Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
segunda-feira, 7 de junho de 2021
Imunização Racional
(Que Beleza)
***
***
Nas entrelinhas: Onde mora o perigo
***
Nas entrelinhas: Onde mora o perigo
Publicado em 06/06/2021 - 06:58 Luiz Carlos Azedo Eleiçoes, Ética, Governo, Justiça, Memória, Militares, Política
Uma das características do reacionarismo é a nostalgia de um passado idealizado, no caso, o antigo regime militar
Está cada vez mais claro que a contradição principal da vida política nacional é a tensa coexistência entre um governo de fortes características bonapartistas e uma ordem constitucional democrática. Essa contradição não resulta, em si, da eleição do presidente Jair Bolsonaro, mas de suas ideias reacionárias. Um governo de direita legitimamente constituído faz parte do jogo democrático, porém, o presidente da República pretende governar o país como se tudo pudesse, levando à frente essas ideias, mesmo afrontando os ditames da Constituição de 1988.
O resultado dessa contradição é um forte esgarçamento das relações políticas entre as instituições republicanas. Além disso, a subalternização de órgãos autônomos que exercem o papel de fiscalização e controle das ações públicas e privadas junto à sociedade — Ministério Público Federal, Receita Federal, Ibama, Polícia Federal, Advocacia-Geral da
União, entre outros — deriva para sua instrumentalização em defesa dos interesses políticos e eleitorais do clã Bolsonaro e seu projeto autoritário.
Vejam o recente episódio de quebra da hierarquia e da disciplina no Exército pelo general de divisão da ativa Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, que participou de um ato político de característi- cas eleitorais ao lado de Bolsonaro. Por pressão do presidente, “comandante supremo” das Forças Armadas, não foi punido pelo comandante da Arma, general de Exército Paulo Sérgio Nogueira. O fato somente reforça as características bonapartistas do governo, que se coloca acima das classes sociais; cada vez mais enfraquecido na sociedade, Bolsonaro busca apoio “nas baionetas”.
O fato de termos um presidente eleito pelo voto popular não lhe legitima toda e qualquer ação. Há que se respeitar os limites estabelecidos constitucionalmente e os mecanismos de pesos e contrapesos que equilibram as relações entre os Poderes e os entes do sistema federativo. Também não é aceitável uma suposta “ditadura da maioria”. A democracia pressupõe o respeito ao dissenso e aos direitos das minorias. Frequentemente, Bolsonaro desdenha ou desrespeita esses princípios democráticos.
O nosso Estado-nação é fruto de um esforço continuado de elites conservadoras e liberais e da participação democrática do povo. Nos momentos em que houve essa convergência, o país avançou. É falsa a ideia de que o Brasil esteve ameaçado pelo comunismo, velho fantasma utilizado durante a guerra fria para golpear a democracia. A ideia de que a esquerda no poder representou uma experiência socialista é igualmente falsa. Muito pelo contrário, seu transformismo fisiológico e patrimonialista agravou a crise ética dos partidos, onda que Bolsonaro surfou para chegar ao poder.
Estado-força
O presidencialismo brasileiro é vertical, se reproduz na maioria das nossas instituições políticas, desde o governo de Floriano Peixoto, na República Velha. Esse é um fator permanente de crises institucionais. Um só homem é o vértice absoluto do governo, a forma mais concentrada de poder, que arrecada, normatiza e coage. O uso da força do Estado com objetivo de aumentar e reproduzir o próprio poder, e não para o bem comum, nos leva ao mau governo e a inevitáveis confrontos com os demais poderes e entes federados, com a geração de crises políticas e institucionais sucessivas, que já nos levaram a duas ditaduras: 1930-1945 e 1964-1985.
Fios de história ligam a atual conjuntura aos regimes autoritários desses períodos. Um deles é a vertente autoritária da ideologia positivista. Discípulo de Auguste Comte, o francês Charles Maurras, no começo do século XX, com seu nacionalismo integral e a defesa do “Estado- força”, influenciou fortemente o fascismo italiano, o nacional-socialismo alemão, o salazarismo e o integralismo no Brasil. Outro fio de história são os laços de amizade e trajetórias pessoais dos generais que compõem o estado-maior de Bolsonaro. Pertencem a uma geração cuja carreira militar também era uma via de acesso ao poder político, mas teve esse objetivo frustrado pela eleição de Tancredo Neves, no Colégio Eleitoral, em 1985. Entretanto, chegaram ao poder na aba do chapéu de Bolsonaro, em 2018. Uma das características do reacionarismo é a nostalgia de um passado idealizado, no caso, o antigo regime militar. É aí que mora o perigo.
