sexta-feira, 23 de junho de 2023

APROVEITA GENTE

---------- Um simples ramo de oliveira destaca-se timidamente sobre a lápide lisa, semicoberto por informações que perturbam pelo laconismo: Antonio Gramsci, Ales, 22.1.1891; Roma, 27.4.1937. ----------- Se fosse vivo e morasse no Brasil, certamente na biblioteca de Gramsci encontrariam-se os livros de Paulo Coelho & cia., e ele se reservaria um tempinho para assistir ao Ratinho, às novelas e ao Jornal Nacional, na dura luta para decifrar as infinitas esfinges que devoram sem cessar a alma da sofrida gente brasileira. Gramsci e Paulo Coelho Mário Maestri - 2001 ---------- Mário Maestri é professor do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo. Estes textos foram originalmente publicados no Correio da Cidadania, em 24 de janeiro e em 24 de março de 2001. ----------
---------- sexta-feira, 23 de junho de 2023 Opinião do dia – Antonio Gramsci* (Realidade efetiva) “O político em ato é um criador, um suscitador, mas não cria a partir do nada nem se move na vazia agitação de seus desejos e sonhos. Toma como base a realidade efetiva: mas o que é esta realidade efetiva? Será algo estático e imóvel, ou, ao contrário, uma relação de forças em contínuo movimento e mudança de equilíbrio? Aplicar a vontade à criação de um novo equilíbrio das forças realmente existentes e atuantes, baseando-se naquela determinada força que se considera progressista fortalecendo-a para fazê-la triunfar, significa continuar movendo-se no terreno da realidade efetiva, mas para dominá-la e superá-la (ou contribuir para isso). Portanto, o "dever a ser” é algo concreto, ou melhor, somente ele é interpretação realista e historicista da realidade, somente ele é história em ato e filosofia em ato, somente ele é política. “ *Antonio Gramsci (1891-1937). Cadernos do Cárcere, v.3. p.35. Civilização Brasileira, 2007. ----------
---------- sexta-feira, 23 de junho de 2023 José de Souza Martins* - Poder e direito à diferença na Câmara dos Deputados -----------
---------- Eu & / Valor Econômico Casa tem uma notável história de presenças de pessoas que se expressam com lucidez e democrático compromisso com o mandato no marco de referência da Constituição Estes primeiros meses da nova legislatura da Câmara dos Deputados fazem uma interessante revelação sobre o Brasil político: a enorme e democrática importância dos parlamentares que expressam o modo de pensar e de ser dos brasileiros que não sucumbiram à prepotência e às violações do bolsonarismo e suas aspirações ditatoriais antidemocráticas e antissociais. Desde a CPI da Covid já havia indícios desse novo e pluralista sujeito da democracia. Da podridão do regime de 2019 nascia um novo Brasil político. Mesmo quem é eleito por gente autoritária e intolerante, apesar do seu atraso barulhento, o que tem legitimidade no poder é o que terá sentido na perspectiva constitucional e democrática. Frequentemente, na prática legislativa, os que falam fora dos marcos constitucionais nada falam. São parlamentares inúteis porque ignorantes do que é representação política, isto é, o Outro que define a sua identidade de representante de um sujeito político que não é ele próprio. A Câmara tem uma notável história de presenças sempre surpreendentes, de pessoas que se expressam com grande lucidez e democrático compromisso com o mandato no marco de referência da Constituição e das leis, um sujeito maior e melhor do que suas pessoas, a democracia. Nas Comissões Parlamentares de Inquérito temos visto mulheres e homens de grande discernimento e coragem a enfrentar a prepotência e o autoritarismo de deputados que se julgam eleitos para negar o significado constitucional profundo do voto e da representação política. Representação quer dizer presença do ausente e não presença própria. Eleito, o deputado nega-se na alteridade de que é voz e presença para viabilizá-la. Na aceitação do mandato há uma renúncia sacrificial à pessoalidade e à subjetividade que passam a existir entre parênteses na vida privada do eleito. Mesmo que um parlamentar tenha no punhado dos seus constituintes um elenco suficientemente numeroso de pessoas destituídas de discernimento propriamente político e que ele próprio seja um ignorante completo, sua voz se esgota no limite da identidade do representado, o ser coletivo de uma vontade republicana e democrática anterior a esse mandato. O de um momento relativamente raro, o da Constituinte, que deu vida ao nosso melhor projeto de nação. A mais lúcida expressão de nossas necessidades sociais, pluralistas e democráticas: a