Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
terça-feira, 28 de dezembro de 2021
LIZ
PARTO DE LUZ.
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Feliz!
…Fuga do meu olhar 👀…
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- Mto linda
- Guardiã
- Siiim
- Guarda virtual à distância presencial
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- AB OVO USQUE AD MALA -
http://mundovelhomundonovo.blogspot.com/2021/12/abovo-dovo.html
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"LUZ DE TODOS OS TEMPOS."
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http://mundovelhomundonovo.blogspot.com/2021/12/monarco-de-todos-os-tempos.html
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PENSA UM POUCO
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http://mundovelhomundonovo.blogspot.com/2021/12/pensa-um-pouco.html
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“…Ao som de Amadeus de Mozart…”🎶🎶🎶🎶
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- Muito phyna -
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"AO VENCEDOR AS RAPADURAS!"
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Mozart - Músicas da trilha sonora do filme Amadeus
3.656 visualizações11 de nov. de 2020
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Carlos Viana
20,8 mil inscritos
Uma hora de belas músicas de Mozart retiradas da trilha sonora do filme Amadeus.
1 - Sinfonia nº 25 em Sol Menor - K.183 00:00 - 07:48
2 - Concerto para Piano e Mi - K.482 07:48 - 18:51
3 - Ópera o Rapto do Serralho (Die Entfuhrung) 18:51 - 20:17
4 - Serenata para Sopros (3º movto) - k.361 20:17 - 26:22
5 - Sinfonia nº 29 (1º movto) - k.201 26:22 - 32:02
6 - Ópera As Bodas de Fígaro (3º ato) 32:02 - 34:32
7 - Concerto para Piano nº 20 (2º movto) 34:32 - 44:20
8 - Ópera Dom Giovanni (2º ato) 44:20 - 51:15
9 - Requiem (Rex Tremendae) - k.626 51:15 - 53:21
- Requiem (Lacrimosa) - k.626 53:21 - 57:08
An hour of beautiful Mozart music from the soundtrack to the film Amadeus.
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https://www.youtube.com/watch?v=_qhBKANBw0o
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segunda-feira, 27 de dezembro de 2021
TUTU ALEGRIA DO POVO
CABO NEGRO DA BOA ESPERANÇA
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'Esperança
é a capacidade de ver que há luz
apesar da escuridão.'
Desmond Tutu
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TUDO ARARIPE, MENOS INGÊNUO!
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UM ANJO CONSCIENTE E RETO
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Morre Desmond Tutu, vencedor do Nobel da Paz e ativista anti-apartheid sul-africano
26 dezembro 2021
Desmond Tutu em sua festa de 75 anos em 2006
CRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto,
Tutu ganhou Nobel da Paz em 1984 por seu papel em acabar com a política de segregação racial e discriminação imposta pelo governo de minoria branca contra a maioria negra na África do Sul de 1948 a 1991
O arcebispo Desmond Tutu, vencedor do Prêmio Nobel da Paz que ajudou a acabar com o apartheid na África do Sul, morreu aos 90 anos.
O presidente do país, Cyril Ramaphosa, disse que a morte do clérigo marcou "outro capítulo de luto na despedida de nossa nação a uma geração de notáveis sul-africanos".
Ele disse que o arcebispo Tutu ajudou a deixar à posteridade "uma África do Sul libertada".
Tutu foi uma das figuras mais conhecidas dentro e fora da África do Sul.
Contemporâneo do ex-presidente Nelson Mandela (1918-2013), ele foi uma das forças motrizes por trás do movimento para acabar com a política de segregação racial e discriminação imposta pelo governo de minoria branca contra a maioria negra na África do Sul de 1948 a 1991, o chamado apartheid.
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Ele recebeu o prêmio Nobel em 1984 por seu papel na luta pela abolição do sistema.
A morte de Tutu ocorre poucas semanas depois da morte do último presidente da era do apartheid na África do Sul, FW de Clerk, que morreu aos 85 anos.
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Tutu e Mandela
CRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto,
Tutu foi contemporâneo do ícone anti-apartheid Nelson Mandela (à direita)
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A equipe da BBC News Brasil lê para você algumas de suas melhores reportagens
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O presidente Ramaphosa disse que Tutu era "um líder espiritual icônico, ativista anti-apartheid e ativista global dos direitos humanos".
Ele o descreveu como "um patriota sem igual; um líder de princípios e pragmatismo que deu sentido à compreensão bíblica de que a fé sem obras está morta".
"Um homem de intelecto extraordinário, integridade e invencibilidade contra as forças do apartheid, ele também era terno e vulnerável em sua compaixão por aqueles que sofreram opressão, injustiça e violência sob o apartheid e pessoas oprimidas ao redor do mundo."
Ordenado sacerdote em 1960, passou a servir como bispo do Lesoto de 1976-78, bispo assistente de Joanesburgo e reitor de uma paróquia em Soweto.
Em 1985, Tutu se tornou bispo de Joanesburgo e foi nomeado o primeiro arcebispo negro da Cidade do Cabo.
Ele usou seu papel de destaque para falar contra a opressão dos negros em seu país, sempre dizendo que seus motivos eram religiosos e não políticos.
Depois que Mandela se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul em 1994, Tutu foi nomeado por ele para uma Comissão de Verdade e Reconciliação criada para investigar crimes cometidos por brancos e negros durante a era do apartheid.
Ele também foi creditado por cunhar o termo Nação Arco-Íris para descrever a mistura étnica da África do Sul pós-apartheid, mas em seus últimos anos lamentou que a nação não tivesse se unido da maneira que ele sonhou.
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ONU Brasil
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Desmond Tutu afirma se opor à discriminação anti-LGBT "com a mesma paixão com que eu me opus ao Apartheid".
Neste vídeo da campanha da ONU "Livres & Iguais", o arcebispo emérito Desmond Tutu pede o fim da punição às pessoas por causa de quem são ou quem elas amam.
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Realidade & Ilusão em Machado de Assis Capa comum – 5 novembro 2008
Edição Português por José Aderaldo Castello (Autor)
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“O povo, ingênuo e sem fé das verdades, quer ao menos crer na fábula, e pouco apreço dá às demonstrações científicas.” Nessa frase de Machado de Assis, se desejássemos dar paralelismo ao segmento “ingênuo e sem fé das verdades”, a forma adequada seria: (A) “sem ingenuidade e sem fé nas verdades”.
Nível Superior
Professor III (Português)
Tipo 1 – BRANCA
https://conhecimento.fgv.br/sites/default/files/concursos/prefeitura_paulinia2016/201602_Professor_III_(Portugues)_(NS01007)_Tipo_1.pdf
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Barão de Itararé: a vida trágica e o humor anárquico de um ícone do jornalismo
https://www.terra.com.br/noticias/brasil/barao-de-itarare-a-vida-tragica-e-o-humor-anarquico-de-um-icone-do-jornalismo,f77933eb352d2da0ba5f34d32d2f1419rr140vd3.html
Esquerda Democrática
1 h ·
BARÃO DE ITARARÉ: A VIDA TRÁGICA E O HUMOR ANÁRQUICO DE UM ÍCONE DO JORNALISMO
André Bernardo (BBC News Brasil)
Na manhã de 19 de outubro de 1934, o jornalista gaúcho Apparício Torelly (1895-1971) saía de casa em Copacabana, no número 188 da rua Saint-Romain, rumo ao Centro, onde trabalhava, quando seu carro, um Chrysler, foi interceptado por dois veículos. Cinco homens, alguns deles armados, sequestraram o editor do Jornal do Povo.
"Tem família?", perguntou um dos sequestradores, já com os carros batendo em retirada. "Isso não vem ao caso", respondeu o sequestrado. "Nem é da conta dos senhores". "Escreva despedindo-se", continuou o sujeito. "É um favor que lhe prestamos". "Dispenso-o", retrucou a vítima.
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-59689669
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BBC.COM
Barão de Itararé: a vida trágica e o humor anárquico de um ícone do jornalismo - BBC News Brasil
Nos 50 anos de sua morte, especialistas debatem importância de Apparício Torelly, jornalista que fez fama com textos e frases de humor nos anos 1940 e que conviveu com grandes nomes da literatura.
https://pt-br.facebook.com/esqdemocratica/
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Serra Da Boa Esperança
Wilson Simonal
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Serra da Boa Esperança,
Esperança que encerra
No coração do Brasil
Um punhado de terra
No coração de quem vai,
No coração de que vem,
Serra da Boa Esperança,
Meu último bem
Trago comigo guardado
A imagem da serra
Eu sei que Jesus não castiga
Um poeta que erra
Nós, os poetas, erramos
Porque rimamos, também
Serra da Boa Esperança,
Meu último bem
Serra da Boa Esperança,
Não tenha receio,
Hei de guardar tua imagem
Com a graça de Deus!
Oh, minha serra,
Eis a hora do adeus,
Vou-me embora
Deixo a luz do olhar
No teu olhar, adeus!
compositores: LAMARTINE BABO
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*** Filarmônica e Nelson Freire em Boa Esperança 3:37 YouTube *** ASSISTIR: *** *** Filarmônica e Nelson Freire em Boa Esperança 13 de ago. de 2015 Orquestra Filarmônica de Minas Gerais No dia 1º de agosto, deixamos Belo Horizonte a caminho de Boa Esperança, cidade do Sul de Minas onde nasceu Nelson Freire, nosso grande pianista. Era a primeira vez que acontecia um concerto sinfônico por lá. Produção Audiovisual: Alicate *** *** https://www.youtube.com/watch?v=DfYbbxjinUc *** *** ***
https://mundovelhomundonovo.blogspot.com/2021/11/indescritivel.html
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Semana do Amor
Semana do Amor: Frase do Desmond Tutu sobre Esperança
'Esperança
é a capacidade de ver que há luz
apesar da escuridão.'
Desmond Tutu
Encontrei na timeline da
Lycia Jenné
Desmond Mpilo Tutu (Klerksdorp, 7 de outubro de 1931) é arcebispo da Igreja Anglicana consagrado com o Prêmio Nobel da Paz em 1984 por sua luta contra o Apartheid em seu país natal. Desmond é o primeiro negro a ocupar o cargo de Arcebispo da Cidade do Cabo, tendo sido também o Primaz da Igreja Anglicana da África do Sul entre 1986 e 1996.
ESPERANÇA DE DESMOND TUTU
Maior que uma esperança vaga, um valor esperado muito além da expectância ou esperança matemática.
***
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VALOR ESPERADO OU ESPERANÇA MATEMÁTICA ✅ ESTATÍSTICA
20.940 visualizações12 de mar. de 2020
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Prof. MURAKAMI - MATEMÁTICA RAPIDOLA
133 mil inscritos
Valor esperado ou Esperança Matemática
Em Estatística, em teoria das probabilidades, o valor esperado, também chamado esperança matemática ou expectância, de uma variável aleatória é a soma do produto de cada probabilidade de saída da experiência pelo seu respectivo valor.
Como se calcula o valor esperado?
Para determinar o valor parcial com base em cada resultado, multiplique seu valor pela probabilidade. Encontre a soma dos produtos. O valor esperado (VE) de um conjunto de resultados equivale à soma dos produtos individuais de valor multiplicada pela probabilidade.
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domingo, 26 de dezembro de 2021
TRÁGICO OCULTO
"É tudo um jogo mas eu conheço as regras."
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Música | Orquesta joven de la Sinfónica de Galicia: Bolero de Ravel
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Poemeto Irônico | Poema de Manuel Bandeira com narração de Mundo Dos Poemas
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Mundo Dos Poemas
Poesia e poema de autor brasileiro. Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (Recife, 19 de abril de 1886 — Rio de Janeiro, 13 de outubro de 1968) foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro. É considerado como parte da geração de 1922 do modernismo no Brasil. Seu poema "Os Sapos" foi o abre-alas da Semana de Arte Moderna. Juntamente com escritores como João Cabral de Melo Neto, Gilberto Freyre, Clarice Lispector e Joaquim Cardozo, entre outros, representa o melhor da produção literária do estado de Pernambuco.
Poesia | Manuel Bandeira: Poemeto irônico
O que tu chamas tua paixão,
É tão-somente curiosidade.
E os teus desejos ferventes vão
Batendo as asas na irrealidade...
Curiosidade sentimental
Do seu aroma, da sua pele.
Sonhas um ventre de alvura tal,
Que escuro o linho fique ao pé dele.
Dentre os perfumes sutis que vêm
Das suas charpas, dos seus vestidos,
Isolar tentas o odor que tem
A trama rara dos seus tecidos.
Encanto a encanto, toda a prevês.
Afagos longos, carinhos sábios,
Carícias lentas, de uma maciez
Que se diriam feitas por lábios...
Tu te perguntas, curioso, quais
Serão seus gestos, balbuciamento,
Quando descerdes na espirais
Deslumbradoras do esquecimento...
E acima disso, buscas saber
Os seus instintos, suas tendências...
Espiar-lhe na alma por conhecer
O que há de sincero nas aparências.
E os teus desejos ferventes vão
Batendo as asas na irrealidade...
O que tu chamas tua paixão,
É tão-somente curiosidade.
***
Mundo Alternativo
Filme – A Felicidade Não Se Compra (It's a Wonderful Life, 1946) | Mundo Alternativo
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"Este ano de 2021 não foi nem um pouco fácil para a maioria dos brasileiros, em meio a desemprego, inflação e pandemia. No espírito de Frank Capra, vamos celebrar hoje aqueles trabalhadores e pessoas comuns que enfrentaram grandes dificuldades e, por meio do trabalho honesto, aliviaram um pouco os problemas coletivos.
Vamos agradecer aos enfermeiros e médicos que arriscaram a vida para cuidar dos doentes, aos trabalhadores dos supermercados e aos entregadores que assumiram a linha de frente e nos permitiram manter algum distanciamento social, aos cientistas e trabalhadores do Butantan e da Fiocruz que testaram e fabricaram as vacinas, a todos os professores que seguiram ensinando as crianças. Neste ano difícil, a despeito dos Senhores Potter que estão no poder, eles foram os Georges Bailey que fizeram do Brasil um lugar menos ruim." 👇🏿
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Pablo Ortellado: Uma vida maravilhosa
sábado, 25 de dezembro de 2021
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O Globo
“A felicidade não se compra” (“It’s a wonderful life”), o clássico filme natalino de Frank Capra, completa 75 anos, e a efeméride é ótimo pretexto para revê-lo. Quem quiser pode assistir hoje (25/12) às 13h15 no Telecine Cult.
Os filmes de Capra celebram as virtudes do homem comum. Em “O galante Mr. Deeds” (1936), um homem simples de uma cidade do interior herda uma grande fortuna e é perseguido por interesseiros. Em “Do mundo nada se leva” (1938), uma garota de família trabalhadora e alegremente excêntrica enfrenta a família do noivo rico que quer comprar as casas da região. Em “A mulher faz o homem” (1939), um cidadão ingênuo é eleito para o senado americano, onde tem de enfrentar a política corrompida.
Os personagens de Capra são trabalhadores que mantêm as famílias unidas e atravessam com otimismo e alegria os momentos difíceis. Seus filmes celebram de maneira um pouco ingênua a honestidade, a simplicidade e a decência do trabalhador americano, em contraste com a ganância, a corrupção e o rebaixamento do espírito trazidos pelo dinheiro e pelo poder.