*** *** https://blogs.correiobraziliense.com.br/azedo/nas-entrelinhas-onde-mora-o-perigo-2/ *** ***
***
Então, tá!
***
***
Ramos diz que Mandetta aterrorizou STF com previsão de 400 mil mortos
***
Foi um alinhamento de base para poder permitir votações. Tinha muita gente que não votava com o governo e tinha vários elementos na Esplanada. Como eu descobri isso? Diário Oficial da União. Quem está alinhado ao governo tem direito a ter espaço no governo. Não foi toma lá, dá cá. Foi uma decisão do presidente, e acertada.
***
O governo rendeu-se ao centrão. Mas o general rebatizou o fisiologismo. Chama a promiscuidade de alinhamento. "Não é velha política. [Antes] era toma lá, dá cá. Eu te dou um cargo, você vai fazer isso pra mim. Havia desvios de recursos. No governo Bolsonaro não foi assim. Foi um alinhamento de base para poder permitir votações. [...] Quem está alinhado ao governo tem direito a ter espaço no governo. Não foi toma lá, dá cá. Foi uma decisão do presidente, e acertada."... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2021/06/06/ramos-diz-que-mandetta-aterrorizou-stf-com-previsao-de-400-mil-mortos.htm?cmpid=copiaecola
***
A impunidade assegurada pelo Exército a Pazuello enviou para a lata do lixo as regras que proíbem militares de participar de atos políticos. Mas Ramos sustenta que Pazuello estava fantasiado de paisano quando virou um general de palanque. "O general Pazuello estava ali como civil. [...] O presidente da República é o comandante supremo das Forças Armadas. Isso tem que ficar bem claro. Ele é o comandante supremo. Trocou o ministro da Defesa, trocou os comandantes..."... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2021/06/06/ramos-diz-que-mandetta-aterrorizou-stf-com-previsao-de-400-mil-mortos.htm?cmpid=copiaecola
***
ANÁLISE
Ramos diz que Mandetta aterrorizou STF com previsão de 400 mil mortos
***
***
MATEUS BONOMI/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: MATEUS BONOMI/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO
***
Josias de Souza
Colunista do UOL
06/06/2021 04h17
Crítico das medidas restritivas adotadas por governadores e prefeitos, o general Luiz Eduardo Ramos, chefe da Casa Civil, acha que os ministros do Supremo Tribunal Federal estavam aterrorizados quando reconheceram os poderes de estados e municípios para agir na pandemia. Atribuiu o pânico a Henrique Mandetta. Em entrevista ao jornal O Globo, o general contou que, em reunião na Suprema Corte, Mandetta previu que a Covid-19 mataria "400 mil pessoas" no Brasil.
Mandetta foi conservador em seu vaticínio. O número de mortos já ultrapassou a casa dos 470 mil. Mas Ramos parece analisar os fatos como se vivesse uma realidade paralela. "Se sou ministro do Supremo e vejo aquilo ali, fico assustado", disse o general. "Faltou um debate. Faltou a gente conversar. Não houve isso. Foi goela abaixo." Segundo o relato de Ramos, o advogado-geral da União André Mendonça testemunhou a conversa de Mandetta com os ministros do Supremo. Definiu o encontro como "uma sessão de terror."
Sobre a constante ameaça de Bolsonaro de editar um decreto para suspender as restrições baixadas por governadores e prefeitos, Ramos ecoou o chefe: "É prerrogativa dele. E ele usa isso dentro das quatro linhas da Constituição, que, em seu artigo 5º, garante o direito de ir e vir."
O general desconsidera a necessidade de tomar o texto constitucional como um todo, não em fatias. Não há bem jurídico mais valioso do que a vida. E a Constituição praticamente ordena aos gestores públicos que adotem restrições contra o vírus ao informar, no artigo 196, que a saúde é "direito de todos e dever de União, estados e municípios."
