Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
terça-feira, 27 de junho de 2023
CAUTELA E PARCIMÔNIA
‘voos da morte’
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Aeronave usada em ‘voos da morte’ retorna à Argentina
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Maioria do Copom já vê abertura para queda dos juros na próxima reunião, diz ata
Paciência, serenidade, cautela e parcimônia deram o tom da ata; futuro da política monetária depende da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes sensíveis aos juros e à atividade econômica
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Eclesiastes 1:9 NTLH
O que aconteceu antes vai acontecer outra vez. O que foi feito antes será feito novamente. Não há nada de novo neste mundo.
NTLH: Nova Tradução na Linguagem de Hoje
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Eclesiastés 1:9
Nueva Traducción Viviente
9 La historia no hace más que repetirse; ya todo se hizo antes. No hay nada realmente nuevo bajo el sol.
Ecclesiastes 1:9
New International Version
What has been will be again, what has been done will be done again; there is nothing new under the sun.
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Eclesiastes 1, 9 Jorge Luis Borges
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Eclesiastés, 1, 9*
Si me paso la mano por la frente,
si acaricio los lomos de los libros,
si reconozco el Libro de las Noches,
si hago girar la terca cerradura,
si me demoro en el umbral incierto,
si el dolor increíble me anonada,
si recuerdo la Máquina del Tiempo,
si recuerdo el tapiz del unicornio,
si cambio de postura mientras duermo,
si la memoria me devuelve un verso,
repito lo cumplido innumerables
veces en mi camino señalado.
No puedo ejecutar un acto nuevo,
tejo y torno a tejer la misma fábula,
repito un repetido endecasílabo,
digo lo que los otros me dijeron,
siento las mismas cosas en la misma
hora del día o de la abstracta noche.
Cada noche la misma pesadilla,
cada noche el rigor del laberinto.
Soy la fatiga de un espejo inmóvil
o el polvo de un museo.
Sólo una cosa no gustada espero,
una dádiva, un oro de la sombra,
esa virgen, la muerte. (El castellano
permite esta metáfora.)
* En el versículo de referencia algunos han visto una alusión al tiempo circular de los pitagóricos. Creo que tal concepto es del todo ajeno a los hábitos del pensamiento hebreo.
#EscritoresArgentinos
https://www.poeticous.com/borges/eclesiastes-1-9?locale=es
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Leftbanker
Un poema de Jorge Luis Borges.
1 comentário
@blogleftbanker
há 6 anos
This was just for me to hear what my accent sounds like these days. I work at it rather assiduously in an attempt to overcome the fact that I started learning Spanish late in life.
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O Projeto de Cidade Republicana: o Rio de Janeiro da Belle Époque
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segunda-feira, 26 de junho de 2023
Carlos Pereira* - A ‘Belle Époque’ da política brasileira
O Estado de S. Paulo
Reformas não alteraram o âmago do presidencialismo multipartidário, mas o tornaram resiliente
Belle époque foi um dos períodos de maior efervescência cultural e intelectual da Europa, entre o final do século 19 e começo do 20. Foi marcado por profundas transformações e inovações. É considerada “idade de ouro”, caracterizada pelo otimismo, paz e prosperidade econômica, além de inovações culturais, científicas, tecnológicas e novas formas de arte, como Impressionismo e a Art Nouveau.
No filme Meia Noite em Paris, dirigido por Woody Allen, o personagem principal, um roteirista bem-sucedido de Hollywood, vai para Paris em busca de inspiração para destravar seu livro sobre a Belle Époque e se vê magicamente transportado no tempo, tendo a oportunidade de conhecer e interagir com seus ídolos artísticos e literários, como Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald, Gertrude Stein, T.S. Eliot, Picasso, Dali, Matisse, entre outros.
Allen usa dessa fantasia para questionar fortemente a idealização saudosa que certas pessoas fazem de determinados “tempos áureos” diante de suas insatisfações com o tempo presente. Como se o que se viveu antes fosse sempre superior aos desafios e dilemas do que se vive hoje.
Assim como o personagem de Allen, que idealiza o passado em um exercício tolo de frustração com o presente, tem sido comum encontrar pessoas que idealizam o presidencialismo de coalizão da época de FHC, como se tivesse sido a “belle époque” do sistema político brasileiro. Sem dúvida, FHC soube montar e gerenciar coalizões multipartidárias alcançando maior sucesso legislativo a custo relativamente mais baixo do que alguns de seus sucessores.
