quinta-feira, 8 de junho de 2023

VERdade

*** Música | Só tinha de ser com você - Astrud Gilberto & Tom Jobim *** *** Poesia | Carlos Drummond de Andrade - Verdade ***
*** Leia a íntegra da entrevista do candidato à presidência Lula à CNN https://noticias.uol.com.br/eleicoes/2022/09/12/leia-a-integra-da-entrevista-de-lula-a-cnn.htm *********************************************************************************************** William Waack - Lula e a normalidade política O Estado de S. Paulo O presidente parece entender que é melhor ter maioria no Supremo Ao indicar um amigo pessoal e defensor para o STF, o presidente Lula reconhece um fato. O de que o Supremo se tornou uma instância política exercendo forte interferência política. Claro que a indicação desagradou aos que defendem princípios como o da impessoalidade, ou cobram coerência entre o que candidatos dizem antes de uma eleição e o que praticam depois (Lula disse na campanha que era um atraso nomear amigos para o STF). Defender princípios na política brasileira é uma questão de oportunidade, e os princípios podem variar também por conveniência política, da qual nem o Supremo escapa em meio às ondas contraditórias na incessante tempestade política. Basta lembrar episódios como a prisão em segunda instância. Essa constante turbulência foi recentemente descrita aqui pelo sociólogo Bolívar Lamounier como a falência completa da política – aliás, um argumento-padrão de integrantes do Supremo para explicar como, ao longo da linha do tempo, o Judiciário foi se tornando uma instância que interfere no Executivo e no Legislativo. Talvez essa constatação (a da mediocridade política numa sociedade desordeira sem valores coletivos) ajude a entender o fenômeno da “tutelagem” que grupos organizados dentro de instituições mais ou menos coesas tentam estabelecer sobre a própria política. A Lava Jato foi um desses fenômenos: seus expoentes, hoje amplamente derrotados, viam a sociedade brasileira como hipossuficiente, portanto necessitando a proteção dos “homens de preto”. A espécie de “tutela” do STF sobre a política é exercida de forma ampliada pelo TSE. Em parte é uma reação ao descarado ataque às instituições pelo bolsonarismo, mas ganhou um impulso (aplaudido pelo atual governo) que alcança as esferas da liberdade de expressão e eventuais restrições. Mas em parte é, sim, a inevitável ocupação do espaço político deixado aberto pelo atual governo, que parece enxergar no STF uma espécie de aliado tácito em agendas que não conseguiria emplacar no Congresso (o marco temporal é apenas o mais recente). O entendimento “informal”, aliás, com alguns integrantes do Supremo é fator amplamente notado em Brasília, para o qual a indicação do amigo do presidente é óbvio reforço. O problema para Lula (ou qualquer outro no lugar dele) está no fato de que o Judiciário é uma instituição com forte empenho em proteger a si mesma (o que inclui prerrogativas e privilégios) e não necessariamente o governo da vez. Mas não há dúvida de que o presidente agiu apenas dentro da “normalidade” da política brasileira. **********************************
*** quinta-feira, 8 de junho de 2023 Adriana Fernandes - A onda da reforma tributária O Estado de S. Paulo Opositores da reforma terão de refinar justificativas, apresentar propostas e sentar para negociar A contragosto dos críticos, o relatório do grupo de trabalho da reforma tributária, apresentado na última terça-feira, reforçou a percepção de muitos de que a proposta que modifica a tributação dos impostos sobre consumo será aprovada no primeiro semestre. Quem esteve presente no plenário 2 da Câmara, onde o relator, deputado Aguinaldo Ribeiro, leu as diretrizes acordadas no grupo para a elaboração do substitutivo que será levado ao plenário na primeira semana de julho, pôde perceber um clima diferente. Aquele estalo de que “agora vai”. Até os mais céticos ao avanço da reforma, depois de 25 anos cobrindo as inúmeras tentativas, como esta colunista, puderam sentir o clima favorável. O mesmo aconteceu, em 2019, na votação da reforma da Previdência na Comissão Especial da Câmara, apesar dos gritos estridentes dos parlamentares