Instado a falar sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid, Ramos declarou que "há um uso demasiado político da CPI, para atingir o presidente Bolsonaro." Acrescentou: "Não vão conseguir porque o presidente fez a coisa correta." Faltou definir o que é correto. A correção estaria na aposta que o presidente fez nos poderes curativos da cloroquina? Foi correto retardar a compra de vacinas? Onde começa a correção e termina a negligência na recusa em adquirir os 130 milhões de doses oferecidos pela Pfizer e pelo Butantan em agosto de 2020, com entregas a partir de dezembro?
No país alternativo em que o general Ramos decidiu viver, o colega de farda Eduardo Pazuello fez uma boa gestão no Ministério da Saúde. "O Pazuello fez o trabalho que podia fazer dentro das condições. A gestão dos estados, o problema no oxigênio... Pergunto o seguinte: na história dessa pandemia, onde estão os prefeitos? Onde estão os governadores? Os secretários municipais de Saúde, os secretários estaduais? Foi tudo o Pazuello? É fácil culpar uma pessoa. Vários erros cometidos."
De fato, o raciocínio do general comprova que é mais fácil gastar saliva e energia terceirizando culpas do que resolvendo os problemas. O chefe da Casa Civil de Bolsonaro revelou-se capaz de tudo na entrevista, só não conseguiu descer do Mundo da Lua.
O governo rendeu-se ao centrão. Mas o general rebatizou o fisiologismo. Chama a promiscuidade de alinhamento. "Não é velha política. [Antes] era toma lá, dá cá. Eu te dou um cargo, você vai fazer isso pra mim. Havia desvios de recursos. No governo Bolsonaro não foi assim. Foi um alinhamento de base para poder permitir votações. [...] Quem está alinhado ao governo tem direito a ter espaço no governo. Não foi toma lá, dá cá. Foi uma decisão do presidente, e acertada."
A impunidade assegurada pelo Exército a Pazuello enviou para a lata do lixo as regras que proíbem militares de participar de atos políticos. Mas Ramos sustenta que Pazuello estava fantasiado de paisano quando virou um general de palanque. "O general Pazuello estava ali como civil. [...] O presidente da República é o comandante supremo das Forças Armadas. Isso tem que ficar bem claro. Ele é o comandante supremo. Trocou o ministro da Defesa, trocou os comandantes..."
Então, tá!
*** ***
Política
'A decisão de não punir o Pazuello foi extremamente pensada', diz Ramos em entrevista ao GLOBO
06/06/2021 12h47
Chefe da Casa Civil afirma que ‘história de vida’ pesou na isenção de ex-ministro da Saúde, reconhece que há decisões do STF que causam desconforto no Planalto e defende que partidos aliados de Bolsonaro tenham cargos no governo
***
***
'A decisão de não punir o Pazuello foi extremamente pensada', diz Ramos em entrevista ao GLOBO
BRASÍLIA - Em seu gabinete no quarto andar do Palácio do Planalto, o ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, costuma exibir referências à época em que estampava quatro estrelas em sua farda de general: medalhas, capacetes, facas e uma caveira com boina. Transitando entre militares e políticos, Ramos decidiu continuar exercendo o cargo de ministro e ir para a reserva em julho de 2020, pouco tempo depois de participar de uma manifestação ao lado do presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista ao GLOBO, o chefe da Casa Civil diz que a decisão do Exército de isentar o general da ativa Eduardo Pazuello de uma punição por ter participado de uma “motociata” com Bolsonaro foi “extremamente pensada”. Ramos também afirma que o presidente tem a prerrogativa de editar medidas contra o isolamento e que fez “a coisa correta” na pandemia.
Quando o Exército decidiu que não houve transgressão de Pazuello em participar de um ato político, isso abre as portas para outros militares fazerem o mesmo?
O passado pesa na decisão do comandante. Não é só no caso do Pazuello. Em qualquer transgressão disciplinar, de soldado a general, são analisadas as condicionantes da transgressão e a pessoa do transgressor. O comandante do Exército, ao analisar a história de vida do Pazuello, considerou que aquele fato não se constituiu transgressão. Você não pode usar pesos iguais com pessoas que têm comportamentos diferentes. Se o militar nunca fez nada errado e comete um deslize, ele vai ser punido com dez dias de cadeia? Isso não existe. Cada caso é um caso. A decisão de não punir o Pazuello é exclusiva do comandante do Exército.
Mas isso não acaba sendo uma vitória da indisciplina?
