através de políticas públicas específicas, diagnósticos e premissas que sustentam a agenda coesa do Congresso. Mas fazer isso no IBGE, um órgão de importância para a política econômica e o de maior envergadura num ministério sistêmico, gerido por uma aliada liberal, seria brincar com fogo.
Todas essas convicções razoáveis sobre a imprudência do gesto político parecem relativizadas quando se considera o paralelismo entre governabilidade e estratégia eleitoral que Lula parece começar a crer que vigora no Brasil. Colocar no IBGE, como antes no BNDES, um contraponto à lógica política da área econômica do próprio governo não afetaria as condições de governabilidade política com que os ministros da área operam porque essa governabilidade depende não tanto do que o presidente e vários outros ministros digam ou façam, desde que esses apitos não alterem a atitude dos ministros da área, de assimilação das premissas e da agenda de políticas que orienta a maioria legislativa. É improvável que o espaço dado ao centrão de Lira altere esses condicionantes estipulados pelo interlocutor que tem o maior poder de agenda. O que esses novos espaços farão é dar ao governo o nada a obstar dessa maioria à agitação e propaganda do presidente e seu governo em torno dos temas que são caros a seu discurso político. Os termômetros da eficácia desse acordo serão, de um lado, o centrão no ministério, de outro, a abstenção da maioria legislativa de lançar torpedos legais contra a pauta do palanque do presidente.
Em suma, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Lula poderá sempre dizer que não faz mais por causa do Congresso e do BC. Lira poderá continuar sendo o mandachuva que ajuda a reeleição de deputados. E ambos compartilharão o bônus de responsáveis pelo êxito de uma política econômica moderadamente liberal que, de resto, tranquilizará os agentes da economia. Se a economia não corresponder aos planos aí a equação toda fracassa e restará para o futuro o balanço sobre qual poder herdará a parte politicamente reversível do fracasso e qual deles ficará com o mico na mão.
Lira prepara-se para superintender a sua sucessão, antes, durante e depois dela ocorrer. Seu limite é o da continuidade institucional, um tempo que não se pode adivinhar. Lula prepara-se para enfrentar o centro e a centro-direita liberal juntos em 2026. Ou num confronto direto, se o bolsonarismo definhar, ou como uma terceira via, a incorporar por gravidade. Quer o centrão no seu palanque para "provar", mais uma vez, que ele e o PT são a única via para a democracia se salvar.
Se alguém disser que é cedo para falar de eleições é porque não está convencido de que o presidencialismo de coalizão se exauriu e acha que ele pode dar conta do recado das urnas ou é porque não quer que venha a público a notícia de que ele, de fato, se exauriu e a competição eleitoral entrou em moto contínuo, seguindo à deriva. Uns e outros têm suas razões, para crer ou dissimular. Compartilhei outras, que sugerem estar se formando um vácuo político em torno de duas personalidades espaçosas.
*Cientista político e professor da UFBa
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Mario Quintana - Reprodução
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ELES PASSARÃO, EU PASSARINHO: HÁ 113 ANOS, NASCIA MARIO QUINTANA
Poeta gaúcho é considerado um dos maiores nomes da literatura brasileira
VINÍCIUS BUONO PUBLICADO EM 30/07/2019, ÀS 10H00
Há exatos 113 anos, em 1906, nascia em Alegrete, pequena cidade no Rio Grande do Sul, o poeta Mario Quintana.
Apesar de ser o mais novo de 11 irmãos, Mario de Miranda Quintana — sem acento mesmo, como fora registrado, de acordo com o próprio — viveu uma vida solitária. Alfabetizado em casa pelos pais, já falava francês aos sete anos. Foi enviado por eles ao Colégio Militar, em Porto Alegre, uma grande decepção em sua vida — no entanto, foi na revista do colégio que seus primeiros escritos foram publicados.
Descoberto por outro renomado escritor gaúcho, Érico Veríssimo, com quem teve uma longa amizade, Quintana trabalhou por muitos anos na Editora Globo, onde traduziu inúmeros livros como Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust, e Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf.
Enquanto isso, também escrevia suas próprias obras, focado principalmente em poesia e livros infantis. Seu primeiro livro de poesias, Rua dos Cataventos, foi publicado em 1940 e o lançou no cenário literário do país.
Quintana escrevia de maneira prolífica e silenciosa, mantendo-se distante dos holofotes. Seu estilo irônico dava certo tom de comicidade à sua obra, mesmo com os temas mais recorrentes sendo a morte, o tempo, e a ideia de infância perdida.