da oposição. Agora, a oposição é governo e a pauta da reforma tributária não é ideológica. É de outro tipo: quem perde e quem ganha. Vai ter chiadeira? Vai. Só que os opositores da reforma terão de correr e refinar as justificativas, apresentar propostas e sentar para negociar. Os embates mais acirrados começam daqui para frente até a apresentação do parecer de Aguinaldo. Na audiência, o termo mais comentado foi “Apinaldo”, uma combinação dos nomes do relator com o de Bernard Appy, secretário extraordinário de Reforma Tributária. Appy foi até a Câmara assistir à leitura do relatório e ele mesmo brincou com quem “shipava” os dois. Essa parceria é importante porque, sem o governo federal, a reforma não sai – como ocorreu na gestão Bolsonaro. Os que esperavam um relatório morno encontraram o contrário. O texto é robusto, de fácil entendimento, apesar de não trazer respostas para pontos sensíveis. Entre eles, a resistência das capitais e das cidades médias, os valores das alíquotas diferenciadas para os setores, do Fundo de Desenvolvimento Regional e a operação na prática da cobrança do novo imposto. Só para citar quatro problemas. Eles são muitos. Há muito tempo não se via um material tão bem explicado em assuntos econômicos no Congresso. Um dos pontos fortes do relatório foi o de costurar as críticas com as soluções que o parecer final pode trazer. Isso não quer dizer que o céu será de brigadeiro. Os próximos 20 dias até a votação marcada serão decisivos para a onda da reforma tributária passar e o texto ser votado na Câmara. Se o placar for expressivo, ficará difícil para os senadores procrastinarem a votação. O que está faltando, como cobrou o presidente Arthur Lira, é o presidente Lula entrar em campo de verdade na defesa da reforma. ****************************************
*** quinta-feira, 8 de junho de 2023 Luiz Carlos Azedo - Depois da cassação de Dallagnol, Moro sobe no telhado do Senado Correio Braziliense Por ironia, o pedido de cassação de Moro foi feito pelo PL, partido de Jair Bolsonaro, cujo presidente, Valdemar Costa Neto, gostaria de ver o ex-juiz da Lava-Jato sem seu mandato de senador Ao negar o pedido da defesa do deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) para suspender decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que anulou seu registro de candidatura e determinou que Luiz Carlos Hauly seja empossado no seu lugar, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu, nesta quarta-feira, mais um passo na desconstrução política e judicial da Operação Lava-Jato, da qual o ex-procurador da República foi protagonista. Quem também pode perder o mandato é o senador Sergio Moro, alvo de diferentes ações judiciais. A principal delas corre no TSE. Por ironia, o pedido de cassação, feito pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem o respaldo do presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, que não esconde que gostaria de ver o ex-juiz da 8ª Vara Federal de Curitiba e ex-ministro da Justiça do governo passado sem seu mandato. O PL aponta eventuais irregularidades cometidas pela campanha do senador e usa como base manifestação do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná, que apontou falhas na prestação de contas do ex-juiz federal. O segundo colocado na disputa, Paulo Martins (PL), assumiria a vaga, o que aumentaria a bancada da legenda no Senado. A expectativa do PL é de que, em uma eventual nova eleição diante da cassação do mandato, Martins seja eleito senador. Dallagnol foi cassado em 16 de maio, por unanimidade, devido a irregularidade ao pedir exoneração do cargo de procurador da República, enquanto ainda era alvo de procedimentos para apurar infrações disciplinares no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). No entendimento dos ministros do TSE, esses processos poderiam levar a punições, com base nas leis da Ficha Limpa e da Inelegibilidade. Ambas consideram inelegíveis membros do Judiciário ou do Ministério Público que se candidatarem para escapar de punições. No caso de Dallagnol, o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) fez a recontagem de votos e nenhum candidato do