Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
domingo, 21 de maio de 2023
RASGA CORAÇÃO
Rasga coração - edição especial em dois volumes - Editora Temporal
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Som Sabadell flashmob - BANCO SABADELL
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Dorrit Harazim - Ode à alegria em tempos desumanizados
O Globo
Obra de Beethoven é a extraordinária história da arte do possível. Ela dá sentido ao caos e extrai beleza da dor universal
Início de primavera no Hemisfério Norte sempre dá aquela comichão gostosa — é largar os capotes pesados em casa e sair à rua leve, livre e renascida. Foi num desses sabadões primaveris de maio de 2012 que moradores de Sabadell, cidade catalã da província de Barcelona, conheceram uma alegria coletiva transbordante. Ao cair da tarde, um flash mob com mais de cem músicos da Sinfônica del Vallès e corais regionais brotou do nada na Plaça Sant Roc, em meio a flaneurs e à criançada, e começou a tocar a transcendental “Ode à alegria”, de Beethoven. O vídeo daquele momento mágico de comunicação humana, facilmente acessível no YouTube, pode servir de teste para o grau de humanidade-raiz que ainda nos habita. Quem permanecer insensível à cena, incapaz de se desligar do cotidiano que nos aplasta, é caso perdido. Melhor ir aninhar-se na inteligência artificial.
A “Ode à alegria” é a extraordinária história da arte do possível. Ela dá sentido ao caos e extrai beleza da dor universal. Já por isso é útil relembrá-la vez por outra em tempos turvos, mesquinhos, pequenos e desumanizados como os de hoje.
Beethoven, adolescente na Europa eletrizada pelo espírito revolucionário do final do século XVIII, fora profundamente marcado pelo poema “Ode à alegria”, do seu monumental conterrâneo alemão Friedrich Schiller. A mensagem de liberdade e justiça, felicidade e paz contida nos versos do poeta nunca mais se desgarraram da mente do músico. Nem quando a guilhotina substituiu as liberdades, e as guerras napoleônicas soterraram a paz, nem quando Schiller morreu achando que sua “Ode” era uma obra fracassada. Beethoven nunca fraquejou. Continuou a ver naqueles versos a necessidade do possível. Como se sabe, foi durante uma caminhada sem rumo de vários dias, aos 52 anos de idade e já praticamente surdo, que o idolatrado compositor de oito sinfonias, além de concertos e sonatas, encontrou a centelha para sua obra magna, a Nona Sinfonia. Ela culminaria com os versos silenciosos de Schiller cantados por um coral, num grand finale sem paralelo no universo musical. Até então, compositor algum havia sequer cogitado introduzir a voz humana numa sinfonia. Ninguém ousara tanto. Nem Bach, nem Mozart, nem Haydn.
Para a ensaísta cultural Maria Popova, Beethoven conseguiu resolver o imenso tormento de sua vida criativa integrando fúria e redenção, o silêncio da palavra escrita com o drama da música, e transformando a escuridão por ele vivenciada em algo incandescente, eterno. Na estreia em Viena, em 1824, houve um átimo de silêncio ao final do último acorde da aguardada Nona — quando algo é sublime demais, calamos. Passado o primeiro impacto, ouviu-se um júbilo incontido que dura até hoje, passados 200 anos. Popova lembra que Walt Whitman celebrou a obra como expressão mais profunda da natureza humana e que a escritora americana e ativista surda Helen Keller descobriu o que é música quando “ouviu” a “Ode” pressionando as mãos contra uma caixa de som. Manifestantes chilenas contra a ditadura de Augusto Pinochet também entoaram o “Himno a la Alegría” como forma de protesto, mostra o documentário “Seguindo as pegadas da Nona Sinfonia”, de Kerry Candaele. Até mesmo no histórico confronto de 1989 na Praça da Paz Celestial em Pequim, um dos estudantes aquartelados improvisou uma transmissão da Nona para abafar os comunicados oficiais que antecederam a chegada dos tanques às ruas. Quatro anos antes, a “Ode” de Beethoven fora adotada como hino da União Europeia.