Solteiro até o fim da vida, o poeta tinha o hábito de viver em hotéis. O Hotel Majestic, onde viveu por 12 anos em Porto Alegre, é hoje a Casa de Cultura Mario Quintana. Se estivesse vivo, Quintana provavelmente repudiaria a ideia. Certa vez, disse que “preferia ser alvo de um atentado do que de uma homenagem”.
A acidez não era só característica de sua obra, mas sim do próprio autor. Quando foi definido pelo amigo Veríssimo como um anjo, respondeu que preferia o diabo, pois ele é mais divertido. Homenageado em sua cidade natal de Alegrete com um busto de bronze, foi chamado pelo prefeito para compor a inscrição que acompanharia a estátua. A frase composta por ele foi simples e objetiva: “Um engano em bronze é um engano eterno”.
Sua aversão à política foi motivo de críticas ao longo de sua carreira (afinal, passou pelo Estado Novo e pela Ditadura Militar, momentos de grande repressão no país), e foi o motivo de seu embate com a Academia Brasileira de Letras.
Quintana candidatou-se por três vezes a uma vaga na instituição, mas foi rejeitado nas três por não ter conseguido a cota necessária de 20 votos. Lamentou que a casa fundada por Machado de Assis tivesse se tornado tal antro de politicagem e, quando chamado para se candidatar pela quarta vez sob a promessa de unanimidade, recusou.
Fumante em grande parte de sua vida, faleceu em 1994, aos 87 anos, em decorrência de uma insuficiência respiratória. Ainda vive, no entanto, em seus inúmeros poemas, contos, livros infantis e traduções.
BrasilLiteraturaEscritaPoesiaMario QuintanaABL
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SAUDADES DE MARIO QUINTANA, (MARIO SEM ACENTO, COMO POETA DIZIA AOS JORNALISTAS), JÁ SÃO 17 ANOS SEM "ELE".
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Poema dedicado a Mario Quintana por Manuel Bandeira. Lido pelo autor na sessão da Academia Brasileira de Letras, no dia 25 de agosto de 1966
A Mario Quintana
Meu Quintana, os teus cantares
Não são, Quintana, cantares:
São, Quintana, quintanares
Quinta essência de cantares...
Insólitos, singulares...
Cantares? Não! Quintanares!
Quer livres, quer regulares,
Abrem sempre os teus cantares
Como flor de quintanares.
São cantigas sem esgares,
Onde as lágrimas são mares
De amor, os teus quintanares.
São feitos esses cantares
De um tudo-nada: ao falares,
Luzem estrelas e luares.
São para dizer em bares
Como em mansões seculares,
Quintana, os teus quintanares
Sim, em bares, onde os pares
Se beijam sem que repares
Que são casais exemplares
E quer no pudor dos lares,
Quer no horror dos lupanares,
Cheiram sempre os teus cantares
Ao ar dos melhores ares,
Pois são simples, invulgares,
Quintana, os teus quintanares.
Por isso peço não pares,
Quintana, nos teus cantares...
Perdão! digo quintanares.
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Amar:
Fechei os olhos para não te ver
e a minha boca para não dizer...
E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei,
e da minha boca fechada nasceram sussurros
e palavras mudas que te dediquei...
O amor é quando a gente mora um no outro.
Mario Quintana
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Postado por Aline Carla Rodrigues às 18:02
Marcadores: 17 ANOS SEM MARIO QUINTANA, poesia, SAUDADES, vida
https://tribarte.blogspot.com/2011/05/saudades-de-mario-quintana-mario-sem.html
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MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS MACHADO DE ...
dominiopublico.gov.br
http://www.dominiopublico.gov.br › pesquisa
PDF
ra do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de. Catumbi. ... sorte dos homens. ... coisa do velho Cid; era a alma que coligira numa só flama todas.
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sábado, 29 de julho de 2023
VERDADE
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São "duas" horas...
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"O relógio do mestre está sobre a mesa. Duas horas. Soa de novo o tímpano, anunciando o recreio. Meninos e meninas alcançam seus respectivos pátios, acompanhados por Eurípedes e pelos visitantes, estes em número considerável.
Em poucos minutos, Eurípedes acha-se rodeado, sem poder mover-se do lugar. Poderosa irradiação de paz desprende-se de sua palavra e de sua pessoa.