Fazem uma crítica nostálgica do presidencialismo multipartidário atual como se o sistema estivesse se deteriorando ou se tornado disfuncional. Alegam que a qualidade dos líderes políticos piorou. Dizem que o Executivo se enfraqueceu e que o Legislativo, agora com o Centrão, se fortaleceu transformando o presidente em seu refém.
Com essa miopia saudosista, só conseguem enxergar legados de políticas públicas de baixa qualidade e/ou predatórias. Responsabilizam o presidencialismo multipartidário pelo baixo resultado econômico como se o sistema atual fosse diferente daquele que no passado foi capaz de entregar estabilidade democrática, algum crescimento econômico, diminuição de desigualdade e de pobreza.
O presidencialismo multipartidário, promessa dos revolucionários de 1930, não foi desenhado para gerar eficiência, mas para incluir, mesmo que de forma dissipativa, os mais variados interesses da sociedade no jogo político. Essa promessa tem sido entregue e gerado “equilíbrio” em uma sociedade extremamente diversa e heterogênea. •CIENTISTA POLÍTICO E PROFESSOR TITULAR DA ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS (FGV EBAPE)
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terça-feira, 27 de junho de 2023
Cristovam Buarque* - Surge um líder... e agora?
Correio Braziliense
Lula está preenchendo a vaga de líder mundial, ele tem a formação política, sensibilidade social e carisma
Ao optar por identificar-se com os presidentes dos países ricos, o presidente Fernando Henrique Cardoso perdeu a chance de ser um líder dos países pobres. Esse lugar estava vago desde a queda do socialismo e do esgotamento do desenvolvimentismo, com a crise ecológica, a permanência da pobreza, o acirramento da desigualdade, a migração em massa e o desemprego estrutural. E também com a globalização, porque os líderes continuavam na defesa dos interesses de seus países, não da humanidade e do planeta.
Fernando Henrique não percebeu que o mundo virou imenso Terceiro Mundo, cada país cortado por uma "cortina de ouro", separando pobres e ricos, em um apartheid global, todos em marcha à catástrofe ecológica. Com a pobreza da África e a riqueza da Europa dentro do nosso território, o Brasil é retrato desse Terceiro Mundo Global. FHC preferiu imaginar que chegaríamos a ser parte do Primeiro Mundo, no lugar de liderar a reorientação do terceiro mundo global.
Lula está preenchendo a vaga de líder mundial. Desde seus governos anteriores e neste início do mandato atual, sobretudo com os discursos em Sharm el Sheikh e, em Paris, na semana passada. Ele tem a formação política, sensibilidade social e carisma. Conta com o apoio do nosso competente corpo diplomático, para consolidar seu papel de líder mundial ao encampar quatro causas planetárias fundamentais deste momento: meio ambiente, pobreza, desigualdade e migração.
Diferentemente dos antigos líderes mundiais dos pobres, Lula não tem as amarras do passado. Não é nostálgico do socialismo nem fica limitado por visão nacionalista. Entende os novos tempos globais, e defende as novas classes espoliadas: gerações futuras, ameaçadas pela crise ecológica; os pobres, os náufragos e refugiados e os jovens, inclusive, dos países ricos. Fala em nome do Brasil, um dos 10 maiores países em território, em população e em renda. Lula se tornou o porta-voz dos bilhões de descontentes com o presente, e em busca de um novo rumo para o futuro. Líder do mundo global, em um novo tempo, com uma nova esquerda pós-socialismo e pós-nacionalismo. Para surpresa da esquerda tradicional, defende o livre comércio e iguala a luta social à luta ecológica.
Antes, o mundo era a soma dos países, agora, cada país é um pedaço do mundo. Os líderes anteriores falavam para cada país, Lula propõe que o conjunto do mundo se reoriente para um desenvolvimento sustentável, sem pobreza, com distribuição de renda, sem náufragos, nem guetos para refugiados. Esta é sua força.
Mas, e agora? Em setembro deste ano, Lula tem condições de consolidar sua liderança, no discurso de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas. Será a oportunidade para ir além do discurso crítico, apresentar propostas para o futuro e mostrar que o Brasil é capaz de executar estratégia e ser exemplo de um novo desenvolvimento sustentável e inclusivo. Deverá dar o exemplo interno de que suas propostas para o mundo funcionam no Brasil.