Podemos atingiu 10% do quociente eleitoral. A vaga iria para um deputado do PL, o pastor Itamar Paim (PR). O Podemos, partido do ex-procurador, recorreu ao Supremo para que a vaga permanecesse com a legenda. Toffoli, então, acatou o pedido nesta quarta. Com isso, Hauly, que não havia alcançado o mínimo necessário de votos, deverá ser empossado. A Lava-Jato A Lava-Jato foi a maior operação de combate à corrupção e lavagem de dinheiro da história recente do Brasil. A partir de março de 2014, agentes públicos, empresários e doleiros passaram a ser investigados pela Justiça Federal em Curitiba, que organizou uma força-tarefa para apurar irregularidades na Petrobras, maior estatal do país, e contratos vultosos, como o da construção da usina nuclear Angra 3. Outras frentes de investigação foram abertas depois, em vários estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, além do Distrito Federal. Entretanto, os métodos adotados para obter delações premiadas sempre foram muito criticados nos meios jurídicos. O nome “Lava-Jato” decorre do uso de uma rede de postos de combustíveis e um lava a jato de automóveis do Setor Hoteleiro Norte de Brasília, para movimentar recursos ilícitos pertencentes a uma das organizações criminosas inicialmente investigadas. Foram investigados doleiros do Paraná, de Brasília, de São Paulo e do Rio de Janeiro. O Ministério Público Federal recolheu provas de um imenso esquema de corrupção envolvendo a Petrobras. Grandes empreiteiras organizadas em cartel pagavam propina para altos executivos da estatal e outros agentes públicos. O valor da propina variava de 1% a 5% do montante total de contratos bilionários superfaturados. Esse suborno era distribuído por meio de operadores financeiros do esquema, incluindo doleiros investigados na primeira etapa. As empreiteiras formaram um “clube” para fraudar concorrências. Os preços oferecidos à Petrobras eram calculados e ajustados em reuniões secretas, nas quais se definia quem ganharia o contrato e qual seria o preço, inflado em benefício privado e em prejuízo dos cofres da estatal. O cartel tinha até um regulamento, que simulava regras de um campeonato de futebol, para definir como as obras seriam distribuídas. As diretorias mais envolvidas foram de Abastecimento, ocupada por Paulo Roberto Costa, entre 2004 e 2012, indicado pelo PP, com posterior apoio do MDB; de Serviços, ocupada por Renato Duque, entre 2003 e 2012, indicado pelo PT; e Internacional, ocupada por Nestor Cerveró, entre 2003 e 2008, indicado pelo MDB. Em março de 2015, o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) 28 petições para a abertura de inquéritos criminais destinados a apurar fatos atribuídos a 55 pessoas, das quais 49 eram titulares de foro por prerrogativa de função (“foro privilegiado”). Entretanto, sempre houve questionamento dos advogados em relação aos métodos adotados na Lava-Jato, que culminaram na condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula chegou a ficar um ano e sete meses preso em Curitiba por causa de condenação na Lava-Jato, que foi anulada pelo ministro Edson Fachin, do STF, em março de 2021. Fachin declarou a incompetência da Justiça Federal do Paraná nos casos do triplex do Guarujá, do sítio de Atibaia e das doações ao Instituto Lula. Foi vitoriosa a tese do advogado do petista, Cristiano Zanin, de que Moro não era o juiz natural do processo. Recentemente, Lula o indicou para a vaga de Ricardo Lewandowski, que se aposentou, do STF. ******************************************************************************************************
*** quinta-feira, 8 de junho de 2023 Maria Hermínia Tavares* - Bilhete para o retrocesso Folha de S. Paulo Marco temporal e mudanças em ministérios comprometem compromisso do país na área Na segunda-feira (5), Dia Internacional do Meio Ambiente, o presidente Lula anunciou o novo Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), preparado pela equipe da ministra Marina Silva. É a quarta atualização da estratégia responsável pela vertiginosa queda do desflorestamento na região entre 2004 e 2012. Naquele mesmo dia, Lula vetou trechos da lei recém-aprovada pelo Congresso