Todos querem ficar a seu lado, gozando-lhe a presença, abeberando-lhe os ensinamentos. Todos: crianças, jovens, adultos, porfiam o privilégio de permanecer junto a Eurípedes."
EURÍPEDES O HOMEM E A MISSÃO
CORINA NOVELINO
pp. 123-128
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Leitura ao Anoitecer: Pão Nosso - Leitura 139: Oferendas
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EOS Manaus
8 de mar. de 2023 MANAUS
Leitura realizada pelo Grupo EOS, em Manaus, do livro "Pão Nosso”, ditado pelo Espírito Emmanuel e psicografada por Francisco Cândido Xavier, em 1950.
https://www.youtube.com/watch?v=93qzwLAmuuo
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OFERENDAS
“Porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo.” — Paulo.
(HEBREUS, CAPÍTULO 7, VERSÍCULO 27.)
As criaturas humanas vão sempre bem na casa farta, ante o céu azul.
Entretanto, logo surjam dificuldades, ei-las à procura de quem as substitua nos
lugares de aborrecimento e dor. Muitas vezes, pagam preço elevado pela fuga
e adiam indefinidamente a experiência benéfica a que foram convidadas pela
mão do Senhor.
Em razão disso, os religiosos de todos os tempos estabelecem
complicados problemas com as oferendas da fé.
Nos ritos primitivos não houve qualquer hesitação, perante o sacrifício de
jovens e crianças.
Com o escoar do tempo, o homem passou àmatança de ovelhas, touros e
bodes nos santuários.
Por muitos séculos perdurou o plano de óbolos em preciosidades e
riquezas destinadas aos serviços do culto.
Com todas essas demonstrações, porém, o homem não procura senão
aliciar a simpatia exclusiva de Deus, qual se o Pai estivesse inclinado aos partícularismos terrestres.
A maioria dos que oferecem dádivas materiais não procede assim, ante as
casas da fé, por amor à obra divina, mas com o propósito deliberado de
comprar o favor do céu, eximindo-se ao trabalho de auto-aperfeiçoamento.
Nesse sentido, contudo, o Cristo forneceu preciosa resposta aos seus
tutelados do mundo.
Longe de pleitear quaisquer prerrogativas, não enviou substitutos ao
Calvário ou animais para sacrifício nos templos e, sim, abraçou, ele mesmo, a
cruz pesada, imolando-se em favor das criaturas e dando a entender que todos
os discípulos serão compelidos ao testemunho próprio, no altar da própria vida.
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OFERENDAS
http://limiarespirita.com.br/livros/pao_nosso.pdf
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O Arsenal Stadium foi um estádio de futebol em Highbury, Londres, que foi a casa do Arsenal Football Club entre 6 de setembro de 1913 e 7 de maio de 2006. Seu apelido popular era " Highbury " devido à sua localização e recebeu o carinhoso apelido de "Casa do Futebol" ou "Home of Football" em inglês. Wikipédia
Capacidade: 38.419
Inauguração: 6 de setembro de 1913
Proprietário: Arsenal F.C.
Arquiteto: Archibald Leitch
Local: Highbury, Londres, Inglaterra
Nome: Arsenal Stadium
https://www.arsenal.com/history/arsenal-stadium-highbury
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The Staple Singers - Respect Yourself (Official Lyric Video)
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Stax Records
30 de out. de 2020 #CraftRecordings #StaxRecords #RespectYourself
Stax is pleased to release a new lyric video for the Staple Singers’ soulful 1971 anthem “Respect Yourself.” The captivating visualizer pairs archival photos from the Civil Rights Movement with contemporary images from the Black Lives Matter protests—because now as then, this song’s message of self-respect, tolerance and empowerment provides a compass for navigating times of political tumult and upheaval.
https://www.youtube.com/watch?v=10Rw7tf3QzM&list=PL79xK-VVZpslxgjQ9I1xXeA5TjAa39wwb&index=1
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Isaac Hayes - Theme From Shaft (Official Lyric Video)
Stax Records
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The original Shaft soundtrack reached number 1 on Billboard and won a Grammy for Best Film Score, while the “Theme" won the Oscar for Best Original Song.
