Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quinta-feira, 15 de junho de 2023
LUZ DOS OLHOS
"Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida."
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A dialética do tempo: história, ideologia e consciência em Antonio Gramsci
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“As consequências vêm depois” (Barão de Itararé)
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Luz Dos Olhos (part. Andrea)
Nando Reis
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“Passagem do saber ao compreender, ao sentir, e, vice-versa, do sentir ao compreender, ao saber."
Antonio Gramsci (saber, compreender, sentir)
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AÇÃO PF
PF cumpre mandados de busca e apreensão expedidos pelo STF
Medidas judiciais estão sendo cumpridas em Brasília/DF e Vitória/ES
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Brasília/DF – A Polícia Federal cumpre, na tarde desta quinta-feira (15/6), três mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, em endereços ligados a senador da República.
Os mandados judiciais estão sendo cumpridos em Brasília/DF e Vitória/ES.
As informações disponíveis estão restritas à presente nota.
tags: Polícia Federal Brasília/DF Vitória/ES Supremo Tribunal Federal
publicado
15/06/2023 16h27 Notícias
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Polícia Federal faz buscas em endereços do senador Marcos do Val
Operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Até a última atualização desta reportagem, agentes da PF estavam no Senado.
Por Isabela Camargo, GloboNews — Brasília
15/06/2023 15h57 Atualizado há 2 minutos
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) concede entrevista à imprensa — Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
A Polícia Federal realizou na tarde desta quinta-feira (15) buscas em endereços ligados ao senador Marcos do Val (Podemos-ES).
Policiais foram ao Senado e lá permaneciam até a última atualização desta reportagem.
No Senado, foi proibido o acesso de jornalistas ao corredor que dá acesso ao gabinete do senador. A presença da PF alterou a rotina do STF. Os mandados são cumpridos em Brasília e no Espírito Santo.
A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes também determinou que do Val deve prestar depoimento.
Ele é investigado por obstruir investigações sobre os atos golpistas do 8 de janeiro.
Indícios que basearam a operação são postagens do senador em redes sociais. Ao todo, são três mandados de busca e apreensão.
Em fevereiro deste ano, do Val acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira de organizarem uma reunião, no fim do ano, para propor o envolvimento do senador em um plano de golpe de Estado.
A reportagem tentou contato com do Val para ouvi-lo sobre a operação desta quinta, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
JAIR BOLSONARO
MARCOS RIBEIRO DO VAL
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PF faz busca e apreensão em endereços do senador Marcos do Val
Ordem judicial determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes inclui o gabinete de Do Val no Senado
Marcos do Val, senador
Waldemir Barreto/Agência Senado
Daniela Limada CNN
em São Paulo
15/06/2023 às 15:57 | Atualizado 15/06/2023 às 16:14
A Polícia Federal (PF) cumpre, na tarde desta quinta-feira (15), busca e apreensão em todos os endereços do senador Marcos do Val (Podemos-ES).
A ordem judicial determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes inclui o gabinete de Do Val no Senado Federal, em Brasília.
O senador Marcos do Val se tornou um pródigo disseminador de desinformação, segundo ele próprio, para “sacudir o sistema”.
Em 2 de fevereiro, em entrevista à revista Veja, o senador disse que foi “extorquido” pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a participar de uma trama golpista na qual ele grampearia Moraes motivando um pedido ilegal de prisão do ministro para interferir no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no resultado das eleições de outubro.
No mesmo dia, à CNN, ele afirmou que o ex-deputado federal Daniel Silveira o levou à reunião para tratar sobre um golpe de Estado. Do Val também confirmou que avisou o ministro do STF Alexandre de Moraes sobre o plano. Nessa entrevista, ele afirmou não foi coagido por Bolsonaro, que teria ficado calado durante a reunião com Silveira.
O senador também divergiu sobre o local em que o encontro teria ocorrido, tendo citado o Palácio da Alvorada, a Granja do Torto e o Palácio do Jaburu.
Após oferecer uma série de versões contraditórias sobre a reunião e o suposto plano golpista, o senador disse que “um dia as pessoas vão entender” e o “objetivo foi atingido”.
No dia 3 de fevereiro, Moraes decidiu abrir apuração contra o senador. De acordo com a decisão, foi determinado que “seja autuada petição autônoma e sigilosa, a ser instruída, inicialmente, com a cópia do pedido da Polícia Federal para autorização da realização de sua oitiva, com o despacho de autorização e com o inteiro teor de seu depoimento”.
No despacho, Moraes também expediu um ofício para os veículos de comunicação VEJA, CNN e Globo News, para que forneçam em até cinco dias as entrevistas que foram concedidas por Do Val.
Procurado pela CNN sobre a operação da PF desta quinta-feira, Marcos do Val afirmou que, por enquanto, não irá se pronunciar.
