terça-feira, 5 de setembro de 2023

O LUAR

LA LUZ DE LA LUNA --------------- ----------- Caetano Veloso - Discurso completo (Doutor Honoris Causa pela Universidad de Salamanca) ---------- Caetano Veloso 4 de set. de 2023 #caetanoveloso #doutorhonoriscausa #universidaddesalamanca Leia o discurso na íntegra: Rector magnífico de la Universidad de Salamanca, y excelentísimas e ilustrísimas autoridades que nos acompañan. Devo decirles que la única otra vez que tuve el honor de recibir un Doctorado Honoris Causa fue en la Universidad de Bahia - y el título me fue entregue sobre lo que allí se llama un "trio elétrico": un camión con amplificadores de guitarras electrificadas donde músicos de carnaval tocan para hacer bailar la multitud en la calle. Pero me parece imposible estar en Salamanca y no pensar en lo que escribió Miguel de Unamuno. Soy un cantante de canciones populares. Los libros que tengo nunca están organizados y mis lecturas son, en su mayoría, de obras que me caen en las manos. Hace muchos años que leí Unamuno y no sé donde estarán los dos libros suyos que leí. Pero es seguro que mucho de lo que allí encontré queda en mi cabeza. Es sobretodo inolvidable la mirada de Unamuno sobre la lengua portuguesa como un castellano sin huesos. En su decisión de ver España como una unidad que debería asumirse, él invita todos los iberos a por lo menos leer las otras lenguas que aquí se desarrollaron. Unamuno, el más castellano de los vascos, me lleva a sentir la belleza de la lengua española - con sus vocales claras, cuyos sonidos no son negociables - como que provista de una especie de superioridad sobre el portugués o el catalán. No digo que Unamuno decía eso. Sí que lo que él escribió me ha llevado a sentirlo así. El portugués de Brasil es quizá mas sin huesos que el de Portugal. Este, en verdad, parece hecho de huesos que se han convertido en polvo. Las consonantes son como una arena fina, hecha de la materia del hueso. Hace años compuse y gravé una canción en que llamo al português "latim em pó", o sea, "latín en polvo". La canción se llama "Língua", o sea, "lengua". Unamuno, en verdad, vía los cambios sutiles de las vocales (y también de las consonantes) portuguesas como una maleabilidad que la gente de habla castellana debería escuchar con cariño para enriquecerse. A fines de los años 1960 y comienzo de los 70, mientras me encontraba exiliado por la dictadura militar que mostró lo que hay de más feo en el alma brasileña, autores hispano americanos se tornaron mundialmente importantes. El director de cine brasileño Glauber Rocha, que dirigía una película en Barcelona, me llamó para que yo viniera desde Londres a encontrarlo. Y así me enteré del boom de la literatura latino-americana. Leí García Marques, Cortázar, Vargas Llosa, Borges, Guillermo Cabrera Infante... Creo que dejé estos dos por último porque fueron los que más me encantaron. Todo Borges me pareció divino. Y "Tres tristes tigres", de Infante, me maravilló con su juego joiceano con las palabras. Llegué cerca de ese grande autor cubano por intermedio del poeta concreto de Brasil Haroldo de Campos. Nos vimos algunas veces en Londres y, siempre que él venía a Brasil - o si estábamos en una ciudad europea al mismo tiempo - él me encontraba y charlábamos. Hay muchas personas que me acercaron del castellano, desde una cena con García Marques en Barcelona al lado de Glauber a una multitud de argentinos con quien tuve la felicidad de hablar y escuchar la lengua. Anoche, cuando paré para escribir las palabras que intento decir aquí, me acordé de tantas películas mexicanas, tangos argentinos, boleros y mambos cubanos, canciones peruanas de Chabuca Granda, chilenas de Violeta Parra - y de no solo películas pero también conversaciones con dos españoles a quien quiero y querré mucho: Fernando Trueba y Pedro Almodóvar. De mi parte, dedico e esos dos toda la belleza de esta fiesta. Gracias. #caetanoveloso #doutorhonoriscausa #universidaddesalamanca #salamanca "Reitor magnífico da Universidade de Salamanca, e excelentíssimas e ilustríssimas autoridades que nos acompanham. Devo dizer-lhes que a única outra vez que tive a honra de receber um Doutorado Honoris Causa foi na Universidade de Bahia - e o título me foi entregue sobre o que lá se chama de "trio