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"Se falássemos a
verdade sempre, não conseguiríamos preservar as relações com ninguém no
mundo real. Acabaríamos esquecidos, sozinhos com nossos programas do
Arsenal ou nossa coleção de discos de selo azul originais da Stax ou nossa
criação de spaniels, e os dois minutos diários sonhando acordado se
tornariam cada vez mais e mais longos, até que perdêssemos nossos
empregos e parássemos de tomar banho e fazer a barba e comer, e
acabássemos largados sobre nossos próprios dejetos, voltando
repetidamente a fita de vídeo na tentativa de decorar cada comentário,
incluindo a análise lance a lance do David Pleat, do jogo daquela noite de 26
de maio de 1989. (Acham que eu tive que consultar essa data? Rá!)"
https://comunicacaoeesporte.files.wordpress.com/2010/10/febre-de-bola-nick-hornby.pdf
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Brasiljazzfest: saxofonista Miguel Zenón investiga a identidade do jazz latino
marcadores: andré mehmari, billy harper, bmw jazz, brasiljazzfest, dizzy gillespie, free jazz, henry cole, latin jazz, luis perdomo, miguel zenón, steve coleman, the cookers, tord gustavsen, wynton marsalis | author: Carlos Calado
https://www.carloscalado.com.br/2015/03/
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Introdução - Autoridade da doutrina espírita, Controle universal do ensino dos espíritos / Cordélia
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CEFAK
Transmitido ao vivo em 14 de abr. de 2018 Estudo Metódico do Evangelho - Histórico
Centro Espírita Fraternidade Allan Kardec - CEFAK
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"De tudo isso ressalta uma verdade capital: a de que aquele que quisesse opor-se à corrente de idéias estabelecida e sancionada poderia, é certo, causar uma pequena perturbação local e momentânea; nunca, porém, dominar o conjunto, mesmo no presente, nem, ainda menos, no futuro."
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INTRODUÇÃO
II – Autoridade da doutrina espírita
Controle universal do ensino dos Espíritos
Se a Doutrina Espírita fosse de concepção puramente humana, não
ofereceria por penhor senão as luzes daquele que a houvesse concebido.
Ora, ninguém, neste mundo, poderia alimentar fundadamente a pretensão
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1 Nota de Allan Kardec: Houvéramos, sem dúvida, podido apresentar, sobre cada assunto, maior número de comunicações obtidas numa porção de outras cidades e centros, além das que citamos.
Tivemos, porém, de evitar a monotonia das repetições inúteis e limitar a nossa escolha às que,
tanto pelo fundo quanto pela forma, se enquadravam melhor no plano desta obra, reservando
para publicações ulteriores as que não puderam caber aqui. Quanto aos médiuns, abstivemo-nos
de nomeá-los. Na maioria dos casos, não os designamos a pedido deles próprios e, assim sendo,
não convinha fazer exceções. Ademais, os nomes dos médiuns nenhum valor teriam acrescentado
à obra dos Espíritos. Mencioná-los mais não fora, então, do que satisfazer ao amor-próprio, coisa
a que os médiuns verdadeiramente sérios nenhuma importância ligam. Compreendem eles que,
por ser meramente passivo o papel que lhes toca, o valor das comunicações em nada lhes exalça o
mérito pessoal; e que seria pueril envaidecerem-se de um trabalho de inteligência ao qual é apenas
mecânico o concurso que prestam.
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de possuir, com exclusividade, a verdade absoluta. Se os Espíritos que a
revelaram se houvessem manifestado a um só homem, nada lhe garantiria a
origem, porquanto fora mister acreditar, sob palavra, naquele que dissesse
ter recebido deles o ensino. Admitida, de sua parte, sinceridade perfeita,
quando muito poderia ele convencer as pessoas de suas relações; conseguiria sectários, mas nunca chegaria a congregar todo o mundo.
Quis Deus que a nova revelação chegasse aos homens por mais rápido caminho e mais autêntico. Incumbiu, pois, os Espíritos de levá-la de
um polo a outro, manifestando-se por toda parte, sem conferir a ninguém
o privilégio de lhes ouvir a palavra. Um homem pode ser ludibriado, pode
enganar-se a si mesmo; já não será assim, quando milhões de criaturas
veem e ouvem a mesma coisa. Constitui isso uma garantia para cada um
e para todos. Ademais, pode fazer-se que desapareça um homem; mas
não se pode fazer que desapareçam as coletividades; podem queimar-se os
livros, mas não se podem queimar os Espíritos. Ora, queimassem-se todos
os livros e a fonte da doutrina não deixaria de conservar-se inexaurível,
pela razão mesma de não estar na Terra, de surgir em todos os lugares e
de poderem todos dessedentar-se nela. Faltem os homens para difundi-la:
haverá sempre os Espíritos, cuja atuação a todos atinge e aos quais ninguém pode atingir.