(Publicado por Léo Lopes)
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8 de Janeiro
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Ataque aos Três Poderes
Jair Bolsonaro
Marcos do Val
PF (Polícia Federal)
STF (Supremo Tribunal Federal)
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IDEOLOGIAS
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quinta-feira, 15 de junho de 2023
Ruy Castro - Trump e Bolsonaro, não se matem
Folha de S. Paulo
O suicídio não só faz mal à saúde como impede que se cumpram as sentenças em vida
Na coluna de 10 de janeiro de 2021, quatro dias depois do ataque ao Capitólio pelos zumbis de Donald Trump, e já certo de que ele teria de pagar por este e outros crimes que cometeu na Presidência dos EUA, recomendei a Trump que se matasse. E, como Bolsonaro o copiava em tudo e estava igualmente destinado ao banco dos réus, soprei-lhe que macaqueasse Trump também nessa. A sugestão gerou revolta entre os bolsonaristas e uma ameaça de processo pelo então ministro da Justiça de Bolsonaro, André Mendonça, baseado na Lei de Segurança Nacional.
E com razão: induzir alguém ao suicídio é crime. Imagine se Trump e Bolsonaro, sensibilizados, achassem que aquela era uma boa ideia, tomassem uísque com formicida e morressem no ato, aos estrebuchos. Seria algo inédito na história do jornalismo: o homem talvez ainda mais poderoso do mundo e o seu carbono do Brasil cometendo o tresloucado gesto, induzidos por um humilde colunista brasileiro.
Seria isto que os vassalos de Trump e Bolsonaro pensavam deles, que fossem dois idiotas? Não era a opinião dos seus respectivos advogados. Os de Trump me ignoraram olimpicamente e o de Bolsonaro, ao me ameaçar com um "processo", estava apenas cavando uma vaga no STF —que conseguiu. Trump e Bolsonaro, por sua vez, não se mataram. E que bom que tenha sido assim, porque, agora, quase ao mesmo tempo, responderão por, entre muitas acusações, furto de joias (Bolsonaro), negligência com documentos secretos (Trump) e instigação a golpe de Estado (ambos).
Como sempre, Trump está na frente. Seu processo num tribunal federal em Miami começou nesta terça (13) e o de Bolsonaro, em Brasília, no TSE, a partir do dia 22. E não ficará por aí. Outros tribunais e acusações os esperam.
Daí, retiro minha sugestão. Trump e Bolsonaro, por favor, não se matem. O suicídio não só faz mal à saúde como impede que se cumpram as sentenças em vida.
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Bula de Livro: Afirma Pereira, de Antonio Tabucchi
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POR CARLOS WILLIAN LEITE
EM BULA CONTEÚDO
05/02/2023 - 12:37
Terceiro (3º) livro lido, em 2023: “Afirma Pereira”, do italiano Antonio Tabucchi. Em poucas palavras: um detalhe chama atenção, a palavra “Afirma”, que nos faz, naturalmente, supor que se trata do nome do personagem, na verdade, é apenas um recurso narrativo utilizado por Antonio Tabucchi. A palavra é citada mais de 1000 vezes, em pouco mais de 150 páginas.
Um velho jornalista, obeso e de saúde frágil, editor da página cultural de um pequeno jornal vespertino de Lisboa, tem sua vida transformada, em um dos momentos mais trágicos da história da Europa: o avanço do Salazarismo em Portugal, a guerra civil espanhola e o Fascismo italiano. Doutor Pereira, que nunca quis ser um herói, leva uma vida simples, conversando com o retrato da mulher falecida, traduzindo contos franceses e escrevendo efemérides sobre autores do século 19.
Sua rotina muda bruscamente quando decide contratar um auxiliar, um jovem de origem italiana, envolvido na resistência contra as forças conservadoras europeias. Entre limonadas com muito açúcar — ao menos dez por dia — e omeletes com ervas aromáticas, sempre no mesmo café, dr. Pereira começa a questionar suas escolhas, decisões e, sobretudo, seu alheamento diante de tudo que está acontecendo em seu país.
Antonio Tabucchi criou uma obra magistral sobre a solidão, a consciência, o pertencimento e o peso das escolhas que fazemos: aceitar tudo candidamente ou se rebelar e aceitar as consequências? O livro é um conto moral, ao mesmo tempo, divertido, engraçado e brutal. É, também, um passeio por Lisboa, com descrições tão marcantes que são capazes de nos transportar para lá. Nota: 10
Livro: Afirma Pereira
Autor: Antonio Tabucchi
Tradução: Roberta Barni
Páginas: 160 páginas
Editora: Estação Liberdade
Nota: 10/10
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Roberto Freire on Twitter: "Excelente artigo de William Waack . Merece ser lido.
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quinta-feira, 15 de junho de 2023
William Waack - Enredo para uma série
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O Estado de S. Paulo
Personagens centrais do Congresso e do Executivo travam luta feroz pelo poder
Pode-se trocar os atores no atual teatro político em Brasília e não mudam os personagens centrais. Muito menos o enredo: uma luta feroz pelo poder entre Congresso e Executivo.
Os chefes do Executivo e das Casas Legislativas estão entrelaçados numa disputa pelos instrumentos básicos de atuação política – a alocação de recursos via orçamento público e a ocupação da máquina estatal.
É o resultado lógico de um péssimo “design” de sistema de governo que só piorou na última década. O conflito programado entre Executivo e Legislativo agravou-se com o resultado das últimas eleições, que não deu a lado algum peso decisivo para impor uma agenda política.