elétrico": um caminhão com amplificadores de guitarras eletrificadas onde músicos de carnaval tocam para fazer a multidão dançar na rua. Mas me parece impossível estar em Salamanca e não pensar no que escreveu Miguel de Unamuno. Sou um cantor de canções populares. Os livros que tenho nunca estão organizados e minhas leituras são, na maioria das vezes, de obras que caem em minhas mãos. Há muitos anos li Unamuno e não sei onde estão os dois livros dele que li. Mas é certo que muito do que encontrei lá permanece em minha cabeça. É sobretudo inesquecível o olhar de Unamuno sobre a língua portuguesa como um castelhano sem ossos. Em sua decisão de ver a Espanha como uma unidade que deveria ser assumida, ele convida todos os ibéricos a pelo menos ler as outras línguas que se desenvolveram aqui. Unamuno, o mais castelhano dos bascos, me faz sentir a beleza da língua espanhola - com suas vogais claras, cujos sons não são negociáveis - como dotada de uma espécie de superioridade sobre o português ou o catalão. Não digo que Unamuno dizia isso. Digo que o que ele escreveu me levou a sentir assim. O português do Brasil talvez seja mais sem ossos do que o de Portugal. Este, na verdade, parece feito de ossos que se tornaram pó. As consoantes são como uma areia fina, feita da matéria do osso. Há anos compus e gravei uma canção em que chamo o português de "latim em pó". A canção se chama "Língua". Unamuno, na verdade, via as mudanças sutis das vogais (e também das consoantes) portuguesas como uma maleabilidade que as pessoas que falam castelhano deveriam ouvir com carinho para enriquecer-se. No final dos anos 1960 e início dos anos 70, enquanto eu estava exilado devido à ditadura militar que revelou o que há de mais feio na alma brasileira, autores hispano-americanos tornaram-se mundialmente importantes. O diretor de cinema brasileiro Glauber Rocha, que dirigia um filme em Barcelona, me ligou para que eu fosse encontrá-lo desde Londres. E assim eu soube do boom da literatura latino-americana. Li García Márquez, Cortázar, Vargas Llosa, Borges, Guillermo Cabrera Infante... Acredito que deixei esses dois por último porque foram os que mais me encantaram. Tudo de Borges me pareceu divino. E "Tres tristes tigres", de Infante, me maravilhou com seu jogo joyceano com as palavras. Cheguei perto desse grande autor cubano através do poeta concreto brasileiro Haroldo de Campos. Nos vimos algumas vezes em Londres e, sempre que ele vinha ao Brasil - ou se estávamos em uma cidade europeia ao mesmo tempo - ele me encontrava e conversávamos. Há muitas pessoas que me aproximaram do castelhano, desde um jantar com García Márquez em Barcelona ao lado de Glauber, a uma multidão de argentinos com quem tive a felicidade de falar e ouvir a língua. Na noite passada, quando parei para escrever as palavras que tento dizer aqui, lembrei-me de tantos filmes mexicanos, tangos argentinos, boleros e mambos cubanos, canções peruanas de Chabuca Granda, chilenas de Violeta Parra - e não apenas filmes, mas também conversas com dois espanhóis a quem amo e amarei muito: Fernando Trueba e Pedro Almodóvar. Da minha parte, dedico a esses dois toda a beleza desta festa. Obrigado." ___________________________________________________________________________________ ----------- -------------- Maria Bethania - Carcará (1965) | Opinião - HD ___________________________________________________________________________________ -----------
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----------- questões republicanas O CENTRÃO SEM MEDO E A ENCRUZILHADA DO PT Governo Lula negocia com um ramo do Centrão, liderado por Arthur Lira, que abraçaria em 2026 o risco de perder a democracia para manter seu projeto de poder Marcos Nobre | Edição 204, Setembro 2023 https://piaui.folha.uol.com.br/materia/pega-mata-e-come/ ____________________________________________________________________________________ ----------- “OCentrão não existe”, decretou o presidente Lula no final de julho. Não existe, mas são dois. Há algum tempo, o Centrão se bifurcou. Um dos ramos é aquele que, por princípio, continua a topar ser base de apoio de qualquer governo, seja qual for, incluindo um eventual novo governo liderado pela extrema direita. O outro ramo é um Centrão relutante, que continua com