Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
sexta-feira, 17 de dezembro de 2021
DESTOM
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Shutterstock
House Near Lake Destom Mountains Pyrenees Stock Photo (Edit Now)
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DEPOIS DA ENTRADA NO PCB
Esta vontade é a nossa arma:
Constituinte!
1
E xigimos uma Assembleia Constituinte livremente eleita — é preciso dizer
isto, repetir isto sempre, em todos os recantos do país. Esta reclamação impõese, entra nas consciências, e os políticos que a princípio desejavam a
Constituinte, e depois não a desejavam, começam a desejá-la de novo, mas de
maneira singular: como dádiva de um presidente escolhido na vigência de leis
que se fazem, desfazem, refazem, voltam a desfazer-se. Querem um presente,
coisa outorgada, pouco mais ou menos a reprodução do que sucedeu em 1937,
com mais aparato, máscara de legitimidade.
É contra isso que protestamos. Descontenta-nos a ideia de, encobertos nos
remendos da carta meio fascista ainda existente, remendos cada vez mais
encolhidos e esgarçados, eleger um ditador, confiantes nesta promessa generosa:
receberemos de fato aquilo que nos pertence. Realmente, se nos falta uma
Constituição, se a que nos rege é apenas um simulacro de Constituição, só
poderemos eleger um tirano, e nenhuma vantagem haverá nisso, embora ele seja
a melhor das pessoas, absolutamente digno. Se aceitássemos tal arranjo,
ficaríamos a depender dessa estranha magnanimidade, a depender de um
indivíduo, situação que a experiência nos diz ser por todas as razões
inconveniente. Que nos alvitra um dos candidatos?
— Escolham-me, e eu permitirei que a Câmara edifique uma espécie de lei
básica.
Mas donde vem essa linguagem? Estamos cansados de ouvir salvadores
vaidosos que nos trituram a paciência, nos amolam com o pronomezinho
irritante: eu, eu, eu, eu. Não temos a ingenuidade necessária para confiar nos
messias que se arrogam o direito de conduzir as massas arbitrariamente e nos
concedem liberalidades no papel e em discursos, arengam com outros messias,
numa lavagem pública de roupa suja, como se tivéssemos interesse em remexer
mazelas pessoais, e não nos entendem, não nos conhecem, nunca nos entenderão
e nos conhecerão. Afastaram-se em demasia de nós, nem percebem que
acumulamos decepções sobre decepções, anos, séculos de decepções, e vêm
repisar-nos cantigas velhas, caducas, sugeridas por um individualismo estreito e
mesquinho.
Por que haveríamos de aceitar a concessão que nos propõem? Ela não se
basearia naquele velho privilégio real, já ninguém possui a faculdade que as
religiões criaram de conceder ao povo isto ou aquilo: seria uma consequência da
nossa vontade expressa pelo voto. Esta vontade é a nossa arma, e não nos
resolvemos a aliená-la, numa credulidade talvez fatal.
— Eu farei — asseveram estadistas capengas, fechando os olhos a algumas
revoluções, que apesar de tudo se realizaram neste pobre mundo.
A nossa linguagem é outra. Nada pedimos, pois a criatura mais honesta se
achará em dificuldade se no momento de saldar as suas contas estiver de mãos
vazias. O cumprimento de certas obrigações não depende dos bons propósitos do
devedor. E aí não há exatamente dívida: há uma oferta, de execução duvidosa.
É natural que a recusemos, digamos claramente o nosso intuito.
Empregaremos todos os esforços por uma Assembleia Constituinte livremente
eleita. Só ela nos dará tranquilidade, a paz que a reação procura estorvar por
vários meios, forjando intrigas, semeando mentiras, estabelecendo a desordem,
fingindo corrigi-la e atirando nos espíritos o gérmen de novas desordens, porque
é dessas desarmonias que vive a reação. Desejamos trabalhar em sossego, livres
das ameaças estúpidas que há dez anos tornaram isto uma senzala. O nosso
pequenino fascismo tupinambá encheu os cárceres e o campo de concentração da
Ilha Grande, meteu neles sujeitos inofensivos, até devotos de padre Cícero, gente
de penitência e rosários, pobres seres tímidos que nos perguntavam com surpresa
verdadeira:
— Por que é que estamos presos?
Usaremos todas as nossas forças para que essas infâmias não se repitam. E,
para que elas não se repitam, exigimos uma Assembleia Constituinte livremente
eleita.
