Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
domingo, 16 de maio de 2021
O rio turvo dos crimes de lesa-democracia
Exaltado por Cartola e Carlos Cachaça num samba-enredo antológico, o São Francisco cumpre funções essenciais de transporte e fornecimento de energia. Já o rio dos crimes de lesa-democracia, como um esgoto, é sempre subterrâneo. A missão do jornalismo é trazer luz às suas águas turvas.
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- O Estado de S. Paulo
A democracia se alimenta da confiança entre eleitores e eleitos. Sem isso, se deteriora
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Vale Do São Francisco
Cartola
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Esse foi o último samba-enredo meu
E de Carlos Moreira de Castro, o Carlos Cachaça
Lá na estação primeira, em 1948
Não há
Neste mundo um cenário
Tão rico, tão vário
E com tanto esplendor
Nos monte
Onde jorram as fontes
Que quadro sublime
De um santo pintor
Pergunta o poeta esquecido
Quem fez esta tela
De riquezas mil
Responde soberbo o campestre
Foi Deus, foi o Mestre
Quem fez meu Brasil
Meu Brasil, o meu Brasil
E se vires poeta o vale
O vale do rio
Em noite invernosa
Em noite de estio
Como um chão de prata
Riquezas estranhas
Espraiando belezas
Por entre montanhas
Que ficam e que passam
Em terras tão boas
Pernambuco, Sergipe
Majestosa Alagoas
E a Bahia lendária
Das mil catedrais
Terra do ouro de Tiradentes
Que é Minas Gerais
Não há
Neste mundo um cenário
Tão rico, tão vário
E com tanto esplendor
Nos montes
Onde jorram as fontes
Que quadro sublime
De um santo pintor
Pergunta o poeta esquecido
Quem fez esta tela
De riquezas mil
Responde soberbo o campestre
Foi Deus, foi o Mestre
Quem fez meu Brasil
Meu Brasil, o meu Brasil
Fonte: Musixmatch
Compositores: Angenor De Oliveira / Carlos Cachaça
*** *** https://www.google.com/search?q=S%C3%A3o+Francisco+Cartola%2FCarkis+Cacha%C3%A7a+Letra&rlz=1C1AVFC_enBR950BR951&oq=S%C3%A3o+Francisco+Cartola%2FCarkis+Cacha%C3%A7a+Letra&aqs=chrome..69i57j33i10i160.34607j1j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8 *** ***
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Estados divididos pelo Rio São Francisco e pela ponte Presidente Dutra: Petrolina (PE) na parte cima e Juazeiro (BA) Foto: José Patrício/AE
utilize o link: https://fotos.estadao.com.br/fotos/cidades,estados-divididos-pelo-rio-sao-francisco-petrolina-pe-na-parte-cima-e-juazeiro-ba,227026
sábado, 15 de maio de 2021
João Gabriel de Lima - O rio turvo dos crimes de lesa-democracia
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- O Estado de S. Paulo
A democracia se alimenta da confiança entre eleitores e eleitos. Sem isso, se deteriora
Existem pelo menos duas coisas em comum entre a propina paga por empresas de ônibus no caso Celso Daniel, o acerto de R$ 2 milhões entre Joesley Batista e Aécio Neves e as verbas que Jair Bolsonaro usou para comprar parlamentares do Centrão, no caso revelado em furo de reportagem do Estadão.
A primeira é que nos três episódios – que diferem no tipo de enquadramento em categorias jurídicas – representantes escolhidos pelo povo agiram às escondidas. A democracia, por definição, é o império da transparência. Ela se alimenta da confiança entre eleitores e eleitos. Sem isso, se deteriora. Um político que age por baixo do pano comete um crime de lesa-democracia.
Para repassar verbas aos parlamentares dispostos a vender apoio, o governo federal usou a “emenda do relator”. Trata-se de uma figura jurídica que havia sido abolida em 1993, por estar na raiz do escândalo dos “anões do Orçamento”, e que foi recriada no ano passado. Em entrevista ao Estadão, o economista Gil Castello Branco, especialista em contas públicas, explicou por que tal dispositivo é nocivo à democracia. Ele possibilita, segundo Castello Branco, que emendas parlamentares sejam colocadas numa espécie de caixa-preta, dificultando seu acompanhamento e rastreamento.
Democracia não é só cumprir regimentos. Para o filósofo Renato Janine Ribeiro, ela vai muito além. Implica, como se disse acima, transparência obsessiva. É preciso também que as verbas governamentais sejam destinadas a obras que cumpram função pública. Janine foi ministro da Educação, é professor de Ética e autor do livro A Boa Política, lançado pela Companhia das Letras. Ele fala sobre democracia no minipodcast da semana.
A segunda coisa em comum entre os malfeitos petista, tucano e bolsonarista é que, mesmo agindo no escurinho da má política, seus protagonistas deixaram rastros – e foram apanhados.
Parte da propina paga à prefeitura de Santo André foi depositada no extinto Banespa, num caso curioso de corrupção com extrato bancário. Joesley gravou sua conversa com Aécio, e entregou depois o áudio às autoridades. Já os “anões” do “bolsolão”, nome com o qual o episódio se popularizou nas redes sociais, solicitaram o dinheiro por ofício.
Nos textos, pouco se fala sobre a natureza das obras, sua função pública ou justificativas técnicas. Em vez disso, leem-se expressões que revelam a combinação por baixo do pano: “minha cota”, “fui contemplado”, “recursos a mim destinados”.
A série de reportagens, de autoria de Breno Pires, mostrou que alguns parlamentares se negaram a apresentar os ofícios solicitados pela Lei da Transparência. Houve quem alegasse “razões de segurança de Estado”. Como se pretendessem defender o Brasil de uma suposta invasão externa usando um exército Brancaleone de tratores superfaturados.
As reportagens mostraram também que um dos maiores beneficiários das verbas destinadas via Codevasf, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, foi o Amapá do senador Davi Alcolumbre. O Amapá é famoso pelo rio Oiapoque, um dos marcos do norte geográfico brasileiro. O rio São Francisco, no entanto, não passa por lá.
Exaltado por Cartola e Carlos Cachaça num samba-enredo antológico, o São Francisco cumpre funções essenciais de transporte e fornecimento de energia. Já o rio dos crimes de lesa-democracia, como um esgoto, é sempre subterrâneo. A missão do jornalismo é trazer luz às suas águas turvas.
*** *** https://gilvanmelo.blogspot.com/2021/05/joao-gabriel-de-lima-o-rio-turvo-dos.html#more *** ***
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Os sambistas Cartola e Carlos Cachaça no Morro da Mangueira. Rio de Janeiro, c 1974.
©Walter Firmo
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Vale do São Francisco (Cartola / Carlos Cachaça)
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Em 1948 a Mangueira foi campeã do carnaval do Rio de Janeiro com esse samba-enredo.
*** *** https://www.youtube.com/watch?v=RsBFMlVNOL0 *** ***
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