disposição de aderir, mas preferiria não ter de ser base de um governo liderado pela extrema direita. Foi esse Centrão relutante que, desde o início, entrou no governo Lula e, com isso, atrelou seu destino ao destino do atual governo. Pelo menos até 2026. É um exagero dizer que irá automaticamente para a oposição caso Lula (ou outro candidato de seu governo) perca a próxima eleição. Mas a adesão desse braço do Centrão a um governo liderado pela extrema direita deixou de ser favas contadas. É de um Centrão temeroso que se trata. Para preservar a possibilidade de servir também a um eventual governo liderado pela extrema direita, o Centrão sem medo pretende não aderir formalmente ao governo Lula. Vai receber os cargos e as verbas e entregar os votos em matérias consideradas cruciais, mas fazendo de tudo para não ser oficialmente identificado à atual coalizão de governo. Os assinantes da revista podem ler a íntegra do texto neste link. ____________________________________________________________________________________ ------------
------------ Dora Kramer - Processo (in)decisório Folha de S. Paulo Lula se enreda num processo de indecisão inaceitável para quem está no terceiro mandato Janeiro de 2023 ainda não havia acabado quando os ministros Daniela Carneiro e Juscelino Filho, do União Brasil, começaram a se enrolar em ocorrências desonrosas. Ela, numa esquisita relação eleitoral com milícias da Baixada Fluminense; ele, com o uso do dinheiro de emendas parlamentares para beneficiar fazenda da família no Maranhão. Daniela saiu da pasta do Turismo em julho. Juscelino seguia até ontem no comando das Comunicações, apesar de novos enroscos revelados nos últimos sete meses: recebimento de diárias e uso de avião da FAB em agenda pessoal, emprego de funcionário fantasma e autorização para "despacho" informal do sogro no gabinete ministerial. Lula achou tudo isso pouco e pediu que o auxiliar provasse inocência. O ministro devolveu diárias, mas não dirimiu dúvidas sobre outras acusações. Agora, a Polícia Federal revela que ele é investigado por desvios de recursos da Codevasf em prol da cidade de onde a irmã prefeita de Vitorino Freire (MA) foi afastada do cargo por ordem do Supremo Tribunal Federal. Adepto da lentidão de rítmica também na dita reforma ministerial, Lula não se abalou. Autorizou aliados a dizerem que a situação de Juscelino Filho pode atrasar o acerto com o centrão, cuja formalização entra em seu terceiro mês desde que foram confirmados dois deputados do PP e do Republicanos para ministérios ainda sem definição. Não se sabe quem sai, tampouco se mudará o perfil de algumas pastas ou se outras serão criadas, mas já conhecemos os futuros ministros de polivalência digna de figurar em "cases" de cursos de administração. O que temos é um presidente enredado num processo de indecisão só relativamente aceitável em novatos. Em alguém no curso do terceiro mandato, o obscuro vaivém revela descaso por assuntos internos ou pior: incapacidade de distinguir a tática de ganhar tempo da pura perda de tempo no exercício de governar. ___________________________________________________________________________________ --------- -------------- Lula pede voto secreto no STF contra "animosidade" e blinda Zanin | Reforma Ministerial | 123Milhas ----------- MyNews Transmissão ao vivo realizada há 5 horas #política #noticias #lula No Almoço do MyNews desta terça-feira, 05 de setembro de 2023, Alice Rabello e João Bosco Rabello falam da declaração do presidente Lula (PT) em defesa do ministro do STF, Cristiano Zanin, de que os ministros do Supremo deveriam ter direito ao voto secreto para que se evite a "animosidade" contra os magistrados. O programa recebe o cientista político da USP José Álvaro Moisés. No segundo bloco, o advogado Mario Gasparini fala como os consumidores podem acionar seus direitos no caso da 123Milhas. __________________________________________________________________________________ ----------- ------------- Bolsonaristas pedem o “Fica em casa” para 7 de Setembro; Centrão quer a Caixa Econômica Federal ------------ MyNews Transmissão ao vivo realizada há 21 horas #segundachamada #MyNews #segundachamada 2ª Chamada deste dia 4 de setembro fala sobre movimento de oposição radical à celebração do 7 de Setembro e discute os partidos de centro de olho na Caixa Econômica bem como a decisão de Zanin que derruba censura à Revista Piauí https://canalmynews.com.br/ ___________________________________________________________________________________ ------------ Zanin e Fernando Pessoa Retorno da civilidade ao poder nos permite respirar os ares democráticos e poéticos que fortalecem verdadeiramente a nossa vida, escreve Kakay... -----------
