domingo, 30 de maio de 2021

Resposta ao Tempo

"Quem aprendeu a pensar na política como o território privilegiado da ação direta tende a ver o tempo como adversário. Sente ímpeto de desafiá-lo e usa como hino o “quem sabe faz a hora”. Sabendo o que é certo e errado, usa a pressuposta sapiência para fabricar experiências exemplares que façam acontecer. Diversamente, quem aprendeu a pensar a política como o território da representação segue, nela, o lema existencial de Mário Lago e faz “(...) um acordo com o tempo: nem ele me persegue, nem eu fujo dele, um dia a gente se encontra”. Ciente da própria ignorância, sempre achará mais importante conseguir, com sua ação, uma agregação do que o reconhecimento de que está com a razão." Paulo Fábio Dantas Neto* - Fatalidade e procura: dilemas da política democrática sob pressão do populismo ***
*** A política de volta ao posto: espantar os fantasmas, evitar as esquinas Paulo Fábio Dantas Neto *** *** http://rodademocratica.com.br/2018/06/01/a-politica-de-volta-ao-posto-espantar-os-fantasmas-evitar-as-esquinas/ *** *** *** *** https://gilvanmelo.blogspot.com/2021/05/paulo-fabio-dantas-neto-fatalidade-e.html#more *** *** ***
*** Nana Caymmi *** *** Batidas na porta da frente É o tempo Eu bebo um pouquinho Pra ter argumento Mas fico sem jeito Calado, ele ri Ele zomba Do quanto eu chorei Porque sabe passar E eu não sei Num dia azul de verão Sinto o vento Há folhas no meu coração É o tempo Recordo um amor que perdi Ele ri Diz que somos iguais Se eu notei Pois não sabe ficar E eu também não sei E gira em volta de mim Sussurra que apaga os caminhos Que amores terminam no escuro Sozinhos Respondo que ele aprisiona Eu liberto Que ele adormece as paixões Eu desperto E o tempo se rói Com inveja de mim Me vigia querendo aprender Como eu morro de amor Pra tentar reviver No fundo é uma eterna criança Que não soube amadurecer Eu posso, ele não vai poder Me esquecer Respondo que ele aprisiona Eu liberto Que ele adormece as paixões Eu desperto E o tempo se rói Com inveja de mim Me vigia querendo aprender Como eu morro de amor Pra tentar reviver No fundo é uma eterna criança Que não soube amadurecer Eu posso, e ele não vai poder Me esquecer No fundo é uma eterna criança Que não soube amadurecer Eu posso, ele não vai poder Me esquecer Composição: Aldir Blanc e Cristóvao Bastos. *** *** https://www.letras.mus.br/nana-caymmi/47557/ *** *** *** EDITORIAIS *** Nada mudou Folha de S. Paulo Enquanto CPI expõe desmandos na gestão da pandemia, Bolsonaro comete novos Em que pese a falta de preparo e planejamento, a CPI da Covid vem conseguindo reunir evidências à mancheia sobre os desmandos e omissões do governo Jair Bolsonaro durante a pandemia. No depoimento mais recente à comissão, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, trouxe detalhes que deram substância à desídia presidencial concernente à aquisição da vacina Coronavac. Não houvesse a administração federal recusado em outubro de 2020 uma oferta de 100 milhões de doses do imunizante, num resultado direto de declarações do mandatário, o Ministério da Saúde teria recebido 49 milhões de doses a mais até o fim de maio. Naquele momento, contudo, o presidente estava mais preocupado em imprecar publicamente contra o imunizante e promover seus curandeirismos —fruto, ao que parece, dos conselhos de um estapafúrdio “ministério paralelo” que operava à margem da Saúde. Já chegaram à comissão documentos que indicam ao menos 24 reuniões do grupo, composto por filhos de Bolsonaro, negacionistas como o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) e médicos defensores da cloroquina, entre outros. A incúria não ficou restrita ao Planalto. Só em abril, mais de um ano após a pandemia ter sido decretada pela Organização Mundial da Saúde, o Itamaraty instituiu um grupo de trabalho para intensificar os esforços em prol da obtenção de vacinas, testes e insumos —quase todos, como se sabe, produzidos fora do país. O mesmo pode ser dito do Ministério da Saúde, que acaba de lançar um novo plano de testagem em massa da população, providência na qual fracassou fragorosamente até agora, não obstante seu papel crucial na contenção da doença. Tais tentativas canhestras e tardias de correção de rumo, contudo, passam ao largo de Bolsonaro. O presidente, fica claro, nada