Mas o “clinch” institucional vivido por Arthur Lira e Lula não explica tudo, pois existe um largo espaço para a atuação de indivíduos. A de Lira tem sido a exploração brutal do que ele entende como prerrogativas de poder irrevogáveis do Parlamento. Seu maior problema é coordenar forças políticas fracionadas, que não obedecem a um comando central.
A atuação de Lula sofre devido à incompreensão das mudanças de poder, além de achar que suas vontades prevalecem sobre os fatos. Ele não desenvolveu até aqui um plano coerente de governo e de ação política, e está improvisando nas duas esferas. Obrigou-se ao microgerenciamento de infindáveis minicrises, deixando a sensação de que, quanto mais fala, menos se sai do lugar.
As principais pautas de interesse imediato para o País estão sendo empurradas, mas não conduzidas com um senso de horizonte um pouco mais amplo (seria mesmo uma utopia). A do arcabouço fiscal agrada ao desejo de gastar compartilhado entre Congresso e Executivo, mas, de maneira perversa, está dependendo em parte substancial do Judiciário para garantir aumento de arrecadação.
A reforma tributária será um grande sucesso se corrigir distorções. Ocorre que “distorções” é um eufemismo pelo qual se descreve como os mais variados interesses regionais, econômicos ou de segmentos criaram e defendem seus “direitos”, cuja acomodação via cofres públicos a crise fiscal impossibilita.
O mais dramático de um enredo desse tipo é a constatação de que o tamanho dos problemas supera a estatura e a capacidade de compreensão dos principais personagens políticos sobre o que está envolvido em termos de futuro do País. É um soberbo material para roteiristas de séries no “streaming”, sustentaria muitas temporadas e dezenas de capítulos. Infelizmente não se pode relaxar e assistir comendo pipoca. O que está em jogo não é apenas o destino dos personagens. É o de todos nós.
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Gramsci, inédito, em novo livro
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“Quando os Cadernos do cárcere começaram a ser publicados na Itália, em 1948, ficamos sabendo que, durante o fascismo, o marxismo teórico não estivera morto. O mais original intérprete de Marx, depois de Labriola, havia escrito suas obras maiores ― ‘für ewig’, como eles as definiu ― precisamente nos anos do fascismo triunfante. O marxismo de Gramsci não era o marxismo dos professores. Gramsci trocara os estudos universitários pela luta política e fora um dos fundadores do Partido Comunista Italiano. Tratava-se de um marxismo que não se punha à prova apenas diante dos problemas filosóficos tradicionais, mas que enfrentava problemas reais do nosso tempo: Gramsci era marxista no sentido de que prolongava na direção da crítica da política a obra que Marx desenvolvera tendo como referência particular a crítica da economia política.” -Norberto Bobbio
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Antonio Gramsci, um proeminente filósofo marxista italiano e teórico político, discute o valor e a natureza das ideologias no excerto citado. Ele começa por destacar um erro comum ao considerar as ideologias, que decorre do uso do termo tanto para se referir à superestrutura necessária de uma determinada estrutura quanto às especulações arbitrárias feitas por indivíduos. Esse sentido pejorativo da palavra tornou-se exclusivo, distorcendo a análise teórica do conceito de ideologia.
Gramsci sugere que o erro se desenrola em um processo de três etapas:
A ideologia é identificada como distinta da estrutura, e afirma-se que as ideologias não modificam a estrutura, mas sim o contrário.
Uma solução política específica é rotulada de "ideológica", implicando que é insuficiente para modificar a estrutura. No entanto, se for considerada inútil ou tola, acredita-se que ela seja capaz de modificar a estrutura.
Conclui-se que todas as ideologias são puramente superficiais, inúteis e tolas.
Gramsci argumenta que é necessário distinguir entre ideologias historicamente orgânicas, que são necessárias para uma estrutura específica, e ideologias arbitrárias, racionalistas e voluntaristas. As ideologias historicamente necessárias possuem uma validade psicológica; elas organizam as massas, fornecem um quadro para as pessoas compreenderem sua posição e orientam suas ações e lutas. Por outro lado, as ideologias arbitrárias geram apenas movimentos individuais e controvérsias. No entanto, mesmo essas ideologias arbitrárias não são totalmente inúteis, pois servem como contrapontos à verdade e às afirmações.
Este excerto destaca a perspectiva de Gramsci sobre a complexidade das ideologias, reconhecendo que algumas ideologias são essenciais e moldam estruturas sociais, enquanto outras são mais individualistas e carecem de significado mais amplo. As ideias de Gramsci sobre ideologias e seu papel na sociedade são desenvolvidas de forma mais aprofundada em sua obra renomada, os "Cadernos do Cárcere".