São, pois, os próprios Espíritos que fazem a propagação, com o auxílio dos inúmeros médiuns que, também eles, os Espíritos, vão suscitando
de todos os lados. Se tivesse havido unicamente um intérprete, por mais favorecido que fosse, o Espiritismo mal seria conhecido. Qualquer que fosse
a classe a que pertencesse, tal intérprete houvera sido objeto das prevenções
de muita gente e nem todas as nações o teriam aceitado, ao passo que os
Espíritos se comunicam em todos os pontos da Terra, a todos os povos, a
todas as seitas, a todos os partidos, e todos os aceitam. O Espiritismo não
tem nacionalidade e não faz parte de nenhum culto existente; nenhuma
classe social o impõe, visto que qualquer pessoa pode receber instruções de
seus parentes e amigos de além-túmulo. Cumpre seja assim, para que ele
possa conduzir todos os homens à fraternidade. Se não se mantivesse em
terreno neutro, alimentaria as dissensões, em vez de apaziguá-las.
Nessa universalidade do ensino dos Espíritos reside a força do Espiritismo e, também, a causa de sua tão rápida propagação. Ao passo que
a palavra de um só homem, mesmo com o concurso da imprensa, levaria séculos para chegar ao conhecimento de todos, milhares de vozes se fazem
ouvir simultaneamente em todos os recantos do planeta, proclamando os
mesmos princípios e transmitindo-os aos mais ignorantes, como aos mais
doutos, a fim de que não haja deserdados. É uma vantagem de que não
gozara ainda nenhuma das doutrinas surgidas até hoje. Se o Espiritismo,
portanto, é uma verdade, não teme o malquerer dos homens, nem as
revoluções morais, nem as subversões físicas do globo, porque nada disso
pode atingir os Espíritos.
Não é essa, porém, a única vantagem que lhe decorre da sua excepcional posição. Ela lhe faculta inatacável garantia contra todos os cismas
que pudessem provir, seja da ambição de alguns, seja das contradições de
certos Espíritos. Tais contradições, não há negar, são um escolho; mas que
traz consigo o remédio, ao lado do mal.
Sabe-se que os Espíritos, em virtude da diferença entre as suas capacidades, longe se acham de estar, individualmente considerados, na posse
de toda a verdade; que nem a todos é dado penetrar certos mistérios; que
o saber de cada um deles é proporcional à sua depuração; que os Espíritos
vulgares mais não sabem do que muitos homens; que entre eles, como
entre estes, há presunçosos e sofômanos, que julgam saber o que ignoram; sistemáticos, que tomam por verdades as suas ideias; enfim, que só
os Espíritos da categoria mais elevada, os que já estão completamente desmaterializados, se encontram despidos das ideias e preconceitos terrenos;
mas também é sabido que os Espíritos enganadores não escrupulizam em
tomar nomes que lhes não pertencem, para impingirem suas utopias. Daí
resulta que, com relação a tudo o que seja fora do âmbito do ensino exclusivamente moral, as revelações que cada um possa receber terão caráter
individual, sem cunho de autenticidade; que devem ser consideradas opiniões pessoais de tal ou qual Espírito e que imprudente fora aceitá-las e
propagá-las levianamente como verdades absolutas.
O primeiro exame comprobativo é, pois, sem contradita, o da razão,
ao qual cumpre se submeta, sem exceção, tudo o que venha dos Espíritos.
Toda teoria em manifesta contradição com o bom senso, com uma lógica
rigorosa e com os dados positivos já adquiridos, deve ser rejeitada, por
mais respeitável que seja o nome que traga como assinatura. Incompleto,
porém, ficará esse exame em muitos casos, por efeito da falta de luzes de
certas pessoas e das tendências de não poucas a tomar as próprias opiniões como juízes únicos da verdade. Assim sendo, que hão de fazer aqueles
que não depositam confiança absoluta em si mesmos? Buscar o parecer da
maioria e tomar por guia a opinião desta. De tal modo é que se deve proceder em face do que digam os Espíritos, que são os primeiros a nos fornecer
os meios de consegui-lo.
A concordância no que ensinem os Espíritos é, pois, a melhor comprovação. Importa, no entanto, que ela se dê em determinadas condições.