Fascistas confessos, de cruz gamada e sigma, despiram as camisas sujas,
lavaram as mãos torpes, são agora uns inocentinhos bem-comportados, zumbem
com sorrisos de anjos:
— Não temos nada com isso.
Profissionais da política malandra, que recebiam instruções da embaixada
alemã, da embaixada italiana, possibilitaram o golpe de novembro e se
beneficiaram com ele, purificaram-se, estão alheios a indecências e apontam um
culpado:
— Foi ele.
E jornalistas que aplaudiram as injustiças mais terríveis, as violências mais
ferozes, também se distanciaram do amo, cospem no prato, arranjam um bode
expiatório.
Desses grupos, mais ou menos avariados, surgem cavaleiros andantes,
Quixotes resolvidos a pôr as coisas nos eixos e desfazer agravos. É intuitivo que
não acreditemos neles. Impossível responsabilizarmos um homem só pelas
misérias que choveram sobre nós. Há muitos autores delas — e os piores são os
que hoje simulam essa pureza tardia e querem democratizar o país de cima para
baixo. É o que sempre fizeram. Na democracia deles o povo não entra. Fugimos
dessa mistificação. E reclamamos com insistência, gritamos cem vezes, mil
vezes, exibindo esta necessidade: uma Assembleia Constituinte livremente
eleita.
Nota
1. RAMOS, Graciliano. “Esta vontade é a nossa arma: Constituinte!”. Tribuna Popular, Rio de
Janeiro, 25 de setembro de 1945, p. 3. Texto também publicado em GARBUGLIO et al. Graciliano
Ramos. São Paulo: Ática, 1987, pp. 110-2. Manuscrito pertencente ao Instituto de Estudos
Brasileiros: Arquivo Graciliano Ramos, Série Manuscritos, Título Discursos, not. 12.16A. (Essa
versão manuscrita se mostra praticamente idêntica ao texto publicado em jornal, a não ser pelos
vocativos endereçados ao público ouvinte no início do texto: “Senhoras / senhores / Camaradas.”
Como se optou aqui pelo testemunho saído na imprensa, aparentemente mais próximo da última
redação pretendida pelo autor, deixaram-se de fora tais interpelações à plateia). Antes de ser
transcrito pela Tribuna Popular, o presente discurso fora proferido por Graciliano em 19 de setembro
de 1945, em Belo Horizonte, num comício que dava início à campanha eleitoral do PCB em Minas
Gerais. O autor de Vidas secas discursava na qualidade de candidato à Assembleia Constituinte pelo
PCB de Alagoas, enviado pelo Comitê Nacional do partido para prestigiar “a festa de apresentação
dos candidatos mineiros” (O POVO mineiro clama em praça pública pela Constituinte. Tribuna
Popular, Rio de Janeiro, 20 de setembro de 1945, p. 5).
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Garranchos é uma reunião de 81 textos inéditos em livro de Graciliano Ramos, produzidos pelo escritor alagoano em diferentes momentos de sua trajetória artística, intelectual e política, abrangendo um período que vai desde meados dos anos 1910 até o início da década de 1950. Nesse conjunto encontram-se crônicas, epigramas, artigos de crítica literária, discursos políticos, cartas publicadas na imprensa, o primeiro ato de uma peça de teatro, além de um conto juvenil intitulado “O ladrão”, datado de julho de 1915, entre outras valiosas revelações descobertas em acervos de todo o país.
Flashes da figura paterna
Graciliano ressurge sob o crivo do filho Ricardo
Nenhum homem cabe inteiramente em uma biografia, diz o senso comum. Consciente dessa premissa, Ricardo Ramos decidiu intitular como Graciliano: Retrato Fragmentado a biografia que escreveu sobre o pai, notório autor de Vidas Secas. Para ele, o privilégio de ter compartilhado a intimidade com o escritor não bastava, pois Graciliano, apesar da rotina espartana, hábitos simples, conduta exemplar, ainda era um enigma. O livro, portanto, apenas desvendaria alguns mistérios.
