Marechais já não tremem mais?
E as nossas Olgas?
Doces, modernas e revolucionárias?
A República será a mesma?
Partidos, intelectuais, democracia
Na
vigência do regime democrático, que facilita e promove a vida intelectual, não
soubemos construir figuras de referência
*Luiz Sérgio Henriques
18
Dezembro 2016 | 04h57
ESTADÃO
OPINIÃO
Inimaginável
qualquer nostalgia dos tempos duros do regime autoritário, mas é fato que,
então, além de sonhar com a volta do irmão de Henfil, contávamos com referências
seguríssimas que eram a garantia de uma transição sábia e prudente rumo à vida
democrática. De fato, reconfortava ter ao alcance da vista personalidades
laicas ou religiosas – um Barbosa Lima Sobrinho ou um dom Paulo Evaristo Arns –
cuja presença, no mínimo, indicava o roteiro básico e assinalava o reencontro
do Brasil consigo mesmo.
Não
haveria mais exilados ou clandestinos, presos ou perseguidos políticos, fato
raro em nossa História. Prestes e os comunistas, Brizola e os trabalhistas,
para não falar do novo mundo sindical que se cristalizaria em torno de Lula e
do PT, se fariam presentes nas ruas e nas instituições, ampliando estas últimas
e dando-lhes plena legitimidade. Tempo, ainda, de elaborações sofisticadas,
que, mesmo pagando o inevitável tributo às ilusões do momento, perguntavam-se,
e respondiam positivamente, sobre as possibilidades da democracia em sociedades
marcadas por imensas desigualdades. Ela seria – como se chegou a dizer numa
fórmula de rara felicidade, trazida dos comunistas italianos – um “valor
universal”, meio e fim dos processos de democratização e modernização.
No
coração das trevas, as eleições de 1974 registraram o surgimento de uma elite
dirigente em potencial, que, de fato, iria assegurar o governo do País dali a
poucos anos. Políticos de gerações anteriores, como Ulysses, Tancredo e
Montoro, misturavam-se a “jovens” de pouco mais de 30 ou 40 anos, como Itamar
Franco, Pedro Simon e Marcos Freire. E nesse âmbito mais diretamente ligado à
política profissional, o lugar privilegiado de gestação daquela promissora
elite era, nem mais, nem menos, o velho MDB, o partido da “oposição
consentida”.
Deve-se
admitir que o MDB, um sucesso de público, como o comprovariam as sucessivas
vitórias eleitorais, jamais teve fortuna crítica à altura. Ser “consentido” era
já um estigma forte: quem estava no partido lutava só pelas “liberdades
burguesas”, declinando de responsabilidades revolucionárias, tal como ensinavam
a lição chinesa ou a cubana. Os fantasmas do voto nulo e da autodissolução o rondaram
em conjunturas críticas. E seu sentido mais essencial – ter sido, desde sempre,
o lugar de convergência de oposicionistas da primeira hora e dissidentes do
regime, de liberais, comunistas do PCB e democratas em geral – talvez não haja
sido apreendido pelos que viriam depois, inclusive e paradoxalmente as próprias
figuras da esquerda nova.
Antes
de mais nada, o PT. Construído ao longo de décadas em torno de um mito operário
de “base”, o partido mostrou-se substancialmente alheio às tratativas da transição,
como se sua mera existência ressignificasse toda a História e, por exemplo, o
dispensasse de votar em Tancredo ou permitisse infantilidades antes de assinar
a Carta de 1988. Trouxe ainda, como pecado de origem, uma cultura política que,
enfatizando um “espírito de cisão” em relação à frente emedebista, excluía e
separava, subordinava e impunha um mando. A afirmação “classista” inicial, que
o distinguiria de “todo o resto burguês”, implicava uma das modulações
clássicas do discurso populista, fundamentado na afirmação exasperada do “nós
contra eles”. Uma lógica binária que marcaria as relações políticas, e não só
elas, especialmente nos anos de poder incontrastado.
Houve
algo de novo nas alianças partidárias a partir de 2003. Se observarmos sem
indulgência, ocorreu menos uma homogeneização das práticas do partido dominante
às da “velha política” do que a decapitação sistemática dos aliados do petismo
e a introdução sistemática de modos agressivos de cooptação e subordinação:
inicialmente, as legendas menores e, depois, o próprio PMDB. Assim, na hora de
contribuir para renovar as elites, o petismo comportou-se de forma
irresponsável. E se a capacidade de renovar ideias e práticas for o critério
para avaliar uma força política, não há dúvida de que hoje estamos diante de um
fracasso histórico de custosa reparação.