aprendeu, nada mudou. Na quinta (27), em seu destampatório semanal pela internet, o mandatário voltou a promover a cloroquina, além de atacar membros da CPI com as baixezas de praxe. No mesmo dia, o governo, ignorando os sinais de novo recrudescimento da infecção, ingressou com ação no Supremo Tribunal Federal contra as medidas de distanciamento adotadas em Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Norte. Sendo praticamente nulas suas chances de prosperar, dadas as decisões pregressas da corte, a iniciativa serve, na verdade, ao principal propósito de Bolsonaro durante a pandemia —alimentar o radicalismo de suas bases, açular a população contra governadores e prefeitos e promover o tumulto sanitário que já legou ao país a ignomínia de 460 mil mortes. *** O que destrói a economia é o medo do vírus O Globo Num de seus improvisos diante da claque do Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro se saiu outro dia com a seguinte tirada: “Tem alguns idiotas que até hoje ficam em casa”. Era mais uma crítica ao distanciamento social. Na mente de Bolsonaro, a economia sofre apenas por causa das medidas de restrição decretadas por prefeitos e governadores para conter a pandemia. Pela segunda vez, ele entrou no Supremo contra três governos que as adotaram: Paraná, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Tomou cuidado para que a ação fosse subscrita pela Advocacia-Geral da União (AGU), que alega agir em nome da liberdade. “A proteção à saúde deve considerar os devastadores efeitos que medidas extremas e prolongadas trazem”, afirma. É um raciocínio que revela enorme ignorância sobre a dinâmica da pandemia. Para começar, jamais houve no Brasil medida extrema, como lockdown ou quarentena para valer. Ao contrário, o isolamento tem caído mês a mês. O Datafolha constatou que está no nível mais baixo desde antes da pandemia. Apenas 28% dizem sair de casa só quando inevitável (ante 54% em abril de 2020), 2% de jeito nenhum (eram 18%). São esses 30%, pelo visto, os “idiotas” a que Bolsonaro se referia. O raciocínio torto de Bolsonaro mistura duas questões. A primeira é até que ponto restringir o movimento é eficaz contra o vírus. A segunda é o impacto econômico dessas medidas. A resposta à primeira questão é trivial. Sobram evidências científicas comprovando a eficácia do distanciamento no combate ao contágio. Eis algumas: 1) Estudo do Imperial College londrino de junho de 2020 avaliou medidas de restrição em 11 países europeus. Concluiu que tiveram “efeito substancial” na redução da taxa de contágio e estimou em 3,1 milhões as vidas salvas; 2) Estudo da mesma época na revista científica Nature comparou a evolução da pandemia em 1.700 localidades de seis países. Concluiu que lockdowns impediram ou retardaram 530 milhões de infecções; 3) Estudo francês na Journal of General Internal Medicine analisou nove países. Conclusão: os dois únicos sem lockdown ou com medidas heterogêneas de distanciamento (Suécia e Estados Unidos) registraram taxas mais altas de contágio por mais tempo; 4) Análise de 202 países na Applied Health Economics and Health Policy concluiu que “lockdowns são eficazes em reduzir o número de novos casos nos países em que são implementados, na comparação com aqueles em que não”; 5) Pesquisa publicada na Nature Human Behaviour em novembro comparou medidas distintas contra o contágio. Entre as seis mais eficazes, estão lockdowns nacionais e restrições individuais ao movimento; 6) Estudo de brasileiros e americanos publicado em abril na revista Science investigou a pandemia no Brasil. Concluiu que “à medida que estados e municípios impunham e relaxavam medidas de restrição, a mobilidade facilitava a circulação do vírus”. O resultado foi confirmado pelo Instituto de Estudos para Políticas em Saúde, que constatou aceleração da mortalidade nos estados e municípios onde o distanciamento social foi menor. A segunda questão, sobre o efeito econômico do distanciamento, é ao mesmo tempo mais insidiosa e mais complexa. Empresários e políticos são seduzidos pela conversa de que relaxar medidas de restrição, como quer Bolsonaro, trará automaticamente uma retomada robusta. Alguns se mostram dispostos até a aceitar mais mortes para isso (um argumento, em si, imoral). Em prol dessa visão, os indicadores demonstram recuperação da