Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
segunda-feira, 24 de maio de 2021
O lugar da hierarquia
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O mundo já está no avesso, no avesso eu dou embalo
Carneiro comendo leão e o pinto matando galo
Cavaleiro vai por baixo, por cima vai o cavalo
É sapo engolindo cobra e o coco quebrando ralo
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Em primeira mensagem, novo comandante diz querer Exército como “vigoroso vetor da estabilidade”
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General Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
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Mourão afirma que Pazuello sabe que deverá ser punido por participar de ato político no Rio
Segundo o vice-presidente, ex-ministro e general da ativa poderá passar à reserva
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O vice-presidente Hamilton Mourão diz que 'Pazuello já colocou a cabeça dele no cutelo'
O vice-presidente Hamilton Mourão diz que 'Pazuello já colocou a cabeça dele no cutelo' (Antônio Cruz/ABr)
O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, fez críticas nesta segunda-feira (24), ao comportamento do general Eduardo Pazuello, que participou de ato bolsonarista no domingo, no Rio. Segundo o vice, o ex-ministro "entendeu que cometeu um erro". "É provável que seja (punido), é uma questão interna do Exército. Ele também pode pedir transferência para reserva e aí atenuar o problema", disse.
O Exército deve avaliar nesta segunda-feira se aplicará alguma punição ao ex-ministro da Saúde, que é militar da ativa das Forças Armadas. "Acho que o episódio será conduzido à luz do regulamento, isso tem sido muito claro em todos os pronunciamentos dos comandantes militares e do próprio ministro da Defesa. Eu já sei que o Pazuello já entrou em contato com o comandante informando ali, colocando a cabeça dele no cutelo, entendendo que ele cometeu um erro", disse o vice-presidente ao chegar ao Palácio do Planalto.
"O regulamento disciplinar do Exército prevê que se avalie o tipo de transgressão que eventualmente foi cometido e que consequentemente se aplique a punição prevista para o caso", comentou Mourão.
A parte do regulamento que o general fez menção diz respeito à transgressão 57, que consiste em "manifestar-se, publicamente, o militar da ativa, sem que esteja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político-partidária". Em desrespeito à norma, Pazuello compareceu no domingo (23), ao ato bolsonarista do Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro.
Ao ser questionado sobre o presidente Jair Bolsonaro, que promoveu o ato, Mourão evitou fazer declarações. "Eu já falei para vocês, eu não comento atos do presidente Bolsonaro porque eu considero antiético."
O Comando do Exército deve analisar o caso nesta segunda-feira. Na quarta-feira passada, dia 19, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, disse à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara que os militares da reserva podem participar de manifestações, ao contrário dos que estão na ativa. "Os da ativa não podem e serão devidamente punidos se aparecerem em manifestações políticas".
O temor no Exército é que, se Pazuello ficar impune, os comandantes de unidades percam a autoridade para punir, eventualmente, sargentos e tenentes que resolvam seguir o exemplo do general, inclusive os que resolverem participar de atos políticos de partidos de oposição.
Leia também:
Participação de general em ato político coloca comando do Exército em dilema com Bolsonaro
Senadores da CPI criticam ato político e reconvocam Queiroga e ex-ministro
Junto com ex-ministro Pazuello, Bolsonaro promove aglomeração no Rio
Negacionismo de resultados
Agência Estado/Dom Total
*** *** https://domtotal.com/noticia/1517783/2021/05/mourao-afirma-que-pazuello-sabe-que-devera-ser-punido-por-participar-de-ato-politico-no-rio/ *** ***
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Mini-Manual da Hierarquia Militar: uma perspectiva antropológica
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O lugar da hierarquia
A partir da pesquisa que realizamos anteriormente
com o EB, chegamos à conclusão de que a hierarquia é o
elemento chave para se entender a separação entre quem é
e quem não é militar. Ser um militar significa ocupar um
lugar dentro desta hierarquia. Na maior parte dos
exércitos, inclusive no nosso, ocupar um lugar na
hierarquia significa também não se encontrar numa
condição transitória: significa que se está imerso numa
rede de relações com regras próprias, sujeito a regras
diferenciadas em relação aos “civis”. Significa,
principalmente, que se está num lugar que estabelece
regras sociológicas que o separam do resto da sociedade. A
hierarquia é a fronteira desta distinção: ao mesmo tempo
que ela indica quem é “de dentro” e quem é “de fora”, ela
é o registro das regras de conduta dos militares. E, em
todo exército, de onde quer que seja, temos esta hierarquia
do “tipo” militar; além disso, todo exército tem como
princípio vital a noção de que esta hierarquia não pode ser
quebrada, pois isto significa o fim da instituição.