Essa fascinante sequência de filmes é interrompida pela Segunda Guerra Mundial. Em 1941, apenas quatro dias após Pearl Harbor, Capra, com 44 anos, se alista e colabora com o esforço de guerra produzindo uma série de documentários destinada aos soldados chamada “Por que lutamos” (1942-1945).
“A felicidade não se compra”, de 1946, é sua volta ao cinema comercial, num projeto independente, sem o controle dos estúdios. É seguido de mais um filme, “Sua esposa e o mundo” (“State of the Union”), de 1948. O pouco sucesso dos dois filmes numa sociedade profundamente mudada pela guerra o leva a abandonar o cinema de ficção e a dedicar o resto da carreira ao documentário de divulgação científica.
Para quem não viu ou não se lembra, “A felicidade não se compra” conta a história de George Bailey (James Stewart), um homem decente que sacrifica seus interesses e ambições para fazer o que é certo.
Aos 12 anos, George salva o irmão num acidente, perdendo a audição; jovem, sacrifica uma carreira na engenharia para ajudar a pequena empresa de construção da família; quando se casa, gasta todo o dinheiro da lua de mel para recuperar a empresa. Seu antagonista é o Senhor Potter, um magnata local ganancioso e inescrupuloso que tenta tirar o negócio da família e desdenha o compromisso social da pequena construtora. Para o desespero final de George, seu tio perde o dinheiro do depósito da empresa, que é encontrado (e não devolvido) pelo Senhor Potter, colocando em risco anos de dedicação e sacrifício.
Embora moralmente corretas, as escolhas de George vão lhe trazendo problemas e acumulando frustrações, até que ele se vê à beira do suicídio. Quando está para saltar de uma ponte, é abordado por um anjo da guarda que o leva a contemplar o que teria acontecido com as pessoas a seu redor se não existisse — de maneira parecida, mas um pouco diferente do que fazem os fantasmas do “Conto de Natal” de Charles Dickens. Após ver como suas ações impactaram as pessoas ao redor, George implora para voltar a viver.
Embora seja um dos filmes mais reprisados no período de Natal, “A felicidade não se compra” não é um filme radiante, mas um pouco sombrio. A vida que George decide retomar não é luminosa. Embora a cidade se cotize para pagar a dívida da construtora, o Senhor Potter escapa impune, e os outros problemas de George não vão embora.
O título original em inglês, “É uma vida maravilhosa”, tem algo de sarcástico: a despeito da barulhenta animação com que ele enfrenta os desafios, a vida de George e de outros como ele não é maravilhosa. Mas suas ações fazem com que uma vida dura e difícil seja um pouco menos ruim para todos.
Este ano de 2021 não foi nem um pouco fácil para a maioria dos brasileiros, em meio a desemprego, inflação e pandemia. No espírito de Frank Capra, vamos celebrar hoje aqueles trabalhadores e pessoas comuns que enfrentaram grandes dificuldades e, por meio do trabalho honesto, aliviaram um pouco os problemas coletivos.
Vamos agradecer aos enfermeiros e médicos que arriscaram a vida para cuidar dos doentes, aos trabalhadores dos supermercados e aos entregadores que assumiram a linha de frente e nos permitiram manter algum distanciamento social, aos cientistas e trabalhadores do Butantan e da Fiocruz que testaram e fabricaram as vacinas, a todos os professores que seguiram ensinando as crianças. Neste ano difícil, a despeito dos Senhores Potter que estão no poder, eles foram os Georges Bailey que fizeram do Brasil um lugar menos ruim.
https://gilvanmelo.blogspot.com/2021/12/pablo-ortellado-uma-vida-maravilhosa.html
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Um clássico do cinema dos anos 40 o filme, A Felicidade Não se Compra nos ensina muitas lições, mas a principal delas é que cada um de nós é importante, não importa as nossas diferenças. Todos nós podemos atingir a vida das pessoas ao nosso redor de uma maneira positiva.
O que seria do mundo sem você nele? Como seria a vida das pessoas ao seu redor se você não tivesse nascido? A Felicidade Não se Compra é um filme clássico que nos faz refletir sobre nossa influência no comportamento e na vida de quem nos cerca simplesmente por estarmos aqui, existindo. É o tal laço invisível que nos une.
Em “It’s a Wonderful Life” (A Felicidade Não se Compra, no Brasil), de Frank Capra, 1946, George Bailey, homem admirado por todos na cidade, que abdica do sonho de estudar, viajar e conhecer o mundo para permanecer cuidando do legado da empresa em que o pai trabalhava antes de morrer. Perdido e desesperado em meio aos golpes do Sr. Potter (Lionel Barrymore), homem rico e poderoso da região, George acaba pensando em suicídio. Então um candidato a anjo de nome Clarence (Henry Travers) desce do céu e tenta persuadi-lo a mudar de ideia, declarando a importância da sua vida para muitas pessoas. Porém, mediante o ceticismo de George, o anjo resolve mostrar a ele as cenas de como seria a vida se ele não fizesse parte dela. “Foi te dada uma grande oportunidade, George, ver como seria o mundo sem você”.
É então que começa uma sequência emocionante e cheia de lições, que gostaria de compartilhar com vocês. Vamos lá?
Nossos atos impactam a vida das pessoas.
Se não fosse por George, sua bondade em ajudar as pessoas, muitas pessoas teriam ido à ruína. Ele enxerga em cada detalhe, cada esquina, o quão frustrante seria a vida de todos sem que ele tivesse sido a pessoa que foi. Ele enxerga, de fato, o quão valiosa é sua jornada. E volta à vida com um sentimento explodindo de dentro dele: gratidão. Pelos seus filhos, pela sua esposa, pela sua firma, pelos seus amigos, pela sua casa caindo aos pedaços. A alegria, a capacidade de superação, a fé e a valorização da vida e de tudo aquilo que somos e representamos para outras pessoas tem que ser o combustível de nossas vidas. Uma das mais poderosas lições do filme A Felicidade Não Se Compra reside justamente na ideia de nossa importância pessoal, ou seja, de como nossa existência pode afetar de modo positivo a vida de outras pessoas.
Ame as pessoas sem esperar nada em troca.
E o mais impressionante para muitos é perceber que o verdadeiro “amor ao próximo” não precisa de muita coisa. Essa forma poderosa de ação pode ser efetivada a partir das pequenas ações que desempenhamos na nossa rotina. Adicionar um pouco de felicidade, esperança e otimismo ao dia a dia de cada um de nós pode representar muito para as pessoas que se sentam ao lado na mesa do jantar ou no escritório em que trabalhamos.
É claro que não somos anjos, nem mesmo de 2ª classe (quem assistir o filme entenderá essa colocação). Somos seres humanos, de carne e osso, fadados a errar (e com os erros também podemos e devemos aprender) e, do mesmo modo, destinados a acertar tantas outras vezes. O importante é que queiramos sempre fazer o melhor. Dividir com as outras pessoas aquilo que podemos dar que represente nossos sentimentos mais puros e genuínos de humanidade: justamente a solidariedade, a compaixão, a fraternidade, a paz e o amor.
A Felicidade Não se Compra é considerado um clássico natalino, mas é para ser assistido em qualquer época do ano. Nos leva a crer novamente naquela bondade que parece tão pouco habitada no mundo de hoje. Você pode assistir o filme na Netflix.
Você é importante sim!
A Felicidade Não se Compra é certamente é uma ótima pedida para aqueles dias em que estamos com a autoestima em pedaços, pois nos causa uma linda impressão de nossa importância como sujeitos únicos neste mundo de bilhões. Um filme adorável que faz com que você reacenda sua esperança na bondade do ser humano.
Portanto, quando precisar de uma pequena dose de otimismo, assista. O efeito é imediato: trata-se daquele tipo de filme no qual ao final você está lendo os créditos com lágrimas e um sorriso estampado no rosto ao mesmo tempo. Porque sejamos sinceros, não é todo dia em que acordamos nos achando a pessoa mais importante do mundo.
“Querido George, lembre-se, nenhum homem é um fracasso quando tem amigos. Obrigado pelas asas. Clarence”.
Fica aqui a minha indicação de um filme sensível e emocionante. Vale a pena assistir.
Até a próxima!
Bruna Perales
https://www.unasp.br/blog/a-felicidade-nao-se-compra/
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Making Of Its A Wonderful Life Frank Capra Jr
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Marco Aurélio Nogueira*: Tempo de assimilações e luta
sábado, 25 de dezembro de 2021
O Estado de S. Paulo
Agenda do futuro terá de destacar as pautas ambientais, a sustentabilidade econômica e a eliminação das desigualdades obscenas
Não se deve forçar a ideia, pois há processos de longa duração em curso, mas se pode dizer que 2021 foi um ano de assimilações: incorporamos novos processos aos nossos cálculos existenciais. Recuperamos convicções que pareciam esquecidas. Com mais informação e melhor entendimento, distanciamo-nos da aceitação passiva dos problemas que nos desafiam.
A pandemia nos obrigou a retomar cuidados básicos e a lutar por uma vacinação que se projetou como principal via de escape, mas que foi rejeitada, banalizada e desprezada pelo governo federal. O sistema de saúde, com isso, perdeu articulação. Mas o SUS resistiu bravamente, as vacinas chegaram à população, juntamente com o uso de máscaras e a percepção da necessidade de uma vida social menos aglomerada. Ficamos cientes da importância de mecanismos de controle e vigilância sanitária, base de sistemas de proteção e combate a vírus e patógenos.
A assimilação não atingiu a todos. Houve quem seguiu a vida como se não houvesse amanhã. Negacionistas mantiveram-se ativos, a começar pelo presidente da República.
Houve imunização biológica, que nos protegeu da covid, mas perdemos em termos daquilo que o filósofo Peter Sloterdijk chama de “imunidade jurídica e solidária” e de “imunidade simbólica”. O governo Bolsonaro corroeu as defesas sociais em muitos terrenos, reduzindo nossa capacidade de sobrevivência comum e com dignidade.
A pandemia reforçou o home office, com repercussões intensas na família, no sindicalismo e na empregabilidade. Compras pela internet, delivery intensificado, trabalho precário e “empreendedorismo”, uma explosão de pequenos negócios e empresas de novo tipo. Parece improvável que se volte ao padrão anterior. O trabalho em casa ainda engatinha, mas já se fixou na escala de valores de trabalhadores e empresários, como aceitação da flexibilidade, do equilíbrio entre vida profissional e vida familiar, de atividades menos desgastantes, sem perda de produtividade.
Também tivemos de assimilar o governo Bolsonaro, com suas figuras toscas e sua permanente disposição de agredir e fazer tudo errado, confrontando a opinião pública, o bom senso e a segurança nacional. Perdemos um tempo enorme tentando decifrar a chegada à Presidência da República de um personagem desqualificado e envolto em trevas. Hoje compreendemos que, em 2018, uma inflexão de extrema direita pegou desatentos a população, a sociedade civil e os partidos políticos. Pagamos alto preço por isso.
Com o tempo, Bolsonaro tornou-se mais perigoso e deletério, mas assusta menos, como acontece quando nosso organismo assimila um veneno e passa a purgá-lo.
Perdemos algumas ilusões. Melhoramos a percepção de que o Brasil terá de suar sangue para ser um País no qual estejam debelados a miséria, a fome, a desigualdade, a baixa produtividade, o Estado engessado. Demo-nos conta da extensão de nossos desertos, do vazio de lideranças públicas, de nossa gana por improvisações e desperdícios. Descobrimos que nossa imagem no mundo é muito ruim, antagônica aos arroubos patrioteiros internos.
Compreendemos melhor o valor da democracia e, ao mesmo tempo, a dificuldade de fazer com que ela prevaleça. Construções democráticas são exercícios permanentes, que precisam ser repostos dia após dia. São processos difíceis, sujeitos à instabilidade e sempre combatidos pelos que pregam a autoridade tirânica, a ordem imposta pela violência, a disseminação de valores que intimidam e restringem a liberdade.
Luzes de esperança estão acesas, mas não surgiu uma proposição política e democrática maiúscula, que indique com clareza a rota a ser seguida para a recuperação do País. O bolsonarismo se decompõe e perde espaço, há bons postulantes democráticos à Presidência, mas faltam articulação, diálogo horizontal, cooperação. Navegamos sem mapa, em um tempo de urgências.
Sem luta paciente, esforço coletivo e determinação cívica, o buraco permanecerá a nos engolir. Os políticos precisarão assumir suas responsabilidades, mas a população e a sociedade civil também terão de atuar com vigor, exigindo propostas de qualidade e programas factíveis.
2021 foi um ano de transição, assim como havia sido 2020. Há perigos por todos os lados, oportunidades que se abrem e se fecham. Estamos aprendendo a viver sob pressão. Novos abismos se anunciam e ainda não dispomos das pontes para atravessá-los.
A entrada em uma nova era mexe com estruturas existenciais, estados de espírito e convicções. Gera medo e insegurança. Destroços precisam ser assimilados. O meio ambiente conhece a destruição acelerada das reservas naturais e, de abrigo da vida, está sendo convertido em hospedeiro de desgraças e doenças. A agenda do futuro terá de destacar as pautas ambientais, a sustentabilidade econômica, a eliminação das desigualdades obscenas.
Não é um cenário otimista. Mas é em situações assim que a capacidade de reação dos humanos se manifesta, como luta pela vida, pela liberdade, pela democracia.
Boas-festas e um feliz 2022 para todos.
*Professor titular de teoria política da Unesp
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O Maestro Explica o BOLERO de Ravel
9.045 visualizações17 de jul. de 2020
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ECAI
24,7 mil inscritos
LISTA DE INSTRUMENTOS ABAIXO!
Este vídeo é uma aula informal e introdutória sobre o BOLERO, de Maurice Ravel, que analisa o contexto histórico e musical da obra, de uma maneira didática, para não-especialistas. Esta palestra é dirigida a não-músicos e diletantes.
INSTRUMENTOS do Bolero (por ordem de entrada no solo)
1. Base rítmica inicial: Tarol + cordas em pizzicato
2. Flauta
3. Clarineta
4. Fagote
5. Clarineta piccolo
6. Oboé d’amore
7. Flauta + trompete com surdina
8. Saxofone tenor
9. Sax sopranino + sax soprano
10. Trompa + Piccolo + Celesta
11. Oboé + Oboé d’amore + Corne inglês + Clarinetas
12. Trombone
13. Madeiras
14. Entram os primeiros violinos
15. Todos os violinos + sax tenor
16. Entram os trompetes e as violas
17. Entram as cordas graves
18. Todos fortíssimo (dois taróis)
19. Coda: gongo + prato + bumbo
Alexandre Innecco nunca quis se tornar um Youtuber, mas 2020 veio com um desafio interessante chamado Coronavírus. "Quarentenado" em Brasília, Innecco decidiu dividir algumas ideias com a web.
Se você gostou do vídeo e gostaria de contribuir para o ECAI - um centro de artes em Brasília fundado pelo Alexandre, visite www.ecai.com.br e contribua com qualquer valor.
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QUEM SOMOS NÓS I Memórias Póstumas de Brás Cubas por Alcides Villaça
88.218 visualizações28 de jul. de 2018
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Quem Somos Nós?