atividade nos primeiros meses deste ano, coincidente com a queda no isolamento — e a alta na mortalidade. Mas tal análise também não resiste a uma investigação séria. O que tem mantido negócios parados é o receio da população de pegar uma doença mortífera, não qualquer decreto. A recuperação deve ser atribuída mais à esperança trazida pela vacinação, que incentiva o consumo, do que ao relaxamento nas restrições. Há indícios convincentes de que a dinâmica econômica segue a flutuação na confiança, não nas regras impostas. Logo no início da pandemia, os economistas Austan Goolsbee e Chad Syverson compararam cidades vizinhas nos estados americanos de Iowa (onde não houve decreto de lockdown) e Illinois (onde houve). A atividade caiu igualmente dois dos lados da fronteira estadual. Outra evidência: a Suécia, citada como exemplo pela repulsa às medidas de restrição, sofreu impacto econômico comparável a Noruega, Dinamarca e Finlândia, onde quarentenas foram rigorosas. Estudo na revista britânica The Lancet constatou que a economia sofreu menos em 2020 naqueles países da OCDE que implantaram medidas rígidas para eliminar o vírus. Uma pesquisa do setor privado em vários estados americanos concluiu que nem decretos de lockdown nem a reabertura resultaram em diferenças significativas na atividade. A população começou a deixar de frequentar restaurantes ou eventos bem antes das medidas de restrição, simplesmente por sentir medo do vírus. Pelo mesmo motivo, a reabertura não significou recuperação imediata. O consumo só voltou para valer com o avanço da vacinação e a decorrente sensação de tranquilidade. Como escreveu o jornalista e economista Noah Smith, “é o medo do vírus o grande destruidor da economia”. Numa análise de 60 países, economistas do FMI concluíram que “o relaxamento deve ser implementado de modo a minimizar os riscos para a saúde, apenas quando as novas infecções estão em queda, com políticas amplas de testagem e rastreamento”. Tradução: enquanto as taxas de infecção e mortes forem altas, o medo estará presente, e economia sofrerá. Tudo aquilo que funcionar para reduzi-las deve, portanto, ser feito: restrições e distanciamento (com lockdowns localizados se necessário), testes em massa e rastreamento e, sobretudo, acelerar a vacinação. Do contrário, muita gente continuará em casa. Não porque sejam idiotas, mas simplesmente porque são humanos — e têm medo de morrer. *** A inconstitucionalidade como tática O Estado de S. Paulo Bolsonaro tenta fustigar o Supremo por meio de ações acintosamente inconstitucionais Não há nada de anormal em que, vez por outra, haja alguma tensão nas relações entre Executivo, Legislativo e Judiciário. A autonomia de cada Poder não é absoluta, cabendo aos outros promover ou restabelecer o equilíbrio. Fundamento da separação dos Poderes, essa dinâmica de freios e contrapesos é o cerne do sistema proposto por Montesquieu. O presidente Jair Bolsonaro tem, no entanto, se valido desse sistema de controle para uma nefasta manobra. O objetivo tem sido fustigar o Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de atos acintosamente inconstitucionais. A manobra se dá da seguinte forma. O governo Bolsonaro propõe ações judiciais ou edita atos que, desde o início, já se sabe que o Supremo rejeitará, em razão de manifesta inconstitucionalidade. O objetivo, no entanto, não é obter o que foi pedido. O que se quer é a decisão negativa do Judiciário. Depois, esse conjunto de decisões judiciais contrárias ao governo Bolsonaro – afinal, não se trata apenas de uma ação manifestamente inconstitucional, mas de uma série de medidas contrárias à Constituição – é usado como desculpa para a incompetência do próprio governo. A mensagem de irresponsabilidade é simples: o presidente Jair Bolsonaro tenta fazer o bem para o País, mas o Supremo não deixa. Exemplo dessa tática é a mais nova manobra do presidente Jair Bolsonaro em relação à pandemia. A Advocacia-Geral da União (AGU) acionou o Supremo para questionar as medidas de restrição dos governadores de Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Norte. O tema é pacífico. A Constituição prevê a competência compartilhada da União, Estados e municípios em relação à saúde pública. Além disso, o Supremo, no primeiro semestre de 2020, já reconheceu que governadores e prefeitos