que debilitava os mecanismos de proteção da mata atlântica. Ao fazê-lo, foi fiel ao compromisso com a agenda ambiental afirmado no discurso de posse e reiterado perante plateias estrangeiras. Na semana passada, porém, a coerência desfaleceu. O governo parece não ter movido uma palha para impedir, primeiro, que a Câmara aprovasse o projeto 490, o do desastroso Marco Temporal; segundo, que vingasse a não menos retrógrada medida provisória 1154, que reestruturou o governo federal, eliminando atribuições relevantes do Ministério do Meio Ambiente e o dos Povos Indígenas. O PL 490, que agora tramita no Senado, restringe a possibilidade de demarcação de terras indígenas àquelas ocupadas em 5 de outubro de 1988 —quando entrou em vigor a atual Constituição—, afrontando direitos nela explicitamente assegurados às populações originárias. Caso seja aprovado, ficariam elas expostas à cobiça de todo tipo de predador ambiental: grileiros, madeireiros, mineradores e traficantes de animais, drogas e pessoas. Se isso ocorrer, seriam afrontados os próprios objetivos do PPCDAm anunciado pelo governo com justificada ênfase. A explicação corrente para esse retrocesso –que é atribuído ao direitismo hegemônico no Congresso e à força da chamada bancada ruralista– está longe de convencer. Não há dúvida de que a amplitude de ação do governo nas relações com o Legislativo se estreitou. Nas duas Casas, onde reina a direita, os líderes têm mais cacife para pressionar o Executivo, e a fragmentação nas bancadas parece maior. Resultado: tornou-se mais trabalhoso manter coesa a heterogênea coalizão governante. Entretanto, mesmo no passado, quando as engrenagens do presidencialismo de coalizão eram mais azeitadas, o poderio do Executivo sempre dependeu da clareza com que o titular da vez definia suas prioridades e da sua determinação em construir maiorias políticas ao seu redor. Tudo isso faltou aos articuladores do governo na tramitação do marco temporal e da mudança nos ministérios. Enquanto a questão ambiental –sobre a qual uma coisa e outra incidem– não estiver de fato entre os compromissos pétreos do governo, a porteira por onde passa o atraso seguirá entreaberta. *Professora titular aposentada de ciência política da USP e pesquisadora do Cebrap. ****************************************************************************************** Dia Nacional da Liberdade de Imprensa: ***
*** Estátua da Justiça, em frente ao STF Sérgio Lima/Poder360 *** PODER360 7.jun.2023 (quarta-feira) - 14h49 O STF (Supremo Tribunal Federal) retoma nesta 4ª feira (7.jun.2023) a análise sobre o marco temporal para demarcações de terras indígenas. O julgamento estava parado desde 2021 depois de pedido de vista do ministro Alexandre de Moraes. A Corte avalia a constitucionalidade da tese jurídica que estabelece como terra indígena só ocupações registradas em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição. Também está na pauta o julgamento sobre a demarcação da terra indígena Ibirama-La Klãnõ, em Santa Catarina. Assista ao vivo: *** *** O placar do julgamento está empatado em 1 a 1. O relator do caso, ministro Edson Fachin, votou contra o marco temporal para demarcação de terras indígenas. Já o ministro Nunes Marques abriu divergência a favor do marco temporal para limitar a expansão de terras indígenas no país. Na contramão das pautas do governo, a Câmara dos Deputados aprovou na última 3ª feira (30.mai) o PL 490 de 2007, do marco temporal. O texto foi enviado para análise no Senado. Brasil ocupa a 110ª posição em ranking mundial de liberdade de imprensa País registrou 430 casos de violência contra a categoria em 2021. Presidente Jair Bolsonaro é o principal agressor terça-feira, 7 de junho 2022, às 18h23 atualizado em terça-feira, 14 de junho 2022, às 15h17 *** autores PODER360 https://www.poder360.com.br/justica/ao-vivo-stf-retoma-analise-sobre-o-marco-temporal/ *******************************************************************************************
*** 1977 7 DE JUNHO JORNALISTAS EXIGEM O FIM DA CENSURA ABI lança manifesto pela liberdade de imprensa com 2.500 assinaturas A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) divulga