Verdade
que ele teve diante de si partidos cujas direções estavam envelhecidas ou que,
no caso do arqui-inimigo tucano, se dividiram entre lideranças inconciliáveis.
Tais grupos, mesmo com a implantação “capilar” no território típica do PMDB ou
com a orientação social-democrata (ou social-liberal) do PSDB, se comportaram
de modo tradicionalíssimo e se desligaram progressivamente da vida associativa,
dos centros de cultura e dos locais de trabalho. Têm votos e ganham eleições,
elegem bancadas, governadores e até presidentes, mas são exércitos dispersos,
sem capitães ou bandeiras capazes de gerar uma certa visão dos problemas
razoavelmente difundida na sociedade.
Por
isso, como diz José de Souza Martins, incorremos massivamente num tempo agônico
de partidarização sem politização. Na vigência do regime democrático, que
facilita e promove a vida intelectual, não soubemos construir figuras de
referência. Parece não falarmos a linguagem geral que consente a divergência e
a pluralidade. Perdemos – quem sabe, momentaneamente – a ideia de que deve
existir, por força das coisas, um terreno comum entre os contendores, algo, em
suma, que permite explicitar radicalmente as divergências e manter como âncoras
valores compartilhados e princípios de lealdade mútua.
Quando
partidos e classes quase se confundiam e os antagonismos respondiam a uma
lógica bruta, ainda assim houve quem tivesse a consciência de que a exacerbação
irracional do conflito só pode levar à ruína generalizada. Mal começou, entre
nós, a pesquisa sobre as razões por que o petismo, como “ideologia” e como
prática, contribuiu tão pouco para o refinamento dessa consciência, a qual,
porém, é condição inescapável para dirigir a mudança social contemporânea.
*
Tradutor e ensaísta, é um dos organizadores das 'Obras' de Gramsci no Brasil
http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,partidos-intelectuais-democracia,10000095268
18
de dezembro de 2016
Os sem razão
POR
DANIELA ARBEX
Tribuna de Minas
"Algumas
atrocidades só acontecem em países sem memória. Infelizmente o Brasil não se
acostumou a transformar os erros do passado em ensinamentos para mudar o
presente.”
“Por
isso, defendo, acima de tudo, o poder de escolher o que eu devo pensar. Não
estamos alienados diante do desgoverno do Brasil. Mas nenhuma derrota me
convencerá que o melhor para nós é o retrocesso de um período marcado pela dor
imensa da mordaça e a vigilância do cativeiro. Fico com Dom Paulo Evaristo Arns
que jamais se deixou calar. Viva a liberdade!"
http://www.tribunademinas.com.br/os-sem-razao/
Crônicas de Lima Barreto mostram
que a política brasileira ainda é a mesma…
Posted
on dezembro 17, 2016 by Tribuna
da Internet
Ednei Freitas
O
prefeito do Rio de Janeiro faz propaganda da obra e, pouco tempo depois de
inaugurada, ela desaba. Foi assim em 1921, quando Carlos Sampaio divulgava a
construção da gruta da Imprensa, abaixo de onde hoje fica a Avenida Niemeyer,
na capital fluminense. Peritos da polícia viram no desabamento “causa natural”,
por conta das características do terreno (além de ser uma encosta, é um local
com frequência atingido por ondas). Um detalhe: a gruta fica no local exato
–exato mesmo– onde desabou a ciclovia, em abril deste ano.
É
um cipoal de ironias históricas sobre os problemas da república, dessas de se
ler com um sorrisinho de lado, o que emerge de “Sátiras de Outras Subversões”,
volume de 164 textos inéditos publicados por Lima Barreto em revistas satíricas
como “Careta” e “Fon-Fon”, na Primeira República, que chega agora às livrarias.
São
crônicas descobertas por Felipe Botelho Corrêa, professor do King’s College, no
Reino Unido. Em sua pesquisa, ele ainda revela alguns pseudônimos do autor
desconhecidos até hoje.
MUITOS
PSEUDÔNIMOS – O pesquisador também checou os pseudônimos atribuídos a Lima
Barreto por Francisco Assis Barbosa, seu primeiro biógrafo, e Carlos Drummond
de Andrade, que cresceu lendo tais revistas e, mais tarde, se aventurou a
escrever o “Dicionário de Pseudônimos Brasileiros”, nunca publicado.
A
crônica sobre a obra da Gruta da Imprensa, por exemplo, é assinada por tal de
Jonathan, que era o escritor carioca. A lista de Drummond já trazia, agora confirmados,
Aquele, Inácio Costa, Ingênuo, J. Hurê e Xim, entre outros. Da lista de
Francisco Assis Barbosa, Corrêa afirma que só são Lima Barreto os nomes J.