O senso comum enxerga apenas uma parte desta
hierarquia: aquela da “pirâmide hierárquica” que envolve
as gradações em patentes militares, como cabos, sargentos,
tenentes, coronéis, etc. Ela, porém, é mais complexa: estes
segmentos fazem parte de outros segmentos maiores, bem
como se decompõem em segmentos menores. Esta
múltipla segmentação forma a base sobre a qual se arma o
registro das formas de conduta que cada exército vai impor
aos seus membros: como se respeita e se organiza a tropa sobre esta base hierárquica é uma questão de cada variante
nacional. Deste modo, nosso problema aqui é ver esta
estrutura. Se há qualquer dado conjuntural que mereça ser
levado em conta, é porque ele de fato atua sobre esta
estrutura de forma significativa.
Diferentemente de toda uma tradição na ciência
política, que procura em dados de “origem social” dos
militares a vinculação destes a setores mais amplos da
sociedade explicando assim as razões de sua intervenção
na política em diversos lugares e épocas1
, pensamos nos
segmentos militares mais em função das determinações
próprias à dimensão da guerra. Isto implica, inclusive, em
ver o contorno hierárquico a partir de um outro prisma.
Qualquer revisão mais detida da literatura da ciência
política sobre militares (como, por exemplo, HarriesJenkins & Moskos Jnr. (1981), numa abordagem global, e
Coelho (1985), numa centrada no caso brasileiro), nos
mostra que a ligação que se vê como pertinente é a dos
militares com o [seu] Estado, passando pela mediação de
forças sociais [de determinada sociedade ou Nação] que
podem estar representadas por um sem-número de agentes, tais como “classes sociais”, “indústria bélica”,
“tecnocracia” ou “poderes políticos” (tais como os
poderes constituídos: legislativo, executivo, etc.).
Raramente a constituição de um exército é abordada a
partir de um ponto que nos parece elementar (e, talvez, de
tão elementar, tenha sua causa desprezada pelas ciências
sociais), que é a existência necessária do inimigo.
De outra maneira, a inimizade como relação social
parece se constituir em um elemento crucial para se
entender a guerra a partir de uma visão antropológica,
como bem mostram os exemplos tomados de “guerras
primitivas” (ver, por exemplo, as análises de Viveiros de
Castro, 1986; Fausto, 1997). Tal elemento parece
transpassar as especificidades conjunturais e se constituir
numa condição necessária para a guerra, e portanto não
vemos o porquê dele não ser tratado como um dado
primário também quando tratamos da guerra moderna.
Embora significativamente diferentes em termos
quantitativos sobre a capacidade de destruição, as guerras
modernas e não-modernas não prescindiram da noção de
inimizade como horizonte de orientação para constituição
do ethos de seu corpo de guerreiros. É a partir deste
princípio, tão bem notado como um fundamento das
relações sociais colocadas na guerra (por exemplo, em
Lévi-Strauss, 1976 [1942]), que podemos, agora, ver de que
maneira a inimizade se organiza para os exércitos
modernos em termos da hierarquia.
1 - Estamos falando, por exemplo, nas análises de Huntington (1957),
Caforio (ed.) (1994), Harries-Jenkins & Moskos Jnr. (1981), para
exemplos internacionais, e, para exemplos brasileiros, em Costa, V.R,
(1986), Coelho, E.C., (1976), Carvalho, J.M., (1977), Schulz, (1994),
Costa, W.P., (1995), Rouquié, (1980), Oliveira, E.R., (1994), Martins
Filho (1996), entre outros, que se utilizam de dados da organização
interna das FFAA para explicar sua ação política, às vezes vinculando
esta a um ethos de classe mais amplo. Estes estudos nos dão vários
argumentos que podem ser usados como fonte das explicações sobre a
conduta política dos militares.