A interpretação do general Paulo Sérgio (comandante do Exército) foi diferente da que todo mundo esperava. Teve uma reunião virtual em que ele discutiu com o Alto Comando para avisar qual era a decisão. Foi uma decisão extremamente pensada. Mas isso não é assunto da minha pasta.
Como o senhor avalia a participação de Pazuello no passeio de moto feito pelo presidente no Rio?
Olha, o general Pazuello estava ali como civil. Eu estava no passeio de moto. Estava ali atrás, não vi esse momento. O presidente da República é o comandante supremo das Forças Armadas. Isso tem que ficar bem claro. Ele é o comandante supremo. Trocou ministro da Defesa, trocou os comandantes...
O senhor, se fosse um general da ativa, se sentiria desconfortável em uma manifestação?
Isso é uma decisão pessoal de cada um. Em julho do ano passado, pedi para ir para a reserva. Eu estava em um área em que eu achava que, realmente, trabalhando com política, como general da ativa, não tinha mais razão de eu estar no Exército.
Mas o senhor, enquanto general da ativa, foi a algumas manifestações...
Não. Só na da rampa (do Planalto), que me impôs para eu ir para a reserva.
O senhor vê algum risco de ruptura institucional?
Me diga qual foi o ato do presidente próximo à quebra do estado democrático de direito ou de afronta à Constituição. Muito pelo contrário. Tem coisa que é da autoridade do presidente, como nomear o diretor da Polícia Federal, e o Supremo (Tribunal Federal) não autorizou. Se ele fosse uma pessoa que não cumprisse as normas, poderíamos ter alguma crise institucional.
As decisões do STF envolvendo o governo geram uma tensão?
Como diz o ministro (da Economia) Paulo Guedes, a democracia é ruidosa. É bonito o debate de ideias, esse ruído. Nos regimes totalitários, como Cuba e Coreia do Norte, não têm isso e não conseguem nem ouvir a oposição. O STF, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o Executivo e o Congresso se manifestam. Faz parte. Não há nenhum temor. Quando começa a haver alguma coisa que foge um pouco à normalidade, incomoda, começa a causar um desconforto. É natural.
Que tipo de decisão do STF causou desconforto?
Várias aí que foram feitas, tomadas. Não sei de cabeça.
Por isso, o presidente disse recentemente que editaria um decreto para garantir a liberdade de ir e vir durante a pandemia e que não poderia ser contestado por nenhum tribunal?
É prerrogativa dele. E ele usa isso dentro das quatro linhas da Constituição, que, em seu artigo 5º, garante o direito de ir e vir. Chegamos à beira de coisas completamente incompreensíveis. Em Angra dos Reis (RJ), por exemplo, foi proibido sair de barco. Deve ter o vírus aquático.
Mas o isolamento nos estados foi amparado por decisão do STF...
Faltou um debate nacional. O ministro (da Advocacia-Geral da União) André Mendonça é testemunha ocular disso. Logo no início da pandemia, o (então) ministro da Saúde (Luiz Henrique) Mandetta foi convidado para ir ao Supremo. (Ele disse) que na pandemia iam morrer 400 mil pessoas, que ia não sei o quê... O André Mendonça diz que foi uma sessão de terror. Se sou ministro do STF e vejo aquilo ali, fico assustado. Faltou um debate. Faltou a gente conversar. Não houve isso. Foi goela abaixo.
Houve falha na gestão de Pazuello no Ministério da Saúde?
O Pazuello fez o trabalho que podia fazer dentro das condições. A gestão dos estados, o problema no oxigênio... Pergunto o seguinte: na história dessa pandemia, onde estão os prefeitos? Onde estão os governadores? Os secretários municipais de saúde, os secretários estaduais? Foi tudo o Pazuello? É fácil culpar uma pessoa. Vários erros cometidos.
A CPI da Covid incomoda o governo?
Não. Acho que a CPI está exercendo o papel dela. Quem vai julgar isso, e já está julgando, é a própria população. Na minha humilde opinião, está havendo um uso demasiado político da CPI para atingir o presidente Bolsonaro. Não vão conseguir porque o presidente fez a coisa correta.
Mas qual seria o propósito de atingir o presidente?