Nas Nações Unidas, Lula pode propor um programa Bolsa Família Mundial vinculado à educação que supere a pobreza, reduza a concentração de renda, evite a necessidade de migração e proteja os refugiados. Precisa indicar qual é nossa estratégia para que em um futuro próximo nenhum brasileiro saudável necessite de bolsas e auxílios para sobreviver. Iniciar a execução de um sistema escolar nacional com máxima qualidade igual para todos, independentemente da renda e do endereço. Mostrar como o Brasil está erradicando o analfabetismo que tortura 10 milhões de adultos. Sinalizar que além de proteger florestas, tem plano e metas para o uso sustentável dos recursos naturais, realizando um desenvolvimento que aumente e distribua a renda nacional, sem degradar a natureza sob nossa responsabilidade, mas que reconhecemos pertencer à humanidade inteira. Defender o direito universal a vacinas, como já praticamos. Precisa mostrar que nossa democracia é sólida, com diálogo entre todas as tendências políticas, e sem as corrupções, no comportamento dos políticos, nas prioridades das políticas, nem na desvalorização da moeda. Conclamar os presidentes de todos os países a construirmos um mundo melhor e mais belo para todos.
Lembrando que não há líder mundial sem sucesso local. O mundo espera que não desperdicemos o momento: que Lula e Brasil apontem o rumo e mostremos como estamos fazendo internamente para construir desenvolvimento sustentável, justo, democrático e pacífico para o futuro.
*Cristovam Buarque Professor emérito da Universidade de Brasília (UnB)
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Avião usado em ‘voos da morte’ da ditadura retorna à Argentina
Vista de um dos aviões usados na última ditadura militar na Argentina para os chamados "voos da morte" no aeroporto de Tucumán, em 23 de junho de 2023 - AFP
AFP
23/06/2023 - 22:40
O avião Skyvan PA-51, utilizado em 1977 para lançar vivas ao mar três Mães de Praça de Maio e duas freiras francesas em um dos “voos da morte”, retornou à Argentina nesta sexta-feira (23) para ser exibido como testemunho da violenta ditadura.
“O avião é algo tenebroso para nós, mas, tendo o identificado e encontrado, não podemos permitir que siga voando”, disse à AFP Mabel Careaga, uma das responsáveis pela repatriação do aparelho que pertenceu a Prefeitura Naval.
Na última década, o avião pertenceu a uma empresa privada americana que o utilizava para saltos de paraquedas.
A aeronave aterrissou na noite desta sexta no aeroporto de Tucumán, segundo constatou a AFP. O aparelho seguirá depois para Buenos Aires, onde é esperado na segunda.
Mabel Careaga é filha de Esther Ballestrino, que foi lançada ao mar deste avião militar junto com as também fundadoras da organização Mães da Praça de Maio, Azucena Villaflor e María Ponce, as religiosas francesas Alice Domon e Léonie Duquet e outros sete ativistas em um voo realizado na noite de 14 de dezembro de 1977, segundo a reconstituição judicial.
“É horrível demais imaginar minha mãe ali”, assinalou Careaga, que, ao lado de Cecilia de Vicenti, de 62 anos e filha de Azucena, quer que o aparato fique em exposição no prédio da Escola de Mecânica da Marinha, antigo centro clandestino de detenção por onde passaram cerca de 5.000 presos e que hoje é o Museu de Memória ExESMA, em Buenos Aires.
A iniciativa tem o apoio do governo, mas é rejeitada por algumas organizações de direitos humanos que preferem “não fazer show da morte”.
“O avião é parte da história, que é dolorosa, mas é preciso contá-la”, opinou De Vicenti.
Cerca de 30.000 pessoas desapareceram na ditadura argentina. Os aviões Skyvan realizaram mais de 200 voos noturnos suspeitos entre 1976 e 1978, segundo os registros da Prefeitura Naval. Também houve voos das outras forças militares.
Passaram 15 anos desde que o Skyvan PA-51 foi encontrado nos EUA para que Mabel Careaga e Cecilia De Vicenti decidissem promover sua repatriação, com o apoio da Mãe da Praça de Maio-Linha Fundadora Taty Almeida. O ministro da Economia, Sergio Massa, deu a autorização.
Após meses de espera e diversos trâmites, o avião partiu de Chicago no dia 3 de junho rumo ao Aeroparque de Buenos Aires, uma viagem que agora chega a seu fim.