Acolhida como chamamento para descartarmos falsos profetas que alimentam séculos de guerras e milênios de desigualdade, ela mantém a visão idealizada de Schiller de que a raça humana se reencontrará na fraternidade. Infelizmente, basta olhar à nossa volta para constatar que não é bem assim — as distâncias que separam a natureza do ser humano, e humanos entre si, continuam abissais. Não importa. A arte existe para nos transportar ao possível, seja cantarolando “Imagine”, de John Lennon, seja para escancarar alegria com o flash mob de Sabadell. Fica aqui o convite, já que hoje é domingo. Mesmo para quem já assistiu.
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Rasga coração por Oduvaldo Vianna Filho, Maria Sílvia Betti, Maria Silvia Betti - Ebook | Scribd
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"A situação de Vianna dentro desse momento histórico era delicada: apesar de ter chegado a divergir de posições oficialmente preconizadas pelo PCB no pré-64, sua empatia com a velha guarda pecebista jamais sofrera abalo, o que contribuiu para que ele não fosse poupado, no debate pós-golpe, pelos que criticavam o partido."
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Villa-Lobos: Chôros No. 10 ("Rasga o Coração") | Hungarian National Philharmonic
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Max Lima
14.486 visualizações 1 de abr. de 2017
Zoltán Kocsis, conductor
Hungarian National Philharmonic
Heitor Villa-Lobos
Chôros No. 10, W209 ("Rasga o Coração"):
0:21 – Animé
2:51 – Lent
6:18 – Très peu animé et bien rhytmé
Béla Bartok National Concert Hall.
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Rasga Coração' | Brasil Memória das Artes
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Somos
profissionais
não vamos agredir
agredir não é fácil, mas transfere responsabilidades
viemos aqui cumprir a nossa missão
a de artistas
não a de juízes de nosso tempo
a de investigadores
a de descobridores
ligar a natureza humana à natureza histórica
não estamos atrás de novidades
estamos atrás de descobertas
não somos profissionais do espanto
para achar a água é preciso descer terra adentro
encharcar-se no lodo
mas há os que preferem olhar os céus
esperar pelas chuvas
Oduvaldo Vianna Filho
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“não queremos, não aceitamos nada, absolutamente
nada do que aí está. Temos que reformar tudo, da
cabeça aos pés”
Oswaldo Aranha — antes da revolução de 30
“não se faz o que se deseja, mas o que é possível”
Getúlio Vargas — depois da revolução de 30
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“Se tu queres ver a imensidão do céu e mar
refletindo a prismatização da luz solar
Rasga o Coração, vem te debruçar
sobre a vastidão do meu penar”
Catullo da Paixão Cearense — Anacleto Medeiros
música “Rasga o Coração”
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Vicente Celestino - Rasga o Coração
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Andrea Lohanny
66.678 visualizações 22 de jul. de 2011
Este é Mais Um Clássico de Vicente Celestino. Rasga o Coração. Não Lembro a Data Em Que Foi Lançada Esta Música. Mas o Imporantante é Que Esta Música é Tão Bela, Quantas As Outras Musicas de Composição e Interpretação do Grande Cantor Vicente Celestino. Eis a Letra:
Vicente Celestino - Rasga o coração
Se tu queres ver a imensidão do céu e mar
Refletindo a prismatização da luz solar
Rasga o coração, vem te debruçar
Sobre a vastidão do meu penar
Rasga-o, que hás de ver
Lá dentro a dor a soluçar
Sob o peso de uma cruz
De lágrimas chorar
Anjos a cantar preces divinais
Deus a ritmar seus pobres ais
Sorve todo o olor que anda a recender
Pelas espinhosas florações do meu sofrer
Vê se podes ler nas suas pulsações
As brancas ilusões e o que ele diz no seu gemer
E que não pode a ti dizer nas palpitações
Ouve-o brandamente, docemente a palpitar