manifesto contra a censura, assinado por quase 3 mil jornalistas. É o mais explícito documento em favor da liberdade de imprensa desde o golpe de 1964. “Nós jornalistas manifestamos nossa disposição de lutar contra a censura e todas as formas de restrição à liberdade de expressão e informação; e firmamos nossa posição, contrária à manutenção dos atos de exceção que impedem o livre exercício da nossa profissão e, com isso, sufocam o debate e a participação consciente da população”, dizia o manifesto. Naquela altura os censores atuavam diretamente sobre jornais independentes ou identificados com a oposição ao regime – "Movimento", "O Pasquim" e "O São Paulo", da Arquidiocese de São Paulo – e em todas as rádios e TVs. A amplitude do manifesto da ABI mostrou que as entidades da sociedade civil estavam perdendo o medo de denunciar o regime autoritário. http://memorialdademocracia.com.br/card/jornalistas-exigem-o-fim-da-censura ***********************************************************************************
*** . . Wikimedia Commons O Dia Nacional da Liberdade de Imprensa é celebrado nesta terça-feira, 7 de junho. A data faz alusão a um acontecimento de exatos 45 anos, quando, no auge da ditadura militar, três mil jornalistas assinaram um manifesto exigindo a instauração de uma imprensa livre e o fim da censura no Brasil. Desde então, esse dia é lembrado como um ato de resistência a favor da liberdade de expressão e da importância do exercício jornalístico dentro da democracia. Porém, depois de avanços ao longo dos anos, a realidade atual apresenta um cenário desfavorável aos profissionais de mídia. Em 2021, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), registrou 430 casos de violência contra a categoria e o principal agressor foi o próprio presidente da República. Sozinho, Jair Bolsonaro foi responsável por 147 casos, mais de 34% do total, sendo 129 falas de descrédito à imprensa e 18 agressões verbais a comunicadores. Além disso, segundo dados da Organização Internacional Repórteres sem Fronteiras, o país ocupa o centésimo décimo lugar no ranking de liberdade de imprensa no mundo entre 180 nações analisadas. Outro componente que chama atenção foram os ataques de gênero direcionados à imprensa: 119 ao longo do ano passado, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), e da Unesco, o que representa quase 10 casos de agressões, ofensas, ameaças e intimidações por mês. Também tem sido usada como forma de constrangimento a via judicial. Processados por calúnia e difamação, comunicadores têm sido condenados a pagar indenizações de alto valor e até à prisão. Este mês de junho também marca as duas décadas da morte do repórter investigativo Tim Lopes, assassinado enquanto trabalhava em uma reportagem sobre exploração sexual de adolescentes e tráfico de drogas no Rio de Janeiro. Torturado e executado por traficantes, Tim Lopes tornou-se um símbolo da luta pela liberdade de imprensa no país. O programa Conexões conversou sobre os prejuízos que a liberdade de imprensa tem sofrido no Brasil ultimamente e o papel do jornalismo na democracia, com a jornalista Samira de Castro, segunda vice-presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Ouça a conversa com a jornalista Luiza Glória: Ouça também depoimentos de jornalistas sobre o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa: A entrevista com a jornalista Samira de Castro foi a maneira da Rádio UFMG Educativa de refletir sobre a importância do Dia Nacional da Liberdade de Imprensa e do trabalho jornalístico, e ressaltar como essa atividade é essencial para o funcionamento da democracia. Não só os profissionais ameaçados e perseguidos, mas a sociedade como um todo perde com o fortalecimento de um ambiente hostil à imprensa. Produção: Alícia Coura e Arthur Resende, sob orientação de Alessandra Dantas e Luiza Glória Programa Conexões https://ufmg.br/comunicacao/noticias/dia-nacional-da-liberdade-de-imprensa-brasil-ocupa-a-110-posicao-em-ranking-mundial-de-liberdade-de-imprensa ***********************************************************************
*** Na introdução de sua obra "A Essência da Constituição" (tradução