domingo, 18 de dezembro de 2016

Que falta que um Lima Barreto faz

Marechais já não tremem mais?

E as nossas Olgas?

Doces, modernas e revolucionárias?
     
A República será a mesma?


Partidos, intelectuais, democracia
Na vigência do regime democrático, que facilita e promove a vida intelectual, não soubemos construir figuras de referência

*Luiz Sérgio Henriques
18 Dezembro 2016 | 04h57

ESTADÃO OPINIÃO
Inimaginável qualquer nostalgia dos tempos duros do regime autoritário, mas é fato que, então, além de sonhar com a volta do irmão de Henfil, contávamos com referências seguríssimas que eram a garantia de uma transição sábia e prudente rumo à vida democrática. De fato, reconfortava ter ao alcance da vista personalidades laicas ou religiosas – um Barbosa Lima Sobrinho ou um dom Paulo Evaristo Arns – cuja presença, no mínimo, indicava o roteiro básico e assinalava o reencontro do Brasil consigo mesmo.
Não haveria mais exilados ou clandestinos, presos ou perseguidos políticos, fato raro em nossa História. Prestes e os comunistas, Brizola e os trabalhistas, para não falar do novo mundo sindical que se cristalizaria em torno de Lula e do PT, se fariam presentes nas ruas e nas instituições, ampliando estas últimas e dando-lhes plena legitimidade. Tempo, ainda, de elaborações sofisticadas, que, mesmo pagando o inevitável tributo às ilusões do momento, perguntavam-se, e respondiam positivamente, sobre as possibilidades da democracia em sociedades marcadas por imensas desigualdades. Ela seria – como se chegou a dizer numa fórmula de rara felicidade, trazida dos comunistas italianos – um “valor universal”, meio e fim dos processos de democratização e modernização.
No coração das trevas, as eleições de 1974 registraram o surgimento de uma elite dirigente em potencial, que, de fato, iria assegurar o governo do País dali a poucos anos. Políticos de gerações anteriores, como Ulysses, Tancredo e Montoro, misturavam-se a “jovens” de pouco mais de 30 ou 40 anos, como Itamar Franco, Pedro Simon e Marcos Freire. E nesse âmbito mais diretamente ligado à política profissional, o lugar privilegiado de gestação daquela promissora elite era, nem mais, nem menos, o velho MDB, o partido da “oposição consentida”.
Deve-se admitir que o MDB, um sucesso de público, como o comprovariam as sucessivas vitórias eleitorais, jamais teve fortuna crítica à altura. Ser “consentido” era já um estigma forte: quem estava no partido lutava só pelas “liberdades burguesas”, declinando de responsabilidades revolucionárias, tal como ensinavam a lição chinesa ou a cubana. Os fantasmas do voto nulo e da autodissolução o rondaram em conjunturas críticas. E seu sentido mais essencial – ter sido, desde sempre, o lugar de convergência de oposicionistas da primeira hora e dissidentes do regime, de liberais, comunistas do PCB e democratas em geral – talvez não haja sido apreendido pelos que viriam depois, inclusive e paradoxalmente as próprias figuras da esquerda nova.
Antes de mais nada, o PT. Construído ao longo de décadas em torno de um mito operário de “base”, o partido mostrou-se substancialmente alheio às tratativas da transição, como se sua mera existência ressignificasse toda a História e, por exemplo, o dispensasse de votar em Tancredo ou permitisse infantilidades antes de assinar a Carta de 1988. Trouxe ainda, como pecado de origem, uma cultura política que, enfatizando um “espírito de cisão” em relação à frente emedebista, excluía e separava, subordinava e impunha um mando. A afirmação “classista” inicial, que o distinguiria de “todo o resto burguês”, implicava uma das modulações clássicas do discurso populista, fundamentado na afirmação exasperada do “nós contra eles”. Uma lógica binária que marcaria as relações políticas, e não só elas, especialmente nos anos de poder incontrastado.
Houve algo de novo nas alianças partidárias a partir de 2003. Se observarmos sem indulgência, ocorreu menos uma homogeneização das práticas do partido dominante às da “velha política” do que a decapitação sistemática dos aliados do petismo e a introdução sistemática de modos agressivos de cooptação e subordinação: inicialmente, as legendas menores e, depois, o próprio PMDB. Assim, na hora de contribuir para renovar as elites, o petismo comportou-se de forma irresponsável. E se a capacidade de renovar ideias e práticas for o critério para avaliar uma força política, não há dúvida de que hoje estamos diante de um fracasso histórico de custosa reparação.
Verdade que ele teve diante de si partidos cujas direções estavam envelhecidas ou que, no caso do arqui-inimigo tucano, se dividiram entre lideranças inconciliáveis. Tais grupos, mesmo com a implantação “capilar” no território típica do PMDB ou com a orientação social-democrata (ou social-liberal) do PSDB, se comportaram de modo tradicionalíssimo e se desligaram progressivamente da vida associativa, dos centros de cultura e dos locais de trabalho. Têm votos e ganham eleições, elegem bancadas, governadores e até presidentes, mas são exércitos dispersos, sem capitães ou bandeiras capazes de gerar uma certa visão dos problemas razoavelmente difundida na sociedade.
Por isso, como diz José de Souza Martins, incorremos massivamente num tempo agônico de partidarização sem politização. Na vigência do regime democrático, que facilita e promove a vida intelectual, não soubemos construir figuras de referência. Parece não falarmos a linguagem geral que consente a divergência e a pluralidade. Perdemos – quem sabe, momentaneamente – a ideia de que deve existir, por força das coisas, um terreno comum entre os contendores, algo, em suma, que permite explicitar radicalmente as divergências e manter como âncoras valores compartilhados e princípios de lealdade mútua.
Quando partidos e classes quase se confundiam e os antagonismos respondiam a uma lógica bruta, ainda assim houve quem tivesse a consciência de que a exacerbação irracional do conflito só pode levar à ruína generalizada. Mal começou, entre nós, a pesquisa sobre as razões por que o petismo, como “ideologia” e como prática, contribuiu tão pouco para o refinamento dessa consciência, a qual, porém, é condição inescapável para dirigir a mudança social contemporânea. 
* Tradutor e ensaísta, é um dos organizadores das 'Obras' de Gramsci no Brasil