------------ Kakay 1.set.2023 (sexta-feira) - 5h50 “Alguns têm na vida um grande sonho e faltam a esse sonho. Outros não têm na vida nenhum sonho, e faltam a esse também.” –Pessoa, “Livro do Desassossego” O Brasil precisa voltar à normalidade democrática. Depois de 4 anos de fascismo, com uma sociedade impregnada pelo ódio e pela violência, os parâmetros sociais foram todos para o espaço. O risco de sermos tragados definitivamente a um obscurantismo fez de cada um de nós pessoas ensimesmadas, com o pensamento permanentemente voltado para as preocupações institucionais e, muitas vezes, sem conseguir nos permitir vagar pelo nosso necessário e imprescindível lado lúdico e poético. Sem poesia o homem só sobrevive, não vive. Semana passada, passei 3 dias mágicos em uma pequena cidade de Minas Gerais, Paracatu, em um fantástico festival literário. Mesmo estando debatendo entre nomes que nos emocionam, como Conceição Evaristo, Mia Couto, Jeferson Tenório, Itamar Vieira e Lívia Sant’Anna Vaz, quando eu andava nas ruas, as pessoas me paravam para conversar e tirar fotos, mas o que mais perguntavam era: “e o Zanin?!”. Ou seja, no imaginário popular, o cidadão está mesmo preocupado é com a institucionalidade e com a nossa frágil democracia. De certa maneira, é bom que seja assim, pois demonstra uma vigilância permanente contra os riscos do retrocesso que, infelizmente, ainda faz uma tenebrosa sombra sobre os ares democráticos. Por outro lado, é necessário que nós façamos uma reflexão sobre o Poder do Judiciário nos dias de hoje. Tenho dito e escrito que, com o fascismo coordenando os 4 anos de governo Bolsonaro, o Executivo era o antro da conspiração e o ambiente propício para a barbárie. Infelizmente, o Poder Legislativo faltou ao Brasil e, docemente, foi cooptado e conivente. Quem fez a necessária resistência democrática foi o Judiciário. Repito: esse Poder, historicamente patrimonialista e reacionário, forjado para manter o status quo, foi quem sustentou o Estado democrático de direito. É evidente que o golpe não se deu também porque o bando bolsonarista é tão despreparado que envergonhava a cúpula das Forças Armadas. A elite brasileira, mesmo constrangida com a chapada ignorância dos bolsonaristas, teria abraçado com prazer a hipótese da ruptura institucional. Essa elite podre é que deu inspiração a um antigo quadro da televisão: Topa Tudo Por Dinheiro! Como lembrava Leminski: “Isso de ser exatamente o que se é ainda vai nos levar além”. Entretanto, com a consolidação da democracia depois da vitória da civilização nas urnas, é necessário que voltemos para um equilíbrio entre os Poderes. A tão decantada harmonia entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário fará com que nossos olhos e nossos interesses possam voltar para outras áreas, sem essa espada permanentemente pairando sobre nós. Essa vigilância terá que ser contínua, já que o fascismo cravou os dentes em boa parte da sociedade e ficará lá aguardando para dar o bote. Nós conseguimos fazer com que o humanismo e a civilização derrotassem essa praga, pelo menos nesse momento histórico. Sob esse aspecto, foi bom o susto, pois acordou uma sociedade que estava demasiadamente adormecida. Contudo, já é hora de o Supremo voltar a ter seu relevante papel constitucional sem a necessidade do protagonismo político. Coisa simples: cada um no seu espaço. E agora, com esperanças renovadas pela chegada do ministro Zanin, reconhecidamente um grande defensor das liberdades no direito penal. Sonho com o momento em que, na feira literária de Itabira, em homenagem ao nosso Carlos Drummond, que será em outubro, eu seja abordado e tenha que responder: “e o Fernando Pessoa, ainda hoje estamos descobrindo poemas inéditos dele!”