288 mil inscritos
Alcides Villaça, Professor Titular de Literatura Brasileira na FFLCH-USP, fala sobre um dos maiores clássicos da nossa literatura, o livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis.
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domingo, 26 de dezembro de 2021
Vinicius Torres Freire: Como pode ser a desbozificação do Brasil
Folha de S. Paulo
É preciso conter manipulação e crimes de Estado, mentira e política negocista
Um procurador-geral da República sério pode criar problemas sérios para um presidente da República delinquente. Um procurador venal da República pode vender sua alma para um presidente que o seduza com a promessa de uma cadeira no Supremo.
Qualquer presidente pode oferecer essa mamata. Existe a oportunidade de mutreta judicial também por meio da manipulação de ministros da Justiça, diretores da Polícia Federal ou ministros de tribunal superior.
Jair Bolsonaro expôs de vez essas vergonhas. Talvez seja o caso de proibir por lei que chefes da procuradoria, da polícia ou da Justiça possam ser indicados para tribunal superior pelo mesmo presidente que os nomeou para aqueles cargos.
É apenas um exemplo do que é preciso pensar assim que o país eleger uma ou um presidente que habite o universo da razão e da decência mínimas. Com Bolsonaro, deve ter ficado clara a ameaça terminal ao direito, à democracia e à vida por meio da intervenção tirana em órgãos de Estado. Devem ser feitas mudanças que reforcem a imunidade das instituições e ao mesmo tempo promovem uma desbozificação do país.
Um problema sério é o que fazer do partido militar, dos milhares de integrantes das Forças Armadas que usufruem da boquinha rica, que pregam tortura, ditadura e golpe, para não falar da politização dos comandos.
Caso uma burocracia profissional desaloje os militares de suas bocas, há risco de revanche. Ainda que não seja assim, ficou evidente que gente armada voltou a ameaçar a política e o funcionamento das instituições, Supremo inclusive. Falta um novo estatuto explícito e implícito para as Forças Armadas e polícias.
É preciso criar meios para que o governante seja rápida e constrangedoramente chamado às falas ou ao tribunal em caso de mentira e manipulação ou ocultação de dados. A mentira é a condição essencial de Bolsonaro.
Tentou esconder números da epidemia. Tenta até hoje manipular informações sobre desmatamento e queimada. Colocou em dúvida dados do IBGE (que pode muito bem ser criticado em debate especializado, o que é difícil, pois procura seguir os melhores padrões técnicos). A Lei de Acesso a Informação acabou por se transformar em mais um instrumento que o Estado tem para agir às escondidas do público. Há lei para qualificar a mentira contra a ordem, a paz e a saúde públicas. Mas é preciso aumentar o risco de que o mentiroso-mor vá para o cadafalso judicial.
Presidente algum vai se sentir ameaçado se puder comprar também um presidente da Câmara dos Deputados, com sua capacidade imperial de decidir sobre processos de impeachment. Um colegiado amplo, com participação relevante da oposição, deve ficar com esse poder. Não se trata de facilitar deposições, mas autoridades devem ter medo da degola.
Claro que apenas reformas institucionais localizadas não vão dar conta da degradação. É preciso dar um jeito no sistema político autocentrado, fechado, impermeável à participação democrática, dedicado à mera autopreservação, um bando de partidos negocistas criado por incentivos perversos.
Ainda é pouco. O país está em revolta faz oito anos, ao menos. Por vezes, são pontuais (Junho de 2013). Outras são de "longa duração": a massa jogada nas periferias por décadas se revoltou em parte por meio da religião politizada, por exemplo. A indiferenciação dos partidos políticos e a falta de resultados sociais profundos da política no período de eleições livres desacreditou a democracia e tornou atraentes soluções autoritárias.
A desbozificação é mais do que desbolsonarização: tem de lidar também com o pântano em que isso brotou.
sábado, 25 de dezembro de 2021
Pensa um pouco
“As obras que eu faço em nome de meu Pai, essas
testificam de mim.” Jesus (João, 10:25)
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Música | Amadeus Mozart: Allegro (Clarinete: Arngunnur Árnadóttir)
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É vulgar a preocupação do homem comum, relativamente às tradições
familiares e aos institutos terrestres a que se prende, nominalmente, exaltando-se nos
títulos convencionais que lhe identificam a personalidade. Entretanto, na vida verdadeira, criatura alguma é conhecida por
semelhantes processos. Cada Espírito traz consigo a história viva dos próprios feitos
e somente as obras efetuadas dão a conhecer o valor ou o demérito de cada um. Com o enunciado, não desejamos afirmar que a palavra esteja desprovida
de suas vantagens indiscutíveis; todavia, é necessário compreender-se que o verbo é
também profundo potencial recebido da Infinita Bondade, como recurso divino,
tornando-se indispensável saber o que estamos realizando com esse dom do Senhor
Eterno. A afirmativa de Jesus, nesse particular, reveste-se de imperecível beleza. Que diríamos de um Salvador que estatuísse regras para a Humanidade, sem partilhar-lhe as dificuldades e impedimentos?
O Cristo-iniciou a missão divina entre homens do campo, viveu entre
doutores irritados e pecadores rebeldes, uniu-se a doentes e aflitos, comeu o duro
pão dos pescadores humildes e terminou a tarefa santa entre dois ladrões. Que mais desejas? Se aguardas vida fácil e situações de evidência no
mundo, lembra=te do Mestre e pensa um pouco.
Chico Xavier Pelo Espírito Emmanuel Pão nosso COLEÇÃO FONTE VIVA FEB 2 -
Pensa um pouco
*** *** http://grupoama.org.br/books/Chico%20Xavier%20(Emmanuel)%20-%20Pao%20Nosso.pdf *** ***
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Mensagens Com Amor
As pessoas não acreditam mais no amor. É preciso valorizá-lo.
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À todos aqueles
que amam a vida
e acreditam no amor
verdadeiro.
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André Luiz Gama MINHA HISTÓRIA Uma filosofia para a vida
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Vida em Poesia
João Cabral de Melo Neto
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sábado, 25 de dezembro de 2021
Poesia | João Cabral de Melo Neto: Cartão de Natal
Pois que reinaugurando essa criança
pensam os homens
reinaugurar a sua vida
e começar novo caderno,
fresco como o pão do dia;
pois que nestes dias a aventura
parece em ponto de voo, e parece
que vão enfim poder
explodir suas sementes:
Que desta vez não perca esse caderno
sua atração núbil para o dente;
que o entusiasmo conserve vivas
suas molas,
e possa enfim o ferro
comer a ferrugem
o sim comer o não.
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INFORNATUS
I N F O R N A T U S: Frases de dom Hélder Câmara
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“Gosto de pensar no Natal como um ato de subversão… Um menino pobre, uma mãe solteira, um pai adotivo… Quem assiste seu nascimento é a ralé da sociedade, os pastores... É presenteado por gente de outras religiões, magos, astrólogos… A família tem que fugir e assim viram refugiados políticos. Depois voltam a viver na periferia. O resto a gente celebra na Páscoa… Mas com a mesma subversão… Sim! A revolução virá dos pobres! Só deles pode vir a salvação! Feliz Natal! Feliz subversão.”
Palavras poéticas de Dom Helder Câmara.
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Wikipédia
Falso profeta – Wikipédia, a enciclopédia livre
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Calvário de Plougonven, na França: o falso profeta seria influenciado por dons demoníacos
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Instruções dos Espíritos
Os falsos profetas
8. Se vos disserem: “O Cristo está aqui”, não vades; ao contrário,
tende-vos em guarda, porquanto numerosos serão os falsos profetas. Não
vedes que as folhas da figueira começam a branquear; não vedes os seus
múltiplos rebentos aguardando a época da floração; e não vos disse o
Cristo: “Conhece-se a árvore pelo fruto?” Se, pois, são amargos os frutos,
já sabeis que má é a árvore; se, porém, são doces e saudáveis, direis: “Nada
que seja puro pode provir de fonte má.”
É assim, meus irmãos, que deveis julgar; são as obras que deveis examinar. Se os que se dizem investidos de poder divino revelam sinais de uma
missão de natureza elevada, isto é, se possuem no mais alto grau as virtudes
cristãs e eternas: a caridade, o amor, a indulgência, a bondade que concilia
os corações; se, em apoio das palavras, apresentam os atos, podereis então
dizer: Estes são realmente enviados de Deus.
Desconfiai, porém, das palavras melífluas, desconfiai dos escribas e
dos fariseus que oram nas praças públicas, vestidos de longas túnicas. Desconfiai dos que pretendem ter o monopólio da verdade!
Não, não, o Cristo não está entre esses, porquanto os que Ele envia
para propagar a sua santa doutrina e regenerar o seu povo serão, acima
de tudo, seguindo-lhe o exemplo, brandos e humildes de coração; os que
hajam, com os exemplos e conselhos que prodigalizem, de salvar a Humanidade, que corre para a perdição e pervaga por caminhos tortuosos, serão
essencialmente modestos e humildes. De tudo o que revele um átomo de
orgulho, fugi, como de uma moléstia contagiosa, que corrompe tudo em
que toca. Lembrai-vos de que cada criatura traz na fronte, mas principalmente nos atos, o cunho da sua grandeza ou da sua inferioridade.
Ide, portanto, meus filhos bem-amados, caminhai sem tergiversações,
sem pensamentos ocultos, na rota bendita que tomastes. Ide, ide sempre,
sem temor; afastai, cuidadosamente, tudo o que vos possa entravar a marcha para o objetivo eterno. Viajores, só por pouco tempo mais estareis nas trevas
e nas dores da provação, se abrirdes o vosso coração a essa suave doutrina
que vos vem revelar as leis eternas e satisfazer a todas as aspirações de vossa
alma acerca do desconhecido. Já podeis dar corpo a esses silfos ligeiros que
vedes passar nos vossos sonhos e que, efêmeros, apenas vos encantavam o
espírito, sem coisa alguma dizerem ao vosso coração. Agora, meus amados,
a morte desapareceu, dando lugar ao anjo radioso que conheceis, o anjo do
novo encontro e da reunião! Agora, vós que bem desempenhado haveis a
tarefa que o Criador confia às suas criaturas, nada mais tendes de temer da
sua justiça, pois Ele é pai e perdoa sempre aos filhos transviados que clamam
por misericórdia. Continuai, portanto, avançai incessantemente. Seja vossa
divisa a do progresso, do progresso contínuo em todas as coisas, até que,
finalmente, chegueis ao termo feliz da jornada, onde vos esperam todos os
que vos precederam. – Luís. (Bordeaux, 1861.)
https://febnet.org.br/wp-content/themes/portalfeb-grid/obras/evangelho-guillon.pdf
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16
E – Cap. XV – Item 10
L – Questão 912
Temas Estudados:
Amor e espontaneidade
Auxílio e oportunidade
Doações e natureza
Medicação espiritual
Socorro atrasado
Solidariedade e disciplina
NÃO RETARDES O BEM
A dádiva tem força de lei, em todos os domínios da Criação.
A flor dá naturalmente do seu perfume, e o animal, em sistema de compulsória,
oferece cooperação ao homem, através do suor em que se consome. A criatura generosa
dá concurso fraterno, pelos recursos da caridade, sem esperar petição alguma, e o
usurário desencarnado cede, constrangido pelos mecanismos da herança todas as
posses que acumulou.
Isso ocorre porque no fundo, todos os bens da vida pertencem a deus, que no-los
empresta visando ao nosso próprio enriquecimento.
*
Desenvolve, quanto possível, a tua capacidade de auxiliar,porquanto, no tamanho
de teu sentimento, podes ser o amparo material, ainda que ligeiro, no labor da
beneficência: a palavra que esclarece e consola no combate da luz contra o assalto das
trevas; a presença amiga que insufla a esperança ou o braço acolhedor que sustenta o
companheiro atormentado pela exaustão.
Recorda,porém, que existe o momento perfeito de auxiliar, seja ele conhecido como
sendo a ocasião da necessidade, a sugestão do trabalho, o propósito de ajudar ou o
impulso da intuição
Aproveita o ensejo de ser útil, com a inteligência de quem sabe que é preciso
plantar hoje para colher amanhã.
Para isso, no entanto, é imperioso te desfaças de todas as exigências. Não temas
farpas de censura,em torno de tua dádiva, e nem taxes a tua bondade com impostos de
gratidão.O amor não cobra pedágio seja a quem for que passe por ele recebendo serviço.
Ajuda com alegria de quem se honra com a faculdade de acrescentar as alegrias de
que Deus dotou o Universo; sobretudo, não permitas que a oportunidade de auxiliar se
deteriore em suas mãos. A dádiva retardada tem gosto de recusa, tanto quanto a refeição
inaproveitada fere o equilíbrio do paladar..
Auxilia quanto, como onde e sempre que possas para o erguimento do bem comum.
Não esperes que a desencarnação obrigue outros a distribuir aquilo que podes dar hoje,
no amparo aos semelhantes, para a construção de tua própria felicidade, de vez que tudo
aquilo que damos à vida, na pessoa do próximo, é justamente aquilo que a vida nos
restitui.
MODOS DE USAR
As doações abençoadas da Misericórdia Divina constituem exatos medicamentos à
nossas necessidades e pedem modo particular de uso.
A inteligência exige burilamento constante no aprendizado construtivo.
A saúde, sem atividade no bem, cede lugar à moléstia.
A posse financeira não proporciona verdadeira alegria, quando vive a distância do socorro
fraterno.
A autoridade humana não constrói segurança para ninguém, quando adota regime de
intemperança de si própria.
O prestígio social reduz-se a simples aparência, se brilha sem base no esforço honesto.
O conhecimento elevado, sem trabalho digno, é acelerador do remorso.
O ninho familiar, sem o clima de concórdia, é via de acesso par o desequilíbrio geral.
Assim, o amparo da Espiritualidade Maior traz em si mesmo a sugestão para o necessário
aproveitamento.
Observe, pois, a disciplina requerida na administração dos medicamentos espirituais que
o Céu lhe envia, sabendo que os horários, doses e formas de emprego reclamam
exatidão e persistência, boa-vontade e confiança para sanarem efetivamente os males
que nos espoliam a vida íntima, de modo a que nos renovemos para mais altos destinos.
http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/bibliotecavirtual/chicoxavier/estudeeviva.pdf
sexta-feira, 24 de dezembro de 2021
AbOvo DOvo
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3rd - ab ovo usque ad mala - FrankM photo - Olympus DSLR Challenge photos at pbase.com
PBase.com
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PAUL McCARTNEY - OB LA DI, OB LA DA (MORUMBI, 21/11/2010) - LEGENDADO/REMASTERIZADO
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Tocando Em Frente
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Almir Sater
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Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei
Ou nada sei
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Todo mundo ama um dia
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
E cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história
E cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz
Composição: Almir Sater / Renato Teixeira.
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Mavarine Abigail Du-Marie - WordPress.com
Ab ovo usque ad mala… | Mavarine Abigail Du-Marie
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ab ovo (usque) ad mala
Significado de ab ovo (usque) ad mala
Do ovo até as maçãs (falando das antigas refeições romanas); do princípio ao fim; da sopa à sobremesa.