podem decretar restrições para conter a pandemia. Ou seja, não há nenhuma dúvida sobre qual será a decisão do STF em relação à nova ação da AGU, mas mesmo assim – ou melhor, precisamente por isso – o governo Bolsonaro acionou o Supremo. Outro ato para fustigar o Supremo diz respeito ao decreto, anunciado pelo Executivo federal, sobre as redes sociais. Sob o pretexto de regulamentar o Marco Civil da Internet, o presidente Jair Bolsonaro deseja proibir que as redes sociais excluam publicações ou suspendam perfis que contrariem as normas dessas plataformas. As redes sociais não podem ser passivas no combate à desinformação. É crescente a percepção de que – para a saúde pública, para o livre debate de ideias e para a própria democracia – as redes sociais não podem ser um espaço sem lei. O presidente Jair Bolsonaro promete, no entanto, fazer o exato oposto, impedindo que as redes sociais zelem pelos respectivos ambientes virtuais e pela validade de suas regras. É óbvio que um decreto com tal conteúdo não tem como prosperar no Supremo, por manifesta ilegalidade e inconstitucionalidade. Mas isto é o que Jair Bolsonaro deseja: mais um pretexto para dizer a seus apoiadores que ele defendeu – e o Supremo negou – a liberdade de expressão. Uma terceira medida sem a menor viabilidade, mas que por isso mesmo Jair Bolsonaro vem dedicando cada vez mais energia, é o voto impresso. O STF já declarou que é inconstitucional, pelos riscos de manipulação e pela desproporção do custo econômico, a obrigatoriedade da impressão de registros de votos depositados de forma eletrônica na urna. Na decisão, o Supremo lembrou que não há nenhum indício de fraude nas urnas eletrônicas. A fraude existia antes, quando se utilizava cédula de papel nas eleições. A inviabilidade do voto impresso pouco importa, no entanto, a Jair Bolsonaro. Seu objetivo é disseminar a desconfiança no sistema eleitoral, para que possa apresentar sua eventual derrota eleitoral como resultado de um complô contra ele – um complô com a participação do Supremo. O uso do aparato público – em última análise do dinheiro público – para produzir continuamente inconstitucionalidades não é apenas uma afronta ao Supremo. É um deboche com a Constituição e um vil insulto à Nação. *** Bolsonaro aciona STF contra medidas restritivas adotadas por governadores Lockdown e toque de recolher na mira Presidente é contrário às ações ***
*** O presidente Jair Bolsonaro segura caneta azul durante cerimônia no Palácio do PlanaltoSérgio Lima/Poder360 - 29.ago.2019 EMILLY BEHNKE 27.mai.2021 (quinta-feira) - 21h17 atualizado: 27.mai.2021 (quinta-feira) - 22h04 O presidente Jair Bolsonaro por meio da AGU (Advocacia Geral da União) acionou nesta 5ª feira (27.mai.2021) o STF (Supremo Tribunal Federal) contra ações os governos de Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Norte, para tentarem conter o avanço da pandemia nesses locais. A ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) mira medidas restritivas como lockdown e toque de recolher, adotadas para frear a contaminação do novo coronavírus. Dos Estados citados pela AGU, dois são comandados por governadores de partidos que fazem oposição a Bolsonaro. Pernambuco é comandado por Paulo Câmara (PSB) e o Rio Grande do Norte por Fátima Bezerra (PT). O governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD) costuma se alinhar a Bolsonaro. A AGU afirma que o “intuito da ação é garantir a coexistência de direitos e garantias fundamentais do cidadão, como as liberdades de ir e vir, os direitos ao trabalho e à subsistência, em conjunto com os direitos à vida e à saúde de todo cidadão, mediante a aplicação dos princípios constitucionais da legalidade, da proporcionalidade, da democracia e do Estado de Direito”. Receba a newsletter do Poder360 todos os dias no seu e-mail seu e-mail Em abril de 2020, o STF decidiu que Estados e municípios têm autonomia para tomar as medidas que acharem necessárias para combater o coronavírus. A decisão não impediu o governo federal de também atuar para combater a covid-19. Em nota, AGU afirma que a ação “não questiona decisões anteriores do STF, que reconheceram a competência dos entes subnacionais na adoção de medidas de enfrentamento da pandemia“. Para a AGU, “algumas dessas medidas não se compatibilizam com preceitos