Caminha (ou I. Caminha), Lucas Berredo, Phileas Fogg e S. Holmes, além do
próprio Jonathan.
Da
lavra do pesquisador, são revelados pela primeira vez Leitor, Amil, Eran,
Pingente, Barão de Sumaret, Mié e Totalista. Parte significativa dos textos é
uma prova que a história se repete. A pena de Lima Barreto se volta com
frequência aos políticos da Primeira República.
CRÔNICAS
ATUAIS – “Cem anos depois, você começa a ver que as crônicas ainda são
muito relevantes. Quando caiu a Gruta da Imprensa, ninguém sabia se tinha sido
dinamitada ou se havia sido uma onda”, diz Corrêa.
Em
1915, Lima Barreto, como Inácio Costa, disparava um petardo contra
parlamentares que brigavam para não perder benefícios financeiros pagos pelo
Estado.
Numa
crônica em que imagina políticos falando dos cortes, o autor mostra um político
protestando: “Querem tirar o pão da boca dos meus filhos”.
E
que tal a história do rodolfinho? Era a palavra que servia tanto para descrever
a propina paga a funcionários públicos quanto um mensalão para comprar apoio
político. Um sinônimo era a palavra “reservado”.
CHEQUE
DO MINISTRO – “Quando Xandu foi ministro, era fazer-se uma revistinha, era
publicar-se um jornaleco, estampando-lhe o retrato, (…) e logo o dono (…)
recebia das mãos dadivosas do grande ministro uma espécie de cheque”, escreve o
autor.
Também
já estavam ali os partidos criados sem solidez ideológica, apenas para arrumar
benefícios. O cronista reclamava que, a cada eleição, as legendas
fragmentavam-se ao infinito.
Há
ainda o ajuste fiscal que acaba não dá certo pela necessidade de conciliar
interesses. Em outro texto, Lima Barreto fala de uma repartição pública
“fictícia” onde o chefe resolveu sanear as fianças. Até receber um bilhete de
um escalão superior: “Peço-te com todo o empenho colocares aí o meu sobrinho
Homero”.
http://www.carlosnewton.com.br/cronicas-de-lima-barreto-mostram-que-a-politica-brasileira-ainda-e-a-mesma/
Lima Barreto
Quem foi Lima Barreto, nome
completo, nascimento e morte, obras, Literatura Brasileira, biografia resumida,
frases
Lima Barreto: críticas sociais e políticas no início do século XX
Nome
Completo
Afonso
Henriques de Lima Barreto
Quem
foi
Lima
Barreto foi um escritor e jornalista brasileiro.
Nascimento
Lima
Barreto nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 13 de maio de 1881.
Morte
Lima
Barreto morreu na cidade do Rio de Janeiro em 1 de novembro de 1922.
Biografia
resumida:
- Filho
de pais pobres, ficou orfão de mãe ainda na infância (quando tinha 6 anos).
-
Estudo no Colégio Pedro II (curso secundário) e no curso de Engenharia da
Escola Politécnica.
-
Abandonou o curso para trabalhar e sustentar a família. Trabalhou como
escrevente coopista na Secretaria de Guerra.
-
Para aumentar a renda, escrevia textos para jornais cariocas.
-
Era simpático ao anarquismo e militou na imprensa socialista da época.
-
Alcoólatra, teve vários problemas relacionados à depressão. Chegou a ser
internado algumas vezes com problemas psiquiátricos.
-
Faleceu aos 41 anos de idade.
Características
e estilo literário:
- Escreveu
romances, sátiras, contos, textos jornalísticos e críticas.
-
Abordou em suas obras as grandes injustiças sociais.
-
Fez críticas ao regime político da República Velha.
-
Possuía um estilo literário fora dos padrões da época. Seu estilo era
despojado, coloquial e fluente.
-
É um escritor de transição entre o Realismo e o Modernismo.
Principais
obras
- Recordações
do escrivão Isaías Caminha (1909)
-
Triste fim de Policarpo Quaresma (1915)
-
Numa e ninfa (1915)
-
Os bruzundangas (1923)
-
Clara dos Anjos (1948)
-
Diário Íntimo (1953)
Frases
-
"O Brasil não tem povo, tem público."