Conceito de esperança
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esperança
Aprenda a pronunciar
substantivo feminino
1.
sentimento de quem vê como possível a realização daquilo que deseja; confiança em coisa boa; fé (tb. us. no pl.).
"e. de uma vida melhor"
2.
RELIGIÃO
a segunda das três virtudes teologais, ao lado da fé e da caridade [Representa-se por uma âncora.].
Definições de Oxford Languages
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Qual a simbologia de âncora?
A âncora é ligada a um cabo e depois é atirada ao mar ou rio, servindo para manter firme a embarcação em questão. Em sentido figurado, a palavra âncora pode indicar abrigo, proteção ou apoio.
Significado de Âncora (O que é, Conceito e Definição)
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Significado de Âncora
O que é uma Âncora:
Âncora é uma palavra da área da náutica que indica uma peça de ferro presa em uma corda ou corrente e que serve paraÂncoraimobilizar
um objeto flutuante.
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Com origem no grego ágkyra, uma âncora costuma ser maciça, pesada e com muita resistência, formada por uma argola e duas ou mais pontas. A âncora é ligada a um cabo e depois é atirada ao mar ou rio, servindo para manter firme a embarcação em questão.
Em sentido figurado, a palavra âncora pode indicar abrigo, proteção ou apoio. Ex: No momento mais difícil da minha vida, você foi a âncora que me salvou.
A expressão "levantar ou lançar âncora" também pode ser usada de forma figurada para indicar o ato de se fixar em um determinado lugar ou de partir para outro local.
As âncoras também são muito populares em tatuagens, porque também simbolizam firmeza, esperança, estabilidade, fidelidade, tranquilidade e força.
Na Bíblia a palavra âncora é vista em Hebreus 6:19: "Temos essa esperança como âncora da alma, firme e segura...", passagem que se refere à esperança de acordo com a promessa de Deus.
Âncora no jornalismo
No âmbito do jornalismo, a palavra âncora se refere ao jornalista que apresenta um telejornal.
Este profissional coordena e narra os acontecimentos, fazendo a ligação e o equilíbrio dos vários elementos transmitidos, como por exemplo: repórteres ao vivo, convidados em estúdio, reportagens gravadas, etc. O objetivo do/a âncora é que a transmissão dos conteúdos seja profissional, estável e credível.
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sábado, 25 de dezembro de 2021
Hélio Schwartsman: Lula x Moro, a batalha das narrativas
Folha de S. Paulo
Qual versão preponderará? Fácil, a de quem estiver à frente nas pesquisas
As prováveis candidaturas de Lula e Sergio Moro deverão levar ao eleitor uma batalha de narrativas em torno da Lava Jato. Na versão do petista, a operação não passou de uma manobra arquitetada por Moro e seus sequazes para encarcerá-lo injustamente e retirá-lo do pleito de 2018, que venceria fácil. Já para o ex-juiz, a Lava Jato era um movimento virtuoso, que estava conseguindo julgar e prender políticos e empresários corruptos, que havia séculos assaltavam a coisa pública. Lula era um desses corruptos. A um dado momento, o sistema conseguiu articular uma reação, pondo fim à operação, livrando condenados e tentando desmoralizar seus campeões, entre os quais o próprio Moro.
Qual versão preponderará? Fácil, a de quem estiver à frente nas pesquisas. Gostamos de imaginar nossas mentes como máquinas de analisar evidências e extrair conclusões, mas não é bem assim que as coisas funcionam. Especialmente quando estamos em modo político, costumamos usar nossas preferências para "ajeitar" as evidências, reforçando as conclusões a que já havíamos chegado antes mesmo de analisar os fatos.
O psicólogo Drew Westen estudou como isso ocorre. Meteu militantes em máquinas de ressonância magnética e monitorou suas reações enquanto assistiam a cenas de seus líderes favoritos caindo em contradição. Westen conseguiu detalhar os mecanismos que a mente utiliza para apaziguar o conflito e ainda descobriu que ela pode extrair sensações positivas desse exercício. Entre os circuitos ativados estavam os sistemas de recompensa do cérebro.
As implicações desse achado não são triviais. O militante não apenas tem dificuldade para processar argumentos com os quais não concorda (o que já era mais ou menos esperado) como sente prazer ao ignorá-los. O surpreendente é que a democracia, um sistema que tinha como premissa a existência de um eleitor racional e informado, continue funcionando.
"Eu estou livre
O juiz que me processou
Está sob suspeição
Porque ele mentiu."
"Por causa de um fato indeterminado que nem eu sei e nem vocês sabem eu fui condenado."
"Hoje eu estou inocente livre."
3:40 - 6:40
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Moro classifica como 'tremendo erro' anulação de processos da Lava-Jato pelo STF
Por André Guilherme Vieira, Valor — São Paulo
07/12/2021 20h36 Atualizado há 2 semanas
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Pré-candidato à Presidência pelo Podemos, o ex-juiz Sergio Moro afirmou nesta terça-feira (7) que o Supremo Tribunal Federal (STF) cometeu “um erro tremendo” ao anular as ações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os processos relacionados à Operação Lava-Jato. Moro fez a declaração ao responder pergunta durante evento com 300 pessoas para lançamento do livro do "Ex-magistrado", em hotel na região da Avenida Paulista.
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Lula fala sobre condenações anuladas na Lava Jato e estar elegível para 2022
484.931 visualizaçõesTransmitido ao vivo em 10 de mar. de 2021
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UOL
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dará a primeira entrevista coletiva após o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anular todas as condenações envolvendo as investigações da Operação Lava Jato. Com a decisão, Lula volta a ser elegível.
Imagens cedidas: Rede TVT
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Entrevista: Sergio Moro fala ao Papo Antagonista - versão final
311.819 visualizações18 de nov. de 2021
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O Antagonista
804 mil inscritos
O pré-candidato à presidência da República, Sergio Moro, concedeu entrevista no Papo Antagonista a Claudio Dantas, Mario Sabino e Diogo Mainardi. Confira.
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Don't Let Me Down
The Beatles
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Don't let me down, don't let me down
Don't let me down, don't let me down
Nobody ever loved me like she does
Oh, she does, yeah, she does
And if somebody loved me like she do me
Oh, she do me, yes, she does
Don't let me down, don't let me down
Don't let me down, don't let me down
I'm in love for the first time
Don't you know it's gonna last
It's a love that lasts forever
It's a love that had no past (Seeking past)
Don't let me down, don't let me down
Don't let me down, don't let me down
And from the first time that she really done me
Oh, she done me, she done me good
I guess nobody ever really done me
Oh, she done me, she done me good
Don't let me down, hey don't let me down
Heeeee, don't let me down
Don't let me down
Don't let me down, don't let me let down
Can you dig it? Don't let me down
compositores: JAMES PAUL MCCARTNEY, JOHN WINSTON LENNON
Past Masters - Volume Two (1988) - The Beatles
Gravadora: Parlophone
Ano: 1988
Faixa: 10
quinta-feira, 23 de dezembro de 2021
MENSAGEM
As condições em que se encontram os detidos no Estádio Nacional são precárias, quase desumanas, visto ter ali como “população flutuante” desde o dia 12 de setembro quase 6 mil pessoas. Apelo para o sentido humanitário de vossência [contração de vossa excelência] afim [sic] de receber instruções urgentes.
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Isaura Garcia - Mensagem (1973)
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Autoria: Cícero Nunes e Aldo Cabral, vídeo de 1978, gravação de 1973.
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Soneto 116
De almas sinceras a união sincera
Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,
Ou se vacila ao mínimo temor.
Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lá na altura.
Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.
Se isso é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.
William Shakespeare
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Hombre que sostiene la bandera del día de la independencia de indonesia el 17 de agosto de 1945 Vector Premium
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Blog do Gutemberg
Blog do Gutemberg: Democracia sem povo pensante
Uma esquerda para o século XXI
30/10/2021
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Eduardo Berliner
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Por JOSÉ MAURÍCIO DOMINGUES*
Trecho, selecionado pelo autor, da Introdução do livro recém-lançado
Não há como não reconhecer que o Brasil entrou nos últimos anos em uma espiral descendente, da qual parece não haver saída. A política nas mãos da extrema-direita, a economia capturada por um neoliberalismo rude que tem inspiração na ditadura de Pinochet no Chile. Ao mesmo tempo, a esquerda tem, após anos de equívocos, derrotas e transformações sociais subjacentes poderosas, enorme dificuldade para se contrapor aquilo que há alguns poucos anos era meramente folclórico, no pior sentido do termo, e mobilizar a sociedade contra essa maré de direita, com seu projeto de futuro restrito, sua visão retrógrada e seus afetos tristes e destrutivos.
A crise do coronavírus, que atingiu o governo Bolsonaro em cheio, poderia ter devolvido a iniciativa política à esquerda, mas isso está longe de acontecer. Na verdade, os problemas da República brasileira vêm de larga data. Por seu turno, sua esquerda mostrou ao longo dos últimos anos enorme fragilidade, envolvendo-se em equívocos profundos.
A partir dessas constatações dolorosas iniciais, este livro se coloca basicamente dois objetivos. Ela se inicia por situar a conjuntura brasileira presente, altamente transformada nos últimos anos e na qual predominam a direita e a extrema-direita, assim como pensar em como sair do buraco em que aquela espiral cada vez mais nos enterra. Mas seu objetivo é sobretudo pensar a esquerda de uma maneira bastante ampla e ao mesmo tempo específica, em que a busca pelo socialismo e seu binômio comunismo, seja lá o que significaram ontem e significam hoje,se repõe.
Em outra publicação me debruço sobre o chamado “socialismo real”. Trato de forma breve essa questão aqui, uma vez que meu objetivo é acima de tudo pensar a esquerda politicamente, em termos de sua ação, em termos estratégicos. Ou seja, seus objetivos vão muito além da conjuntura, de eleições e candidaturas que se ponham no campo da esquerda e da centro-esquerda nesta hora dramática de nossa história, mesmo quando toca questões que se relacionam diretamente com a conjuntura.
O livro compõe-se de sete capítulos. Abre o volume uma avaliação da conjuntura e do governo Bolsonaro, contra o pano de fundo de uma discussão dos regimes políticos e da evolução da democracia liberal. Os capítulos seguintes mergulham em alguns aspectos centrais da trajetória da esquerda mundial, mas sempre olhando de algum modo para a América Latina e o Brasil.
Discute-se em particular como abrir o horizonte dos possíveis inéditos, tarefa de extrema urgência em nosso presente, tratando de questões da estratégia, assim como da questão do “consequencialismo” filosófico – trocando em miúdos, a ideia de que os meios justificam os fins –, que é tão profundamente arraigada na esquerda. Enfim, como traduzir a política de uma esquerda socialista na prática e com radicalidade, sem deixar de tecer alianças que enfrentam os problemas do aqui e agora, atravessa e concluiu a discussão deste livro.
O livro é parte e abre a coleção “Esquerda em movimento”, da editora Mauad, visando mobilizar a discussão em particular da esquerda do Rio de Janeiro. A coleção parte da premissa de que o pensamento crítico e de esquerda no mundo todo, e no Brasil em particular, enfrenta impasses profundos no momento presente. É consenso, ou pelo menos concordância entre muitos, que precisa se renovar. Ele é plural e o diálogo entre as suas diversas vertentes tem de ser parte dessa renovação.
Muitas das discussões sobre este tema tem-se concentrado, porém, em temas mais imediatos ou da conjuntura, ou ainda em uma repetição ora exegética ora retórica dos clássicos marxistas. As derrotas do século XX e as questões que se põem para o século XXI precisam ser enfrentadas de maneira sistemática e criativa por uma reflexão crítica capaz também de justificar seus fundamentos e existência.
Alguns temas se perfilam como fundamentais e esta coleção os privilegiará, sem prejuízo de outras temáticas que ponham. A ideia de teoria crítica enquanto tal e em seu sentido mais amplo é uma delas, assim como o socialismo, que volta aos poucos a ser discutido e a talvez ganhar centralidade.
A eles se somam a questão ambiental e da mudança climática, confluindo por vezes para as transições ecossociais e o ecosocialismo. Outras questões incluem o capitalismo e o anticapitalismo, o futuro do trabalho e do Estado, o racismo e o antirracismo, o sexismo e o feminismo, os movimentos sociais e de contestação política de modo geral. Propostas que tratem estas questões em si ou contemplem seu cruzamento, a partir de uma pluralidade das vertentes, serão bem-vindas.
*José Maurício Domingues é professor no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ. Autor, entre outros livros, de Emancipação e história: o retorno da teoria social (Civilização Brasileira).
Referência
José Maurício Domingues. Uma esquerda para o século XXI. Horizontes, estratégias e identidades. Rio de Janeiro, Mauad, 2021, 168 págs.
A vitória de Gabriel Boric
20/12/2021
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Imagem: Osvaldo Castillo
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Por JOSÉ MAURÍCIO DOMINGUES*
Se as diversas esquerdas latino-americanas comemoram a derrota da excrescência neo-Pinochetista encarnada por Kast, devem dar-se conta de que é delas também que a fábula fala
Com as eleições presidenciais do Chile, a América Latina fecha 2021 com um acontecimento de caráter transcendente. Gabriel Boric Font derrotou José Antonio Kast pela contundente margem de quase 12% de votos, numa eleição que bateu o recorde nacional de participação. Depois de manifestações de grande densidade na Colômbia, reviravoltas no Brasil com a anulação das condenações de Lula da Silva e a derrota do peronismo nas eleições intermediárias parlamentares argentinas, a eleição presidencial chilena coroou um processo de mobilização política de massas iniciada em 2019 que levou à convocação de uma Convenção Constitucional que enterrou de vez, pendente de aprovação em referendo em 2022 da nova Constituição, a era Pinochet. Mas a convenção constituinte e a eleição de Boric significaram também o fim de um ciclo latino-americano em que partidos vários de centro-esquerda governaram de modo bastante tradicional. Alguns querem ver na vitória de Boric simplesmente o triunfo da recusa do neoliberalismo, mas há muito mais em jogo de um ponto de vista político mais específico.
Sim, a Convenção Constitucional chilena e a eleição de Boric foram um triunfo do antineoliberalismo e de uma promessa de Estado de Bem-estar social, além de recolher as lutas dos mapuches e do movimento feminista, entre outros. Mas o questionamento às oligarquias partidárias e ao que se constitui, de uma maneira ou de outra, como seu condomínio comum do poder se destaca nessa equação. Nesse sentido, se as diversas esquerdas latino-americanas comemoram a derrota da excrescência neo-Pinochetista encarnada por Kast, devem dar-se conta de que é delas também que a fábula fala.