http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,partidos-intelectuais-democracia,10000095268


18 de dezembro de 2016
Os sem razão
POR DANIELA ARBEX
Tribuna de Minas

"Algumas atrocidades só acontecem em países sem memória. Infelizmente o Brasil não se acostumou a transformar os erros do passado em ensinamentos para mudar o presente.”

“Por isso, defendo, acima de tudo, o poder de escolher o que eu devo pensar. Não estamos alienados diante do desgoverno do Brasil. Mas nenhuma derrota me convencerá que o melhor para nós é o retrocesso de um período marcado pela dor imensa da mordaça e a vigilância do cativeiro. Fico com Dom Paulo Evaristo Arns que jamais se deixou calar. Viva a liberdade!"


 http://www.tribunademinas.com.br/os-sem-razao/


Crônicas de Lima Barreto mostram que a política brasileira ainda é a mesma…
Posted on dezembro 17, 2016 by Tribuna da Internet







Ednei Freitas
O prefeito do Rio de Janeiro faz propaganda da obra e, pouco tempo depois de inaugurada, ela desaba. Foi assim em 1921, quando Carlos Sampaio divulgava a construção da gruta da Imprensa, abaixo de onde hoje fica a Avenida Niemeyer, na capital fluminense. Peritos da polícia viram no desabamento “causa natural”, por conta das características do terreno (além de ser uma encosta, é um local com frequência atingido por ondas). Um detalhe: a gruta fica no local exato –exato mesmo– onde desabou a ciclovia, em abril deste ano.
É um cipoal de ironias históricas sobre os problemas da república, dessas de se ler com um sorrisinho de lado, o que emerge de “Sátiras de Outras Subversões”, volume de 164 textos inéditos publicados por Lima Barreto em revistas satíricas como “Careta” e “Fon-Fon”, na Primeira República, que chega agora às livrarias.
São crônicas descobertas por Felipe Botelho Corrêa, professor do King’s College, no Reino Unido. Em sua pesquisa, ele ainda revela alguns pseudônimos do autor desconhecidos até hoje.
MUITOS PSEUDÔNIMOS – O pesquisador também checou os pseudônimos atribuídos a Lima Barreto por Francisco Assis Barbosa, seu primeiro biógrafo, e Carlos Drummond de Andrade, que cresceu lendo tais revistas e, mais tarde, se aventurou a escrever o “Dicionário de Pseudônimos Brasileiros”, nunca publicado.
A crônica sobre a obra da Gruta da Imprensa, por exemplo, é assinada por tal de Jonathan, que era o escritor carioca. A lista de Drummond já trazia, agora confirmados, Aquele, Inácio Costa, Ingênuo, J. Hurê e Xim, entre outros. Da lista de Francisco Assis Barbosa, Corrêa afirma que só são Lima Barreto os nomes J. Caminha (ou I. Caminha), Lucas Berredo, Phileas Fogg e S. Holmes, além do próprio Jonathan.
Da lavra do pesquisador, são revelados pela primeira vez Leitor, Amil, Eran, Pingente, Barão de Sumaret, Mié e Totalista. Parte significativa dos textos é uma prova que a história se repete. A pena de Lima Barreto se volta com frequência aos políticos da Primeira República.
CRÔNICAS ATUAIS – “Cem anos depois, você começa a ver que as crônicas ainda são muito relevantes. Quando caiu a Gruta da Imprensa, ninguém sabia se tinha sido dinamitada ou se havia sido uma onda”, diz Corrêa.