Por exemplo: o que houve com a Copa América? Quem é que politizou a Copa América? Foi o presidente? As cartas já estavam na mesa. O campeonato brasileiro acontecendo, Eliminatórias na sexta-feira, os campeonatos estaduais... Quem é que fez o uso político? Foram os governadores, que alegaram Covid. Realmente, isso aí me incomodou muito. Eu vi claramente que já não estão pensando no país, no que pode ser correto. É só política.
Mas o país registra mais de 470 mil mortes por Covid-19...
É terrível a perda de vidas. Ninguém está dizendo isso. Mas isso só foi levantado agora quando ele (Bolsonaro) assumiu que iria fazer (a Copa América), atendendo a um pedido da CBF, via Conmebol. E é um evento privado.
Diante do cenário da pandemia, governadores desistiram de sediar os jogos...
Eu acho interessante o seguinte: tem governador que quis desdenhar que não vai aceitar a Copa América, mas em nenhum momento ele estava previsto.
Quem, por exemplo?
O (governador) de São Paulo (João Doria). Não estava previsto. Pernambuco também não estava previsto. Acho que (pensam) o seguinte: “Eu não gosto do presidente, sou adversário e, mesmo não sendo convidado, acho que não tem quer ter Copa América. Meu estado não vai sediar”. Ninguém perguntou, ninguém consultou.
Na campanha, o presidente criticava a prática da velha política. No governo, ele fez aliança com partidos tradicionais. Não é uma contradição?
Não, de forma alguma. Não é a velha política. (Antes) era toma lá, dá cá. Eu te dou um cargo, você vai fazer isso para mim. Havia desvios de recursos. No governo Bolsonaro não foi assim. Foi um alinhamento de base para poder permitir votações. Tinha muita gente que não votava com o governo e tinha vários elementos na Esplanada. Como eu descobri isso? Diário Oficial da União. Quem está alinhado ao governo tem direito a ter espaço no governo. Não foi toma lá, dá cá. Foi uma decisão do presidente, e acertada.
Autor: Thiago Bronzatto e Daniel Gullino
Fonte: oglobo.globo.com
***
BRASIL
'Decisão deixa Exército em situação inédita de submissão', diz historiador Carlos Fico
Professor especialista em estudos sobre a ditadura teme que postura da Força de não punir o general Pazuello dê ‘sinalização perigosa’ também para as Polícias Militares
Mariana Muniz
04/06/2021 - 05:30 / Atualizado em 04/06/2021 - 13:05
***
Carlos Fico, historiador e professor da UFRJ Foto: Fernando Souza / Fernando Souza
Carlos Fico, historiador e professor da UFRJ Foto: Fernando Souza / Fernando Souza
BRASÍLIA — Especialista em estudos sobre a ditadura militar, o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Carlos Fico avalia que a decisão do Exército de arquivar o procedimento administrativo que havia sido instaurado contra o ex-ministro e general da ativa Eduardo Pazuello por participar de um ato ao lado do presidente Jair Bolsonaro coloca as Forças Armadas em uma inédita posição de submissão.
Leia: Parlamentares criticam decisão do Exército de não punir Pazuello após ato político com Bolsonaro
O historiador credita a não punição a Pazuello — ocorrida após pressões de Bolsonaro, que nomeou o ex-ministro para um cargo no Palácio do Planalto esta semana — ao envolvimento que ele chama de "promíscuo" das Forças Armadas, sobretudo do Exército, no governo Bolsonaro. Para ele, a decisão dá uma sinalização perigosa não só para os oficiais como para as Polícias Militares, que se sentirão autorizadas a adotar posicionamentos políticos, além de colocar em descrédito o atual comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.
Celso Amorim: Decisão do Exército é 'altamente preocupante para instituições brasileiras'
***
Polêmica
Exército assumiu inédita posição de submissão a Bolsonaro ao não punir Pazuello, diz historiador
Especialista teme que postura da Força de não punir o general Pazuello dê ‘sinalização perigosa’ também para as Polícias Militares
O Globo
04/06/2021 | 11:13
***
Pazuello em ato ao lado de Bolsonaro. Foto: Reprodução
***
Especialista em estudos sobre a ditadura militar, o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Carlos Fico avalia que a decisão do Exército de arquivar o procedimento administrativo que havia sido instaurado contra o ex-ministro e general da ativa Eduardo Pazuello por participar de um ato ao lado do presidente Jair Bolsonaro coloca as Forças Armadas em uma inédita posição de submissão.