Boric pertence à Frente Ampla, partido oriundo do movimento estudantil que há décadas organiza a juventude chilena contra o sistema político oligárquico – oligarquizado tal qual todos aqueles que se constituem sob a democracia liberal, bem menos de resto o chileno, porém, por exemplo, que o brasileiro, ao qual a esquerda se adaptou e ao qual se incorporou. Apruebo Dignidade, coalizão no qual se somam a Frente Ampla e o Partido Comunista, excluído pela legislação daquele condomínio partidário (justiça seja feita, a mudança do sistema eleitoral começou sob a presidência de Bachelet, a presidenta mais avança da Concertación), pôs em questão exatamente esse fechamento do sistema político, democrático em certa medida, oligárquico, por outro lado. Candidatos jovens, marcadamente críticos do exclusivismo partidário e das alianças do poder, eles foram inclusive ultrapassados pelas multitudinárias manifestações que, de 2019 em diante, sacudiram o Chile e o governo de Sebastián Piñera, levando à convocação da Convenção Constituinte, com até uma lista de candidatos independentes dos partidos. O neoliberalismo e o domínio dos partidos foram ambos postos em questão. Mas, fiel a seu ideário antioligárquico e antineoliberalismo, antimachista e ambientalista, pluralista e aberto, a coalização que se cristalizou em Apruebo Dignidade foi capaz de adaptar-se à situação, juntar os movimentos sociais (sindicais, ambientais, estudantis, dos povos originários, feministas, das diversidades de gênero, coletivos de jovens das periferias) e reafirmar os compromissos e o alcance da insurgência popular dos últimos anos. Esta em larga medida teve seu espelho antecipado no Brasil de 2013 e em vários outros momentos pela América Latina. Não há porém – ainda, esperemos! – inovação institucional que garanta uma mais profunda e permanente desoligarquização do sistema político chileno. Trata-se portanto de um enorme desafio, conjuntural e da imaginação radical, voltada para o longo prazo, de criar um novo horizonte civilizacional, com um governo efetivo e, ao mesmo tempo, comprometido com a democratização da política e a participação do cidadão comum, para além do controle vertical dos partidos, de resto tão ao gosto das organizações de esquerda.
Enquanto isso seguimos, em muitos rincões de “nuestra América”, reféns dos grandes líderes infalíveis, que tanto erram, e dos aparatos político-partidários que se aferram ao poder por todos os meios. De você fala a fábula: bem que nossas esquerdas partidárias poderiam ouvir a advertência e buscar transformar-se, tomando mais a sério, como já ensaiou um dia, a democratização da democracia.
Mas é improvável que isso ocorra de cima para baixo. Como desde os antigos e sobretudo de Maquiavel se sabe, é do povo – não das oligarquias, seja do dinheiro, políticas ou supostamente do espírito – que depende a liberdade. Na democracia representativa liberal e inclusive no que a ela pode se seguir, é exatamente na alteração do peso da participação popular, dos homens e das mulheres comuns, inclusive e em boa medida caótica, em relação aos aparelhos de poder que se joga o destino da liberdade.
No início dos anos 1970, em contexto muito diferente do atual, ela se jogou com Salvador Allende e seu socialismo democrático. Perdemos. No domingo, com o Chile mais uma vez, a ganhamos. Que nos abanderemos dela, sempre buscando ampliar e aprofundar a verdadeira democracia, nos quadros da república liberal, mas pensando para além dela. Quem sabe daí saia finalmente, em algum momento futuro, um socialismo que faça justiça a seu nome.
*José Maurício Domingues é professor no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ. Autor, entre outros livros, de Uma esquerda para o século XXI. Horizontes, estratégias e identidades (Mauad)
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“Traga-me espanhóis”
Mas a vida me tirou logo dali. As notícias aterradoras da emigração espanhola chegavam ao Chile. Mais de quinhentos mil homens e mulheres, combatentes e civis, tinham cruzado a fronteira francesa. Na França o governo de León Blum, pressionado pelas forças reacionárias, acumulou-os em campos de concentração, espalhou-os em fortalezas e prisões, manteve-os amontoados nas regiões africanas junto ao Saara.
O governo do Chile tinha mudado. Os mesmos avatares do povo espanhol tinham fortalecido as forças populares chilenas e agora tínhamos um governo progressista.
Esse governo da frente popular do Chile decidiu me enviar à França para cumprir a mais nobre missão que exerci em minha vida: a de tirar espanhóis de suas prisões e enviá-los à minha pátria. Assim podia minha poesia espalhar-se como uma luz radiante, vinda da América, entre esses montões de homens carregados como ninguém de sofrimento e heroísmo. Assim minha poesia chegaria a se confundir com a ajuda material da América que, ao receber os espanhóis, pagava uma dívida imemorial.
Quase inválido, recém-operado, com uma perna engessada – tais eram minhas condições físicas naquele momento –, saí de meu retiro e me apresentei ao presidente da república. Dom Pédro Aguirre Cerda recebeu-me com afeto.
– Sim, traga-me milhares de espanhóis. Temos trabalho para todos. Traga-me pescadores. Traga-me bascos, castelhanos, estremenhos.
E poucos dias depois, ainda engessado, fui à França para buscar espanhóis para o Chile.
Tinha um cargo concreto. Era cônsul encarregado da emigração espanhola - assim dizia a nomeação. Apresentei exultante minhas credenciais à embaixada do Chile em Paris.
Governo e situação política não eram os mesmos em minha pátria mas a embaixada em Paris não tinha mudado. A possibilidade de enviar espanhóis ao Chile enfurecia os empertigados diplomatas. Instalaram-me numa sala perto da cozinha, hostilizaram-me de todas as maneiras até negar-me papel de escrever. Já começava a chegar às portas do edifício da embaixada a onda dos indesejáveis: combatentes feridos, juristas e escritores, profissionais que tinham perdido suas clínicas, operários de todas as especialidades.
Como conseguiam chegar apesar dos pesares até minha sala e como meu escritório era no quarto andar, inventaram algo diabólico: suspenderam o funcionamento do elevador. Muitos dos espanhóis eram feridos de guerra e sobreviventes do campo africano de concentração e cortava o coração vê-los subir penosamente ao quarto andar, enquanto os ferozes funcionários se compraziam com minhas dificuldades.
Pablo Neruda, in Confesso que vivi
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Revista Piauí - UOL
O Brasil contra a democracia
anais da tirania
O BRASIL CONTRA A DEMOCRACIA
Como agentes da ditadura brasileira atuaram nas torturas no Estádio Nacional do Chile, logo após o golpe militar de 1973
Roberto Simon
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Edição 172, Janeiro 2021
Amorte de Salvador Allende, presidente do Chile, completava um mês, e o brasileiro Adolpho Corrêa de Sá e Benevides, chefe da Divisão de Segurança e Informações (DSI) no Ministério das Relações Exteriores, ainda sem respostas, errava por escritórios de espionagem da ditadura, em Brasília. Do consulado em Santiago, chegavam ao Itamaraty pedidos insistentes de instruções sobre o que fazer com os 52 presos brasileiros contados até ali no Estádio Nacional.[1] Benevides repassava as comunicações ao Serviço Nacional de Informações (SNI) e aos órgãos de inteligência das três forças militares, mas recebia de volta orientações contraditórias, veladas ou simplesmente um silêncio desnorteador para o eficiente burocrata que era.
O caso baixara às camadas mais profundas do aparato de repressão do regime militar brasileiro, muito além da alçada do conselheiro.
Nas comunicações secretas do cônsul interino em Santiago, Luiz Loureiro Dias Costa, ao Ministério em Brasília, havia trechos do tipo:
As condições em que se encontram os detidos no Estádio Nacional são precárias, quase desumanas, visto ter ali como “população flutuante” desde o dia 12 de setembro quase 6 mil pessoas. Apelo para o sentido humanitário de vossência [contração de vossa excelência] afim [sic] de receber instruções urgentes.
A imprensa internacional começava a reportar indícios de graves violações – de tortura a execuções sumárias – que ocorriam intramuros no complexo desportivo.
Sem ordens claras vindas de cima, o Itamaraty inicialmente optou por abandonar os brasileiros na arena em que Vavá e Garrincha conquistaram a Copa de 1962, agora metamorfoseada num campo de detenção sem precedentes na história latino-americana. Do lado de fora, corria a rede de arrasto, com diplomatas, militares e arapongas da ditadura brasileira a rastrear exilados que tentavam se salvar e fugir do Chile.
Para alguns na alta hierarquia do ministério, como Marcos Henrique Camillo Côrtes – o primeiro chefe do Centro de Informações do Exterior (Ciex) e pupilo de Manoel Pio Corrêa, o criador dessa agência clandestina de repressão dentro do Itamaraty –, os asilados brasileiros que desejassem voltar para casa tinham direito “líquido e certo” de fazê-lo. Apenas cidadãos banidos nos termos da Lei de Segurança Nacional estavam proibidos de entrar no território brasileiro. Se o governo vetasse o retorno dos demais, advogados dos asilados poderiam impetrar um mandado de segurança. “[Mas] na prática, o MRE [Ministério das Relações Exteriores] tem recusado o regresso [de brasileiros no Chile] por orientação do SNI, que tem desaconselhado o retorno”, explicava Benevides nos memorandos à Secretaria de Estado e ao gabinete do chanceler.
A cúpula do Itamaraty tinha pleno conhecimento da lei e sabia que a estava violando. Nem os diplomatas do Uruguai do presidente Juan María Bordaberry chegariam a tanto – preferiram entregar concidadãos à guarda do embaixador sueco. Depois, quando finalmente vieram as ordens do gabinete do presidente Emílio Garrastazu Médici, os diplomatas deixaram o caso para militares da adidância da embaixada e para interrogadores enviados do Brasil, munidos de informações coletadas com ajuda do Itamaraty.
A decisão dos golpistas chilenos de usar o estádio para confinar suspeitos foi tomada no próprio dia 11 de setembro. Os arquitetos do novo regime antecipavam que o expurgo do marxismo no Chile produziria muito mais presos do que comportava o sistema penitenciário, civil ou militar. No dia seguinte, caminhões e ônibus começaram a despejar a massa humana no Estádio Nacional e no vizinho Estádio do Chile. Era tão inimaginável a escolha que, ao descerem, algemados, alguns dos detidos se animaram, acreditando que veriam uma partida de futebol. Soldados jovens, alguns imberbes e quase todos de partes pobres do interior do Chile, foram levados para fazer a guarda.
As dezenas de milhares de chilenos e estrangeiros que passaram naqueles meses pelo Estádio Nacional viram a barbárie adquirir contornos surreais. Alguns jamais sairiam com vida pelos portões.[2]
Vestiários de boleiros viraram “salas de interrogatório” ou celas superlotadas com mais de cem pessoas (era preciso se revezar para dormir, pois não cabiam todos deitados simultaneamente no chão). Corredores por onde antes circulava a torcida agora estocavam pilhas de cadáveres anônimos sobre poças de sangue. A área do velódromo se tornou um complexo de tortura, com caixas de som tocando Beatles e Rolling Stones a todo volume para abafar urros de dor. Os alto-falantes, em vez do nome dos jogadores e do placar, anunciavam a lista dos próximos a serem interrogados e, alguns, torturados.
O universo de presos não podia ser mais diversificado: de integrantes do Movimento de Esquerda Revolucionária (MRI, em espanhol) a chilenos detidos por acaso, de uruguaios do Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros (MLN-T), com seu bigode característico, a turistas que escolheram a hora errada para visitar o Chile. Cerca de 10% eram estrangeiros, de quase quarenta nacionalidades. Ao secretário-geral da ONU, o austríaco Kurt Waldheim, o chanceler chileno Ismael Huerta mentia: todos os estrangeiros que não tivessem cometido “crimes” no Chile receberiam “proteção completa” das autoridades.
Num dos vestiários-cela do estádio estava um ex-jogador da seleção de futebol chilena, Hugo Lepe, que disputara as eliminatórias da Copa do Mundo anos antes, no mesmo estádio. O capitão do time, Francisco “Chamaco” Valdés, conseguiu visitá-lo no cárcere improvisado em que antes havia avançado rumo à classificação para o mundial na Alemanha, a ocorrer no ano seguinte.
No saguão principal, na ponta de uma fileira de cinquenta corpos, foi reconhecido o rosto desfigurado de Victor Jara, o mais celebrado cantor da esquerda chilena, além de poeta, folclorista e diretor teatral. No Estádio do Chile, Jara teve as mãos e costelas destroçadas por socos, pontapés e coronhadas, ficou quase cego de um olho e foi deixado sem comer e sem beber. Seus colegas tentaram usar um cortador de unhas para dar fim à sua característica cabeleira, na esperança de que pudessem assim escondê-lo dos guardas. Não conseguiram. Seu corpo acabou atravessado por mais de quarenta tiros e largado num canto do Estádio Nacional.
Nas celas, com brasileiros, estavam um dos filhos do senador Luis Corvalán, o líder do Partido Comunista chileno,[3] e o médico pessoal de Allende, Patricio Gijón, o primeiro a ver o presidente morto no La Moneda, em 11 de setembro.
Sem o que fazer, os presos gastavam as horas na arquibancada temendo escutar seus nomes no sistema de som. Uma das distrações era acompanhar funcionários do estádio que aparavam a grama. Brasileiros fizeram das cadeiras instrumentos de batuque para acompanhar sambas-enredo clássicos. Peruanos e bolivianos também tinham seu número, em que imitavam flautas indígenas com a voz. Foi montado um coro de prisioneiros, que chegou a fazer apresentações, mas acabou desfeito depois que a imprensa favorável aos militares exibiu a cena para mostrar como a vida no estádio não era de todo má. Afinal, presos até cantavam.
Confinadas no setor das piscinas, algumas mulheres foram vítimas de abuso sexual – às vezes por outros presos que, na ponta do fuzil, eram obrigados a violá-las. Delatores circulavam escoltados, usando sacos de papel na cabeça, com dois furos na altura dos olhos, a identificar ex-companheiros.[4] E, do lado de fora, as filas que brotavam dos portões de aço não eram de torcedores, mas de parentes em busca de informações ou tentando passar cartas e comida para dentro do buraco negro da legalidade chilena. Brasileiros que chegavam naqueles dias ao Chile em busca de parentes presos no estádio – sobretudo pais e mães atrás dos filhos – também imergiam na multidão, mas raras vezes saíam dela com notícias.
“Nós, como eles, estamos um pouco desligados do mundo exterior”, explicou o comandante do campo, o coronel Jorge Espinoza Ulloa, numa entrevista aos primeiros jornalistas que entraram no estádio, no dia 22 de setembro. “Eles” eram os presos sentados na arquibancada, filmados e fotografados pelos repórteres que haviam sido levados ao gramado. A comiseração fez jornalistas jogarem cigarros através das grades entre o campo e o setor da torcida. Entrevistas foram feitas aos berros, com recados a parentes que estavam do lado de fora.
Espinoza mostrou aos visitantes uma tabela de calorias consumidas diariamente pelos detentos, fruto de sua apetitosa imaginação. A dieta diária costumava ser café com leite e um pequeno pedaço de pão, pela manhã, e uma sopa rala com fiapos de galinha ou feijão, apelidada pelos brasileiros de “caldo de urubu”.
Faltava ainda malandragem política à junta chilena para esconder seus crimes, coisa que o tempo lhe ensinaria. Ao verem chegar mais um ônibus lotado de presos, os jornalistas que faziam o tour imediatamente avançaram para tentar entrevistar os que desciam. A reação dos militares foi agredir os profissionais, diante das câmeras – um desastre de relações públicas para o regime. Com a imprensa, entraram também no estádio os funcionários do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e, depois, diplomatas estrangeiros que tentavam resgatar concidadãos – ou, em alguns casos, qualquer um que conseguissem tirar dali.