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Atas do Comitê de Política Monetária - Copom
255ª Reunião - 20-21 junho, 2023
Data de publicação: 27/06/2023
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A) Atualização da conjuntura econômica e do cenário do Copom1
1. O ambiente externo se mantém adverso. Apesar da atenuação do estresse envolvendo bancos nos EUA e na Europa e do limitado contágio sobre as condições financeiras até o momento, a situação segue requerendo monitoramento. Nota-se, entretanto, um aperto nos mercados de crédito nos EUA com impactos ainda incertos, mas com viés negativo para o crescimento.
2. Em paralelo, os bancos centrais das principais economias seguem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, em um ambiente em que a inflação se mostra resiliente. Em diversos países, as leituras de inflação recentes apontam para alguma estabilização dos núcleos de inflação em patamares superiores às suas metas e reforçam o caráter persistente do atual processo inflacionário. Além disso, no período recente, notou-se a retomada do ciclo de elevação de juros em algumas economias e a sinalização majoritária de um período prolongado de juros elevados para combater as pressões inflacionárias, o que demanda maior cautela na condução das políticas econômicas também por parte de países emergentes.
3. No âmbito doméstico, o conjunto de indicadores recentes sugere um cenário de desaceleração gradual. A divulgação do PIB referente ao primeiro trimestre de 2023 surpreendeu positivamente, com grande parte da contribuição de tal surpresa no desempenho da agropecuária, porém com menor dinamismo nos setores mais cíclicos da economia. O mercado de trabalho, que surpreendeu positivamente ao longo de 2022, tem apresentado certa resiliência, com aumento líquido nos postos de trabalho e relativa estabilidade na taxa de desemprego. Observou-se, entretanto, redução na taxa de participação.
4. A inflação ao consumidor se reduziu no período recente, com destaque para as dinâmicas em bens industriais e alimentos. Os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, que apresentam maior inércia inflacionária, apresentaram uma incipiente melhora, mas mantêm-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação. As expectativas de inflação para 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa recuaram e encontram-se em torno de 5,1% e 4,0%, respectivamente.
B) Cenários e análise de riscos
5. No cenário de referência, a trajetória para a taxa de juros é extraída da pesquisa Focus e a taxa de câmbio parte de USD/BRL 4,852, evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC). O preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passa a aumentar 2% ao ano posteriormente. Além disso, adota-se a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2023 e de 2024. Nesse cenário, as projeções de inflação do Copom situam-se em 5,0% para 2023 e 3,4% para 2024. As projeções para a inflação de preços administrados são de 9,0% para 2023 e 4,6% para 2024.
6. Em seguimento ao amplo debate e acúmulo de evidência ao longo das últimas reuniões, o Comitê optou por elevar a estimativa de taxa de juros real neutra de 4,0% a.a. para 4,5%. Os membros avaliaram os diferentes fatores que justificam uma elevação e convergiram na conclusão de que houve uma elevação da taxa neutra. Dentre os fatores citados que apoiam a elevação da taxa neutra, citou-se uma possível elevação das taxas de juros neutras nas principais economias, a resiliência na atividade brasileira concomitante a um processo desinflacionário lento, assim como a análise de modelos auxiliares que incorporam diferentes metodologias.
7. O Comitê avalia que a conjuntura internacional se mostra um pouco mais benigna para o processo inflacionário no Brasil, mas o baixo grau de ociosidade do mercado de trabalho em algumas economias e a inflação corrente persistentemente elevada e disseminada no setor de serviços sugerem que pressões inflacionárias devem demorar a se dissipar. No entanto, foram elencados alguns fatores que podem reduzir as pressões inflacionárias externas. Dentre esses, em primeiro lugar, destaca-se a determinação dos bancos centrais com o controle da inflação, através da manutenção do aperto de condições financeiras por período mais prolongado. Tal determinação, ainda que com possível impacto sobre preços de ativos domésticos no curto prazo, aliada a uma desaceleração do crédito nas principais economias, contribui para um processo desinflacionário global mais crível e duradouro. Além disso, a dinâmica recente da taxa de câmbio e do preço das commodities internacionais, ainda que com maior volatilidade, também contribui para arrefecer as pressões internacionais.