constitucionais inafastáveis, como a necessidade de supervisão parlamentar, a impossibilidade de supressão de outros direitos fundamentais igualmente protegidos pela Constituição e a demonstração concreta e motivada de que tais medidas atendem ao princípio da proporcionalidade”. O órgão afirmou haver “invalidade jurídica” nos decretos dos governadores. A AGU afirma ser necessário ainda “considerar os devastadores efeitos que medidas extremas e prolongadas trazem para a subsistência das pessoas”. Na ação, são questionados decretos editados em maio desta anos. A AGU cita que “as imensas perdas econômicas geradas pelas medidas restritivas aqui combatidas, com impactos nefastos na própria saúde da população, revelam-se ainda mais fora de proporção quando considerado o fato de que o governo federal vem executando uma consistente campanha de vacinação, que, até 27 de maio de 2021, já havia aplicado mais de 64 milhões de doses em todo o Brasil“. Eis a íntegra (1 MB) da ação. O país registra nova tendência de alta de casos da covid-19. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil acumula mais de 456 mil mortes pelo vírus e mais de 16,4 milhões de casos positivos da doença. Cerca de 20,4% da população tomou a primeira dose da vacina. A segunda dose foi aplicada em 10,1% da população. Contrário a medidas restritivas por causa de impactos na economia, o presidente já havia citado a possibilidade de editar um decreto para garantir o “direito constitucional de ir e vir“, previsto no artigo 5º da Constituição. A ADI no STF é uma alternativa ao decreto anunciado por Bolsonaro. Essa não é primeira vez que Bolsonaro aciona a Corte com medida semelhante. Em março, o presidente ingressou com ação para derrubar decretos dos governos do Distrito Federal Bahia e Rio Grande do Sul. O pedido foi rejeitado pelo ministro Marco Aurélio Mello, do STF. Leia a íntegra da nota oficial enviada pela AGU: O Presidente da República, representado pela Advocacia-Geral da União, propôs perante o Supremo Tribunal Federal Ação Direta de Inconstitucionalidade em face de medidas restritivas denominadas “lockdown” e toque de recolher unilateralmente impostas por alguns Estados em descompasso com a Constituição. O intuito da ação é garantir a coexistência de direitos e garantias fundamentais do cidadão, como as liberdades de ir e vir, os direitos ao trabalho e à subsistência, em conjunto com os direitos à vida e à saúde de todo cidadão, mediante a aplicação dos princípios constitucionais da legalidade, da proporcionalidade, da democracia e do Estado de Direito. A ação proposta pelo chefe do Poder Executivo não questiona decisões anteriores do STF, que reconheceram a competência dos entes subnacionais na adoção de medidas de enfrentamento da pandemia. Porém, considera que algumas dessas medidas não se compatibilizam com preceitos constitucionais inafastáveis, como a necessidade de supervisão parlamentar, a impossibilidade de supressão de outros direitos fundamentais igualmente protegidos pela Constituição e a demonstração concreta e motivada de que tais medidas atendem ao princípio da proporcionalidade. Para além de apontar a invalidade jurídica desses decretos, a iniciativa presidencial defende que a necessária proteção à saúde deve ser conjugada com a proteção mínima das demais liberdades fundamentais e, ainda, deve considerar os devastadores efeitos que medidas extremas e prolongadas trazem para a subsistência das pessoas, para a educação, para as relações familiares e sociais, e para a própria saúde – física e emocional – da população, especialmente a mais vulnerável, conforme demonstram publicações científicas que acompanham a petição inicial. PODER 360 *** *** https://www.poder360.com.br/governo/bolsonaro-aciona-stf-contra-medidas-restritivas-adotadas-por-governadores/ *** *** ***
*** Vinicius Torres Freire – O erro do pessimismo exagerado - Folha de S. Paulo Oposição acha que Bolsonaro vai cair de podre, mas país pode despiorar até o fim de 21 O Brasil sob Jair Bolsonaro tem sempre algo de bom, diz uma piada sarcástica que corre nas redes sociais: a situação desta semana é sempre melhor do que a da semana que vem. O gracejo faz pensar na atitude da esquerda e da oposição. Em geral, esperam que Bolsonaro vá cair de podre ou assim vá chegar à eleição. A mera sugestão de