OEstádio Nacional começava a aparecer em jornais de todo o mundo. Mas, em Brasília, as perguntas que chegavam do consulado em Santiago continuavam sem resposta.
No dia 22 de setembro, o cônsul Luiz Loureiro Dias Costa foi chamado à chancelaria chilena para receber a lista dos presos com nacionalidade brasileira. Os 52 estavam divididos em três categorias: 31 não respondiam a acusações e seriam expulsos do país, 13 teriam de passar por um julgamento militar e 8, “novamente interrogados”. Entre os membros do primeiro grupo, 5 haviam manifestado aos militares chilenos o desejo de voltar ao Brasil e, contra o conselho da maioria dos brasileiros presos, pediram para acionar o consulado.
Quem cuidava diretamente do assunto era Dias Costa, à frente do serviço consular em Santiago. Segundo suas mensagens a Brasília, o embaixador Antônio Cândido da Câmara Canto era mantido informado sobre as tratativas e acompanhava de perto o caso.
Horas depois de receber a lista, o cônsul foi pessoalmente ao estádio falar com os brasileiros que queriam voltar para casa. Os cinco presos se entusiasmaram ao ouvir que seriam soltos em breve. No dia seguinte, retornou ao campo de prisioneiros e conversou com o comandante da tropa, coronel Espinoza. O militar lhe prometeu uma relação atualizada de todos os brasileiros que tinham recebido aval para deixar o estádio.
O caso dos brasileiros que queriam ir para casa era simples, segundo disse o coronel ao cônsul. Bastaria ao Brasil solicitar os salvo-condutos que as autoridades chilenas emitiriam de pronto os documentos. A junta queria começar a esvaziar o quanto antes a prisão improvisada, ouviu Dias Costa da boca do coronel. O mesmo recado o embaixador Câmara Canto escutara do ministro da Defesa, Patricio Carvajal. O cônsul pediu instruções urgentes sobre quais presos poderiam ser repatriados. Enquanto a resposta não vinha, orçou passagens de Santiago ao Rio de Janeiro na Varig.
A relação final do coronel Espinoza contaria 56 brasileiros dentro de seu improvisado campo de prisioneiros – 4 a mais que a primeira. Anos mais tarde, o ex-chefe da polícia política chilena, o coronel Manuel Contreras, divulgaria uma lista de 108 brasileiros que estiveram no Estádio Nacional. É improvável que o número tenha sido tão alto. Segundo papéis da estação da CIA em Santiago, 71 brasileiros passaram pelo cárcere desportivo.[5]
Dias Costa foi informado ainda que outros 22 cidadãos do Brasil haviam sido levados para a prisão militar da Ilha Quiriquina, na Baía de Concepción, dos quais 13 já estavam em liberdade. A depender dos chilenos, poderiam seguir para o Rio de Janeiro de avião. Novamente, o governo brasileiro só precisava solicitar, por meio de uma nota oficial, os salvo-condutos e assumir a responsabilidade de tirá-los do Chile.
Passou uma semana e o cônsul continuava sem instruções. Brasília emudecera. Benevides, o chefe da DSI do Itamaraty, ainda não havia recebido respostas definitivas dos órgãos de inteligência, apenas sinais imprecisos de que ninguém deveria voltar ao Brasil. O Centro de Informações da Aeronáutica (Cisa) por fim respondeu-lhe que era favorável ao regresso, sob uma condição: ao chegarem ao Brasil, deveriam ser imediatamente interrogados por seus oficiais. A Marinha, o Exército e principalmente o SNI não se pronunciavam.
De Santiago, o cônsul insistia:
As autoridades militares chilenas, mediante simples solicitação diplomática para que sejam expedidos os salvo-condutos para deixarem o Chile, entregarão à minha responsabilidade os citados brasileiros. Muitos deles não possuem presentemente documentação brasileira em ordem. Nada de desabonador encontrei deles em meus arquivos. Rogo vossência autorizar-me a recebê-los e embarcá-los no primeiro avião da Varig.
Do outro lado, silêncio.
Exatamente um mês após o golpe, Benevides foi recebido pelo coronel Darcy Boano Mussói, da Agência Central do SNI, para discutir o futuro dos brasileiros no estádio. A conversa começou com o diplomata a explicar os contatos entre o Itamaraty e as autoridades chilenas. O coronel Mussói respondeu que falava em nome do próprio chefe do serviço de inteligência, o general Carlos Alberto Fontoura, e era “desaconselhável” o retorno de brasileiros fichados como subversivos. Quanto aos demais, deveriam ser analisados “caso a caso”.
Ou seja: até segunda ordem, a entrada no território nacional de brasileiros que tivessem sido presos no Chile estava oficialmente vetada pelo SNI. O cônsul foi orientado a negar às autoridades chilenas o retorno de 3 dos 5 brasileiros, pois tinham ficha criminal, e a repassar mais informações sobre os outros dois para averiguações adicionais. Entre os três proibidos de retornar ao Brasil estava Maria das Dores Romaniolo, que, embora não tivesse antecedentes policiais, era culpada de ser a esposa de Wânio José de Mattos, o ex-policial de São Paulo que integrava a cúpula da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) no Chile.[6] Ao ser presa com o marido, viu a filha de 2 anos ser levada pelos militares. Maria foi resgatada pelo Comitê Nacional de Ajuda aos Refugiados (Cnar) e, graças à intervenção de um oficial chileno, teve a filha devolvida. Levadas à Suíça, Maria continuaria – sem sucesso – por anos a tentar tirar um passaporte brasileiro e voltar para casa. Seu nome permaneceria na lista negra do Itamaraty até seis anos após a morte do marido.
Dias Costa obedeceu às ordens e entregou uma carta confidencial ao coronel Espinoza negando aos brasileiros o direito de retorno. Mas o cônsul aparentemente não entendeu bem o recado de Brasília, ditado pelo SNI.
No dia seguinte à reunião entre Benevides e Mussói, Dias Costa ajudou a retirar do Estádio Nacional três brasileiros, cujos nomes não estavam na lista dos cinco que primeiro haviam manifestado desejo de voltar ao Brasil. A mãe de Solange Albernaz de Melo Bastos e os pais de Ricardo de Azevedo e Antônio Paulo Ferraz – todos condenados à expulsão do Chile – haviam viajado a Santiago para tentar resgatá-los, desesperados com as notícias do golpe no país onde viviam os filhos. O caso de Ferraz era especial: seu pai, proprietário de um estaleiro no Rio, tinha contatos com o Centro de Informações da Marinha (Cenimar). A Marinha teria permitido o retorno do jovem sob a condição de que ele, ao chegar, fosse diretamente prestar depoimento.
Dias Costa concordou em liberar os outros dois, mas era responsabilidade dos familiares garantir a saída deles do Chile. Em caso de novos problemas, avisou, lavaria as mãos. O cônsul enviou os três pedidos de salvo-conduto à chancelaria chilena e, no mesmo dia, os três presos foram libertados e entregues aos pais. O vice-cônsul Lélio Demoro foi buscá-los no estádio e os levou aos hotéis onde permaneceriam com os pais. Ao ver seu filho com olheiras profundas e a roupa que não trocava havia semanas, um dos pais achou por bem conduzi-lo discretamente pelo elevador de serviço.
É difícil determinar as razões que levaram Dias Costa a deliberadamente desobedecer às ordens da chancelaria. Talvez o agente consular tenha agido, corajosamente, em nome do imperativo moral de socorrer os cidadãos de seu país que, segundo suas próprias palavras, viviam sob condições “quase desumanas” no Estádio Nacional (o primeiro comandante do campo falava em “situação dantesca”). Segundo Ricardo de Azevedo, um dos três libertados, porém, outros fatores, menos abonadores, motivaram o cônsul: seu pai, um empresário mineiro, afirmou ter subornado Dias Costa para que ele ajudasse a tirar seu filho da prisão chilena – acusação que até hoje não foi corroborada por nenhuma outra fonte.[7]
Passados dois dias, um ônibus especial levou os jovens e seus pais até o aeroporto. Viajaram primeiro a Buenos Aires, onde a polícia os esperava, e foram mantidos numa sala isolada no aeroporto de Ezeiza. Por fim, tocaram solo brasileiro, no Galeão.
Agentes da Marinha aguardavam Ferraz na área de desembarque. Azevedo e Bastos não tinham passaporte válido, o que deixou o policial federal de plantão encafifado. Ele folheou um enorme livro com nomes de procurados, mas nada encontrou. O agente continuava a achar estranha a falta de passaportes e ameaçou levá-los ao Departamento de Ordem Política e Social (Dops), onde passariam a noite, mas acabou persuadido por uma nota de 100 dólares que saiu do bolso do pai de Azevedo. “Vale para os dois, certo?”, disse o empresário ao policial, apontando para Bastos. “A garota vai nas tuas costas, doutor”, o grupo ouviu.
Quando o caso chegou à imprensa do Rio, com uma frase de Solange Bastos dizendo que deixara o Estádio Nacional “por interferência do cônsul brasileiro”, o chanceler Mario Gibson Barboza explodiu em fúria. Começou a bombardear Dias Costa com perguntas – queria saber se era verdadeira a notícia e por que ele não havia consultado o Itamaraty antes de ajudar a retirar os três brasileiros do estádio, conforme fora explicitamente instruído. O cônsul confirmou que havia ajudado a retirá-los, justificando que não encontrara “nada de desabonador” contra eles em seus arquivos, e que o coronel Espinoza tampouco via problema nas libertações. “Ao dar-lhes proteção consular, achei desnecessária a consulta prévia”, completou.
Com as respostas que chegavam do consulado, Gibson Barboza se enraivecia cada vez mais. Por fim, decidiu cortar as asas do “insolente” Dias Costa e ordenou que, daquele momento em diante, ele só agisse sob ordens diretas de Câmara Canto. “[O embaixador deve] exercer o mais estrito controle sobre os atos do Consulado-Geral em tudo que se refira a brasileiros suspeitos, subversivos ou que se encontrem detidos”, decretou.
O chanceler começava a suspeitar do cônsul quando um dos presos brasileiros, Wânio de Mattos, o ex-capitão e militante da VPR trocado pelo embaixador suíço em 1972, morreu por falta de atendimento médico dentro do estádio. Com fortes dores na barriga e vômitos incessantes, sem defecar havia dias, Mattos foi diagnosticado por presos médicos – incluindo o brasileiro Otto Brockes – com abdômen agudo cirúrgico, condição que pode levar à morte se não for tratada. Brockes fez um relatório com um apelo para que ele fosse imediatamente levado a um centro cirúrgico. Foi ignorado. Quando Mattos chegou desacordado à enfermagem que funcionava na praça esportiva, seu estado já era irreversível. Militares registraram a morte do brasileiro em 16 de outubro e Câmara Canto foi formalmente notificado oito dias depois.
Após ser solta do estádio, a esposa do ex-capitão soube que se tornara viúva quando soldados chilenos lhe entregaram um saquinho plástico com o relógio, os óculos e a aliança de Mattos.[8] A embaixada e o consulado do Brasil em Santiago tomaram nota da morte e encaminharam a papelada ao Itamaraty. Àquela altura, entretanto, eram outros funcionários do regime militar que assumiam o dossiê do Estádio Nacional do Chile.
No dia 15 de outubro, às 11h40, aterrissou no Aeroporto Los Cerrillos, em Santiago, um bimotor Avro C-91, de número 2500, da Força Aérea Brasileira. Pilotado pelo major Zilson Luiz Pereira da Cunha, o avião partiu de São Paulo e fez escala em Montevidéu, antes de cortar os Andes. Sua “Permissão de Sobrevoo e Aterrissagem” – formulário que o coronel Walter Mesquita de Siqueira, adido militar da embaixada, entregava aos chilenos para obter aval a voos oficiais – tinha alguns pontos incomuns. Ao contrário dos aviões que haviam pousado nos dias anteriores, aeronaves Hércules C-130 trazendo alimentos e remédios, aquele tinha por objetivo o transporte de passageiros. Mas o campo que deveria ser preenchido com o nome das pessoas a bordo foi deixado em branco; o único que constava era o do piloto. Mais abaixo na página, em um espaço reservado a “observações”, o coronel Siqueira fez uma anotação: “Sobrevoo autorizado verbalmente pelo sr. oficial de enlace da FACh [Força Aérea Chilena], com autorização número 209/73, por motivos de urgência.” Por que o transporte daqueles passageiros era urgente não está explicado.
A ditadura tentou fazer com que a presença de agentes brasileiros no Estádio Nacional não deixasse nenhum rastro na forma de documentos. E quase conseguiu, não fosse o desavisado cônsul Dias Costa. Até hoje, foram encontrados apenas dois registros oficiais que comprovam que militares dos serviços de repressão da ditadura brasileira atuaram no campo de prisioneiros, ambos da lavra do diplomata que havia despertado a cólera de Gibson Barboza.
A primeira mensagem do cônsul foi enviada no mesmo dia em que os agentes brasileiros desembarcaram no Chile. Tem tom de surpresa. Dias Costa conta que seu vice fora ao estádio tratar com autoridades chilenas e se deparara com um grupo de “policiais” vindos do Brasil, acompanhados pelo sargento do Exército que trabalhava na embaixada como assistente pessoal do coronel Siqueira.
Comunico a vossência que o vice-cônsul Lélio Demoro acaba de regressar do Estádio Nacional […] e lá topou com aproximadamente cinco policiais brasileiros que se encontravam acompanhados do sargento Deoclécio Paulo, ordenança do adido militar e aeronáutico da embaixada do Brasil nesta capital, que já estavam [se] ocupando da situação dos brasileiros ali detidos.
Duas semanas depois, enquanto tentava justificar a Gibson Barboza a libertação dos três brasileiros, o cônsul novamente citou a presença do grupo no estádio. Pressionado pelo ministro a justificar suas ações, disparou: “Deixei de transmitir à Secretaria de Estado [as informações sobre a saída dos três] porque aqui chegou, no dia seguinte, um Avro da Força Aérea Brasileira trazendo autoridades que passaram incontinenti a lidar com os brasileiros detidos no Estádio Nacional.”
O sargento Deoclécio Paulo, ou Mestre Deo, citado na primeira mensagem, foi um dos pioneiros do jiu-jítsu no Brasil. Décadas mais tarde, continuaria a dar aulas numa academia em Brasília, como fez, ainda que de modo improvisado, nos dois anos que passou em Santiago sob as ordens do coronel Siqueira. Especialista em torções e estrangulamentos, ele é o único identificado nominalmente nos documentos sobre os agentes brasileiros que estiveram no Estádio Nacional. Quarenta anos depois, em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, diria que jamais pisara no local porque “não gosta de futebol”. Sobre as duas medalhas penduradas em seu peito pela “bravura” demonstrada no Chile, explicaria que as condições de trabalho eram perigosas e ele tinha de ir de condução à embaixada.
Mas Paulo, um sargento, era provavelmente figura secundária entre os agentes brasileiros que passariam pela arena esportiva chilena. Mais de quarenta anos depois, um deles aceitou contar sua versão, sob a condição de que sua identidade fosse preservada. Dr. Pinto, seu codinome no mundo da repressão, era um capitão da Aeronáutica que se especializara no Partido Comunista Brasileiro. Vivia no Rio, mas viajava mensalmente a São Paulo levando uma pasta gorda com fichas de novos “terroristas” presos. Gabava-se de sempre encontrar abertas as portas do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) de ambas as cidades, embora não pertencesse ao Exército, nem a nenhuma força policial.