A mais fraca de todas ocorre quando um médium, a sós, interroga muitos
Espíritos acerca de um ponto duvidoso. É evidente que, se ele estiver sob
o império de uma obsessão, ou lidando com um Espírito mistificador, este
lhe pode dizer a mesma coisa sob diferentes nomes. Tampouco garantia
alguma suficiente haverá na conformidade que apresente o que se possa
obter por diversos médiuns, num mesmo Centro, porque podem estar todos sob a mesma influência.
Uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a concordância
que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de
grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares.
Vê-se bem que não se trata aqui das comunicações referentes a interesses secundários, mas do que respeita aos princípios mesmos da doutrina.
Prova a experiência que, quando um princípio novo tem de ser enunciado,
isso se dá espontaneamente em diversos pontos ao mesmo tempo e de modo
idêntico, senão quanto à forma, quanto ao fundo.
Se, portanto, aprouver a um Espírito formular um sistema excêntrico, baseado unicamente nas suas ideias e com exclusão da verdade, pode
ter-se a certeza de que tal sistema conservar-se-á circunscrito e cairá, diante
das instruções dadas de todas as partes, conforme os múltiplos exemplos
que já se conhecem. Foi essa unanimidade que pôs por terra todos os sistemas parciais que surgiram na origem do Espiritismo, quando cada um
explicava à sua maneira os fenômenos, e antes que se conhecessem as leis
que regem as relações entre o mundo visível e o mundo invisível.
Essa a base em que nos apoiamos, quando formulamos um princípio da doutrina. Não é porque esteja de acordo com as nossas ideias que
o temos por verdadeiro. Não nos arvoramos, absolutamente, em árbitro
supremo da verdade e a ninguém dizemos: “Crede em tal coisa, porque
somos nós que vo-lo dizemos.” A nossa opinião não passa, aos nossos próprios olhos, de uma opinião pessoal, que pode ser verdadeira ou falsa, visto não nos considerarmos mais infalível do que qualquer outro. Também não
é porque um princípio nos foi ensinado que, para nós, ele exprime a verdade, mas porque recebeu a sanção da concordância.
Na posição em que nos encontramos, a receber comunicações de
perto de mil centros espíritas sérios, disseminados pelos mais diversos pontos da Terra, achamo-nos em condições de observar sobre que princípio se
estabelece a concordância. Essa observação é que nos tem guiado até hoje
e é a que nos guiará em novos campos que o Espiritismo terá de explorar.
Porque, estudando atentamente as comunicações vindas tanto da França
como do estrangeiro, reconhecemos, pela natureza toda especial das revelações, que ele tende a entrar por um novo caminho e que lhe chegou o
momento de dar um passo para diante. Essas revelações, feitas muitas vezes
com palavras veladas, hão frequentemente passado despercebidas a muitos
dos que as obtiveram. Outros julgaram-se os únicos a possuí-las. Tomadas
insuladamente, elas, para nós, nenhum valor teriam; somente a coincidência lhes imprime gravidade. Depois, chegado o momento de serem
entregues à publicidade, cada um se lembrará de haver obtido instruções
no mesmo sentido. Esse movimento geral, que observamos e estudamos,
com a assistência dos nossos guias espirituais, é que nos auxilia a julgar da
oportunidade de fazermos ou não alguma coisa.
Essa verificação universal constitui uma garantia para a unidade futura do Espiritismo e anulará todas as teorias contraditórias. Aí é que, no
porvir, se encontrará o critério da verdade. O que deu lugar ao êxito da
doutrina exposta em O livro dos espíritos e em O livro dos médiuns foi que
em toda a parte todos receberam diretamente dos Espíritos a confirmação
do que esses livros contêm. Se de todos os lados tivessem vindo os Espíritos contradizê-la, já de há muito haveriam aquelas obras experimentado a
sorte de todas as concepções fantásticas. Nem mesmo o apoio da imprensa
as salvaria do naufrágio, ao passo que, privadas como se viram desse apoio,
não deixaram elas de abrir caminho e de avançar celeremente. É que tiveram o apoio dos Espíritos, cuja boa vontade não só compensou, como
também sobrepujou o malquerer dos homens. Assim sucederá a todas as
ideias que, emanando quer dos Espíritos, quer dos homens, não possam
suportar a prova desse confronto, cuja força a ninguém é lícito contestar.