Fonte:
Mini-Manual
da Hierarquia
Militar
uma perspectiva
antropológica
Piero Leiner
*** *** http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/BibliotecaDigital/BibDigitalLivros/TodosOsLivros/Mini-manual-da-hierarquia-militar.pdf *** ***
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À espera de Mourão
Antonio Cruz/Agência Brasil
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Generais críticos a Bolsonaro articulam uma “terceira via” para as eleições de 2022 e não descartam impeachment
30 de abril de 2021
12:01
Vasconcelo Quadros
“Mourão é mais preparado e mais perigoso que Bolsonaro”, diz um coronel da reserva
“A CPI vai revolver a política”, afirma o general Etchegoyen
Em 27 meses no cargo, o general Hamilton Mourão construiu uma trajetória bem diferente da dos vices nos últimos 60 anos. Ele tem atribuições de governo e comanda efetivamente nichos importantes da política ambiental e de relações exteriores. É, por exemplo, mediador de conflitos com a China, processo iniciado com um encontro com o presidente do país, Xi Jinping, em 2019, restabelecendo a diplomacia depois de duros ataques feitos por Jair Bolsonaro ainda na campanha.
Mourão esforça-se para não parecer que conspira, mas é visto por militares e especialistas ouvidos pela Agência Pública como um oficial de prontidão diante de uma CPI que pode levar às cordas o presidente Jair Bolsonaro pelos erros na condução da pandemia.
“Como Bolsonaro virou um estorvo, os generais agora querem colocar o Mourão no governo”, diz o coronel da reserva Marcelo Pimentel Jorge de Souza, um dos poucos oficiais das Forças Armadas a criticar abertamente o grupo de generais governistas que, na sua visão, “dá as ordens” e sustenta o governo de Bolsonaro.
Ex-assessor especial do general Carlos Alberto Santos Cruz no Estado Maior do Exército, em Brasília, Jorge de Souza está entre os militares que enxergam o movimento dos generais como uma aposta num eventual impeachment e ascensão de Mourão – que, por sua vez, tem fechado os ouvidos para o canto das sereias.
“Mourão jamais vai ajudar a derrubar Bolsonaro para ocupar a vaga. O que ele pode é não estender a mão para levantá-lo se um fato grave surgir. Honra e fidelidade são coisas muito sérias para Mourão”, diz um general da reserva que conviveu com o vice-presidente, mas pediu para não ter o nome citado.
A opção Mourão é tratada com discrição entre os generais que ocupam cargos no governo. Três deles, Braga Netto (Defesa), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional, o GSI) e Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil), formam o núcleo duro fechado com o presidente. Os demais, caso a crise política se agrave, são uma incógnita. Mas são vistos como mais acessíveis à influência dos generais da reserva que romperam com Bolsonaro e articulam a formação de uma terceira via pela centro-direita.
“O que fazer se a opção em 2022 for Lula ou Bolsonaro? É sentar na calçada e chorar”, afirma à Pública o general Sérgio Etchegoyen, ex-ministro do GSI no governo Michel Temer (MDB).
Embora se recuse a fazer críticas ao presidente, Etchegoyen acha que os sucessivos conflitos entre Executivo e Judiciário criaram no país um quadro grave de “instabilidade e incertezas”, que exigirá o surgimento de lideranças mais adequadas à democracia.
*** *** À espera de Mourão
Antonio Cruz/Agência Brasil
Generais críticos a Bolsonaro articulam uma “terceira via” para as eleições de 2022 e não descartam impeachment
30 de abril de 2021
12:01
Vasconcelo Quadros
“Mourão é mais preparado e mais perigoso que Bolsonaro”, diz um coronel da reserva
“A CPI vai revolver a política”, afirma o general Etchegoyen
Em 27 meses no cargo, o general Hamilton Mourão construiu uma trajetória bem diferente da dos vices nos últimos 60 anos. Ele tem atribuições de governo e comanda efetivamente nichos importantes da política ambiental e de relações exteriores. É, por exemplo, mediador de conflitos com a China, processo iniciado com um encontro com o presidente do país, Xi Jinping, em 2019, restabelecendo a diplomacia depois de duros ataques feitos por Jair Bolsonaro ainda na campanha.