. Aí vamos poder respirar os ares democráticos e poéticos que fortalecem verdadeiramente a nossa vida. E voltaremos a ser felizes sem precisar entender e nem explicar. Lembrando-nos do poema de Pessoa: “Cada palavra dita é a voz de um morto. Aniquilou-se quem se não velou; Quem na voz, não em si, viveu absorto. Se ser Homem é pouco, e grande só Em dar voz ao valor das nossas penas E ao que de sonho e nosso fica em nós Do universo que por nós roçou; Se é maior ser um Deus, que diz apenas Com a vida o que o Homem com a voz: Maior ainda é ser como o Destino Que tem o silêncio por seu hino E cuja face nunca se mostrou.” o Poder360 autores Kakay Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, tem 65 anos. Nasceu em Patos de Minas (MG) e cursou direito na UnB, em Brasília. É advogado criminal e já defendeu 4 ex-presidentes da República, 80 governadores, dezenas de congressistas e ministros de Estado. Além de grandes empreiteiras e banqueiros. Escreve para o Poder360 às sextas-feiras. https://www.poder360.com.br/opiniao/zanin-e-fernando-pessoa/ ___________________________________________________________________________________ ------------ ------------ Advogado Kakay: "O inquérito das fake news salvou o Brasil do fascismo." -------- Marco Antonio Villa https://www.youtube.com/watch?v=2mqBjD_eWnE ___________________________________________________________________________________ -----------
----------- A atualidade do Manifesto comunista Publicado em 03/05/2013 // 7 comentários Por Ricardo Musse. No Manifesto do partido comunista, Marx e Engels apresentam, pela primeira vez, o mundo burguês como uma unidade contraditória entre fatores dinâmicos e invariância estática. O paradoxo de uma sociedade que não pode existir sem revolucionar continuamente os instrumentos de produção e, com eles, o conjunto das relações sociais é próprio do mundo moderno. Enquanto os antigos modos de produção assentavam-se, à maneira de uma tradição, na manutenção e conservação de relações fixas e cristalizadas, a sociedade burguesa se reproduz, mantendo-se idêntica, apenas ao preço de uma contínua transformação que, acarretando a obsolescência e uma incontrolável destruição de toda estrutura de produção existente em um determinado momento, subverte de forma incessante inclusive o cenário histórico e político. Por razões conjunturais, Marx e Engels privilegiaram, nesse entrelaçamento, o aspecto dinâmico, a constância da transitoriedade, materializado na frase-emblema: “Tudo que é sólido desmancha no ar”. Muito do interesse e parte da recepção do Manifesto explicam-se por essa ênfase. Em períodos de estabilização e consolidação do capital, seja entre 1850 e 1870 ou no quase meio século que se estende de 1950 a 1989, o marxismo volta-se para a compreensão da estática imanente à dinâmica social, concebendo a sociedade como uma segunda natureza e debruçando-se sobre o sempre-igual de fenômenos como o fetichismo da mercadoria. Hoje, no entanto, quando o engessamento do capitalismo (provocado por uma conjunção especial de fatores: conflito entre blocos e guerra fria, estabelecimento nos países centrais de um Estado do bem-estar social, predomínio incontestável da hegemonia norte-americana) parece ter chegado ao fim, muito do que se diz no Manifesto volta a ter uma inesperada atualidade. Isso não significa que a análise e a crítica do fetichismo da mercadoria e da “naturalização” da vida social deva ceder lugar a um retorno puro e simples às formas antiquadas de “luta de classe”. Muito pelo contrário, a ausência dessa crítica é que impede a superação de um padrão de contestação que se apresenta como movimentos internos do mundo moderno, isto é, como determinações inerentes à sociedade burguesa.[1] Mas, por outro lado, se é verdade – à luz da história dos últimos 150 anos – que as tentativas de emancipação do proletariado, seja na vertente dita “revolucionária”, seja nos quadros do “reformismo” ou ainda do anti-imperialismo terceiro-mundista, consagradas em conquistas efetivas do poder estatal, não foram além de variações do “socialismo de Estado” deixando intocada a premissa principal do capitalismo, a generalização da forma-mercadoria, nada assegura que a classe trabalhadora esteja condenada ontologicamente, de antemão, a repetir novamente essa trajetória. Se as formas históricas próprias desses ultrapassados movimentos de contestação ainda sobrevivem em meio