Suponhamos praza a alguns Espíritos ditar, sob qualquer título, um
livro em sentido contrário; suponhamos mesmo que, com intenção hostil, objetivando desacreditar a doutrina, a malevolência suscitasse comunicações apócrifas; que influência poderiam exercer tais escritos, desde que
de todos os lados os desmentissem os Espíritos? É com a adesão destes
que se deve garantir aquele que queira lançar, em seu nome, um sistema
qualquer. Do sistema de um só ao de todos, medeia a distância que vai
da unidade ao infinito. Que poderão conseguir os argumentos dos detratores, sobre a opinião das massas, quando milhões de vozes amigas,
provindas do Espaço, se façam ouvir em todos os recantos do Universo
e no seio das famílias, a infirmá-los? A esse respeito já não foi a teoria
confirmada pela experiência? Que é feito das inúmeras publicações que
traziam a pretensão de arrasar o Espiritismo? Qual a que nem lhe retardou
a marcha? Até agora, não se considera a questão desse ponto de vista, sem
contestação um dos mais graves. Cada um contou consigo, sem contar
com os Espíritos.
O princípio da concordância é também uma garantia contra as alterações que poderiam sujeitar o Espiritismo às seitas que se propusessem apoderar-se dele em proveito próprio e acomodá-lo à vontade. Quem
quer que tentasse desviá-lo do seu providencial objetivo, malsucedido se
veria, pela razão muito simples de que os Espíritos, em virtude da universalidade de seus ensinos, farão cair por terra qualquer modificação que se
divorcie da verdade.
De tudo isso ressalta uma verdade capital: a de que aquele que quisesse opor-se à corrente de ideias estabelecida e sancionada poderia, é certo, causar uma pequena perturbação local e momentânea; nunca, porém,
dominar o conjunto, mesmo no presente, nem, ainda menos, no futuro.
Também ressalta que as instruções dadas pelos Espíritos sobre os
pontos ainda não elucidados da Doutrina não constituirão lei, enquanto
essas instruções permanecerem insuladas; que elas não devem, por conseguinte, ser aceitas senão sob todas as reservas e a título de esclarecimento.
Daí a necessidade da maior prudência em dar-lhes publicidade; e,
caso se julgue conveniente publicá-las, importa não as apresentar senão
como opiniões individuais, mais ou menos prováveis, porém, carecendo
sempre de confirmação. Essa confirmação é que se precisa aguardar, antes
de apresentar um princípio como verdade absoluta, a menos se queira ser
acusado de leviandade ou de credulidade irrefletida.
Com extrema sabedoria procedem os Espíritos superiores em suas
revelações. Não atacam as grandes questões da Doutrina senão gradualmente, à medida que a inteligência se mostra apta a compreender verdade
de ordem mais elevada e quando as circunstâncias se revelam propícias à
emissão de uma ideia nova. Por isso é que logo de princípio não disseram
tudo, e tudo ainda hoje não disseram, jamais cedendo à impaciência dos
muito afoitos, que querem os frutos antes de estarem maduros. Fora, pois,
supérfluo pretender adiantar-se ao tempo que a Providência assinou para
cada coisa, porque, então, os Espíritos verdadeiramente sérios negariam o
seu concurso. Os Espíritos levianos, pouco se preocupando com a verdade,
a tudo respondem; daí vem que, sobre todas as questões prematuras, há
sempre respostas contraditórias.
Os princípios acima não resultam de uma teoria pessoal: são consequência forçada das condições em que os Espíritos se manifestam. É
evidente que, se um Espírito diz uma coisa de um lado, enquanto milhões
de outros dizem o contrário algures, a presunção de verdade não pode estar
com aquele que é o único ou quase o único de tal parecer. Ora, pretender alguém ter razão contra todos seria tão ilógico da parte dos Espíritos,
quanto da parte dos homens. Os Espíritos verdadeiramente ponderados,
se não se sentem suficientemente esclarecidos sobre uma questão, nunca a
resolvem de modo absoluto; declaram que apenas a tratam do seu ponto
de vista e aconselham que se aguarde a confirmação.
Por grande, bela e justa que seja uma ideia, impossível é que desde
o primeiro momento congregue todas as opiniões. Os conflitos que daí
decorrem são consequência inevitável do movimento que se opera; eles
são mesmo necessários para maior realce da verdade e convém se produzam desde logo, para que as ideias falsas prontamente sejam postas de
lado. Os espíritas que a esse respeito alimentassem qualquer temor podem ficar perfeitamente tranquilos: todas as pretensões insuladas cairão,
pela força mesma das coisas, diante do enorme e poderoso critério da
concordância universal.