que pode não ser assim provoca acusações de delírio otimista a respeito da economia e da Covid. Mas pode haver condições objetivas para que o governo esteja em melhor situação daqui a seis meses ou um ano –se vai estar, depende também do confronto político. O pessimismo exagerado é uma espécie de otimismo negligente que pode custar caro a quem queira derrotar Bolsonaro em 2022. Tentar fazê-lo antes disso já parece fora de questão. O plano é aquele clichê: “deixa sangrar”. Vai sangrar? Pode ser até pior, dadas as incertezas. Há riscos imponderáveis, do tamanho de um vírus mutante que talvez venha a matar ainda mais e reiniciar a epidemia do zero, driblando as vacinas e as imunidades dos já infectados. Nossa burrice selvagem nos habilita até a essa catástrofe. Uma seca pior do que a prevista pode causar um apagão. Etc. Afora desastres, porém, a perspectiva destes dias é de despiora mais rápida da economia e lento recuo da epidemia depois da metade do ano. Quanto à epidemia, a atitude é de “já acabou”, visível em ruas, conversas e políticas estaduais de restrição, cada vez mais relaxadas e rendidas. Bolsonaro venceu. Não há tentativa de controlar a Covid, apenas a lotação de UTIs, se tanto. Encara-se a morte, por necessidade ou futilidade, como este jornalista via na sexta-feira em São Paulo, de aglomerações desmascaradas em padarias, botecos e bares, em pleno repique. Talvez o fato de mais de um terço da população adulta já ter ficado doente ou tomado ao menos uma dose de vacina colabore para a “nonchalance” suicida ou, melhor, homicida. Difícil imaginar que a preocupação crítica aumente quando houver mais vacinados e menos mortes. Isso vai acontecer, afora naquela hipótese de criarmos o coronapet, o vírus vira-lata nacional assassino. Quase 100% da população adulta deve ter tomado a primeira dose de vacina em novembro; 80%, as duas doses. Um país acostumado a 2 mil mortes por dia pode ficar ainda mais indiferente com meros 300 cadáveres diários. Pode ser que brote uma memória raivosa do horror passado? Até pode, o que depende também de política de oposição, que não há. Despiora econômica significa PIB crescendo entre 4% e 5% em 2021, com o que o nível de produção e renda voltaria ao que era em 2019. Decerto “PIB” é uma abstração. Na prática, pode não encher barriga, necessariamente. Ainda que o faça, pode não satisfazer o eleitorado (a revolta de 2013 ocorreu quando o país vivia com a renda mais alta desde sempre). A fase viral da crise brasileira de quase oito anos terá efeitos duradouros. A inflação alta, da comida em particular, vai reduzir a renda dos mais pobres por mais de um par de anos. O desemprego duradouro vai incapacitar muitos para o trabalho; permanecerá alto no mínimo porque a economia deve operar abaixo da capacidade ao menos até 2023. A adaptação técnica à recessão da Covid deve acelerar a crise estrutural do trabalho. Isto posto, são consideráveis as chances de despiora do PIB em 2021: isso quer dizer apenas alívio, não melhora “estrutural”. Além do mais, o governo “vai para o ataque”, como diz Paulo Guedes. Haverá pacotezinho social e favores para falanges bolsonaristas, como a dos caminhoneiros. Haverá grande perdão de impostos, para pequenas empresas em particular. Guedes articula agrados à indústria. Há jabutis de favores até privatização (a da Eletrobras). Há um esquema azeitado para adquirir apoio de parlamentares. A oposição vaporosa que existe está inebriada pela ideia de “crise social e econômica” terminal para Bolsonaro. Além de não pensar no passado que nos conduziu a este desastre, não olha seis meses adiante. A “despiora” é profecia? Não. É um alerta. *** *** https://gilvanmelo.blogspot.com/2021/05/vinicius-torres-freire-o-erro-do.html *** *** *** ENTREVISTA *** ***
*** Alberto Aggio: "Como o Chile pode superar o neoliberalismo" *** Marco Antonio Villa *** DESCRIÇÃO O modelo econômico chileno e a ditadura de Pinochet. Os governos da "Concertación" e o reformismo. As eleições de maio para a Assembleia Constituinte e seus significados políticos Os desafios políticos da convivência entre a Assembleia Constituinte (exclusiva), o Congresso a ser eleito e a realização das eleições presidenciais. *** *** https://www.youtube.com/watch?v=MSLmbNnUPAQ *** ***

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