Casto e purpural num treno vesperal
Mais puro que uma cândida vestal
Hás de ouvir um hino
Só de flores a cantar
Sobre um mar de pétalas
De dores ondular
Doido a te chamar, anjo tutelar
Na ânsia de te ver ou de morrer
Anjo do perdão! Flor me vem abrir
Este coração na primavera desta dor
Ao reflorir mago sorrir nos rubros lábios teus
Verás minha paixão sorrindo a Deus
Palma lá do Empíreo
Que alentou Jesus na cruz
Lírio do martírio
Coração, hóstia de luz
Ai crepuscular, túmulo estelar
Rubra via-sacra do penar
Música
MÚSICA
Rasga o Coração
ARTISTA
Vicente Celestino
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#EspaçoAberto | Luiz Sérgio Henriques:
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'Novas lições chilenas – e uma recordação - A esquerda latino-americana ainda deve passar por uma virada reformista tão audaciosa quanto a de Allende e sua via pacífica' http://estadao.com.br/opiniao/luiz-sergio-henriques/novas-licoes-chilenas-e-uma-recordacao/
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Opinião Estadão
@opiniao_estadao
12:00 PM · 21 de mai de 2023
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domingo, 21 de maio de 2023
Luiz Sérgio Henriques* - Novas lições chilenas – e uma recordação
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O Estado de S. Paulo
A esquerda latino-americana ainda deve passar por uma virada reformista tão audaciosa quanto a de Allende e sua via pacífica
Que lições tirar dos acontecimentos no Chile, cujo eleitorado conferiu a condução do processo constituinte ao setor mais à direita do espectro político, setor para o qual, curiosamente, há poucos reparos a fazer à Constituição herdada de Pinochet? Intrinsecamente paradoxal, a decisão dos eleitores tem o poder de alertar para fatos novos e outros mais distantes, bem como para um personagem exemplar que as coisas chilenas sempre acabam por trazer à tona.
Fica arquivada, por ora, a ideia do presidente Gabriel Boric pela qual o Chile, berço do neoliberalismo latino-americano, também haveria de ser o seu túmulo. Não bastou para tanto o espírito de rebeldia, variado e confuso, que tomou forma com o estallido de 2019. A rebeldia de massas teve até uma sequência promissora ao se tornar o motor de uma primeira convenção constituinte e, também, da eleição do próprio Boric. Contudo, o projeto constitucional saído de tal convenção, com a pretensão de assaltar os céus e “refundar” o país, não passou pelo crivo dos cidadãos, com o rechazo de setembro do ano passado. E hoje parece fruto de imaginação enquadrar a vitória de Boric em 2021 como o acontecimento inicial, e irreversível, de uma segunda “onda vermelha” na América Latina.
Por mais exageradas que tenham sido as expectativas em torno do presidente – eleito sem maioria congressual, num contexto em que só caudilhos ousam denunciar, com propósitos subversivos, o Parlamento “resistente às reformas” –, o fato é que Boric trouxe novidades significativas. Mas, antes, nosso personagem exemplar.
Há pouco mais de cinco décadas uma figura da política chilena apontou, ou começou a apontar, um rumo diferente para a esquerda latino-americana. Salvador Allende ainda se movia segundo as coordenadas ditadas pela “transição ao socialismo”. Ao fim e ao cabo, pois, propunha uma ruptura, a passagem para um novo modelo de sociedade. Mas Allende, para toda uma geração frustrada com desvios e desmandos das sociedades pós-revolucionárias, tornou-se um emblema positivo por falar em via pacífica, em mudança social apoiada no voto livre, e não na força ilusória das armas. Uma perspectiva brutalmente interrompida há 50 anos, exatamente, por Augusto Pinochet, no ato de nascimento daquele neoliberalismo puro e duro que, mesmo nos ciclos produtivos dos governos de Concertación, ainda iria condicionar a reconstrução de um Estado social mais abrangente.