Em 1915, Lima Barreto, como Inácio Costa, disparava um petardo contra parlamentares que brigavam para não perder benefícios financeiros pagos pelo Estado.
Numa crônica em que imagina políticos falando dos cortes, o autor mostra um político protestando: “Querem tirar o pão da boca dos meus filhos”.
E que tal a história do rodolfinho? Era a palavra que servia tanto para descrever a propina paga a funcionários públicos quanto um mensalão para comprar apoio político. Um sinônimo era a palavra “reservado”.
CHEQUE DO MINISTRO – “Quando Xandu foi ministro, era fazer-se uma revistinha, era publicar-se um jornaleco, estampando-lhe o retrato, (…) e logo o dono (…) recebia das mãos dadivosas do grande ministro uma espécie de cheque”, escreve o autor.
Também já estavam ali os partidos criados sem solidez ideológica, apenas para arrumar benefícios. O cronista reclamava que, a cada eleição, as legendas fragmentavam-se ao infinito.
Há ainda o ajuste fiscal que acaba não dá certo pela necessidade de conciliar interesses. Em outro texto, Lima Barreto fala de uma repartição pública “fictícia” onde o chefe resolveu sanear as fianças. Até receber um bilhete de um escalão superior: “Peço-te com todo o empenho colocares aí o meu sobrinho Homero”.


http://www.carlosnewton.com.br/cronicas-de-lima-barreto-mostram-que-a-politica-brasileira-ainda-e-a-mesma/


Lima Barreto
Quem foi Lima Barreto, nome completo, nascimento e morte, obras, Literatura Brasileira, biografia resumida, frases



Lima Barreto: críticas sociais e políticas no início do século XX


Nome Completo 

Afonso Henriques de Lima Barreto

Quem foi

Lima Barreto foi um escritor e jornalista brasileiro.

Nascimento

Lima Barreto nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 13 de maio de 1881.

Morte

Lima Barreto morreu na cidade do Rio de Janeiro em 1 de novembro de 1922.

Biografia resumida:

- Filho de pais pobres, ficou orfão de mãe ainda na infância (quando tinha 6 anos).

- Estudo no Colégio Pedro II (curso secundário) e no curso de Engenharia da Escola Politécnica.

- Abandonou o curso para trabalhar e sustentar a família. Trabalhou como escrevente coopista na Secretaria de Guerra.

- Para aumentar a renda, escrevia textos para jornais cariocas.

- Era simpático ao anarquismo e militou na imprensa socialista da época.

- Alcoólatra, teve vários problemas relacionados à depressão. Chegou a ser internado algumas vezes com problemas psiquiátricos.

- Faleceu aos 41 anos de idade.

Características e estilo literário:

- Escreveu romances, sátiras, contos, textos jornalísticos e críticas.

- Abordou em suas obras as grandes injustiças sociais.

- Fez críticas ao regime político da República Velha.

- Possuía um estilo literário fora dos padrões da época. Seu estilo era despojado, coloquial e fluente.

- É um escritor de transição entre o Realismo e o Modernismo. 

Principais obras

- Recordações do escrivão Isaías Caminha (1909)
- Triste fim de Policarpo Quaresma (1915)
- Numa e ninfa (1915)
- Os bruzundangas (1923)
- Clara dos Anjos (1948)
- Diário Íntimo (1953)

Frases

- "O Brasil não tem povo, tem público."