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Nas entrelinhas: A estrela de Haddad brilha com a nova classificação de risco
Publicado em 15/06/2023 - 06:34 Luiz Carlos Azedo
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Brasília, Comunicação, Congresso, Economia, Eleições, Governo, Memória, Partidos, Política, Política, Saúde
Se a articulação de Haddad na Câmara foi um sucesso, a crise com o União Brasil está longe de ter sido resolvida. O centro da disputa não é o Turismo, é o Ministério da Saúde
O ministro mais bem-sucedido do governo Lula até agora é Fernando Haddad, da Fazenda, que está construindo a sua própria blindagem no Congresso, com muito diálogo, capacidade de articulação e uma orientação econômica que vem obtendo resultados positivos e mais aceitação no mercado. A blindagem política do ministro da Fazenda foi um dos principais fatores de sucesso do presidente Fernando Henrique Cardoso e do próprio presidente Lula, nos mandatos anteriores.
O caso do ministro Pedro Malan é o mais simbólico, embora tivesse um perfil técnico muito mais sofisticado do que o de Haddad, que não é economista. Malan pilotou a execução do Plano Real com muito pragmatismo e firmeza, mas isso não impediu o “fogo amigo” dentro do próprio governo. A trombada mais feia foi com o ministro Clovis Carvalho, que havia saído da Casa Civil para assumir o Ministério do Desenvolvimento, no segundo mandato de FHC. Ousou criticar Malan publicamente e acabou defenestrado.
No primeiro governo Lula, o ministro Antônio Palocci também recebeu todo apoio para dar continuidade à política de estabilização da moeda do governo anterior, centrada no equilíbrio fiscal, no câmbio flutuante e na meta de inflação. Era fustigado pelo então chefe da Casa Civil, José Dirceu, mas tinha o apoio de Luís Gushiken, seu grande aliado desde os tempos da Libelu, a irreverente tendência trotskista do movimento estudantil paulista.
Dirceu caiu primeiro do que Palocci, mas não por isso; eram embates entre velhos amigos. Entretanto, Dilma Rousseff, que assumiu a Casa Civil e, depois, seria a vitoriosa candidata de Lula à Presidência, era economista. Adversária agressiva, constrangia o ministro da Fazenda em reuniões ministeriais, ao fazer contas com a calculadora do Nokia, seu celular, para contestar as propostas “neoliberais” da equipe econômica, e seus supostos impactos sociais e econômicos negativos. Seu estilo durão transformou-a na mais poderosa ministra de Lula.
A crise financeira mundial de 2008, provocada pelo colapso do alavancado mercado imobiliário norte-americano, mais do que o escândalo que derrubou Palocci, favoreceu as teses nacional-desenvolvimentistas de Dilma, que entrariam em sintonia com as ideias do novo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Foi a gênese da chamada “nova matriz econômica”, uma política anticíclica que garantiu notáveis índices de aprovação de Lula ao final de seu segundo mandato, mas acabou sendo uma das causas do colapso econômico do governo Dilma.
O fogo amigo do PT contra a política econômica, que marcou os primeiros 100 dias do governo Lula, foi extinto na aprovação do novo arcabouço fiscal pela Câmara, negociado exaustivamente pelo ministro Fernando Haddad com o relator Cláudio Cajado (PP-BA), os líderes do Centrão e, principalmente, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Havia um compromisso de Lira com o presidente Lula de aprovar o projeto, mas sua conformação, que contrariou parte da bancada petista, foi produto de um amplo acordo político.
Nota de risco
Nesta quarta-feira, antes mesmo de o novo arcabouço fiscal ser aprovado no Senado, o governo colheu os primeiros frutos de sua orientação econômica no mercado financeiro. A agência de classificação de risco S&P Global Ratings alterou o rating (nota de crédito) do Brasil de estável para positiva. Isso não acontecia desde 2019. O rating de crédito soberano, que reflete a capacidade do país de honrar seus compromissos financeiros, foi reiterado em “BB”. Essa classificação aponta que o Brasil está menos vulnerável ao risco no curto prazo, mas ainda enfrenta incertezas em relação a condições financeiras e econômicas adversas.
Haddad, no Twitter, comemorou: “Nossa economia já demonstra uma capacidade grande de apresentar resultados positivos. Dólar caindo, PIB crescendo, inflação sob controle e a classificação do Brasil melhorando frente ao mundo. Ainda há muito o que fazer. Vamos em frente!”. Aproveitou a notícia boa para afirmar que as condições para a redução das taxas de juros estão dadas, porque a inflação deve ficar dentro da meta.
Se a articulação de Haddad na Câmara foi um sucesso, a crise com o União Brasil está longe de ter sido resolvida. Nesta quarta-feira, o chefe da Casa Civil, Rui Costa, que é muito criticado na Câmara, almoçou com o líder da legenda, Elmar Nascimento (União-BA), na residência do parlamentar. A conversa não foi boa. O parlamentar saiu do encontro e anunciou que a legenda somente apoiará o governo quando o presidente da Câmara, Arthur Lira, for convidado por Lula a indicar um ministro que tenha seu apoio. O União Brasil pretende substituir a deputada Daniela Carneiro (RJ), esposa do prefeito de Belford Roxo, que balança no cargo de ministra do Turismo, mas vem sendo mantida por Lula. Para o governo ter o apoio de Lira, o PP quer o comando do Ministério da Saúde.