Segundo o capitão, cerca de um mês após a queda de Allende, chegou-lhe a ordem para fazer as malas.[9] Havia uma “missão especial”. Dr. Pinto diz ter embarcado no Avro C-91 na Base Aérea do Galeão, com outros quatro oficiais de inteligência. O comandante da missão seria o coronel Sebastião José Ramos de Castro, da Agência Central do SNI, o mesmo que encontrara em Brasília, semanas antes do golpe chileno, o emissário do almirante José Toribio Merino. Castro, o segundo mais importante da junta militar que agora comandava o Chile. O Centro de Informações do Exército teria dois representantes – o major Victor de Castro Gomes e o tenente-coronel Paulo Barreira, um louro grandalhão que presos brasileiros identificaram erroneamente como o capitão de fragata Alfredo de Magalhães. Havia ainda um segundo capitão da Aeronáutica, da área de contrainformações. Os cinco oficiais teriam sido escolhidos para integrar a viagem em razão das informações que detinham sobre opositores no Chile. “Ninguém foi a passeio”, diz Dr. Pinto. O serviço de inteligência da Marinha, o Cenimar, teria ficado de fora da missão.
Antes de deixar o território nacional, o avião teria feito uma escala em São Paulo para pegar outro passageiro. O então capitão Ênio Pimentel da Silveira, o Dr. Ney, era o chefe de investigações do DOI-Codi de São Paulo, além de um dos mais prolíficos matadores que o regime nascido em 1964 teria. Ele foi a última adição ao grupo. Da capital paulista, o bimotor parou para reabastecer em Montevidéu e, perfurando nuvens baixas, venceu os Andes. Por fim, tocou a pista de Los Cerrillos, no final da manhã do dia 15 de outubro.
Dr. Pinto conta que, no dia em que chegaram a Santiago, os agentes – sem o coronel Castro e o capitão Silveira – foram levados ao Estádio Nacional. Vestiam terno e gravata e haviam recebido uma espécie de laissez-passer das autoridades chilenas. Ainda assim, teriam sido submetidos a uma demorada revista logo após cruzarem os portões. Temia-se que o MIR ou outro grupo armado ousasse lançar uma operação de resgate.
Brasileiros presos no estádio lembram que seu primeiro contato com os agentes recém-chegados do Rio foi no centro do campo de futebol, com os detidos ordenados em fileiras. Os visitantes traziam nas mãos álbuns de fotos e fichas criminais e passavam identificando um a um, em silêncio. Havia semanas que a lista dos presos chegara aos vários órgãos de inteligência da ditadura, parcialmente elaborada pelo Itamaraty. No centro do gramado, os brasileiros foram divididos em três grupos menores para serem interrogados nos dias seguintes.
Desde o primeiro momento, os presos perceberam que se tratavam de agentes brasileiros. Não era difícil. Os dossiês nas mãos dos visitantes estavam em português e era possível ouvi-los cochichar na língua pátria. A maneira de se vestir era diferente da moda chilena e alguns tinham um tipo físico que inexistia entre as forças de segurança do Chile. Mais de um tinha uma tez morena rara entre chilenos e um deles era negro.
Dr. Pinto afirma que o primeiro objetivo dos agentes foi identificar os brasileiros presos, já que vários estavam no Chile com nomes “frios” (falsos). A tarefa seria desempenhada facilmente. Segundo ele, na mesma sexta-feira em que chegaram, os oficiais brasileiros foram levados pelo major Mario Luis Lavanderos, responsável pelos estrangeiros detidos na arena, até uma caixa que guardava as fichas dos cidadãos não chilenos detidos, com nome e fotografia. Os agentes recém-chegados compararam as fichas chilenas com os documentos que tinham. Nomes que eles jamais haviam ouvido foram colocados de lado. Seriam ou irrelevantes ou de brasileiros na clandestinidade, com identidades forjadas.
Naquela primeira ida ao estádio e nos dias seguintes, o major Lavanderos recepcionou o grupo. Até que um dia sumiu. Ao perguntar sobre o chileno, um dos oficiais brasileiros teria escutado: “Lavanderos se fué.” Depois, os agentes brasileiros descobririam que ele havia sido assassinado no Casino de Oficiales de la Academia de Guerra, uma residência militar.
Segundo Dr. Pinto, os agentes brasileiros se hospedaram no Hotel Carrera, um prédio de janelas verticais compridas, voltadas para a rua, na calçada oposta ao palácio presidencial La Moneda, em ruínas após o bombardeio que sofrera em 11 de setembro. O local de hospedagem era uma escolha incauta para uma missão secreta: o Carrera era o hotel mais conhecido de Santiago e, naqueles dias, hospedava dezenas de repórteres estrangeiros, um grupo de funcionários da Anistia Internacional e mesmo parentes de brasileiros presos no estádio.
As jornadas em Santiago seguiam uma mesma rotina, disse Dr. Pinto. Começavam cedo com um motorista chileno no lobby do hotel para levá-los, de Fusca, ao campo de prisioneiros. E terminavam, à noite, com uma reunião de menos de uma hora no quarto do coronel Castro, na qual se discutiam as informações levantadas ao longo do dia. Em razão dos tiros que ainda espocavam pelas ruas da capital chilena, oficiais brasileiros foram aconselhados a guardar distância das janelas e a não sair do Carrera. Castro e Silveira mantiveram uma agenda separada e não iam ao estádio com os demais.
Sobre o que exatamente faziam os agentes enviados do Brasil durante o dia, o relato de Dr. Pinto diverge em pontos essenciais da memória de presos brasileiros e chilenos. Na versão do oficial, ele e seus colegas ficavam em uma sala no último andar do estádio. O espaço tinha mesas pequenas, cada uma com um interrogador e, ao lado, um soldado de cassetete na mão. Segundo os exilados Tomás Togni Tarquinio e Nelson Serathiuk, os agentes brasileiros geralmente ficavam atrás dos chilenos e passavam papeizinhos dobrados com perguntas específicas a serem feitas. Queriam sobretudo saber como funcionava a “Caixinha”, os fundos da comunidade de exilados brasileiros e de organizações como o PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário), cisão do PCB criada por Apolônio de Carvalho, que no Chile era um dos líderes da comunidade de exilados. A Aeronáutica distribuiu a outros órgãos de inteligência uma lista com nomes dos exilados que teriam recebido dinheiro comunitário em Santiago – segundo Dr. Pinto, a informação fora coletada por outro capitão da Aeronáutica, especialista em contrainformações, enviado ao Chile. Outro preso brasileiro, Nielsen de Paula Pires, afirma que as respostas eram colocadas em dois formulários separados, um em espanhol e outro em português.
O exilado Osni Geraldo Gomes conta que, enfurecido com um interrogado, um dos agentes brasileiros soltou do fundo da sala um palavrão em deslavado portunhol. Outro provocava os presos conterrâneos assoviando a melodia de Aquarela do Brasil, com um sorriso nos lábios. Gomes também afirma que os oficiais brasileiros, desde o início dos interrogatórios, tentavam impor um clima de terror. Por exemplo, o exilado Luiz Carlos Guimarães estava com um nome falso no estádio, Pedro Paulo de Souza. Após ser colocado em pé na sala para prestar depoimento, teria escutado do homem louro vestido como civil, em português: “Muito prazer, Luiz Carlos Guimarães.”
Dr. Pinto admitiu que os oficiais brasileiros testemunharam cenas de extrema violência. Os detalhes dos episódios, entretanto, ele se recusou a contar. Segundo o capitão da Força Aérea Brasileira (FAB), apenas os soldados chilenos cometeram as agressões. Agentes da repressão brasileira teriam um papel subsidiário, de prover informações aos anfitriões, sem torturar concidadãos ou outros detidos no estádio.
Exilados brasileiros, e mesmo presos chilenos, contam uma história diferente. Gomes afirma que alguns brasileiros foram levados a uma segunda sala, menor, perto da área do estádio reservada à imprensa. Nela, diz ter visto uma macabra coleção de instrumentos: soldadores incandescentes, uma prancha de madeira inclinada com uma “maricota” – ou “maquineta”, o aparelho à manivela que dava choques – e um pau de arara. Uma réplica das salas de tortura que funcionavam no Brasil. Gomes afirmou ter sido lançado porta adentro pelos chilenos e, do outro lado, recebido por brasileiros que não se incomodavam de falar português. Oficiais chilenos teriam entrado na sala enquanto ele era preparado para ser içado no pau de arara.
Em um depoimento ao Senado brasileiro, em 2014, Gomes também narrou como foi submetido, nu, a sessões de eletrochoques que só eram interrompidas brevemente, quando os torturadores tocavam seu pescoço para verificar se ainda havia batimentos. Ele afirmou que a tortura começou de manhã e, ao sair da sala, sangrando e quase desacordado, o sol havia se posto. Outros sobreviventes brasileiros narram casos de violação sexual por agentes brasileiros enviados ao Chile.
Também presos chilenos afirmaram ter sido torturados sob a supervisão direta de instrutores brasileiros. Segundo o cartunista Juan Sepúlveda, oficiais brasileiros assistiram à sua sessão de tortura e se impressionaram com a brutalidade dos chilenos. As descargas de eletrochoques ficariam para sempre gravadas em sua memória: “Eu sentia que meus órgãos iam sair do meu corpo.” Eram tantos os presos chilenos e tão poucas as informações que os militares tinham sobre eles que várias vezes os interrogadores não sabiam o que perguntar durante as horas de dor e martírio. Mesmo assim, prosseguiam com a tortura.
Orastro dos oficiais brasileiros no Estádio Nacional também ficou em documentos da diplomacia norte-americana. O embaixador norte-americano em Santiago registrou conversas sobre a presença de agentes do Brasil, embora tenha minimizado as histórias de tortura. As fontes do embaixador Nathaniel Davis eram funcionários norte-americanos e canadenses da ONU que trabalhavam com refugiados, além de missionários dos Estados Unidos. Eles relataram a diplomatas dos Estados Unidos que brasileiros libertados do Estádio Nacional andavam dizendo ter sido interrogados por “indivíduos que falavam fluentemente português e que eles acreditavam ser policiais brasileiros ou agentes da inteligência brasileira”. Os religiosos ouviram casos de tortura durante os interrogatórios dos brasileiros, mas Davis duvidou. Os funcionários das Nações Unidas, reforçou o embaixador, desconheciam essas acusações.
Grande parte dos presos brasileiros no estádio havia conhecido a tortura antes de chegar ao Chile. Eles contam que, ao serem presos pelos chilenos, muitos foram recebidos com espancamentos e simulações de execução, passaram horas algemados em posições incômodas e foram vítimas de outras formas de violência, mas não da tortura no sentido estrito do termo: o uso instrumental da dor, em seu limite máximo, para extrair uma informação específica que o interrogador quer obter. “Tortura é técnica e, no começo, os chilenos só sabiam dar porrada a esmo e humilhar”, disse Nilton Bahlis dos Santos, gaúcho preso no Estádio Nacional.
Os relatos de que os chilenos ainda não sabiam “extrair informações” divertiam o coronel Adyr Fiúza de Castro, chefe do DOI-Codi do Rio, para onde Solange Bastos foi levada semanas após retornar do Chile. Fiúza de Castro, que chamava as mulheres em seu calabouço de “as minhas meninas”, convocara a moça que estivera presa no Estádio Nacional para ouvir suas histórias do Chile, e ria das “trapalhadas” dos iniciantes. O tempo de amadorismo duraria pouco. Rapidamente, a repressão chilena desenvolveria sua expertise no assunto.
Como e quando Brasília e Santiago acertaram o envio de agentes brasileiros ao Estádio Nacional é incerto. No entanto, algumas pistas ajudam a compor o quadro no qual teve início a cooperação entre os dois porões. Um dia após o golpe, Câmara Canto recebeu instruções de Brasília para oferecer à recém-nascida junta militar chilena “toda assistência que for possível e que venha a ser solicitada”. Ambos os regimes temiam uma reação da esquerda chilena. A segurança interna, incluindo o apoio para dizimar focos de oposição à junta chilena, era tema prioritário entre os dois países.
O empresário e ex-militar chileno Roberto Kelly Vásquez – emissário do almirante Merino que fora ao Brasil, semanas antes, atrás de garantias de que o Peru não atacaria o Chile em caso de golpe – contaria que, no dia 13 de setembro, recebeu um telefonema especial. Kelly relatou ter escutado do outro lado da linha: “Aqui fala o Dr. Shulz, estivemos juntos em Brasília há algum tempo e preciso encontrá-lo urgentemente.” Era o coronel Ramos de Castro, que o conhecera em Brasília e que, dois dias após o golpe, estava em Santiago. Segundo Kelly, Ramos de Castro o convidou para uma conversa no lobby do Hotel Carrera um mês antes de a missão brasileira ir ao Estádio Nacional, e cujos agentes se hospedariam no mesmo local.
O coronel teria afirmado que estava em Santiago para resgatar espiões brasileiros “infiltrados em movimentos revolucionários”. Os dois ainda discutiram um pacote de ajuda financeira do governo Médici ao Chile – Kelly passaria logo depois a integrar a equipe econômica do novo governo. No dia seguinte, o empresário disse ter buscado o coronel na embaixada brasileira e o levado até o almirante Merino, agora um dos quatro integrantes da junta militar. E não soube mais do caso.
Documentos norte-americanos corroboram grande parte da história. A diplomacia de Washington registrou a presença do “número 2 da inteligência brasileira” em Santiago naqueles dias, relatada em um telegrama secreto da embaixada no Chile. Segundo Nathaniel Davis, a visita do agente do SNI estava abrindo caminho para o primeiro pacote de ajuda financeira do governo Médici à ditadura chilena.
Davis incentivou naqueles dias o nascimento da parceria chileno-brasileira na luta contra o inimigo interno. Duas semanas depois do encontro no Hotel Carrera, o embaixador norte-americano e o general do ar Walter Heitmann (a Força Aérea chilena tem essa patente), indicado dias antes por Augusto Pinochet para chefiar a embaixada do Chile em Washington, tiveram uma conversa reveladora sobre o assunto enquanto almoçavam. Heitmann, um sujeito forte, com mais de 1,90 metro, mãos enormes e estilo refinado, levantou o tema do apoio do governo Nixon à luta contra o “terrorismo urbano” no Chile. A junta acreditava que travaria a guerra contra a subversão “em um futuro não muito distante”, explicou o general Heitmann. Davis entendeu o pedido velado de ajuda e reagiu com cautela. “Seria mais fácil para o governo norte-americano considerar as necessidades de equipamento técnico, como rádios, do que fornecer pessoal para assessorar e treinar [as forças de repressão chilenas]”, retrucou. Em seguida completou: existia “uma considerável experiência nessa área entre alguns dos amigos latino-americanos do Chile” e a junta deveria buscar ajuda desses países.
Heitmann disse que entendia a posição norte-americana e informou que o Chile buscaria a assessoria do Brasil e do Uruguai. Na verdade, afirmou o general, já houvera “contatos preliminares nesse sentido” com os dois países do Cone Sul. “Espero que o governo chileno explore essas possibilidades”, disse Davis.