-
"Tudo tem um limite e o football não goza do privilégio de cousa
inteligente."
http://www.suapesquisa.com/quemfoi/lima_barreto.htm
Lima Barreto
Escritor
e Jornalista
Biografia de Lima Barreto
Lima
Barreto (1881-1922) foi um escritor e jornalista brasileiro. Filho de pais
pobres e mestiços sofreu esse preconceito em toda sua vida. Logo cedo ficou
órfão de mãe. Estudou no Colégio Pedro II e ingressou na Escola Politécnica, no
curso de Engenharia. Seu pai enlouquece e é internado, obrigando Lima Barreto a
abandonar o curso de Engenharia. Para sustentar a família, empregou-se na
Secretaria de Guerra e ao mesmo tempo, escrevia para vários jornais do Rio de
Janeiro. Ao produzir uma literatura inteiramente desvinculada dos padrões e do
gosto vigente, recebe severas críticas dos letrados tradicionais. Explora em
suas obras, as injustiças sociais e as dificuldades das primeiras décadas da
República.
Afonso
Henrique de Lima Barreto (1881-1922) nasceu no Rio de Janeiro no dia 13 de maio
de 1881. Filho de Joaquim Henriques de Lima Barreto e Amália Augusta, ambos
mestiços e pobres. Sofreu preconceito a vida toda. Seu pai era tipógrafo e sua
mãe professora primária. Logo cedo ficou órfão de mãe.
Lima
Barreto estudou no Liceu Popular Niteroiense e concluiu o curso secundário no
Colégio Pedro II, local onde estudava a elite litrária da época. Sempre com a
ajuda de seu padrinho, o Visconde de Ouro Preto, ingressou na Escola
Politécnica do Rio de Janeiro, onde iniciou o curso de Engenharia. Em 1904, foi
obrigado a abandonar o curso, pois seu pai havia enlouquecido e o sustento dos
três irmãos agora era responsabilidade dele.
Em
1904, presta concurso para escriturário do Ministério da Guerra. Ao mesmo
tempo, colabora com quase todos os jornais do Rio de Janeiro. Ainda estudante
já colaborava para a Revista da Época e para a Quinzena Alegre. Em 1905, passa
a escrever no Correio da Manhã, jornal de grande prestígio.
Em
1909, Lima Barreto publicou o romance "Recordações do Escrivão Isaías
Caminha". O texto acompanha a trajetória de um jovem mulato que vindo do
interior sofre sérios preconceitos raciais. Em 1915, escreve "Triste Fim
de Policarpo Quaresma". Em 1919, escreve "Vida e Morte de M.J.Gonzaga
de Sá". Esses três romances apresentam nítidos traços autobiográficos.
Com
uma linguagem descuidada, suas obras são impregnadas da justa preocupação com
os fatos históricos e com os costumes sociais. Lima Barreto torna-se uma
espécie de cronista e um caricaturista se vingando da hostilidade dos
escritores e do público burguês. Poucos aceitam aqueles contos e romances que
revelavam a vida cotidiana das classes populares, sem qualquer idealização.
A
obra prima de Lima Barreto, não perturbada pela caricatura, foi "Triste
Fim de Policarpo Quaresma", nela o autor conta o drama de um velho
aposentado, O Policarpo, em sua luta pela salvação do Brasil.
Afonso
Henriques Lima Barreto com seu espírito inquieto e rebelde, seu inconformismo
com a mediocridade reinante, se entrega ao álcool. Suas constantes depressões o
levam duas vezes para o hospício. Em 01 de novembro de 1922 morre de um ataque
cardíaco.
Obras
de Lima Barreto
Recordações
do Escrivão Isaías Caminha, romance, 1909
Aventuras do Dr. Bogoloff, humor, 1912
Triste Fim de Policarpo Quaresma, romance, 1915
Numa e Ninfa, romance, 1915
Vida e Morte de M. J. Gonzaga e Sá, romance, 1919
Os Bruzundangas, sátira política e literária, 1923
Clara dos Anjos, romance, 1948
Coisas do Reino do Jambon, sátira política e literária, 1956
Feiras e Mafuás, crônica, 1956
Bagatelas, crônica, 1956
Marginália, crônica sobre folclore urbano, 1956
Vida Urbana, crônica sobre folclore urbano, 1956
Aventuras do Dr. Bogoloff, humor, 1912
Triste Fim de Policarpo Quaresma, romance, 1915
Numa e Ninfa, romance, 1915
Vida e Morte de M. J. Gonzaga e Sá, romance, 1919
Os Bruzundangas, sátira política e literária, 1923
Clara dos Anjos, romance, 1948
Coisas do Reino do Jambon, sátira política e literária, 1956
Feiras e Mafuás, crônica, 1956
Bagatelas, crônica, 1956
Marginália, crônica sobre folclore urbano, 1956
Vida Urbana, crônica sobre folclore urbano, 1956
https://www.ebiografia.com/lima_barreto/
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