para a edição brasileira de "Über die Verfassung"), Ferdinand Lassalle afirma o caráter científico de sua palestra. Ele encoraja o público a deixar de lado quaisquer ideias ou conhecimentos prévios sobre o tema, como se estivessem tomando conhecimento dele pela primeira vez. Isso é sugerido para que o público possa acompanhar e compreender melhor o desenvolvimento do pensamento de Lassalle. Essa abordagem de começar do zero e evitar preconceitos ou conceitos pré-concebidos é comum em muitos trabalhos científicos. Ao fazer isso, Lassalle pretendia garantir que suas ideias fossem compreendidas em sua totalidade, sem que o público ficasse preso a suposições ou interpretações anteriores. Ao solicitar que os ouvintes se despojassem de conhecimentos prévios, Lassalle estava procurando estabelecer uma base neutra e imparcial para a discussão e análise de sua teoria constitucional. Isso permitiria uma compreensão mais clara de seus argumentos e a avaliação objetiva de suas ideias. Essas citações são atribuídas a Ferdinand Lassalle, um jurista e teórico político alemão do século XIX. Ele argumentava que os problemas constitucionais não são principalmente questões de direito, mas sim de poder. De acordo com Lassalle, a verdadeira Constituição de um país não está apenas na Constituição escrita, mas sim nos fatores reais e efetivos de poder que prevalecem na sociedade. Ele observou que, quando a Constituição escrita não estiver alinhada com esses fatores de poder, ela está destinada a ser descartada por eles. Lassalle sustentava que a Constituição escrita deve ser reformada para estar em sintonia com os fatores materiais de poder da sociedade organizada. Caso contrário, ela sucumbiria diante desses fatores. Em resumo, Lassalle argumentava que a Constituição de um país é determinada principalmente pelo poder real exercido na sociedade, e não apenas pela legislação escrita. Portanto, os problemas constitucionais devem ser abordados levando-se em conta as relações de poder e influência na sociedade. Referência A essência da Constituição no pensamento de Lassalle e de Konrad Hesse IACYR DE AGUILAR VIEIRA https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/388/r139-05.pdf?sequence=4&isAllowed=y ************************************************************************************************
*** sexta-feira, 9 de junho de 2023 José de Souza Martins* - O amansamento do branco Eu & / Valor Econômico O Brasil se move para fora do caos e dos preconceitos de uma ignorância social e política que arrasta o país para o fundo do abismo de uma opção histórica antibrasileira e antissocial ***
*** O recente período de selvageria, barbárie e obscurantismo pelo qual o Brasil passou e, residualmente, ainda passa equivocadamente deu-se a ver, para muitos, como vitória final do totalitarismo inaugurado em 1964. Desde o golpe pseudorrepublicano de 1889, o povo brasileiro vem sendo tratado como inimigo estrangeiro do país. Com tudo que tem acontecido, é difícil saber quem é o amigo. Essa é a chave para compreender nosso atraso político crônico. Nem ficou claro o que explica o fato fantástico de que o mesmo país tenha dado passos gigantescos, com os pés, as mãos e o cérebro, do “inimigo”, na direção de uma sociedade quase desenvolvida. O “inimigo” interno tem sido, justamente, o revolucionário e transformador do Brasil do atraso num Brasil de modernidade própria e criativa. Um interessantíssimo artigo - “Mormaço e parceria na floresta” - assinado por Almir Suruí, cacique do povo Paíter-suruí, de Rondônia, e Marcelo Thomé, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia, publicado na “Folha de S. Paulo” do dia 1º de junho, torna visível as reais características e possibilidades de um Brasil pouco visto, pouco ouvido e pouco conhecido. No entanto, o Brasil se move para fora do caos e dos preconceitos de uma ignorância social e política que arrasta o país para o fundo do abismo de uma opção histórica antibrasileira e antissocial. Os dois autores expressam a vitalidade criativa da diferença cultural e linguística que os torna inventivos e capazes de uma rica consciência brasileira do que o Brasil