à sua agonia e ao caos presente, salientado pela falta de perspectivas práticas, disso tampouco se pode inferir que o proletariado, em seu sentido amplo, tal como definido no Manifesto, seja uma carta fora do baralho na luta pela emancipação. * https://blogdaboitempo.com.br/2013/05/03/a-atualidade-do-manifesto-comunista/#prettyPhoto ___________________________________________________________________________________ ---------- ___________________________________________________________________________________ Este é um artigo escrito por Ricardo Musse, que discute a atualidade do Manifesto Comunista de Marx e Engels. O artigo aborda como o Manifesto do Partido Comunista apresentou o mundo burguês como uma unidade contraditória entre fatores dinâmicos e invariância estática. Ele destaca o paradoxo de uma sociedade que precisa constantemente revolucionar os meios de produção e as relações sociais para sobreviver, contrastando com os antigos modos de produção que eram baseados na manutenção de relações fixas e cristalizadas. O autor também menciona como o Manifesto enfatiza a constância da transitoriedade na sociedade burguesa e como a crítica ao fetichismo da mercadoria continua relevante. Ele argumenta que, apesar das mudanças históricas, a teoria das classes sociais apresentada no Manifesto ainda é pertinente, destacando a condição dos proletários como mercadorias sujeitas às vicissitudes do mercado. Além disso, o artigo discute a relação entre o desenvolvimento das forças produtivas, as crises e a revolução proletária, observando como esses fatores estão relacionados à atualidade do Manifesto Comunista. Finalmente, o autor argumenta que o Manifesto Comunista permanece aberto e que seu caráter não prescritivo oferece espaço para reflexão e ação à medida que as lutas proletárias se desenvolvem. Ele enfatiza que o Manifesto não fornece respostas prontas, mas sim diretrizes gerais para a transformação social. O artigo também menciona um curso sobre o Manifesto Comunista e apresenta informações sobre o autor, Ricardo Musse, que é professor na Universidade de São Paulo e colaborador da revista Margem Esquerda. ___________________________________________________________________________________ ---------- ------------ Luar do sertão - Gravação original de 1914 Canal do Amil Interpretação de Eduardo das Neves e o Coro que o acompanhou na antiga gravadora Odeon. A autoria única desta música, defendida com veemência, por Catulo da Paixão Cearense sempre foi contestada por João Teixeira Guimarães, o João Pernambuco, assim mais conhecido. João Pernambuco reclamava a coautoria, pois dizia que Catulo havia usado a melodia de Meu engenho é do Humaitá, que era sua, para compor Luar do Sertão. A questão nunca foi pacificada, mas hoje já se credita a coautoria dessa canção a João Pernambuco. https://www.youtube.com/watch?v=1FS-3ZxgyXw ___________________________________________________________________________________ ------------- ------------ Língua Caetano Veloso Spanish Letra Me gusta sentir mi lengua rozar la lengua de Luís de Camões Me gusta ser y ser Y quiero dedicarme a crear confusiones prosódicas Y una profusión de parodias Que acortan el dolor Y robar colores, como camaleones Me gusta Pessoa en persona Rosa en rosa Y sé que la poesía es para prosa Como el amor a la amistad ¿Y quién puede negar que éste es superior a él? ¿Y quién puede negar que éste es superior a él? Y deja que los portugueses mueran de hambre Mi tierra natal es mi idioma ¡Habla, Hose! ¡Él habla! [Estribillo x3] Flor do Lácio, sambódromo, Lusa-mérica, polvo latino Que quieres ¿Qué puede hacer este idioma? [Verso 2] Prestemos atención a la sintaxis de los paulistas Y el falso inglés relax-e de los surfistas ¡Seamos imperialistas! ¿Dónde? ¡Seamos imperialistas! Vamos al velo de la dicción choo-choo de Carmen Miranda Y que Chico Buarque de Hollanda nos rescate ¡Y jaque mate! Explícanos, Luanda Escuchemos atentamente los suyos y los de ellos en TV Globo Seamos el lobo del lobo del hombre Lobo Lobo Hombre Lobo Me encantan los nombres Nombres en "ã" De cosas como "rana" e "imán" Imán, imán, imán, imán, imán, imán, imán, imán Nombres de nombres Como la luna escarlata de Chevalier Glauco Mattoso y Arrigo Barnabé Y Maria da Fé Y Arrigo Barnabas [Estribillo