- "Tudo tem um limite e o football não goza do privilégio de cousa inteligente."


http://www.suapesquisa.com/quemfoi/lima_barreto.htm


Lima Barreto
Escritor e Jornalista
Biografia de Lima Barreto
Lima Barreto (1881-1922) foi um escritor e jornalista brasileiro. Filho de pais pobres e mestiços sofreu esse preconceito em toda sua vida. Logo cedo ficou órfão de mãe. Estudou no Colégio Pedro II e ingressou na Escola Politécnica, no curso de Engenharia. Seu pai enlouquece e é internado, obrigando Lima Barreto a abandonar o curso de Engenharia. Para sustentar a família, empregou-se na Secretaria de Guerra e ao mesmo tempo, escrevia para vários jornais do Rio de Janeiro. Ao produzir uma literatura inteiramente desvinculada dos padrões e do gosto vigente, recebe severas críticas dos letrados tradicionais. Explora em suas obras, as injustiças sociais e as dificuldades das primeiras décadas da República.
Afonso Henrique de Lima Barreto (1881-1922) nasceu no Rio de Janeiro no dia 13 de maio de 1881. Filho de Joaquim Henriques de Lima Barreto e Amália Augusta, ambos mestiços e pobres. Sofreu preconceito a vida toda. Seu pai era tipógrafo e sua mãe professora primária. Logo cedo ficou órfão de mãe.
Lima Barreto estudou no Liceu Popular Niteroiense e concluiu o curso secundário no Colégio Pedro II, local onde estudava a elite litrária da época. Sempre com a ajuda de seu padrinho, o Visconde de Ouro Preto, ingressou na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, onde iniciou o curso de Engenharia. Em 1904, foi obrigado a abandonar o curso, pois seu pai havia enlouquecido e o sustento dos três irmãos agora era responsabilidade dele.
Em 1904, presta concurso para escriturário do Ministério da Guerra. Ao mesmo tempo, colabora com quase todos os jornais do Rio de Janeiro. Ainda estudante já colaborava para a Revista da Época e para a Quinzena Alegre. Em 1905, passa a escrever no Correio da Manhã, jornal de grande prestígio.
Em 1909, Lima Barreto publicou o romance "Recordações do Escrivão Isaías Caminha". O texto acompanha a trajetória de um jovem mulato que vindo do interior sofre sérios preconceitos raciais. Em 1915, escreve "Triste Fim de Policarpo Quaresma". Em 1919, escreve "Vida e Morte de M.J.Gonzaga de Sá". Esses três romances apresentam nítidos traços autobiográficos.
Com uma linguagem descuidada, suas obras são impregnadas da justa preocupação com os fatos históricos e com os costumes sociais. Lima Barreto torna-se uma espécie de cronista e um caricaturista se vingando da hostilidade dos escritores e do público burguês. Poucos aceitam aqueles contos e romances que revelavam a vida cotidiana das classes populares, sem qualquer idealização.
A obra prima de Lima Barreto, não perturbada pela caricatura, foi "Triste Fim de Policarpo Quaresma", nela o autor conta o drama de um velho aposentado, O Policarpo, em sua luta pela salvação do Brasil.
Afonso Henriques Lima Barreto com seu espírito inquieto e rebelde, seu inconformismo com a mediocridade reinante, se entrega ao álcool. Suas constantes depressões o levam duas vezes para o hospício. Em 01 de novembro de 1922 morre de um ataque cardíaco.
Obras de Lima Barreto
Recordações do Escrivão Isaías Caminha, romance, 1909
Aventuras do Dr. Bogoloff, humor, 1912
Triste Fim de Policarpo Quaresma, romance, 1915
Numa e Ninfa, romance, 1915
Vida e Morte de M. J. Gonzaga e Sá, romance, 1919
Os Bruzundangas, sátira política e literária, 1923
Clara dos Anjos, romance, 1948
Coisas do Reino do Jambon, sátira política e literária, 1956
Feiras e Mafuás, crônica, 1956
Bagatelas, crônica, 1956
Marginália, crônica sobre folclore urbano, 1956
Vida Urbana, crônica sobre folclore urbano, 1956



https://www.ebiografia.com/lima_barreto/

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