precisa para assegurar o futuro de todos. Sobretudo das novas gerações de brasileiros de diferentes subidentidades nacionais. O artigo ressalta os desafios criativos de uma nova problemática do mundo e de uma nova consciência democrática da mundialidade do mundo. A que tem no centro as possibilidades da Amazônia e a enorme relevância da questão ambiental na gestação de uma nova realidade social e econômica. Estamos em face de uma nova concepção de desenvolvimento econômico com desenvolvimento social, de uma economia e de uma realidade social que emerge das fraturas produzidas por uma concepção equivocada de capitalismo, obsoleta e antissocial, anticapitalista e autodestrutiva. Os antiquados protagonistas da história social, política e econômica não estão sendo os protagonistas e inventores desse mundo novo, aberto, abrangente, inventivo, de conciliação integrativa dos diferentes e das diferenças, tolerante. Regido por aguda consciência da diversidade e do alcance criativo das esdrúxulas carências sociais detonadas por um neoliberalismo econômico anti-humano. Os seres humanos estão de volta, de diferentes modos, no mundo inteiro. É simbólico que um cacique do povo paíter seja um dos protagonistas desse acontecimento histórico. Há pouco mais de meio século, quando os brancos começavam a se aproximar dessa nação e a invadir seu território, em Rondônia, quando o cacique com eles se defrontou, estendeu-lhes as mãos e proclamou “branco, eu te amanso”. Eu fazia pesquisa na região amazônica sobre a expansão da fronteira econômica interna e chegara a Rondônia pouco depois de uma tragédia shakespeariana envolvendo, justamente, um adolescente suruí e uma adolescente branca, filha de colonos capixabas. Oréia havia aprendido português nos primeiros contatos com a Funai e se integrou com a equipe de aproximação entre brancos e indígenas. Apaixonou-se por Orminda, e ela por ele. Foi imensa a resistência da família dela a um eventual casamento dos dois. Oréia fez o que foi comum na relação entre índios e brancos, até os anos 1970, o rapto de brancos por indígenas e o rapto de indígenas por brancos. A moça foi recapturada pela família e enviada de volta ao Espírito Santo, para os parentes que lá ficaram. Oréia entrou em profunda depressão. Os amigos de seu grupo de idade atacaram a família da moça, imaginando retomá-la. Houve mortes. A família atacada reagiu e atacou a aldeia indígena. Matou e esquartejou um Oréia inerte, na rede, e espalhou seus restos pela mata onde provavelmente seria devorado pelos animais. O artigo de Almir Paíter-Suruí e de Marcelo Thomé mostra que a luta do povo Suruí nesse meio século triunfou no amansamento do branco, no reconhecimento do indígena como ser de uma pluralidade situacional complexa, da qual o ser humano é o principal protagonista da recriação do mundo como um todo, como árvore, rio e chuva, flor e fruta, comida e remédio, cântico e alegria, sonho e esperança, como bem comum, como humanização do homem. O incrível significado dessa aliança inteligente nos fala de outros indícios de insurgência histórica que irrompem nas brechas de um mundo destroçado. *José de Souza Martins é sociólogo. Professor Emérito da Faculdade de Filosofia da USP. Professor da Cátedra Simón Bolivar, da Universidade de Cambridge, e fellow de Trinity Hall (1993-94). Pesquisador Emérito do CNPq. Membro da Academia Paulista de Letras. Entre outros livros, é autor de “As duas mortes de Francisca Júlia - A Semana de Arte Moderna antes da semana” (Editora Unesp, 2022). **************************************************************************************************
*** A sigla ESG vem do inglês e significa Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança). Esse conceito tem usos diferentes, podendo ser aplicado internamente, na gestão da empresa, ou externamente, para analisá-la. Portanto, o ESG é uma via de mão dupla! https://www.raizen.com.br/blog/esg-significado#:~:text=A%20sigla%20ESG%20vem%20do,uma%20via%20de%20m%C3%A3o%20dupla! *******************************************************************************************
*** 01/06/2023 Mormaço e parceria na floresta Em artigo publicado