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Ideologia (Ao Vivo)
Frejat
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IDEOLOGIES
Antonio Gramsci, a prominent Italian Marxist philosopher and political theorist, discusses the value and nature of ideologies in the quoted passage. He begins by pointing out a common error in considering ideologies, which stems from using the term to refer both to the necessary superstructure of a particular structure and to arbitrary speculations by individuals. This pejorative sense of the word has become exclusive, distorting the theoretical analysis of the concept of ideology.
Gramsci suggests that the error unfolds through a three-step process:
The ideology is identified as distinct from the structure, and it is claimed that ideologies do not modify the structure but rather the other way around.
A particular political solution is labeled "ideological," implying that it is insufficient to modify the structure. However, if it is considered useless or foolish, it is believed to be capable of modifying the structure.
The conclusion is drawn that all ideologies are purely superficial, useless, and foolish.
Gramsci argues that it is necessary to distinguish between historically organic ideologies, which are necessary for a particular structure, and arbitrary, rationalistic, and voluntaristic ideologies. Historically necessary ideologies have a psychological validity; they organize the masses, provide a framework for people to understand their position, and guide their actions and struggles. On the other hand, arbitrary ideologies merely generate individual movements and controversies. However, even these arbitrary ideologies are not entirely useless, as they serve as counterpoints to truth and affirmations.
This passage highlights Gramsci's perspective on the complexity of ideologies, acknowledging that some ideologies are essential and shape social structures, while others are more individualistic and lack broader significance. Gramsci's ideas on ideologies and their role in society are further developed in his renowned work, the "Prison Notebooks" (Cadernos do Cárcere).
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Ideology Is Theft
Saosin
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Cadernos do cárcere (Vol. 2) Capa comum – 13 junho 2022
por Antônio Gramsci (Autor), Luiz Sérgio Henriques (Tradutor), & 2 mais
Este volume constitui uma autocrítica: Gramsci questiona qual deve ser o papel representado pelos intelectuais num cenário de inflamada luta política. Para organizar sua análise, Gramsci investiga a educação como processo de ação e instrumento de luta, além do lugar dos jornalistas na divulgação dos acontecimentos.
Esta edição brasileira dos Cadernos do cárcere foi organizada por Carlos Nelson Coutinho, reconhecido internacionalmente como um dos maiores especialistas no pensamento de Gramsci, com a colaboração de Luiz Sérgio Henriques, editor da revista eletrônica Gramsci e o Brasil, e de Marco Aurélio Nogueira, professor livre-docente’ da Universidade Estadual Paulista.
“Uma nova geração de estudiosos passa a ter agora acesso direto aos textos originais nos quais Gramsci expõe suas concepções a respeito do Estado e da sociedade civil, bem como sobre o bom senso e o senso comum, sobre hegemonia e coerção, sobre a revolução passiva e a democracia cosmopolita, sobre guerra de posição e guerra de movimento, sobre o conformismo e o nacional-popular, ou sobre os intelectuais e a organização da cultura.” - Leandro Konder
“Quando os Cadernos do cárcere começaram a ser publicados na Itália, em 1948, ficamos sabendo que, durante o fascismo, o marxismo teórico não estivera morto. O mais original intérprete de Marx, depois de Labriola, havia escrito suas obras maiores ― ‘für ewig’, como eles as definiu ― precisamente nos anos do fascismo triunfante. O marxismo de Gramsci não era o marxismo dos professores. Gramsci trocara os estudos universitários pela luta política e fora um dos fundadores do Partido Comunista Italiano. Tratava-se de um marxismo que não se punha à prova apenas diante dos problemas filosóficos tradicionais, mas que enfrentava problemas reais do nosso tempo: Gramsci era marxista no sentido de que prolongava na direção da crítica da política a obra que Marx desenvolvera tendo como referência particular a crítica da economia política.” -Norberto Bobbio
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As edições dos Cadernos do Cárcere de Antonio Gramsci.
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Blog Junho
19 de mar. de 2017
Em 2017, completam-se 80 anos da morte de Antonio Gramsci. Para celebrar sua memória e pensamento, o Blog Junho realiza uma série de vídeos para apresentar sua obra e discuti-la.
Neste vídeo, o prof. Alvaro Bianchi (Unicamp) apresenta os Cadernos do Cárcere (1929-1935) que Gramsci escreveu quando era prisioneiro do fascismo italiano e fala das edições destes escritos na Itália e no Brasil.
Produção: Daniela Mussi e Alvaro Bianchi
Realização: Blog Junho. Acesse: www.blogjunho.com.br
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quinta-feira, 15 de junho de 2023
Opinião do dia – Antonio Gramsci* (Ideologias)
“Um elemento de erro na consideração sobre o valor das ideologias, ao que me parece, deve-se ao fato (fato que, ademais, não é casual) de que se dê o nome de ideologia tanto à superestrutura necessária de uma determinada estrutura, como às elucubrações arbitrárias de determinados indivíduos. O sentido pejorativo da palavra tornou-se exclusivo, o que modificou e desnaturou a análise teórica do conceito de ideologia. O processo deste erro pode ser facilmente reconstruído: 1) identifica-se a ideologia como sendo distinta da estrutura e afirma-se que não são as ideologias que modificam a estrutura, mas sim vice-versa; 2) afirma-se que uma determinada solução política é “ideológica”, isto é, insuficiente para modificar a estrutura, enquanto crê poder modificá-la se afirma que é inútil, estúpida, etc.; 3) passa-se a afirmar que toda ideologia é “pura” aparência, inútil; estúpida, etc. É necessário, por conseguinte, distinguir entre ideologias historicamente orgânicas, isto é, que são necessárias a uma determinada estrutura, e ideologias arbitrárias, racionalísticas, “voluntaristas”. Enquanto são historicamente necessárias, as ideologias têm uma validade que é validade “psicológica”: elas “organizam” as massas humanas, formam o terreno no qual os homens se movimentam, adquirem consciência de sua posição, lutam, etc. Enquanto são “arbitrárias”, não criam mais do que “movimentos” individuais, polêmicas, etc. (nem mesmo estas são completamente Inúteis, já que funcionam como o erro que se contrapõe à verdade e a afirma).”