A primeira edição, no entanto, foi apressadamente lançada em 1992, pouco depois da morte de Ricardo e ainda no rastro da comemoração do centenário de nascimento de Graciliano. O valioso material deixado pelo autor merecia um trabalho editorial cuidadoso. A esperança de melhoria ficou para a 2.ª edição que chega só agora, pela editora Globo, graças ao empenho dos netos de Graciliano, Rogério Ramos e Ricardo Filho. Assim, o volume ganhou nova capa, mais fotos e um alentado prefácio de Silviano Santiago, Colagem Viva, que destaca justamente a quantidade de retratos de Graciliano Ramos feita por leitores e críticos ao longo dos anos e que, aliada à intimidade revelada por Ricardo, apenas contribuía para fortalecer a labiríntica figura do escritor alagoano.
Disposto a frear os exageros, Ricardo garimpou a vastíssima bibliografia sobre a obra de seu pai para iniciar a série de fragmentos, começando justamente por um conjunto de negativas. Como destaca Santiago, citando Ricardo, Graciliano não era a "personagem inteiriça, compacta, quase olímpica, sem a menor sombra de conflito ou dúvida". Tampouco "a criatura rude, sertanejo primitivo e pitoresco, o autodidata que certo dia simplesmente resolveu escrever". Não era "partidário, cego seguidor da regra política". Nem mesmo o "intelectual cooptado", obrigado a se adaptar às regras ditatoriais do Estado Novo. Acreditar em qualquer uma dessas premissas seria, segundo Ricardo, "aceitar o homem precisamente como negação da obra". Daí seu cuidado de não ter escrito a biografia definitiva.
Ao tratar de um homem com quem manteve uma convivência tão próxima, Ricardo inevitavelmente também se expõe ao falar do pai. Lamenta, por exemplo, não ter estado ao lado de Graciliano no leito de morte. Por outro lado, revela como foi o aprendizado estilístico com Graciliano, cuja escrita, fruto de infatigável esforço artístico, abominava cacoetes modernistas como apreender aspectos da fala oral. Ricardo também se preocupou com a produção pouco conhecida da maioria dos leitores, como crônicas e textos publicitários, que destacam o caráter do pai em conversas avulsas. E luta, por fim, para desbaratar a fama, criada nos anos 1950, de que Graciliano era um autor elaborado e elitista. São fragmentos, mas decisivos para desembaçar o perfil de um homem ainda a se descobrir.
ESTADÃO
Ubiratan Brasil, O Estado de S.Paulo
26 de novembro de 2011
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"E quando o uniforme colorido surge na frente de batalha, entre os soldados, dá um sentido de divertido destom que é plausível pela forma como foi construída a chegada a esse ponto."
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"Com o ardor de um cantiga sem destom algum A pedra intacta e a corrente furtiva do sangue A pulsar nos lábios."
Viagem e Turismo
Parque Nacional da Serra da Bocaina | Viagem e Turismo
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Atividade sobre o texto "Autorretrato aos 56 anos", de Graciliano Ramos
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Autorretrato aos 56 anos
Nasceu em 1892, em Quebrangulo, Alagoas.
Casado duas vezes, tem sete filhos.
Altura 1,75.
Sapato número 41.
Colarinho número 39.
Prefere não andar.
Não gosta de vizinhos.
Detesta rádio, telefone e campainhas.
Tem horror às pessoas que falam alto.
Usa óculos. Meio calvo.
Não tem preferência por nenhuma comida.
Não gosta de frutas nem de doces.
Indiferente à música.
Sua leitura predileta: a Bíblia.
Escreveu "Caetés" com 34 anos de idade.
Não dá preferência a nenhum de seus livros publicados.
Gosta de beber aguardente.
É ateu. Indiferente à academia.
Odeia a burguesia. Adora crianças.
Romancistas brasileiros que mais lhe agradam:
Manoel Antonio de Almeida, Machado de Assis,
Jorge Amado, José Lins do Rego e Rachel de Queiroz.
Gosta de palavrões escritos e falados.
Deseja a morte do capitalismo.
Escreveu seus livros pela manhã.
Fuma cigarros "Selma" (três maços por dia).
É inspetor de ensino, trabalha no "Correio da Manhã".
Apesar de o acharem pessimista, discorda de tudo.
Só tem cinco ternos de roupa, estragados.
Refaz seus romances várias vezes.
Esteve preso duas vezes.
É-lhe indiferente estar preso ou solto.
Escreve à mão.
Seus maiores amigos: Capitão Lobo, Cubano,
José Lins do Rego e José Olympio.
Tem poucas dívidas.
Quando prefeito de uma cidade do interior,
soltava os presos para construírem estradas.