Não será à opinião de um homem que se aliarão os outros, mas à voz
unânime dos Espíritos; não será um homem, nem nós, nem qualquer outro que fundará a ortodoxia espírita; tampouco será um Espírito que se
venha impor a quem quer que seja: será a universalidade dos Espíritos que
se comunicam em toda a Terra, por ordem de Deus. Esse o caráter essencial da Doutrina Espírita; essa a sua força, a sua autoridade. Quis Deus que a
sua lei assentasse em base inamovível e por isso não lhe deu por fundamento a cabeça frágil de um só.
Diante de tão poderoso areópago, onde não se conhecem corrilhos,
nem rivalidades ciosas, nem seitas, nem nações, é que virão quebrar-se todas
as oposições, todas as ambições, todas as pretensões à supremacia individual;
é que nos quebraríamos nós mesmos, se quiséssemos substituir os seus decretos
soberanos pelas nossas próprias ideias. Só Ele decidirá todas as questões litigiosas, imporá silêncio às dissidências e dará razão a quem a tenha. Diante
desse imponente acordo de todas as vozes do Céu, que pode a opinião de um
homem ou de um Espírito? menos do que a gota de água que se perde no
oceano, menos do que a voz da criança que a tempestade abafa.
A opinião universal, eis o juiz supremo, o que se pronuncia em última instância. Formam-na todas as opiniões individuais. Se uma destas é
verdadeira, apenas tem na balança o seu peso relativo. Se é falsa, não pode
prevalecer sobre todas as demais. Nesse imenso concurso, as individualidades se apagam, o que constitui novo insucesso para o orgulho humano.
Já se desenha o harmonioso conjunto. Este século não passará sem
que ele resplandeça em todo o seu brilho, de modo a dissipar todas as
incertezas, porquanto daqui até lá potentes vozes terão recebido a missão
de se fazer ouvir, para congregar os homens sob a mesma bandeira, uma
vez que o campo se ache suficientemente lavrado. Enquanto isso se não
dá, aquele que flutua entre dois sistemas opostos pode observar em que
sentido se forma a opinião geral; essa será a indicação certa do sentido
em que se pronuncia a maioria dos Espíritos, nos diversos pontos em
que se comunicam, e um sinal não menos certo de qual dos dois sistemas
prevalecerá.
https://febnet.org.br/wp-content/themes/portalfeb-grid/obras/evangelho-guillon.pdf
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Sinta a proteção divina.
Quem está com Deus nada tem
a temer.
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As 3 Peneiras (filtros) de Sócrates. Uma lição para os dias atuais repletos de fake news e intrigas
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As três peneiras
Publicado em 29/04/2013 - 21:00 Dad SquarisiGeral
Augustus procurou Sócrates e lhe disse:
— Sócrates, preciso contar-lhe algo sobre alguém! Você não imagina o que me contaram a respeito de…
Nem chegou a terminar a frase, quando Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou:
— Espere um pouco, Augustus. O que vai me contar já passou pelo crivo das três peneiras?
— Peneiras? Que peneiras?
— Sim. A primeira, Augustus, é a da verdade.
— Você tem certeza de que o que vai me contar é absolutamente verdadeiro?
— Não. Como posso saber? O que sei foi o que me contaram!
— Então, suas palavras já vazaram a primeira peneira.
— Vamos então para a segunda peneira: a bondade. O que vai me contar, gostaria que os outros também dissessem a seu respeito?
— Não, Sócrates! Absolutamente, não!
— Então suas palavras vazaram, também, a segunda peneira.
— Vamos agora para a terceira peneira: a necessidade. Você acha mesmo necessário contar-me esse fato, ou mesmo passá-lo adiante? Resolve alguma coisa? Ajuda alguém? Melhora alguma coisa?
— Não, Sócrates… Passando pelo crivo das três peneiras, compreendi que nada me resta do que iria contar.
E Sócrates sorrindo concluiu:
— Se passar pelas três peneiras, conte! Tanto eu, quanto você e os outros vamos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos. Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz!
–Da próxima vez que ouvir algo, antes de ceder ao impulso de passá-lo adiante, submeta-o ao crivo das três peneiras porque:
1. Pessoas sábias falam sobre ideias;
2. Pessoas comuns falam sobre eventos;
3. Pessoas medíocres falam sobre pessoas.
(Colaboração de Leda Wadson)
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