8. Os dados de atividade no Brasil, em particular a divulgação do crescimento do PIB referente ao primeiro trimestre de 2023, seguem indicando desaceleração nos setores mais sensíveis ao ciclo econômico. Nota-se um ritmo de crescimento moderado na margem, com exceção do forte crescimento do setor agropecuário. De todo modo, antecipa-se que, passado esse maior crescimento da agropecuária no primeiro trimestre, em função da sazonalidade da safra, o processo de moderação do crescimento nos setores mais cíclicos da economia se aprofundará ao logo dos trimestres seguintes.
9. O Comitê debateu os dados recentes do mercado de trabalho. Por um lado, os dados de emprego formal demonstraram continuidade no aumento do emprego no período mais recente. Por outro lado, nota-se que a taxa de desemprego se mantém relativamente estável, mas com menor taxa de participação em relação ao período pré- pandemia. Houve uma discussão sobre os possíveis motivos para a queda da taxa de participação, avaliando se tal movimento deve ser lido como estrutural ou conjuntural, o que acarretaria diferentes impactos sobre a taxa de participação vigente no longo prazo. Alguns membros observaram que avança o movimento de recomposição parcial das perdas nos salários reais ocorridas anteriormente. Esse movimento é esperado e vem acompanhado de desaceleração nos ganhos nominais, o que deve se acentuar à frente.
10. O Comitê avalia que a dinâmica da desinflação segue caracterizada por um processo com dois estágios distintos. No primeiro estágio, já encerrado, a velocidade de desinflação foi maior, com maior efeito sobre preços administrados e efeito indireto nos preços livres através de menor inércia. No segundo estágio, que se observa atualmente, a velocidade de desinflação é menor e os núcleos de inflação, que respondem mais à demanda agregada e à política de juros, se reduzem em menor velocidade, respondendo ao hiato do produto e às expectativas de inflação futura. O Comitê reafirma que o processo desinflacionário em seu atual estágio demanda serenidade e paciência na condução da política monetária para garantir a convergência da inflação para suas metas.
11. Ainda na discussão sobre o comportamento inflacionário, enfatizou-se o comportamento benigno recente nos preços de atacado, tanto na parte de alimentos quanto na parte de industriais. Na parte de alimentos, questões logísticas, conjuntamente com clima favorável e uma boa safra, contribuíram para uma revisão nas perspectivas dos preços de alimentos para 2023 e, em menor medida, para 2024. Para 2024, no entanto, destaca-se a incerteza quanto ao impacto do fenômeno El Niño. No que se refere a bens industriais, os preços ao atacado, assim como a normalização das cadeias de suprimento, também levaram a uma revisão na dinâmica de tais setores. O Comitê avalia que a consolidação de tais dinâmicas contribui para o processo desinflacionário e deve ter algum impacto indireto nos demais itens. Em termos de trajetória de inflação ao consumidor ao longo de 2023, ressalta-se que se espera continuidade da queda na inflação acumulada em doze meses ao longo deste segundo trimestre em função do efeito base do ano anterior. Para o segundo semestre de 2023, entretanto, espera-se uma maior inflação acumulada em doze meses, como consequência da exclusão, nesse indicador, do efeito das medidas tributárias que reduziram o nível de preços no terceiro trimestre de 2022 e da manutenção dos efeitos das medidas tributárias deste ano. O Copom enfatiza que também seguirá acompanhando a dinâmica inflacionária em medidas de inflação subjacente, que melhor refletem a tendência da inflação corrente assim como suas perspectivas futuras.
12. As expectativas de inflação seguem desancoradas das metas definidas pelo Conselho Monetário Nacional, tendo havido uma pequena diminuição da desancoragem na margem. O Comitê segue avaliando que expectativas desancoradas elevam o custo de trazer a inflação de volta à meta. Ressaltou-se novamente que o comportamento das expectativas é um aspecto fundamental do processo inflacionário, uma vez que serve de guia para a definição de reajustes de preços e salários presentes e futuros. Assim, com a elevação de expectativas, há uma maior pressão para elevação de preços no período corrente e o processo inflacionário é alimentado por essas expectativas. Também foi ressaltado que a ancoragem de expectativas é um elemento essencial para a estabilidade de preços. Nesse contexto, o Comitê reforça que decisões que induzam à reancoragem das expectativas e que elevem a confiança nas metas de inflação contribuiriam para um processo desinflacionário mais célere e menos custoso, permitindo flexibilização monetária.