Difícil dizer até que ponto o espírito de Allende esteve presente no relativamente rápido amadurecimento de Boric – algo que não ocorreu na mesma medida entre seus apoiadores de uma esquerda ruidosa, fragmentada e “pós-moderna”. O presidente teve nos ombros a tarefa de superar fraturas geracionais, incorporar a experiência de socialistas e outros aliados moderados, bem como, afinal, tentar levar representantes de uma miríade de formações esquerdistas, treinadas em movimentos de protesto, a se comportarem como quadros de governo. É de supor que, realizada só parcialmente ou não realizada de todo, a tarefa agora se complique com a necessidade de achar pontos comuns com a direita tradicional e romper ou dificultar o bloco entre esta direita e a extrema-direita no conselho constituinte.
Além disso, pelo resto do mandato, o presidente Boric terá de pôr à prova a capacidade de redimensionar o próprio programa original, capitaneando uma retirada ordenada. Esta, a face interna do dilema. Há também uma face externa, agora menos evidente em razão da premência das questões imediatas de governo. Acostumamo-nos nos últimos tempos a ouvir de Boric um sinal dissonante na esquerda latino-americana em relação aos direitos humanos. Este sinal, de imenso simbolismo, singulariza o mandatário chileno entre seus pares, muitas vezes dispostos a empunhar a bandeira dos direitos em alguns casos e a abandoná-la em outros. Ou a manifestar mal dissimulada simpatia por governantes, como Putin, em guerra aberta contra as sociedades “ocidentais”.
Boric inseriu sua identidade socialista num quadro de respeito aos valores liberal-democráticos. Não contradiz essa posição o fato de também ter de enfrentar com firmeza a questão dos imigrados produzidos em série pelo despotismo político e pela ruína econômica do regime de Chávez/Maduro. Refugiados são percebidos – equivocadamente – como fator de insegurança pública e aumento de criminalidade. E a percepção de insegurança prepara o terreno para a afirmação do receituário repressivo da extrema-direita, em desafio aos direitos humanos mais básicos.
Em termos genéricos e sem descer às necessárias particularizações, é possível afirmar que a esquerda latino-americana ainda deve passar por uma virada reformista tão audaciosa quanto a de Allende e sua via pacífica. Viciados em homens fortes, que se postam como “comandantes eternos” ou, no mínimo, líderes que se veem como indispensáveis, chegamos a vislumbrar em Boric um ensaio de liderança regional capaz de se afirmar diversamente. Que a dura derrota não nos prive dessa esperança e de outras no mesmo sentido.
*Tradutor e ensaísta, é um dos organizadores das ‘obras’ de Gramsci no Brasil
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E-book
202 páginas
1 hora
Rasga coração
De
Oduvaldo Vianna Filho
,
Maria Sílvia Betti
e
Maria Silvia Betti
Sobre este e-book
Última peça escrita por Oduvaldo Vianna Filho, Rasga coração foi finalizada no ano da morte do autor, em 1974. Obra prima da dramaturgia brasileira, a peça foi censurada e impedida de ser encenada até 1979, quando pôde finalmente ir aos palcos sob direção de José Renato.
Manguari Pistolão, protagonista do drama, é funcionário público e militante do PCB. Casado com Nena, trabalha duro para garantir o futuro de seu filho, Luca, de quem diverge politicamente dadas as posições orientalistas típicas da contracultura da década de 1970, às quais o filho é adepto. O clímax da peça se dá quando Luca, proibido de frequentar a escola de cabelo longo, arma um plano de resistência junto com os colegas e com sua namorada Milena. Manguari, entusiasmado com a luta política do filho, auxilia-o com ideias. De início Luca concorda com o pai, mas, contestado pela namorada, que é a favor da ação direta, acaba por desistir do plano.
O conflito entre pai e filho evoca o passado de Manguari, que, quando jovem, também discordara do pai, Custódio Manhães, um brigadista sanitário alinhado com ideias integralistas. A peça apresenta, entre focos de luzes e músicas de época, dois eixos históricos distintos: passado e presente. Usando a técnica da colagem, Oduvaldo Vianna Filho, rememora mais de setenta anos de história brasileira, passando pela Revolta da Vacina, tenentismo, integralismo, era Vargas, regime militar e contracultura.
https://pt.scribd.com/book/478277884/Rasga-coracao
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