*Antonio Gramsci (1891-1937). Cadernos do Cárcere, v.1. p.237-8. Civilização Brasileira, 2006.
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Luz Dos Olhos
Cássia Eller
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Ponho os meus olhos em você
Se você está
Dona dos meus olhos é você
Avião no ar
Dia pra esses olhos, sem te ver
É como o chão do mar
Liga o rádio a pilha, a TV
Só pra você escutar
A nova música que eu fiz agora
Lá fora, a rua vazia chora
Os meus olhos vidram ao te ver
São dois fãs, um par
Pus nos olhos vidros pra poder
Melhor te enxergar
Luz dos olhos, para anoitecer
É só você se afastar
Pinta os lábios para escrever
A tua boca em mim
Que a nossa música eu fiz agora
Lá fora, a Lua irradia a glória
Porque eu te chamo
Eu te peço: Vem
Diga que você me quer
Porque eu te quero também
Faço as pazes lembrando
Passo as tardes tentando lhe telefonar
Cartazes te procurando
Aeronaves seguem pousando
Sem você desembarcar
Pra eu te dar a mão nessa hora
Levar as malas pro Fusca lá fora
E eu vou guiando
Eu te espero, vem
Siga aonde vão meus pés
Porque eu te sigo também
Eu te amo, oh
Eu te peço: Vem, vem, vem
Diga que você me quer
Porque eu te quero também
Composição: Nando Reis
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POLÍTICA
Os covardes nunca estão na linha de frente!
É inadmissível que a legislação brasileira não considere crime um presidente sair fugido do país, em pleno exercício do mandato.
por General Santos Cruz em 11/06/23 10:02
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Foto: Flickr Exército Brasileiro
De todas as instituições que Bolsonaro prejudicou e desgastou, a que mais sofreu, e vem sofrendo, é o Exército Brasileiro.
Entre erros e acertos, que acontecem em todos os governos, as áreas que Bolsonaro mais teve êxitos foram: conflito; desrespeito; extremismo; desgaste das instituições; e até do pessoal mais próximo, como o Ajudante de Ordens e alguns auxiliares diretos. Ele teve, também, muito sucesso como cabo eleitoral do seu opositor, sem tirar o mérito próprio do atual presidente.
No show de besteiras sempre foram embutidas fanfarronices como: meu Exército; discursos inoportunos de cunho político em cerimônias militares; inúteis e ridículas flexões de braço; entre outras. Sem contar o sequestro das cores e símbolos nacionais, camiseta da seleção brasileira, passeios de jet-ski e “motociatas”, até a idiotice do “imbrochável”.
A partir da derrota nas urnas foram estimulados os tais acampamentos em frente aos quartéis para pressionar o Exército a tomar uma decisão política descabida. Quando isso não ocorreu, iniciou-se um grande volume de críticas ofensivas e até criminosas ao Exército e a seus oficiais em função de comando. Opiniões positivas e negativas são absolutamente normais. Mas o que se viu e se vê, são críticas originadas por oportunismo e fanatismo político, frustrações pessoais, “heroísmo” de internet, falta de noção de disciplina, de respeito, e de limites do que é liberdade de opinião.
Alguns covardes e inconsequentes queriam que, depois de um processo eleitoral, dois turnos e um candidato eleito, o Exército impedisse o prosseguimento normal da vida nacional tomando uma decisão política absurda. Essa tentativa de transferência de responsabilidade é a mais profunda traição já sofrida pelo Exército. A milícia digital foi fundamental para esse processo criminoso de manipulação da opinião.
Depois de perder a eleição, por medo de assumir suas responsabilidades, Bolsonaro entrou numa omissão inaceitável, ficando cerca de dois meses em chilique político, vitimização, choradeira, com aparições grotescas, que a milícia digital tentava transformar em mensagens enigmáticas para os acampados em frente aos quartéis, em especial em Brasília, prometendo uma decisão fantástica iminente. E a gangue da internet fazendo o trabalho de mantê-los na posição.
Nenhum dos covardes e fanfarrões que atacavam e atacam atualmente o Exército teve coragem de ir até junto daquelas pessoas acampadas na frente dos quartéis. Os covardes nunca estão na linha de frente! Eles estão sempre escondidos nos seus gabinetes, nas suas imunidades, na internet, nos grupos de redes sociais, no anonimato etc. Eles empurram a massa de manobra para fazer besteiras. Os manipulados e os inocentes úteis que se acertem com a Justiça!