13. O cenário de concessão de crédito doméstico mostra-se compatível com o atual estágio do ciclo de política monetária. O Comitê antecipa uma moderação na concessão do crédito ao longo dos próximos meses, mas em linha com o que se observou em ciclos anteriores de aperto de política monetária. O Comitê reforça que o Banco Central possui os instrumentos de liquidez apropriados e necessários, ligados à política macroprudencial, para tratar de fricções relevantes localizadas no sistema, caso ocorram.
14. O Comitê discutiu também os impactos do cenário fiscal sobre a inflação e avalia que a apresentação e a tramitação do arcabouço fiscal reduziram substancialmente a incerteza em torno do risco fiscal. Permanecem desafios para o cumprimento das metas estipuladas para o resultado primário, ainda que, na discussão do Comitê, tenha se enfatizado o comprometimento e a apresentação de medidas para a consecução de tais resultados. O Copom novamente enfatizou que não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal, uma vez que a trajetória de inflação segue condicional à reação das expectativas de inflação e das condições financeiras.
15. O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; (ii) alguma incerteza residual sobre o desenho final do arcabouço fiscal a ser aprovado pelo Congresso Nacional e, de forma mais relevante para a condução da política monetária, seus impactos sobre as expectativas para as trajetórias da dívida pública e da inflação, e sobre os ativos de risco; e (iii) uma desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação para prazos mais longos. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma queda adicional dos preços das commodities internacionais em moeda local, ainda que parte importante desse movimento já tenha sido verificado; (ii) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada, em particular em função de condições adversas no sistema financeiro global; e (iii) uma desaceleração na concessão doméstica de crédito maior do que seria compatível com o atual estágio do ciclo de política monetária.
C) Discussão sobre a condução da política monetária
16. O Copom passou então à discussão da condução da política monetária, considerando o conjunto de projeções analisado, assim como o balanço de riscos para a inflação prospectiva.
17. O Comitê avalia que a conjuntura, marcada por expectativas desancoradas para prazos mais longos e caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, requer parcimônia e cautela na condução da política monetária.
18. O Comitê unanimemente avalia que flexibilizações do grau de aperto monetário exigem confiança na trajetória do processo de desinflação, uma vez que flexibilizações prematuras podem ensejar reacelerações do processo inflacionário e, consequentemente, levar a uma reversão do próprio processo de relaxamento monetário. A materialização desse tipo de cenário pode impactar negativamente não apenas a credibilidade da política monetária, mas também as condições financeiras.
19. Nesse debate, observou-se divergência no Comitê em torno do grau de sinalização em relação aos próximos passos. A avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião. Outro grupo mostrou-se mais cauteloso, enfatizando que a dinâmica desinflacionária ainda reflete o recuo de componentes mais voláteis e que a incerteza sobre o hiato do produto gera dúvida sobre o impacto do aperto monetário até então implementado. Para esse grupo, é necessário observar maior reancoragem das expectativas longas e acumular mais evidências de desinflação nos componentes mais sensíveis ao ciclo. Entretanto, os membros do Comitê foram unânimes em concordar que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
20. Seguindo a análise usual, o Comitê debateu os diferentes determinantes que impactam a condução da política monetária. Enumerando os determinantes analisados na reunião, não houve grande alteração no cenário prospectivo do hiato do produto, em que se projeta lenta abertura do hiato. Houve um debate sobre a resiliência da atividade econômica no primeiro trimestre, mas a visão do Comitê segue de que o crescimento foi puxado pelo setor agropecuário e que os demais setores devem apresentar crescimento modesto ao longo do ano. Com relação à inflação de serviços e aos núcleos de inflação, nota-se movimento lento de desaceleração em linha com o processo não linear projetado pelo Comitê. Além disso, as expectativas de inflação apresentaram algum recuo, mas seguem desancoradas, em parte em função do questionamento sobre uma possível alteração das metas de inflação futuras. O Comitê avalia que decisões que reancorem as expectativas podem levar a uma desinflação mais célere. As projeções de inflação do Copom se reduziram, especialmente, no horizonte relevante, em boa medida como função da redução das expectativas de inflação. Por fim, no balanço de riscos, o Comitê avalia que a incerteza sobre o desenho final do arcabouço fiscal é residual. Além disso, notou que parte do risco para baixo advindo do preço de commodities já tem se materializado no período recente.
D) Decisão de política monetária
21. Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% a.a. e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.
22. A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação desancoradas, segue demandando cautela e parcimônia. O Copom conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas e avalia que a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação. O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária e relembra que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
23. Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Sérgio Neves de Souza e Renato Dias de Brito Gomes.