O historiador credita a não punição a Pazuello — ocorrida após pressões de Bolsonaro, que nomeou o ex-ministro para um cargo no Palácio do Planalto esta semana — ao envolvimento que ele chama de “promíscuo” das Forças Armadas, sobretudo do Exército, no governo Bolsonaro. Para ele, a decisão dá uma sinalização perigosa não só para os oficiais como para as Polícias Militares, que se sentirão autorizadas a adotar posicionamentos políticos, além de colocar em descrédito o atual comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.
Já houve, na história do Exército, algum outro episódio que se assemelhe à decisão do comando de isentar o general Eduardo Pazuello de qualquer punição por participar do ato político com o presidente Jair Bolsonaro?
Que eu me lembre, não. Embora sempre tenha havido na história brasileira muita manifestação de oficiais, generais, ministros. Já houve, claro, o caso do coronel Bizarria Mamede em 1955, quando ele se manifestou contra a posse do presidente eleito Juscelino Kubistchek. O ministro do Exército tentou puni-lo, mas quem impediu foi o presidente da época, Carlos Luz. Isso foi inclusive o que levou a toda aquela situação crítica que culminou com o afastamento do presidente Carlos Luz, justamente porque o ministro queria punir.
Então foi uma situação oposta à atual?
Sim. É o contrário da situação atual, porque agora se trata do comandante do Exército que está acovardado diante do presidente. Acho que o comandante sai totalmente desautorizado, dando a impressão de um Exército submisso ao Bolsonaro.
A que o senhor credita essa decisão do Exército de arquivar o processo contra o General Pazuello?
As Forças Armadas e o Exército em particular se envolveu de maneira promíscua nesse governo, aceitando os cargos, dando apoio político expresso, como no caso do famoso tuíte do ex-comandante [do Exército Eduardo] Villas Bôas. Então, ficou muito difícil para o Exército se afastar minimamente que fosse desse governo por conta desse envolvimento total, o que inclusive passa em boa medida por boquinhas, cargos, salários. Isso é o que eu acho que explica um pouco esse compromisso político de apoio e esse envolvimento, que eu tenho chamado de promíscuo, é o que explica esse acovardamento do comandante atual que ninguém esperava, diga-se de passagem.
Porque a decisão do comandante causou surpresa, na avaliação do senhor?
Ele sempre foi visto como um homem mais independente, mas agora a gente percebe que ele se submeteu a pressão do Bolsonaro, dando a impressão de que o Exército está submisso. Eu acho que muitos oficiais generais não vão gostar disso. Dessa imagem de um Exército submisso a um presidente que sempre foi visto pelos militares como uma pessoa problemática, como mau militar, acho que isso vai desagradar muitos oficiais generais.
Tendo em vista o arquivamento de um processo disciplinar contra um general que participou de ato político, como fica a questão das Polícias Militares?
A Polícia Militar está agindo como guarda pessoal do presidente, defendendo interesses pessoais do presidente, agindo nesse sentido como guarda pretoriana. Juntar esse posicionamento político, de uma PM que se vê abrigada pelo projeto político tão condenável de um presidente e aliar isso à tradição de violência e despreparo das PM é uma situação muito delicada.
Diante desse cenário delicado que o senhor coloca, como qual é a saída para as instituições democráticas brasileiras?
Você tem um Exército submisso e uma Polícia Militar agindo como guarda pessoal do presidente, como guarda pretoriana. Isso é uma combinação catastrófica para a História do Brasil. Superar esse problema vai depender de uma ação conjunta de todos os democratas que eu espero que se associem. Então, seria necessário uma ação política muito conjugada mesmo de lideranças que se opem partidária e politicamente mas que sejam democratas e se manifestem com ênfase contra esse absurdo total. A solução desse compósito de problemas vai demandar o apoio coordenado de todas as lideranças democráticas, sem exceção.
Qual é o resultado imediato que a decisão de não punir Pazuello gera para o atual comandante do Exército?
O efeito é uma uma desautorização um descredito, um enfraquecimento do comandante do Exército porque os oficiais generais vão vê-lo como um fraco. eu creio que isso não venha a público de maneira explicita, mas havia certeza de que haveria algum tipo de punição ao Pazuello inclusive sob o argumento de que não havendo a punição o comandante sairia muito enfraquecido. Então, com certeza, alguns oficiais generais verão o comandante como sendo um fraco, uma pessoa que se submeteu ao Bolsonaro.