As autoridades de nível político com obrigação de fazer uma orientação clara e honesta aos acampados eram o Presidente da República e o Ministério da Defesa, e não o comandante do Exército. Este é uma autoridade operacional, integrante da própria Força que, apesar de nomeados pelo Presidente da República, não têm função política. O Presidente se omitiu, deixou que alguns fanáticos e a milícia digital manipulassem a ideia de transferência de responsabilidade que era dele, Presidente, para o Exército. O Ministério da Defesa não se manifestou e não defendeu o Exército. O comandante se manteve em atitude disciplinada e não quis se dirigir diretamente à população, ultrapassando o Ministério da Defesa e o Presidente da República. O Exército não cedeu à pressão. O Exército engoliu essa barbaridade em nome da disciplina e da institucionalidade.
Decisão política é da responsabilidade do Presidente da República e não do Exército. Mas o Presidente ficou sorrateiramente em silêncio até fugir do país para passear por três meses nos EUA. É inadmissível que a legislação brasileira não considere crime um presidente sair fugido do país, em pleno exercício do mandato. Quando fugiu, Bolsonaro não teve nem a consideração e o respeito de se dirigir aos acampados e dizer-lhes que voltassem para suas casas, que a expectativa deles não iria se realizar, que não era uma decisão da competência do Exército …. e que ele iria passear em Miami! Essa foi a apoteose da covardia! Mas a milícia digital arrumou logo as “justificativas” para a fuga covarde.
Atacar o Exército não é o caminho para a solução dos muitos e graves problemas nacionais. Isso é simplesmente oportunismo e covardia!
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ACAMPAMENTO , BOLSONARO , CANDIDATO , ELEIÇÃO , EXÉRCITO , INSTITUIÇÕES , RESPONSABILIDADE
Comentários ( 1 )
Andréa
14/06 às 20:50
Espero que a justiça brasileira puna esse covarde e oportunista. Coisa que o exército não fez. Esperança, pois existe resistência ao golpismo.
Conteúdo: MyNews
https://canalmynews.com.br/colunistas/os-covardes-nunca-estao-na-linha-de-frente/
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General Santos Cruz: "Bolsonaro fez uma canalhice. É uma vergonha para o Brasil, um criminoso."
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Marco Antonio Villa
https://www.youtube.com/watch?v=MvaNnbPYcjM
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Antonio Gramsci, an Italian Marxist philosopher and political theorist, explores the relationship between knowledge, understanding, and feeling in the passage you provided. Gramsci argues that there is a reciprocal relationship between these three elements, and the absence of any of them leads to either pedantry or blind passion.
Gramsci suggests that the popular element tends to feel but may not always comprehend or possess knowledge. On the other hand, the intellectual element often possesses knowledge but may lack understanding and feeling. According to Gramsci, both extremes are problematic. Pedantry and philistinism arise when one is passionate without true comprehension, just as blind passion and sectarianism can be detrimental.
Gramsci points out that intellectuals make a mistake when they believe they can have knowledge without understanding and, more importantly, without feeling or passion. He argues that intellectuals should not detach themselves from the people and the nation but should feel and understand their elemental passions. By comprehending and justifying these passions within a specific historical context and relating them dialectically to the laws of history and a scientifically formulated worldview, intellectuals can be true intellectuals (and not mere pedants).
Gramsci emphasizes that politics and history cannot be pursued without this passion, this sentimental connection between intellectuals and the people or the nation. Without this connection, the relationship between intellectuals and the people becomes purely bureaucratic and formal, and intellectuals turn into a privileged class or a priesthood. Genuine representation, according to Gramsci, occurs when intellectuals and the people or the governed and the governors have an organic relationship, where sentiment and passion transform into understanding and, therefore, knowledge (not in a mechanical way, but as a lived experience). In this dynamic, individual elements are exchanged between the governed and the governors, and the collective life is realized, representing the only social force—a "historical bloc."
Gramsci also criticizes a certain scholarly perspective, exemplified by De Man, that merely studies popular sentiments without actively engaging and guiding them towards a catharsis of modern civilization. He likens this approach to that of a folklorist who fears that modernity will destroy the subject of their study. While Gramsci recognizes the scholarly need to objectively understand popular sentiments, he also emphasizes the importance of considering them as essential and active forces within the historical movement.
Overall, Gramsci's viewpoint underscores the necessity for intellectuals to connect with the passions and sentiments of the people they aim to represent and guide. By merging knowledge, understanding, and feeling, they can foster a genuine relationship and contribute to the development of a "historical bloc" and a transformative social force.
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Antonio Gramsci, um filósofo marxista italiano e teórico político, explora a relação entre conhecimento, compreensão e sentimento no trecho que você forneceu. Gramsci argumenta que há uma relação recíproca entre esses três elementos, e a ausência de qualquer um deles leva ao pedantismo ou à paixão cega.