Notas de rodapé
1 A menos de menção explícita em contrário, esta atualização leva em conta as mudanças ocorridas desde a reunião do Copom em maio (254ª reunião).
2 Valor obtido pelo procedimento usual de arredondar a cotação média da taxa de câmbio USD/BRL observada nos cinco dias úteis encerrados no último dia da semana anterior à da reunião do Copom.
Informações da reunião
Data: 20 e 21/6/2023
Local: Salas de reuniões do 8º andar (20/6 e 21/6 – manhã) e do 20º andar (21/6 – tarde) do Edifício-sede do Banco Central do Brasil – Brasília – DF
Horário de início e de término das sessões:
20/6: 20 de junho: 10h15 – 11h40; 14h30 – 18h15
21/6: 21 de junho: 10h20 – 11h38; 14h40 – 18h36
Presentes:
Membros do Copom
Roberto de Oliveira Campos Neto – Presidente
Carolina de Assis Barros
Diogo Abry Guillen
Fernanda Magalhães Rumenos Guardado
Maurício Costa de Moura
Otávio Ribeiro Damaso
Paulo Sérgio Neves de Souza
Renato Dias de Brito Gomes
Chefes de Departamento responsáveis por apresentações técnicas (presentes em 20/6 e na manhã de 21/6)
Alan da Silva Andrade Mendes Departamento de Reservas Internacionais
André Minella Departamento de Estudos e Pesquisas (também presente na tarde de 21/6)
André de Oliveira Amante Departamento de Operações de Mercado Aberto
Fabia Aparecida de Carvalho Departamento de Assuntos Internacionais
Ricardo Sabbadini Departamento Econômico
Rogério Antônio Lucca Dep. de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos
Demais participantes (presentes em 20/6 e na manhã de 21/6)
Arnildo da Silva Correa Chefe da Assessoria Econômica ao Presidente
Cristiano de Oliveira Lopes Cozer Procurador-Geral
Eduardo José Araújo Lima Chefe de Gabinete do Diretor de Política Econômica
Eugênio Pacceli Ribeiro Secretário Executivo
Euler Pereira Gonçalves de Mello Chefe Adjunto do Departamento de Estudos e Pesquisas
Fernando Alberto G. Sampaio de Cavalcante Rocha Chefe do Departamento de Estatísticas
Gilneu Francisco Astolfi Vivan Chefe do Dep. de Monitoramento do Sistema Financeiro
Julio Cesar Costa Pinto Chefe de Gabinete do Diretor de Política Monetária
Laura Soledad Cutruffo Comparini Chefe Adjunta do Departamento Econômico
Mariane Santiago de Souza Chefe de Gabinete do Presidente
Mauro Zanatta Assessor de Imprensa
Olavo Lins Romano Pereira Chefe Adjunto do Departamento de Assuntos Internacionais
Ricardo Eyer Harris Chefe de Gabinete do Diretor de Regulação
Ricardo Franco Moura Chefe do Departamento de Regulação Prudencial e Cambial
Os membros do Copom analisaram a evolução recente e as perspectivas para a economia brasileira e para a economia internacional, no contexto do regime de política monetária, cujo objetivo é atingir as metas fixadas pelo Conselho Monetário Nacional para a inflação.
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Lula propõe pacto comercial com a Argentina
Publicado em 27/06/2023 - 07:58 Luiz Carlos Azedo
Argentina, Brasília, Economia, EUA, Exportações, Guerra, Itamaraty, Memória, Militares, Partidos, Política, Política, Reino Unido
O país vizinho era o nosso terceiro parceiro comercial, agora é o quarto. Mesmo assim, continua sendo o parceiro mais importante para a nossa indústria de automóveis e de eletrodomésticos.
A rivalidade entre Brasil e Argentina perdeu o sentido desde a Guerra das Malvinas, quando os Estados Unidos apoiaram o Reino Unido. Resultado: os ingleses foram beneficiados pelo apoio logístico norte-americano, enquanto os argentinos não obtiveram a assistência de que necessitavam da potência que consideravam seu “aliado principal”. Ao contrário do que imaginava o então presidente da Argentina, o general Leopoldo Galtieri, a primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, não quis saber de negociação e resolveu o assunto pela força, exibindo o poder naval e a hegemonia militar do Reino Unido no Atlântico Sul.