Constituição de 1988. É mais do que um documento de referência. É um mandato e um pacto de destino. Nesse marco, o mandato é um filtro que segrega tudo que o nega. Quando a pessoa tira o título eleitoral, adere ao pacto político implícito, torna-se membro da ordem política, regulada pela Constituição. Sujeita-se, torna-se outra e diferente pessoa, torna-se o Outro, altruísta, sujeito da cidadania. Da Câmara atual, faz parte um membro da família imperial brasileira. A Câmara é uma instituição do Poder Legislativo e, constitucionalmente, local da voz política de um Brasil republicano. Ali, o membro da família monárquica não representa uma opção pela monarquia, mas a tolerância do nosso regime republicano pela diferença que ele é. O regime político brasileiro tolera democraticamente essa diferença e lhe dá o direito de falar no marco de referência da República. Um monarquista pode ser voz de expressão de vontades sociais construtivas no aperfeiçoamento da sociedade democrática e republicana. Pode-se aplicar o mesmo princípio à questão da religião. O eleito pode ser evangélico ou católico ou professo de qualquer outra convicção religiosa ou de nenhuma. Somos um país que tem pelo menos 1 milhão de pessoas que têm fé, mas não têm religião e tem numerosos professos de religiões que são ecumênicos, isto é, pluralistas. O evangélico ou o confessante de qualquer outra religião não pode transformar nenhum dos poderes da República em templo de sua crença ou de sua falta de crença. Isso negaria a própria liberdade democrática que lhe permite ser religiosamente único e politicamente plural. Foi o Brasil oficialmente católico que, já no Império, reconheceu o direito à diversidade religiosa que abriu espaço para que protestantes tivessem voz e opinião religiosa no país. Sem isso, o nosso teria permanecido um país antidemocraticamente fechado à importância socialmente criativa da diversidade das crenças, isto é, da pluralidade das formas de conhecimento do sagrado. Essa postura do Brasil católico ampliou nosso caminho rumo à civilização. Não tenho o menor direito de impor ao outro minhas convicções religiosas se elas limitam e tolhem as suas. Até porque, desse modo, minha intolerância comprometerá minha própria liberdade de crença. A política é dialética. *José de Souza Martins é sociólogo. Professor Emérito da Faculdade de Filosofia da USP. Professor da Cátedra Simón Bolivar, da Universidade de Cambridge, e fellow de Trinity Hall (1993-94). Pesquisador Emérito do CNPq. Membro da Academia Paulista de Letras. Entre outros livros, é autor de “As duas mortes de Francisca Júlia - A Semana de Arte Moderna antes da semana” (Editora Unesp, 2022). ----------
----------- 👇CHATEANDO COM O GPT: ------------ User "SOFRENDO PRESSÕES, DENÚNCIAS E AMEAÇAS POR SEUS ERROS, MAUS FEITOS E, QUIÇÁ, CRIMES, ACABOU CAPITULANDO. PAGOU TRIBUTO NA BASE. OU SEJA, TREMEU COMO VARA VERDE. DE TIGRÃO, ABRUPTAMENTE, HOUVE A IRRUPÇÃO DE UM GATINHO." ChatGPT No contexto fornecido, as expressões "pagou tributo na base" e "tremeu como vara verde" estão sendo usadas de forma figurada para descrever o comportamento de alguém diante de pressões, denúncias e ameaças devido a seus erros, más ações ou possíveis crimes. Ambas as expressões indicam que a pessoa, que anteriormente se mostrava confiante e poderosa ("de tigrão"), cedeu, fraquejou ou demonstrou fragilidade ("gatinho") diante das circunstâncias adversas. No contexto dado, "pagar tributo na base" sugere que a pessoa enfrentou as consequências de suas ações e sofreu as penalidades ou repreensões correspondentes. Por outro lado, "tremer como vara verde" descreve uma forte reação emocional, indicando que a pessoa ficou abalada ou vulnerável diante das pressões e ameaças. Ambas as expressões enfatizam a mudança de postura da pessoa, que passou de uma atitude forte para uma posição mais frágil e submissa. No entanto, é importante ressaltar que essas expressões são utilizadas de forma figurada e não indicam necessariamente a existência de crimes reais ou de comportamentos específicos. ----------- ---------- Música | Luiz Gonzaga e Sivuca - Aproveita Gente ---------- Aproveita Gente Luiz Gonzaga Aproveita gente que o pagode é quente É forró pra toda essa gente se espalhar Êita, coisa boa! Êita, pessoá! Hoje aqui a páia voa vamo gente aproveitar O resfunlengo desse fole não é mole Todo mundo aqui se bole Com o seu resfunlengar E o sanfoneiro que não só faz resfunlengo Quando sai do lengo-lengo bota pra improvisar Composição: Onildo Almeida

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