na Folha de São Paulo com o líder indígena Almir Suruí, Marcelo Thomé defende que desenvolvimento amazônico depende de parceria e inclusão de povos indígenas *** Mormaço e parceria na floresta Indígenas ou não, todos nós, brasileiros que vivemos na Amazônia precisamos da mesma oportunidade de produzir para viver, tendo o coração apaziguado pela certeza de que nossos filhos e netos terão essa mesma possibilidade de vida. Esse sonho pode até parecer uma idealização ancestral de povos originários da nossa grande floresta e dos seus rios, mas na verdade é um princípio básico da condição humana: trabalhar para sobreviver, prosperar em comunidade e legar um mundo melhorado. Podemos lidar com diferentes processos de produção, desde pequenos negócios comunitários até conglomerados de empresas, mas é preciso respeitar limites, construir consensos e trabalhar em parceria pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia, porque a temperatura sobe e o fogo avança na floresta, toma o lugar das águas, espanta as chuvas e seca a terra. A Organização Meteorológica Mundial emitiu recente alerta sobre fortes altas de temperatura nos próximos cinco anos, apesar dos últimos oito anos terem sido os mais quentes já registrados. A Amazônia sofrerá o impacto, com diminuição de chuvas e prejuízos para a agricultura brasileira. O pacto das Nações para conter o aquecimento global em 1,5 grau Celsius já não é garantia bastante. Cada vez mais, cada um de nós precisamos produzir cuidando melhor do ambiente. Ninguém deseja ser tutelado e muito menos, assimilado. A verdadeira inclusão é o abraço da aceitação e da igualdade. O povo Paiter Suruí quer conquistar sua autonomia econômica e busca meios e conhecimentos para o uso sustentável da sua terra, com 248 mil hectares entre os estados de Rondônia e Mato Grosso. Discutir a neoindustrialização não envolve um mero neologismo, mas afastar a ideia de reindustrializar o Brasil repetindo modelos não sustentáveis. Na Amazônia, então, a produção precisa ser descarbonizante e fortalecer a bioeconomia. Isso impõe uma Nova Indústria que associe floresta, agricultura, comércio, serviços e muita inclusão. Sem a conexão do setor produtivo com as comunidades tradicionais jamais seremos ESG nem verdadeiramente sustentáveis. Povos indígenas foram massacrados, tiveram culturas apagadas e quase sumiram do mapa. Se ainda estão aqui, é porque o Brasil é indígena há mais de 10 mil anos. Já é hora de uma integração verdadeira, honesta, boa para todos e para o ambiente. Temos muito o que aprender uns com os outros e devemos agregar conhecimento científico com saber tradicional. O Brasil só terá desenvolvimento sustentável se admitir o protagonismo econômico da Amazônia, que só será efetivo com a participação dos povos indígenas e populações tradicionais. O Governo Federal precisa garantir políticas públicas que permitam os estados do Norte superar desigualdades históricas e indicadores sociais humilhantes. A colaboração entre o povo Paiter Surui e o Instituto Amazônia+21 e a Federação das Indústrias do Estado de Rondônia, além de inovadora pauta de trabalho, vem declarar superadas velhas formas de permissão para extração de riquezas em terras indígenas e valorizar a capacidade produtiva das populações tradicionais. Se mormaço da floresta está mais quente, nossa parceria é um sopro novo de esperança na Amazônia. Almir Suruí é cacique geral do povo Paiter Suruí. Marcelo Thomé é presidente executivo do Instituto Amazônia+21 e presidente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia. O artigo foi publicado no jornal Folha de São Paulo nesta quinta-feira (01/06). REPRODUÇÃO DO ARTIGO - Os artigos publicados pela Agência de Notícias da Indústria têm entre 4 e 5 mil caracteres e podem ser reproduzidos na íntegra ou parcialmente, desde que a fonte seja citada. Possíveis alterações para veiculação devem ser consultadas, previamente. https://noticias.portaldaindustria.com.br/artigos/marcelo-thome/mormaco-e-parceria-na-floresta/ *************************************************************************************************

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