Foi um golpe de morte na ditadura militar argentina, desmoralizada na guerra. No Brasil de 1982, vigia ainda o governo militar, sob a presidência do general João Baptista Figueiredo. O tema das guerras recebia atenção especial dos dois governos. Historicamente, o Exército argentino era o adversário principal na hipótese de emprego de nossas Forças Armadas numa guerra convencional. Os dois países tinham doutrinas militares parecidas, inclusive para a guerra contra insurgentes, movimentos armados de oposição a ambos os regimes militares.
Além de pôr fim à ditadura argentino e sepultar a velha “doutrina de segurança nacional” dos nossos militares, norteada pela Guerra Fria, a Guerra das Malvinas aproximou o Brasil da Argentina. O ex-presidente José Sarney foi o grande patrono dessa mudança, tanto do ponto de vista diplomático como militar, estreitando a cooperação entre os dois países. Entretanto, durante o governo Bolsonaro, desde a eleição do presidente Alberto Fernández, um peronista moderado, as relações entre os dois países se deterioraram muito. Bolsonaro nem à posse do colega foi, quebrando uma tradição do Mercosul.
O país vizinho era o nosso terceiro parceiro comercial, agora é o quarto. Mesmo assim, continua sendo o parceiro mais importante para a nossa indústria de automóveis e de eletrodomésticos. Nosso segundo parceiro comercial são os Estados Unidos, que estão em guerra comercial com a China, o maior destino das nossas exportações. Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu com honras de “visita de Estado” o presidente Alberto Fernández. Ambos tenta recuperar o tempo perdido.
Durante o encontro, Lula afirmou que é preciso “maior integração financeira” entre os dois países. “Estamos trabalhando na criação de uma linha de financiamento abrangente das exportações brasileiras para a Argentina. Não faz sentido que o Brasil perca espaço no mercado argentino para outros países porque esses oferecem crédito e nós não”, disse.
Muito do prestígio de Maradona se deve à vitória da seleção argentina contra os ingleses na Copa do Mundo do México, em 1986, quando fez dois gols — um com “la mano de Dios” e o outro, numa arrancada em linha reta, driblando todos os ingleses à sua frente. Lavou, em campo, a alma de uma Argentina humilhada. É mais ou menos o que o presidente Alberto Fernández tenta fazer nessa viagem, com um olho no colapso da economia argentina e o outro na própria sucessão.
Parceria estratégica
A Argentina precisa da ajuda do Brasil para enfrentar sua crise. Lula tenta socorrer Fernández não só porque se trata de um aliado histórico. Há reais interesses econômicos do Brasil. “Precisamos avançar nessa direção, com novas e criativas soluções que permitam maior integração financeira e facilitem nossas trocas. Entre as opções, está a adoção de uma moeda de referência específica para o comércio regional, que não eliminará as respectivas moedas nacionais”, disse Lula.
Os dois países vão adotar um plano com “quase 100 ações”. Na América do Sul, a Argentina é o principal parceiro comercial do Brasil. Um dos projetos é o financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a construção do gasoduto Néstor Kirchner, que ligará o campo de gás Vaca Muerta, em Neuquén, à localidade de Salliqueló, na província de Buenos Aires.
Há mais de 10 anos, o nosso principal parceiro comercial é a China. No primeiro semestre de 2020, o Brasil exportou mais de US$ 34 bilhões para o país. No mesmo período, a importação de produtos chineses foi de US$ 16,7 bilhões. Vendemos soja, óleos brutos de petróleo, minérios de ferro e seus concentrados, pastas químicas de madeira e carnes desossadas de bovino congeladas, principalmente. Compramos plataformas de perfuração ou de exploração, flutuantes ou submersíveis; componentes para aparelhos receptores de radiodifusão; células solares em módulos ou painéis; e celulares.
Entretanto, nossa indústria perde mercado para a China na Argentina. Para recuperar o mercado vizinho, o governo pretende promover as exportações de produtos brasileiros para a construção do gasoduto; financiar a exportação de blindados Guarani; promover um acordo de vigilância epidemiológica para a detecção antecipada de riscos à saúde pública; e acordar plano de trabalho com ações coordenadas e/ou conjuntas para a prevenção e o combate do racismo, da xenofobia e formas correlatas de discriminação no ambiente esportivo. O governo brasileiro também pretende manter apoio aos “direitos legítimos” da Argentina na disputa com o Reino Unido pelas ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul.
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