Espera morrer com 57 anos.
(Graciliano Ramos)
01) O que é autorretrato? E autobiografia? Você já fez algum?
02) Qual a intenção de tal texto e de tais gêneros?
03) Que informação sobre o autor você achou mais interessante? Por quê?
04) Que dado utilizado no texto lhe causou surpresa? Justifique sua resposta:
05) Seria diferente se o "retrato" dele tivesse sido feito por outra pessoa, sem ser ele próprio? Explique:
06) Pesquise com quantos anos o autor morreu! Será que foi com 57 anos mesmo? Comente:
07) Agora você vai tentar fazer algo semelhante, criando o SEU autorretrato (escrito e desenho)! Mãos à obra!
Postado por Andreia Dequinha
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Marcadores: Autobiografia, Autorretrato, Graciliano Ramos, Produção textual
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SEGUNDA-FEIRA, 6 DE AGOSTO DE 2012
Graciliano: retrato fragmentado de Ricardo Ramos
Graciliano: retrato fragmentado
de Ricardo Ramos
Páginas: 272
Formato: 14 cm x 21 cm
O LIVRO
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Graciliano: retrato fragmentado, de Ricardo Ramos, é diferente de uma biografia em que a vida do personagem é explicitada em detalhes cronológicos do nascimento até a morte. Como indica o próprio nome, a história é contada de maneira fragmentada, o que não significa que esteja incompleta. Trata-se de um retrato profundo, feito por traços generosos, movidos pela memória afetiva do filho, também escritor, que desenham e destacam aspectos e momentos desconhecidos da vida de Graciliano Ramos. Aliás, um dos pontos de partida de Ricardo Ramos foi a constatação de que as várias biografias do grande escritor alagoano não davam a conhecer o homem por trás da obra, algo que este retrato desfaz definitivamente ao apresentar suas sutilezas e complexidades.
De Graciliano Ramos pode-se dizer que é, ao mesmo tempo, uma figura muito e pouco conhecida. Muito conhecida como a figura do escritor austero, além de autor de obras fundamentais do romance brasileiro do século XX, como Vidas secas. Mas dele também se pode dizer que faltam as nuances, o retrato de muitas facetas, suas dimensões humanas, pessoais. Pois como resume o autor, “Graciliano não é uma personagem inteiriça, compacta, quase olímpica, sem a menor sombra de conflito ou dúvida. Não é criatura rude, sertanejo primitivo e pitoresco, o autodidata que certo dia simplesmente resolveu escrever. Não é um partidário, cego seguidor da regra política. Não é tampouco o intelectual cooptado, que teve de se adaptar às regras ditatoriais do Estado Novo”. Daí Graciliano: retrato fragmentado ser, afinal, um livro de memórias que resgata e dimensiona para seu autor a figura paterna. Para os leitores, apresenta sua figura humana, abrindo um ciclo de reedições em torno da obra de Ricardo Ramos: a editora publicará nos próximos meses Rua desfeita, Os caminhantes de Santa Luzia e Circuito fechado.
Manuscritos inéditos e prefácio de Silviano Santiago
Graciliano: retrato fragmentado foi originalmente publicado em 1992, em comemoração ao centenário do nascimento de Graciliano Ramos. Segundo Rogério Ramos, filho de Ricardo e neto de Graciliano, “pela falta de tempo, a primeira edição saiu precursora de outra, futura, aquela que todos os envolvidos queríamos na rede afetiva e familiar que este livro evoca e realinha.” Quase vinte anos depois, esta é a nova edição. Revista e atualizada – com prefácio de Silviano Santiago, cujo título, “Colagem viva”, traduz o livro à perfeição –, é ilustrada com vasto material iconográfico, incluindo fotos e manuscritos inéditos, além de uma completa bibliografia e cronologia da vida de Graciliano Ramos. Merecem destaque também as apresentações dos filhos de Ricardo Ramos (netos de Graciliano), “Editar é preciso”, por Rogério Ramos e “Escrever é preciso”, por Ricardo Filho.