Como o Exército fica daqui pra frente?
Desde o primeiro momento em que Bolsonaro conseguiu nomear tantos oficiais para diversos cargos, nós vemos um desgaste do Exército. Mas o pior efeito que vejo é a Polícia Militar, enxergar na não punição do Pazuello uma autorização para essas ações de defesa política do presidente. O que eu temo muito é que, além do que pode acontecer daqui até as próximas eleições, em uma eventual derrota do Bolsonaro, nós tenhamos um episódio parecido com o que aconteceu no Capitólio, nos Estados Unidos.
A PM vai conter esses manifestantes bolsonaristas?
Eu duvido muito que haja isenção e serenidade da PM para agir em favor de manifestações democráticas e contra manifestações subversivas da extrema-direita. E isso é delicado porque nós teremos esse problema daqui a pouco. Eu não sei dizer qual será o papel das Forças Armadas, que têm o dever constitucional de proteger as instituições.
****
***
***
Carlos Fico: "Os militares não estão acostumados com a democracia."
***
Marco Antonio Villa
A minha preocupação maior é com as PMs.
Mais uma vez está demonstrada a fragilidade institucional da nossa democracia.
Precisamos discutir a formação profissional dos militares.
A Comissão da Verdade foi um ponto de inflexão na relação dos militares com os governos.
***
*** *** https://www.youtube.com/watch?v=ctM-8m5VLGQ *** ***
***
***
Imunização Racional (Que Beleza)
Tim Maia
***
***
Ouvir Imunização Racional (Que Beleza)
Uh! Uh! Uh! Que Beleza!
Uh! Uh! Uh! Que Beleza!
Que beleza é sentir a natureza
Ter certeza pr'onde vai
E de onde vem
Que beleza é vir da pureza
E sem medo distinguir
O mal e o bem
Uh! Uh! Uh! Que Beleza!
Uh! Uh! Uh! Que Beleza!
Que beleza é saber seu nome
Sua origem, seu passado
E seu futuro
Que beleza é conhecer
O desencanto
E ver tudo bem mais claro
No escuro
Uh! Uh! Uh! Que Beleza!
Uh! Uh! Uh! Que Beleza!
Abra a porta
E vá entrando
Felicidade vai
Brilhar no mundo
Que Beleza! Que Beleza!
Uh! Uh! Uh! Que Beleza!
Uh! Uh! Uh! Que Beleza!
Composição: Tim Maia.
*** *** https://www.letras.mus.br/tim-maia/523509/ *** ***
***
***
Lindo Balão Azul
Moraes Moreira
***
***
Ouvir Lindo Balão Azul
Eu vivo sempre no mundo da lua
Porque sou um cientista
O meu papo é futurista, é lunático.
Eu vivo sempre no mundo da lua
Tenho alma de artista
Sou um gênio sonhador e romântica
Eu vivo sempre no mundo da lua
Porque sou aventureiro
Desde o meu primeiro passo pro infinito
Eu vivo sempre no mundo da lua
Porque sou inteligente
Se você quer vir com a gente
Venha que será um barato
Pegar carona nessa cauda de cometa
Ver a via láctea estrada tão bonita
Brincar de esconde-esconde numa nebulosa
Voltar pra casa, nosso lindo balão azul
Pegar carona nessa cauda de cometa
Ver a via láctea estrada tão bonita
Brincar de esconde-esconde numa nebulosa
Voltar pra casa, nosso lindo balão azul
Pegar carona nessa cauda de cometa
Ver a via láctea estrada tão bonita
Brincar de esconde-esconde numa nebulosa
Voltar pra casa, nosso lindo balão azul
Pegar carona nessa cauda de cometa
Ver a via láctea estrada tão bonita
Brincar de esconde-esconde numa nebulosa
Voltar pra casa, nosso lindo balão azul
Nosso lindo balão azul...
Nosso lindo balão azul...
Nosso lindo balão azul...
Nosso lindo balão azul...
Nosso lindo balão azul...
Composição: Aretha / Baby Consuelo / Bebel / Moraes Moreira / Ricardo Graça Mello / Guilherme Arantes
*** *** https://www.letras.mus.br/moraes-moreira/1261478/ *** ***
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário