Acre da secessão à sucessão
113 anos se passaram
Ou menos de 1?
Ou menos de 1?
PT na linha sucessória da
Presidência da República
Com
o afastamento de Renan Calheiros, senador petista Jorge Viana assume o comando
da Casa
Por Eduardo Gonçalves
5
dez 2016, 20h11
Menos de 1 ano se passou
Jorge Viana (PT-AC)
Com
o afastamento de Renan Calheiros da Presidência do Senado, quem assume o
cargo é o senador Jorge Viana (PT-AC), primeiro vice-presidente da Casa. A
decisão provisória do ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello,
que ainda precisa ser confirmada pelo plenário, coloca, portanto, o PT na linha
sucessória da Presidência da República. Apesar do perfil mais moderado,
Viana é um declarado oposicionista de Temer, que já classificou o processo de
impeachment de Dilma Rousseff como “um golpe de morte na nossa
democracia”. Dependendo do desenrolar do caso, o presidente Michel
Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (PMDB-RJ), não devem viajar
juntos nos próximos dias.
Mapa da Bacia Amazônica com
o Rio Acre em destaque.
(Bandeira)
Mapa do final do século XIX,
em que o Acre aparece como parte da Bolívia.
PRIMEIRA INSTÂNCIA
O Barão de Rothschild e a questão
do Acre
Luiz Alberto Moniz Bandeira
Professor
de História das Relações Internacionais da Universidade de Brasília, aposentado
RESUMO
O
autor reconstitui a criação do estado brasileiro do Acre, ressaltando os
interesses estrangeiros subjacentes à disputa com a Bolívia. O protocolo pelo
qual a Bolívia arrendava o território ao Bolivian Syndicate e a disposição de
Rio Branco em reivindicar aquela região para o Brasil colocavam os dois países
em rota de colisão. Nesse contexto surge a figura dúbia do Barão de Rothschild
que propõe uma solução pacífica para o dissídio através do arbitramento da Grã
Bretanha.
Palavras-chave: Conflito
de fronteira. América do Sul. Companhia Colonial. Rothschild.
ABSTRACT
The
author reconstructs the history of the Brazilian state of Acre, emphasizing
foreign interests which were underneath the quarrel between Brazil and Bolivia.
Tension increased in the region because, on the one hand, Bolivia rented the
land to the Bolivian Syndicate, an anglo-american company, and on the other
hand, the Brazilian Foreign Affairs Minister, Rio Branco, decided to claim
sovereignty over the territory. The ambivalent Rothschild comes up in this
setting, defending a peaceful solution through the arbitration of Great
Britain.
Key-words: Border
conflict. South America. Chartered company. Rothschild.
Tratado de Petrópolis
Por Emerson Santiago
Recebe
o nome de Tratado de Petrópolis o documento firmado entre a Bolívia e
o Brasil a 17 de novembro de 1903. Assinado naquela cidade do estado do Rio de
Janeiro, este tratado tornou oficial a anexação do atual estado do Acre ao
território brasileiro.
Surgimento
da questão
Desde
a segunda metade do século XIX, alguns brasileiros, sobretudo nordestinos fustigados
por sucessivas secas em suas áreas instalam-se na bacia do rio Acre, para se
dedicar à atividade extrativista (leia-se extração do látex, matéria-prima da borracha, obtido
das seringueiras,
árvores nativas do lugar). Sem conhecer ou se importar com títulos de
propriedade, estes migrantes começam a ocupar as terras, cuja maior parte
pertencia à Bolívia. As fronteiras permaneciam inexatas, apesar de
estabelecidas reiteradas vezes por tratados internacionais.
A
Bolívia, no entanto, jamais exercera ali sua soberania. A área entre os rios
Javari e Madeira constava nos mapas locais como “tierras non descubiertas”.
Habitando em sua grande parte os altiplanos, os bolivianos não se mostravam
aptos ou mesmo interessados em tomar posse daquela isolada região de planície.
Como consequencia, as incursões populacionais nessas áreas não preocupavam os
países vizinhos. Este era o cenário na região enquanto a borracha era apenas um
item exótico das exportações amazônicas.
A
riqueza da borracha
No
entanto, as mudanças trazidas pela Revolução
Industrial fizeram com que a região do Acre atraísse a atenção
de governos e particulares. Mais precisamente, a borracha começou a ser
empregada em larga escala na indústria, principalmente na fabricação de pneus
de veículos, motocicletas e bicicletas, uma prática viabilizada pelo processo
de vulcanização inventado por Charles Goodyear em 1839. Desse modo, torna-se
inevitável uma corrida ao chamado “ouro negro” da Amazônia, já valorizado
graças ao incremento da produção de calçados e das exigências do maquinário
empregado no processo de industrialização em si.
A
reação boliviana
Assim,
em 1898, as autoridades bolivianas deixam de lado a indiferença em relação à
ocupação brasileira da fronteira. O que antes eram “simples escaramuças locais”
envolvendo seringueiros brasileiros e vizinhos bolivianos toma a forma de
conflito internacional.
Em
1899 os bolivianos fundam Puerto Alonso, nome dado em homenagem ao então
Presidente Severo Fernandes Alonso. O governo brasileiro não se manifesta,
buscando uma posição inerte em relação à questão. Naquele momento, predominava
o entendimento vindo do Tratado de Ayacucho, de 1867, onde Brasil e Bolívia
entendiam que o Acre era território boliviano. A falta de reação brasileira era
interpretada por seringalistas e seringueiros como a oficialização da soberania
estrangeira na região, alimentando a primeira insurreição acreana. Em 1º de
maio de 1899, cerca de quinze mil brasileiros, a maioria residentes na região,
sob o comando do advogado José Carvalho e com o apoio do governo do Estado do
Amazonas, levantaram-se contra os bolivianos.
Os
seringueiros se revoltam
A
segunda insurreição deu-se em 14 de julho de 1899, chefiada pelo jornalista
espanhol Luiz Galvez Rodrigues de Arias. Em Puerto Alonso, já rebatizada Porto
Acre, Galvez hasteia a bandeira acreana, proclamando a criação do Estado
Independente do Acre. As autoridades federais brasileiras, ainda buscando
preservar o conteúdo do Tratado de Ayacucho, interpretam o gesto como uma
invasão territorial à Bolívia e enviam forças para desbaratar o Estado
Independente. Assim, a 15 de março de 1900, o Brasil promove a transição
política, passando o controle da região à Bolívia.
O
Bolivian Syndicate
Aparentemente
resolvida a questão, eis que vem à tona a existência de um acordo militar entre
norte-americanos e bolivianos envolvendo a região, o que levantou preocupações
do governo brasileiro. Em 1901, a Bolívia, presidida pelo General José Manuel
Pando, estava ansiosa por se livrar dos problemas de administração das terras
consideradas acreanas pelos brasileiros. Com isso, elas foram arrendadas a um
sindicato de capitalistas majoritariamente norte-americanos e ingleses, o
Bolivian Syndicate, que por trinta anos assumiria o controle total sobre a
região, incluindo a movimentação alfandegária e militar.
Para
o lado brasileiro, tal acordo significava uma ameaça às soberanias tanto da
Bolívia quanto do Brasil. As tentativas diplomáticas do Brasil para conseguir a
anulação do contrato provocaram a pronta reação das autoridades governamentais
em Washington e Londres. Em resposta, o presidente Campos Sales decide fechar o rio Amazonas e seus afluentes à
navegação, ignorando os protestos dos EUA, Grã-Bretanha, França e Alemanha.
O
Barão do Rio Branco assume
Quando
a controvérsia em torno do Bolivian Syndicate acirrou-se, surgiu na cena
política a figura de José Maria da Silva Paranhos, o Barão do Rio Branco, que
havia sido convidado pelo Presidente Rodrigues Alves a assumir a pasta do
Ministério das Relações Exteriores e, de imediato estudar o tema delicado. Rio
Branco decidiu interpretar o Tratado de 1867 ao pé da letra, e declarou o
território do Acre litigioso com relação ao Brasil e ao Peru, com quem a
Bolívia acabara de firmar um tratado para submetê-lo à arbitragem da Argentina.
Com
o real intento de forçar a Bolívia a negociar, o Barão apresentou a proposta de
permuta de territórios ou de compra do Acre pelo Brasil, que assumiria o
compromisso de acertar-se com o Bolivian Syndicate. Ambas as propostas foram
rechaçadas pela Bolívia, que se fiava no apoio norte-americano.
Brasileiros
contra bolivianos
Enquanto
isso, no Acre, o gaúcho Plácido de Castro inicia um movimento armado contra a
Bolívia, pela posse da região. As tropas bolivianas são derrotadas, e é
proclamada, pela terceira e última vez, o Estado Independente do Acre, o que
soluciona militarmente o litígio. O presidente boliviano, General Pando,
percebendo que não poderia manter o controle sobre o Acre, busca finalmente o
entendimento diplomático. Em 21 de março de 1903, ele concordou com a ocupação
e administração brasileira na região até a conclusão dos termos do acordo que
culminaria com o Tratado de Petrópolis, assinado meses depois.
O
tratado
Por
esse instrumento, ficou acordado que a Bolívia receberia compensações
territoriais em vários pontos da fronteira com o Brasil. O governo brasileiro
se comprometeria a construir a Estrada de ferro Madeira-Mamoré, e preservaria a
liberdade de trânsito pela ferrovia e pelos rios até o oceano Atlântico,
facilitando o escoamento das exportações bolivianas. Como não havia
equivalência entre as áreas permutadas, estabeleceu-se, ainda, uma indenização
de dois milhões de libras esterlinas, a ser paga pelo Brasil em duas parcelas.
A
Bolívia cederia a parte meridional do Acre, reconhecidamente boliviana, mas
povoada por brasileiros, e desistiria da reclamação da outra parte do
território mais ao norte, também ocupada só por brasileiros. O Bolivian
Syndicate aceitou a rescisão contratual mediante uma compensação financeira de
114.000,00 libras esterlinas, em distrato assinado em 26 de fevereiro de 1903.
O
Tratado de Petrópolis praticamente selou o destino do Acre, que até hoje
permanece como integrante da federação brasileira de modo praticamente
incontroverso. O Peru seguiria mais alguns anos manifestando-se diplomaticamente
por direitos na região, mas acabaria chegando a um acordo com as autoridades
brasileiras.
Bibliografia:
LIMA E ALVES, Flávia. O Tratado de Petrópolis - Interiorização do conflito de fronteiras. Disponível em: < http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/22127-22128-1-PB.pdf >
LIMA E ALVES, Flávia. O Tratado de Petrópolis - Interiorização do conflito de fronteiras. Disponível em: < http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/22127-22128-1-PB.pdf >
Arquivado
em: Brasil Republicano
RAJADA ACIDENTAL MT .40
tiro saiu pela culatra
Novas metralhadoras da Taurus vem
de fábrica com defeito
REFERÊNCIAS
http://veja.abril.com.br/blog/maquiavel/pt-na-linha-sucessoria-da-presidencia-da-republica/
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-73292000000200007&script=sci_arttext
http://www.infoescola.com/historia/tratado-de-petropolis/
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