O AUTOR
Ricardo Ramos nasceu em 1929 em Palmeira dos Índios (Alagoas), quinto filho do escritor Graciliano Ramos e primeiro de Heloísa de Medeiros Ramos. Na primeira infância, em uma Maceió que intensifica sua vida cultural, Ricardo vive num ambiente de escritores, que inclui José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, Jorge Amado, Aurélio Buarque de Holanda e Valdemar Cavalcanti. Em 1936, Graciliano é preso em Maceió por motivos políticos e levado ao Rio de Janeiro. Heloísa parte para o Rio com as duas filhas menores. Ricardo vai morar com o avô materno. Inicia sua educação formal, ficando em Maceió até concluir o ginásio com os irmãos maristas. Retoma o contato com o pai somente em 1944, aos quinze anos, no Rio, onde inicia a atividade jornalística, ao mesmo tempo em que cursa direito. Começa a escrever contos e a trabalhar em publicidade.
Em 1954, publica Tempo de espera, primeiro de nove volumes dedicados à narrativa curta. A publicidade leva-o a se mudar para São Paulo, onde residiria por mais de trinta anos. É autor de dois romances, três novelas juvenis e dois ensaios. Foi traduzido para o inglês, espanhol, alemão, russo e japonês. Foi também editor, professor da ESPM e presidente da União Brasileira de Escritores (UBE). Faleceu em São Paulo, em 1992.
O PERSONAGEM
Graciliano Ramos de Oliveira (Quebrangulo, 27 de outubro de 1892 — Rio de Janeiro, 20 de março de 1953) foi um romancista, cronista, contista, jornalista, político e memorialista brasileiro do século XX, mais conhecido por seu livro Vidas Secas (1938).
Índice
Graciliano Ramos viveu os primeiros anos em diversas cidades do Nordeste brasileiro. Terminando o segundo grau em Maceió, seguiu para o Rio de Janeiro, onde passou um tempo trabalhando como jornalista. Voltou para o Nordeste em setembro de 1915, fixando-se junto ao pai, que era comerciante em Palmeira dos Índios, Alagoas. Neste mesmo ano casou-se com Maria Augusta de Barros, que morreu em 1920, deixando-lhe quatro filhos.
Foi eleito prefeito de Palmeira dos Índios em 1927, tomando posse no ano seguinte. Ficou no cargo por dois anos, renunciando a 10 de abril de 1930. Segundo uma das auto-descrições, "(...) Quando prefeito de uma cidade do interior, soltava os presos para construírem estradas."Os relatórios da prefeitura que escreveu nesse período chamaram a atenção de Augusto Frederico Schmidt, editor carioca que o animou a publicar Caetés (1933).
Entre 1930 e 1936 viveu em Maceió, trabalhando como diretor da Imprensa Oficial, professor e diretor da Instrução Pública do estado. Em 1934 havia publicado São Bernardo,[2] e quando se preparava para publicar o próximo livro, foi preso em decorrência do pânico insuflado por Getúlio Vargas após a Intentona Comunista de 1935. Com ajuda de amigos, entre os quais José Lins do Rego, consegue publicar Angústia (1936), considerada por muitos críticos como sua melhor obra.
Em 1938 publicou Vidas Secas. Em seguida estabeleceu-se no Rio de Janeiro, como inspetor federal de ensino. Em 1945 ingressou no antigo Partido Comunista do Brasil - PCB (que nos anos sessenta dividiu-se em Partido Comunista Brasileiro - PCB - e Partido Comunista do Brasil - PCdoB),de orientação soviética e sob o comando de Luís Carlos Prestes;nos anos seguintes, realizaria algumas viagens a países europeus com a segunda esposa, Heloísa Medeiros Ramos, retratadas no livro Viagem (1954).Ainda em 1945, publicou Infância, relato autobiográfico.
Adoeceu gravemente em 1952. No começo de 1953 foi internado, mas acabou falecendo em 20 de março de 1953, aos 60 anos, vítima de câncer do pulmão.
Bibliografia
Caetés (1933) (ganhador do prêmio Brasil de literatura);
São Bernardo (1934);
Angústia (1936);
Vidas Secas (1938);
A Terra dos Meninos Pelados (1939);
Brandão Entre o Mar e o Amor (1942);
Histórias de Alexandre (1944);
Infância (1945);
Histórias Incompletas (1946);
Insônia (1947);
Memórias do Cárcere, póstuma (1953);
Viagem, póstuma (1954);
Linhas Tortas, póstuma (1962);
Viventes das Alagoas, póstuma (1962);
Alexandre e Outros Heróis, póstuma (1962);
Cartas, póstuma (1980);
O Estribo de Prata, póstuma (1984);
Cartas à Heloísa, póstuma (1992);
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