Mourão esforça-se para não parecer que conspira, mas é visto por militares e especialistas ouvidos pela Agência Pública como um oficial de prontidão diante de uma CPI que pode levar às cordas o presidente Jair Bolsonaro pelos erros na condução da pandemia.
“Como Bolsonaro virou um estorvo, os generais agora querem colocar o Mourão no governo”, diz o coronel da reserva Marcelo Pimentel Jorge de Souza, um dos poucos oficiais das Forças Armadas a criticar abertamente o grupo de generais governistas que, na sua visão, “dá as ordens” e sustenta o governo de Bolsonaro.
Ex-assessor especial do general Carlos Alberto Santos Cruz no Estado Maior do Exército, em Brasília, Jorge de Souza está entre os militares que enxergam o movimento dos generais como uma aposta num eventual impeachment e ascensão de Mourão – que, por sua vez, tem fechado os ouvidos para o canto das sereias.
“Mourão jamais vai ajudar a derrubar Bolsonaro para ocupar a vaga. O que ele pode é não estender a mão para levantá-lo se um fato grave surgir. Honra e fidelidade são coisas muito sérias para Mourão”, diz um general da reserva que conviveu com o vice-presidente, mas pediu para não ter o nome citado.
A opção Mourão é tratada com discrição entre os generais que ocupam cargos no governo. Três deles, Braga Netto (Defesa), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional, o GSI) e Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil), formam o núcleo duro fechado com o presidente. Os demais, caso a crise política se agrave, são uma incógnita. Mas são vistos como mais acessíveis à influência dos generais da reserva que romperam com Bolsonaro e articulam a formação de uma terceira via pela centro-direita.
“O que fazer se a opção em 2022 for Lula ou Bolsonaro? É sentar na calçada e chorar”, afirma à Pública o general Sérgio Etchegoyen, ex-ministro do GSI no governo Michel Temer (MDB).
Embora se recuse a fazer críticas ao presidente, Etchegoyen acha que os sucessivos conflitos entre Executivo e Judiciário criaram no país um quadro grave de “instabilidade e incertezas”, que exigirá o surgimento de lideranças mais adequadas à democracia.
*** *** https://apublica.org/2021/04/a-espera-de-mourao/ *** ***
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O Mundo No Avesso
Tião Carreiro e Pardinho
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Ouvir O Mundo No Avesso
O mundo já está no avesso, no avesso eu dou embalo
Carneiro comendo leão e o pinto matando galo
Cavaleiro vai por baixo, por cima vai o cavalo
É sapo engolindo cobra e o coco quebrando ralo
É mulher virando homem, homem virando mulher
Do jeito que o diabo gosta
Tá... Do jeito que o diabo quer
O mar não está pra peixe, a vida tá um caso sério
Eu já estou vendo defunto indo a pé pro cemitério
O touro mata o toureiro, soldado prende o sargento
Banana come o macaco e a cobra morde São Bento
É mulher virando homem, homem virando mulher
Do jeito que o diabo gosta
Tá... Do jeito que o diabo quer
Já tem criança nascendo cobre enfermeira no tapa
Onde e que nós estamos tentaram matar o papa
A cruz foge do diabo, cachorro foge do gato
Tem queijo treinando boxe pra quebrar a cara do rato
É mulher virando homem, homem virando mulher
Do jeito que o diabo gosta
Tá... Do jeito que o diabo quer
Qualquer dia a lua esquenta, qualquer dia o sol esfria
O sol vai andar de noite, caminha a lua de dia
O inquilino não paga e na casa continua
Empregado já tem força pra jogar o patrão na rua
É mulher virando homem, homem virando mulher
Do jeito que o diabo gosta
Tá... Do jeito que o diabo quer
*** *** https://www.letras.mus.br/tiao-carreiro-e-pardinho/928031/ *** ***
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