Essa mesma luta contra o “terrorismo urbano” no Chile, conforme o eufemismo usado pelos embaixadores, custaria a vida de três cidadãos norte-americanos. Os jornalistas Frank Teruggi e Charles Horman foram levados ao Estádio Nacional e assassinados – o caso do segundo foi retratado no filme Desaparecido – Um Grande Mistério, do diretor Costa-Gavras. O matemático Boris Weisfeiler desapareceu no Sul do Chile, perto de Colonia Dignidad, um vilarejo de imigrantes alemães “com tendências neonazistas”, segundo o Departamento de Estado norte-americano, e que se tornaria um centro de tortura do regime Pinochet.
No início de outubro, o jornal Washington Post – o mesmo que revelara as suspeitas de que a CIA e a companhia norte-americana ITT (International Telephone and Telegraph Co.) haviam conspirado contra Allende – publicou o primeiro editorial com denúncias de graves violações dos direitos humanos no Chile pós-golpe. Em uma das passagens do texto, alertou: “Há relatos inquietantes de que a polícia do Brasil chegou ao Chile para ‘recuperar’ alguns refugiados brasileiros.” A publicação foi posterior à primeira visita do coronel Ramos de Castro, comentada por diplomatas norte-americanos em comunicações secretas. O editorial foi publicado exatos dez dias antes de o Avro com os agentes brasileiros pousar no Aeroporto Los Cerrillos.
A onda de prisões ilegais em massa, no imediato pós-golpe, foi uma tática eficiente da jovem ditadura em Santiago para desarticular qualquer resistência ao golpe. No entanto, politicamente, o resultado teve um custo que Pinochet e os demais comandantes militares não anteciparam. Com as atenções da imprensa internacional e de governos ocidentais voltadas à mudança de regime no Chile, o Estádio Nacional rapidamente se converteu no símbolo máximo da tirania, da violência e do arbítrio impostos sobre a mais longeva democracia da região. Antes mesmo de completar um mês, o regime chileno já ganhara a sua Bastilha, a qual figurava em destaque nos jornais do mundo todo – à exceção do Brasil, onde a censura barrava quase todas as notícias sobre a repressão no Chile.
Segundo Dr. Pinto, a missão dos agentes brasileiros no Estádio Nacional foi suspensa porque começou a chamar demais a atenção. Os presos brasileiros afirmam ter alertado o Comitê Internacional da Cruz Vermelha sobre a presença da missão vinda do Brasil e, conforme mostram documentos secretos norte-americanos, outras autoridades humanitárias rapidamente souberam dos novos visitantes. De acordo com a Permissão de Sobrevoo entregue pelo coronel Siqueira, o avião da FAB que levara os agentes a Santiago voltou para casa no dia 21 de outubro. A missão brasileira ao Estádio Nacional teria durado uma semana.
Mas, nos meses seguintes, a história dos enviados da ditadura do Brasil ao infame centro esportivo chileno continuaria a ganhar força mundo afora. Na Europa, a Anistia Internacional publicou um relatório com informações precisas sobre a cooperação da ditadura brasileira na repressão chilena. O documento foi organizado após uma visita de três pesquisadores da ONG europeia ao Chile e citava fontes das próprias forças de segurança chilenas. “Os encarregados de lidar com os prisioneiros do Estádio Nacional admitiram que policiais brasileiros estiveram presentes aos interrogatórios e que os policiais estavam lá para ensinar aos chilenos os métodos brasileiros”, concluiu a Anistia. Os investigadores também escutaram dos militares “referências específicas a um curso de quatro dias ministrado por policiais brasileiros no Ministério da Defesa”.
Em entrevista à imprensa italiana, a viúva de Allende, Mercedes Hortensia Bussi Soto de Allende, denunciou a participação de “elementos brasileiros” tanto no golpe quanto no apoio à tortura no Chile. Carlos Altamirano, ex-secretário-geral do Partido Socialista chileno, afirmou que “centenas” de presos no Estádio Nacional haviam sido interrogados por brasileiros “levados pela CIA”.[10]
Nos Estados Unidos, o caso dos “assessores” brasileiros no Chile bateu às portas do Congresso em agosto de 1974. Uma comissão de representantes da sociedade civil de Chicago – incluindo acadêmicos, autoridades religiosas e o pai de Teruggi, um dos norte-americanos assassinados após o golpe – visitara Santiago para investigar violações. O dossiê entregue aos congressistas de Washington continha informações sobre abusos contra brasileiros, incluindo a tentativa de execução de Luiz Carlos Almeida Vieira – que, ao despencar baleado no Rio Mapocho, conseguira nadar e ganhar asilo diplomático da Suécia. Em outro trecho do relatório, consta um registro dos agentes brasileiros no Estádio Nacional: “Há uma convicção generalizada de que oficiais do Brasil, treinados no uso de métodos de tortura, foram trazidos [ao Chile] imediatamente após a tomada de poder pelos militares para interrogar prisioneiros brasileiros, além de chilenos.” A missão também reportou relatos “não confirmados” de que a ditadura brasileira também levara ao Chile aparelhos de tortura, incluindo máquinas de eletrochoque.
Ciente do desastre de relações públicas, a junta chilena correu para esvaziar o Estádio Nacional e reconvertê-lo de campo de detenção em praça de futebol. Havia, no calendário, uma oportunidade para encerrar o caso com uma boa desculpa: dia 21 de novembro, a arena deveria sediar o segundo duelo entre Chile e União Soviética pelas eliminatórias da Copa do Mundo, marcado antes do golpe. A junta militar queria fazer da partida uma prova de que o país havia recobrado a normalidade.
O primeiro jogo, em Moscou, terminara 0 a 0. Quem ganhasse a segunda partida se classificaria. Passado o 11 de setembro, as autoridades russas avisaram que boicotariam a disputa caso ela não fosse transferida para um campo “neutro”. Os chilenos recusaram. Acreditavam que os soviéticos estavam blefando.
A 24 de outubro, uma comissão especial da Fifa, a Federação Internacional de Futebol, foi ao Estádio Nacional analisar se o local tinha condições de abrigar a partida. Integrava a equipe o brasileiro Abílio de Almeida, vice-presidente do setor de arbitragem da federação. A maior parte dos cerca de 7 mil presos foi trancada nos vestiários. Alguns, entre frestas, viram os dignitários do futebol internacional percorrerem o gramado, envoltos num enxame de jornalistas ávidos pelo veredicto. Depois de uma reunião com o ministro da Defesa, Patricio Carvajal, a Fifa anunciou que a situação do estádio era de “tranquilidade total”. “Não se preocupem com a campanha internacional contra o Chile. No Brasil, aconteceu o mesmo. Logo passará”, completou o visitante brasileiro à imprensa.
A história dava voltas estranhas. Onze anos antes, o mesmo Almeida, naquele mesmo Estádio Nacional, participara da jogada extracampo que garantiu a presença de Garrincha na final da Copa do Chile, apesar do cartão vermelho que o artilheiro levara na partida anterior. Pelé, machucado, já estava fora. A Seleção dependia das pernas arqueadas do camisa 7, e Almeida deu um jeito – jamais totalmente revelado – de convencer as autoridades do futebol mundial a desconsiderarem o cartão.
Como o Brasil de Médici no triunfo na Copa de 1970, o Chile queria fazer do futebol uma questão de Estado e orgulho nacional, capaz de abafar os gritos que vazavam dos porões (a Argentina faria o mesmo ao sediar a Copa de 1978). A importância simbólica do jogo contra a União Soviética era tamanha que a junta chilena buscou o clube Internacional, de Porto Alegre, para ter certeza de que o zagueiro chileno Elías Figueroa – uma das estrelas do futebol do Chile – seria liberado e entraria em campo no dia 21. Primeiro, a chancelaria ordenou ao encarregado de negócios em Brasília, Rolando Stein, que se envolvesse pessoalmente no caso. “Com o objetivo de melhorar as possibilidades da equipe nacional, é imprescindível contar com o jogador chileno Elías Figueroa”, escreveu o chanceler Ismael Huerta. Stein falou com o presidente do Inter, Carlos Stechman, que teria prometido ajudar. Os militares chilenos insistiram e despacharam ao Brasil o almirante da reserva Carlos Chubretovic Álvarez, vice-presidente da Associação Central de Futebol, que conseguiu liberar Figueroa.[11]
Sob o risco de a União Soviética cumprir a promessa de boicote, o Chile chamou o Santos para fazer o papel de time-estepe. O show deveria continuar a qualquer custo.
O regime de Leonid Brejnev cumpriu sua palavra, abrindo mão da Copa na Alemanha em nome da solidariedade com Allende. No dia da partida, a seleção do Chile primeiro entrou em campo sem adversário e, após uma troca de passes desanimada entre os atacantes, bicaram a bola para o fundo da rede. O placar marcou Chile 1 e União Soviética 0, e o juiz apitou final de jogo. O país de Pinochet estava classificado.
A cena seria lembrada como “o gol mais triste da história do Chile”. Lepo, o ex-jogador que havia sido preso no Estádio Nacional, assistia em silêncio da arquibancada.
Finda a encenação, o Santos (sem Pelé) entrou em campo e goleou por 5 a 0 a seleção chilena.
No início de novembro, os últimos presos brasileiros foram levados a abrigos do governo suíço e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, em Santiago. Alguns já haviam recebido propostas de asilo; outros passariam por sabatinas com autoridades estrangeiras que os escolheriam de acordo com critérios de instrução e utilidade profissional.
Em poucos meses, os exilados brasileiros, incluindo os detidos no estádio, estariam espalhados, sobretudo, por países europeus. “Foi um salve-se quem puder e embarque para onde possa”, resumiu o sociólogo Herbert José de Souza, o Betinho. A esquerda brasileira vivia o exílio dentro do exílio.
Trecho do livro O Brasil Contra a Democracia: A Ditadura, o Golpe no Chile e a Guerra Fria na América do Sul, a ser lançado neste mês pela Companhia das Letras.
[1] O número de brasileiros que passaram pelo Estádio Nacional em Santiago é maior do que 52, pois nem todos permaneceram na arena. Uns, como José Serra, foram simplesmente soltos. Outros, como Luiz Carlos de Almeida, levados para fora e assassinados.
[2] O estádio chegou a abrigar mais de 7 mil pessoas ao mesmo tempo, segundo um levantamento feito no final de fevereiro de 1974 pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha, e a estimativa é de que, ao longo dos meses, cerca de 30 mil presos tenham passado pelo local. O número exato é impossível precisar.
[3] Luis Alberto Corvalán Castillo (1947-75) foi depois levado ao campo de prisioneiros de Chacabuco, mas conseguiu sobreviver. Ele relatou sua história no livro Viví para contarlo (Tierra Mía, 2007).
[4] Um deles, o socialista Juan Muñoz Alarcón – el encapuchado del Estadio Nacional –, foi posteriormente identificado. Alarcón acabou assassinado em 1977.
[5] Ainda de acordo com a CIA, o grupo de brasileiros seria o terceiro mais numeroso entre os estrangeiros no Estádio Nacional, atrás de uruguaios (75 pessoas) e bolivianos (124 pessoas). Onze norte-americanos também teriam passado pelas instalações.
[6] Maria das Dores Romaniolo também havia sido acusada de “roubar psicotrópicos” quando trabalhava como enfermeira no Exército. Os outros proibidos de voltar eram Maurício Dias David e João Ernesto Maraschin.
[7] Azevedo diz ter sido procurado pelo cônsul dentro do estádio e o diplomata lhe teria passado um bilhete, seguido de uma piscadela. O papelzinho amassado tinha a letra do pai de Azevedo, dizendo que ele deveria pedir para ir com o cônsul. O pai nunca revelou a quantia supostamente paga ao cônsul. Tampouco foi esclarecido por que Solange Bastos foi incluída no grupo. Ela jamais soube de qualquer propina ao diplomata brasileiro.
[8] Segundo a certidão de óbito de Mattos, a causa da morte foi peritonite aguda. A primeira comissão de investigação dos crimes da ditadura chilena concluiu que o brasileiro morreu “por se haver negado auxílio médico […] por parte de agentes do Estado, constituindo uma grave violação a seu direito à integridade física e à vida”.
[9] Dr. Pinto deu entrevista ao autor em 29 de maio e em 11 de junho de 2015.
[10] Altamirano fez graça da suposta submissão da junta chilena à ditadura brasileira: “Um general brasileiro e um almirante chileno conversam. O chileno pergunta: ‘Estão contentes com o modo como demos o golpe?’ O brasileiro responde: ‘Está muito bom, mas devem seguir aprendendo. Vocês ainda são carniceiros. Nós, brasileiros, somos cirurgiões.’”
[11] O presidente do Internacional elogiou o fato de o pedido ter partido do encarregado de negócios do Chile, e não ter sido feito por meio das autoridades futebolísticas brasileiras. Stein recomendou que a diplomacia chilena mantivesse esse canal de diálogo e não envolvesse a cartolagem.
Roberto Simon
É jornalista e analista internacional, mestre em políticas públicas pela Kennedy School da Universidade Harvard.
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Neusa Maria - MENSAGEM - Cícero Nunes e Aldo Cabral - gravação de 1959
1.923 visualizações29 de jul. de 2014
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luciano hortencio
204 mil inscritos
Neusa Maria - MENSAGEM - Cícero Nunes e Aldo Cabral.
Álbum: Neusa Maria - Mensagem.
Gravação de 1959.
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Mensagem – Aldo Cabral e Cícero Nunes
Confira abaixo informações e letra da música Mensagem, de Aldo Cabral e Cícero Nunes.
Mensagem Isaura Garcia
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A cantora Isaurinha Garcia, que fez sucesso com Mensagem
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Mensagem
Ano de Lançamento:
1946.
Gênero:
Samba-Canção.
Compositores:
Aldo Cabral (1912-1994) e Cícero Nunes (1912-1993).
Gravações Representativas:
Isaura Garcia; Elza & Miltinho; Márcia; Maria Bethânia; Ná Ozzetti.
Destaque Histórico:
Um das músicas mais tocadas em seu ano de lançamento, na voz de Isaurinha Garcia. Mensagem passou a ser uma canção obrigatória no repertório da cantora.
Letra de Mensagem.
Quando o carteiro chegou,
E o meu nome gritou,
Com uma carta na mão.
Ante surpresa tão rude,
Nem sei como pude
Chegar ao portão.
Lendo o envelope bonito,
No subscrito eu reconheci,
A mesma caligrafia, que me disse um dia:
Estou farto de ti.
Porém não tive coragem
De abrir a mensagem
Porque na incerteza, eu meditava e dizia:
Será de alegria?
Será de tristeza?
Quanta verdade tristonha
Ou mentira risonha, uma carta nos traz…
E assim pensando rasguei, tua carta
E queimei, para não sofrer mais.
Para Ouvir:
Versão de Isaura Garcia.
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Versão de Maria Bethânia
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Fonte:
Canto da MPB – A Música Popular Brasileira em primeiro lugar!
Veja Também:
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Arquivo Pessoa
Obra AbertaOBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO
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Álvaro de Campos
Todas as cartas de amor são
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas).
21-10-1935
Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993). - 84.
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