Gramsci sugere que o elemento popular tende a sentir, mas nem sempre compreende ou possui conhecimento. Por outro lado, o elemento intelectual frequentemente possui conhecimento, mas pode faltar entendimento e sentimento. Segundo Gramsci, ambos os extremos são problemáticos. O pedantismo e o filistinismo surgem quando alguém é apaixonado sem verdadeira compreensão, assim como a paixão cega e o sectarismo podem ser prejudiciais.
Gramsci destaca que os intelectuais cometem um erro quando acreditam que podem ter conhecimento sem entendimento e, mais importante, sem sentimento ou paixão. Ele argumenta que os intelectuais não devem se afastar do povo e da nação, mas devem sentir e entender suas paixões elementares. Ao compreender e justificar essas paixões dentro de um contexto histórico específico e relacioná-las dialeticamente às leis da história e a uma visão de mundo cientificamente formulada, os intelectuais podem ser verdadeiros intelectuais (e não meros pedantes).
Gramsci enfatiza que a política e a história não podem ser perseguidas sem essa paixão, essa conexão sentimental entre os intelectuais e o povo ou a nação. Sem essa conexão, o relacionamento entre os intelectuais e o povo se torna puramente burocrático e formal, e os intelectuais se transformam em uma classe privilegiada ou um sacerdócio. A representação genuína, segundo Gramsci, ocorre quando os intelectuais e o povo, ou os governados e os governantes, têm uma relação orgânica, onde sentimento e paixão se transformam em compreensão e, portanto, conhecimento (não de maneira mecânica, mas como uma experiência vivida). Nessa dinâmica, elementos individuais são trocados entre os governados e os governantes, e a vida coletiva é realizada, representando a única força social - um "bloco histórico".
Gramsci também critica uma certa perspectiva acadêmica, exemplificada por De Man, que estuda apenas os sentimentos populares sem se envolver ativamente e orientá-los em direção a uma catarse da civilização moderna. Ele compara essa abordagem à de um folclorista que teme que a modernidade destrua o objeto de seu estudo. Embora Gramsci reconheça a necessidade acadêmica de entender objetivamente os sentimentos populares, ele também enfatiza a importância de considerá-los como forças essenciais e ativas dentro do movimento histórico.
Em suma, o ponto de vista de Gramsci destaca a necessidade de os intelectuais se conectarem com as paixões e os sentimentos das pessoas que eles buscam representar e orientar. Ao unir conhecimento, compreensão e sentimento, eles podem promover um relacionamento genuíno e contribuir para o desenvolvimento.
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quarta-feira, 14 de junho de 2023
Opinião do dia – Antonio Gramsci (saber, compreender, sentir)
“Passagem do saber ao compreender, ao sentir, e, vice-versa, do sentir ao compreender, ao saber. O elemento popular “sente”, mas nem sempre compreende ou sabe; o elemento intelectual “sabe”, mas nem sempre compreende e, menos ainda, “sente”. Os dois extremos são, portanto, por um lado, o pedantismo e o filisteísmo, e, por outro, a paixão cega e o sectarismo. Não que o pedante não possa ser apaixonado, ao contrário; o pedantismo apaixonado é tão ridículo e perigoso quanto o sectarismo e a mais desenfreada demagogia. O erro do intelectual consiste em acreditar que se possa saber sem compreender e, principalmente, sem sentir e estar apaixonado (não só pelo saber em si, mas também pelo objeto do saber), isto é, em acreditar que o intelectual possa ser um intelectual (e não um mero pedante) mesmo quando distinto e destacado do povo-nação, ou seja, sem sentir as paixões elementares do povo, compreendendo-as e, portanto, explicando-as e justificando-as em determinada situação histórica, bem como relacionando-as dialeticamente com as leis da história, com uma concepção do mundo superior, científica e coerentemente elaborada, com o “saber”; não se faz política-história sem esta paixão, isto é, sem esta conexão sentimental entre intelectuais e povo-nação. Na ausência deste nexo, as relações do intelectual com o povo-nação são, ou se reduzem, a relações de natureza puramente burocrática e formal; os intelectuais se tornam uma casta ou um sacerdócio (o chamado centralismo orgânico). Se a relação entre intelectuais e povo-nação, entre dirigentes e dirigidos, entre governantes e governados, é dada graças a uma adesão orgânica, na qual o sentimento-paixão torna-se compreensão e, desta forma, saber (não de uma maneira mecânica, mas vivida), só então a relação é de representação, ocorrendo a troca de elementos individuais entre governantes e governados, entre dirigentes e dirigidos, isto é, realiza-se a vida do conjunto, a única que é força social; cria-se o “bloco histórico”. De Man “estuda” os sentimentos populares; não concorda com eles para dirigi-los e conduzi-los a uma catarse de civilização moderna: sua posição é semelhante à do estudioso do folclore, que teme continuamente que a modernidade destrua o objeto da sua ciência. Por outro lado, existe em seu livro o reflexo pedante de uma exigência real: a de que os sentimentos populares sejam conhecidos e estudados tais como se apresentam objetivamente e não considerados como algo negligenciável e inerte no movimento histórico.”
Antonio Gramsci (1891-1937). Cadernos do Cárcere, v.1. p.221-2. Civilização Brasileira, 2006.
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