x3] Flor do Lácio, sambódromo, Lusa-mérica, polvo latino Que quieres ¿Qué puede hacer este idioma? [Verso 3] ¡Increíble! Es mejor hacer una canción Se ha comprobado que solo es posible filosofar en alemán Si tienes una idea increíble, será mejor que hagas una canción Se ha comprobado que solo es posible filosofar en alemán "Blitz" significa "corisco" "Hollywood" significa "Azevedo" Y el Recôncavo, y el Recôncavo, y el Recôncavo, mi miedo El idioma es mi tierra natal Y no tengo patria, tengo patria Y quiero fraternidad El idioma es mi tierra natal Y no tengo patria, tengo patria Y quiero fraternidad El idioma es mi tierra natal Y no tengo patria, tengo patria Y quiero fraternidad Poesía concreta, prosa caótica Óptica del futuro Samba-rap, chic-left con banana - ¿Está en Sugarloaf Mountain? - Está crudo, hermano - Tú y tú - Te amo - ¿Qué te hago, lo niego? - ¡Barco ligero! - ¡¿Ma'de juguete, Ricardo ?! ¡Tu tío estará desesperado! - ¡Mira, Tavinho, pon este suéter adentro, para que parezcas más un espantapájaros! - Me gusta pasar un tiempo en Mozambique - ¡Arigatô, arigatô! Cantamos-hablamos como alguien que envidia a los negros Que sufren horrores en el gueto de Harlem Libros, discos, videos de mancheia Y que digan, piensen, hablen Portuguese Letra da música Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões Gosto de ser e de estar E quero me dedicar a criar confusões de prosódias E uma profusão de paródias Que encurtem dores E furtem cores, como camaleões Gosto do Pessoa na pessoa Da rosa no Rosa E sei que a poesia está para a prosa Assim como o amor está para a amizade E quem há de negar que esta lhe é superior? E quem há de negar que esta lhe é superior? E deixe os Portugais morrerem à míngua Minha pátria é minha língua Fala, Mangueira! Fala! [Refrão x3] Flor do Lácio, sambódromo, Lusa-mérica, latim em pó O que quer O que pode esta língua? [Verso 2] Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas E o falso inglês relax-e dos surfistas Sejamos imperialistas! Cadê? Sejamos imperialistas! Vamos na velô da dicção choo-choo de Carmen Miranda E que o Chico Buarque de Hollanda nos resgate E xeque-mate! Explique-nos, Luanda Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo Sejamos o lobo do lobo do homem Lobo do lobo do lobo do homem Adoro nomes Nomes em "ã" De coisas como "rã" e "ímã" Ímã, ímã, ímã, ímã, ímã, ímã, ímã, ímã Nomes de nomes Como Scarlet Moon de Chevalier Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé E Maria da Fé E Arrigo Barnabé [Refrão x3] Flor do Lácio, sambódromo, Lusa-mérica, latim em pó O que quer O que pode esta língua? [Verso 3] Incrível! É melhor fazer uma canção Está provado que só é possível filosofar em alemão Se você tem uma ideia incrível, é melhor fazer uma canção Está provado que só é possível filosofar em alemão "Blitz" quer dizer "corisco" "Hollywood" quer dizer "Azevedo" E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo, meu medo A língua é minha pátria E eu não tenho pátria, tenho mátria E quero frátria A língua é minha pátria E eu não tenho pátria, tenho mátria E quero frátria A língua é minha pátria E eu não tenho pátria, tenho mátria E quero frátria Poesia concreta, prosa caótica Ótica futura Samba-rap, chic-left com banana - Será que ele está no Pão de Açúcar? - Tá craude, brô - Você e tu - Lhe amo - Qué queu te faço, nego? - Bote ligeiro! - Ma'de brinquinho, Ricardo?! Teu tio vai ficar desesperado! - Ó, Tavinho, põe esta camisola pra dentro, assim mais pareces um espantalho! - I like to spend some time in Mozambique - Arigatô, arigatô! Nós canto-falamos como quem inveja negros Que sofrem horrores no gueto do Harlem Livros, discos, vídeos à mancheia E deixa que digam, que pensem, que falem Composição: Caetano Veloso. ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ "Lengua Caetano Veloso ___________________________________________________________________________________ "Mesmo o espanhol sendo a língua oficial, não é a única falada na Espanha. Existem outras línguas como, o catalán (catalão), o valenciano, o gallego (galego), o basco ou euskera e também inúmeros dialetos ou variações da língua oficial, entre eles o andaluz, o extremeño (extremenho), o murciano, o canario (canário)."

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