"Ele faz é na lei do mansinho – assim é o milagre." G.R.
“E SE A VIDA TE VIRAR PELO O AVESSO?”
“E SE A VIDA TE VIRAR PELO O AVESSO?”
“O
senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as
pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão
sempre mudando.”
“Enfim,
cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães...
O sertão está em toda a parte.” João Guimarães Rosa - Grande Sertão: Veredas
“Era
uma prática comum no passado. Quando os fatos começavam a revelar marcas de
cansaço, as mãos sábias das domésticas costureiras desmanchavam em peças e
voltavam o tecido do avesso.
Ficou
dessa prática a expressão, bastante actual em tempos de crise.
É
preciso virar do avesso a vida, quando sentimos ter atingido um ponto de
exaustão. Desmanchar e recomeçar é fundamental. Recuperar o passado, porque o
tecido até tem potencialidades ainda não exploradas, não significa que se
repitam formatos ou modelos ultrapassados.
Virar
do avesso significa inovar, renovar, dois verbos importantes em tempos de
crise, mas que exigem a desconstrução de modelos obsoletos e uma capacidade
crítica para potenciar experiências anteriores.
Dizem
os gurus da economia, que a palavra crise terá origem num ideograma
chinês wei ji, que significa “perigo” e “oportunidade”, “momento de
viragem” (cit. R.Vargas, Executive Digest) ou se quisermos, vire do avesso o
que deixou de resultar, o negócio que já não atrai clientes, a imagem que não
resume o produto que pretende vender, o menu do restaurante que deixou de ser
atractivo e não corresponde às novas tendências do mercado.
Entro
numa loja de roupas, onde se sente a proximidade do encerramento que todos
anunciam. São poucas as peças nas prateleiras e faltam números nos artigos.
Ouço o suspiro de uma das empregadas que comenta, “antes estar num restaurante
a descascar batatas”. Sente-se inútil detrás do balcão onde outrora não tinha
mãos a medir; mas também não tem motivação para dar a volta por cima. Está na
eminência, quem sabe, o desemprego, e sem negar a sua vocação para o comércio,
revela uma ausência de ideias que contrariem o pessimismo do negócio que em
breve irá fechar.
Imagino
como é difícil ser simpática, perante uma cliente que revira as camisolas que
restam e depois sai sem nada comprar.
Como
fazer essa viragem do avesso e criar esse momento que pode significar um
recomeço e uma nova etapa.
Perante
o desalento daquela empregada, apeteceu-me dizer-lhe, porque não escreve um
letreiro com letras garrafais: Vista-se por 50 euros!
Vire
o negócio do avesso e faça da crise uma oportunidade!”
(publicado
no Açoriano Oriental de 22 Fevereiro 2010)
"Viva!
Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que
cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa..." Piedade Lalanda
http://sentirailha.blogs.sapo.pt/31306.html
A MERCEARIA ANTIGAMENTE-PIEDADE
LALANDA-1991-RTPAÇORES
Publicado
em 15 de jul de 2015
NESTE
VIDEO DA RTP AÇORES VÊ-SE COMO ERA COMPRAR COMPRAS A RETALHO NAS PEQUENAS
MERCEARIAS...NASCI E CRESCI COM ISTO ..TEMPOS POBRES MAS HONESTOS E
RESPEITOSOS...
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O
senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as
pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão
sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou.
Isso que me alegra, montão. E, outra coisa: o diabo, é às brutas; mas Deus é
traiçoeiro! Ah, uma beleza de traiçoeiro – dá gosto! A força dele, quando quer
– moço! – me dá o medo pavor! Deus vem vindo: ninguém não vê. Ele faz é na lei
do mansinho – assim é o milagre. E Deus ataca bonito, se divertindo, se
economiza. A pois: um dia, num curtume, a faquinha minha que eu tinha caiu
dentro dum tanque, só caldo de casca de curtir, barbatimão, angico, lá sei. –
“Amanhã eu tiro...” – falei, comigo. Porque era de noite, luz nenhuma eu não
disputava. Ah, então, saiba: no outro dia, cedo, a faca, o ferro dela, estava
sido roído, quase por metade, por aquela agüinha escura, toda quieta. Deixei,
para mais ver. Estala, espoleta! Sabe o que foi? Pois, nessa mesma da tarde,
aí: da faquinha só se achava o cabo... O cabo – por não ser de frio metal, mas
de chifre de galheiro. Aí está: Deus... Bem, o senhor ouviu, o que ouviu sabe,
o que sabe me entende...
GUIMARÃES ROSA GRANDE SERTÃO:
VEREDAS EDITORA NOVA AGUILAR 1994
http://stoa.usp.br/carloshgn/files/-1/20292/GrandeSertoVeredasGuimaresRosa.pdf
TE VIRAR DO AVESSO - Marcella
Fogaça
Enviado
em 5 de jan de 2011
Música:
TE VIRAR DO AVESSO
Letra e Música: MARCELLA FOGAÇA
Categoria
Música
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"Ele faz é na lei do mansinho – assim é o milagre." G.R.
"Ele faz é na lei do mansinho – assim é o milagre." G.R.
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