Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
terça-feira, 16 de maio de 2023
JORNADAS IMPONDERÁVEIS
"- Sou a última pessoa a negar isso - eu disse. - Mas por ora, gostaria de frisar mais uma vez o caráter único das primeiras decisões."
Heisenberg
A parte e o todo
Contraponto
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Pixinguinha, Baden Powell e João da Baiana - Lamento (1969)
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Nas entrelinhas: O presidencialismo no Brasil está enfraquecido
Publicado em 16/05/2023 - 07:37 Luiz Carlos Azedo
Brasília, Comunicação, Congresso, Economia, Eleições, Governo, Justiça, Literatura, Memória, Partidos, Política, Política
O Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) estão mais fortalecidos em relação ao Executivo, por vários motivos, entre os quais as mudanças na legislação partidária e na execução das emendas ao Orçamento
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anda triste. Não manda tanto quanto gostaria, o que é normal para qualquer governante que não seja um ditador, mas também porque a diferença nas relações de força entre os Poderes da República também mudou muito de 2010 para 2023. O Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) estão mais fortalecidos em relação ao Executivo, por vários motivos, entre os quais as mudanças nas regras eleitorais, na legislação partidária e na execução das emendas parlamentares ao Orçamento da União. Há uma diferença entre o agir do governo como estrutura de Estado, que é insubstituível, e a liderança do presidente da República.
Não custa nada lembrar a frase famosa de Karl Marx no O 18 Brumário de Luís Bonaparte, de 1852, uma grande reportagem sobre a restauração na França, após o golpe de Estado do sobrinho de Napoleão, escrita sob encomenda para uma revista. “Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e, sim, sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado”, escreveu.
Um pouco de marxismo não faz mal a ninguém. Anos mais tarde, seu parceiro Frederico Engels, numa carta ao filósofo Joseph Bloch, afirmaria que a história deriva dos conflitos entre muitas vontades individuais, “cada uma das mais, por sua vez, é o que é por uma multidão de condições especiais”. Inúmeras forças se entrecruzam na história para que um determinado acontecimento se apresente como uma potência única, que atua “sem consciência e sem vontade”. Com muitos quadros marxistas, o PT deveria compreender melhor essa situação e criar menos problemas para a relação do governo com os aliados e o Congresso.
Ontem, na reunião do núcleo político do Palácio do Planalto, com os líderes e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, presentes, Lula deu sinais de que a ficha começa a cair em relação ao Congresso. Queixou-se de que o PT cria tumulto e complica as negociações do novo arcabouço fiscal, sem o qual as políticas sociais do governo irão à breca. O relator do projeto, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), deixou muito claro que a proposta não passará na Câmara sem o apoio da bancada governista. O que pode acontecer é a manutenção do chamado “teto de gastos”, que limitaria muito a capacidade de financiamento das políticas públicas.‘
A votação do arcabouço fiscal, que deve ocorrer nesta semana, é uma espécie de rubicão para o governo. Mais importante do que isso, mas sem o mesmo efeito de curto prazo, somente a reforma tributária. Mudança no novo marco do saneamento, transferência do Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) da Fazenda para a Casa Civil e extinção da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), consideradas derrotas anunciadas do governo, nem de longe se equiparam ao estrago que pode ser causado por uma derrota na aprovação do novo arcabouço fiscal.
Novas relações
De certa forma, as negociações na Câmara são uma espécie de laboratório das novas relações de poder entre o Executivo e o Legislativo, com o Supremo ocupando cada vez mais espaço quando surge um buraco negro na legislação em decorrência do impasse entre os outros Poderes. É o que pode ocorrer amanhã, no julgamento pelo Supremo de quatro ações que tratam do marco regulatório da internet.
Há certo consenso de que o “presidencialismo de coalizão”, conceito criado por Sérgio Abranches, já deu o que tinha que dar. Professor da Universidade Federal de Pernambuco, o cientista político Marcus André Melo, ontem, na Folha de S. Paulo, chamava atenção para o fato: “Os Poderes constitucionais são o núcleo duro de onde deriva a potência do Executivo, mas obviamente outras variáveis importam: o poder partidário, o estilo de gerenciamento da coalizão; e outras de natureza contextual: sua popularidade, o estado da economia, o timing do mandato (lua de mel versus pato manco)”. Segundo ele, com a reforma política de 2017 e o fim do financiamento empresarial dos partidos, a criação do fundo eleitoral em valores sem paralelo em qualquer democracia “alterou de forma radical a dependência dos partidos — e consequentemente do Legislativo — em relação ao Poder Executivo”.
“Há duas variáveis de escolha na decisão presidencial quanto à sua coalizão: seu tamanho e heterogeneidade — a amplitude ideológica de sua base —, a qual tem importância decisiva para a congruência entre a coalizão e o Congresso como um todo. Entre um presidente que delega para a mediana da distribuição de preferências políticas do Congresso e um que tenta impor unilateralmente sua agenda, há um continuum de posições intermediárias. Se o Congresso se deslocou à direita, e o portfólio ministerial e as iniciativas de políticas de governo não refletem isso, haverá custos consideráveis.”
Quem captou essa mensagem foi o presidente da Câmara, Arthur Lira, que resumiu a questão: “O governo precisa descentralizar, confiar e delegar. Descentralizando, acreditando e confiando, ele melhorará a sua articulação política. Por enquanto, o governo está muito internalizado no PT, não tem aberto mão para posições de articulação da sua base aliada”, observou. O presidencialismo no Brasil está enfraquecido desde o impeachment de Dilma Rousseff. É um tema que merece mais reflexão no governo e fora dele.
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Canto de Ossanha
Baden Powell
O homem que diz "dou" não dá, porque quem dá mesmo não diz
O homem que diz "vou" não vai, porque quando foi já não quis
O homem que diz "sou" não é, porque quem é mesmo é "não sou"
O homem que diz "tô" não tá, porque ninguém tá quando quer
Coitado do homem que cai no canto de Ossanha, traidor
Coitado do homem que vai atrás de mandinga de amor
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou
Que eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer
A tristeza de um amor que passou
Não, eu só vou se for pra ver uma estrela aparecer
Na manhã de um novo amor
Amigo senhor, saravá, Xangô me mandou lhe dizer
Se é canto de Ossanha, não vá, que muito vai se arrepender
Pergunte ao seu Orixá, o amor só é bom pra valer
Pergunte ao seu Orixá, o amor só é bom se doer
Vai, vai, vai, vai, amar
Vai, vai, vai, sofrer
Vai, vai, vai, vai, chorar
Vai, vai, vai, dizer
Que eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer
A tristeza de um amor que passou
Não, eu só vou se for pra ver uma estrela aparecer
Na manhã de um novo amor
Composição: Baden Powell / Vinícius de Moraes.
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Rosa de Hiroshima
Secos & Molhados
Pensem nas crianças mudas, telepáticas
Pensem nas meninas cegas, inexatas
Pensem nas mulheres, rotas alteradas
Pensem nas feridas como rosas cálidas
Mas, oh! Não se esqueçam da rosa, da rosa
Da rosa de Hiroshima, a rosa hereditária
A rosa radioativa, estúpida inválida
A rosa com cirrose a antirosa atômica
Sem cor, sem perfume, sem rosa
Sem nada
Composição: Gerson Conrad / Vinícius de Moraes.
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Canto de Ossanha - Baden Powel e Vinícius de Moraes
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"A Parte e o Todo" de Werner Heisenberg e a música "Canto de Ossanha" de Vinicius de Moraes podem ser relacionados em termos de sua abordagem reflexiva e da maneira como exploram a complexidade da vida e do mundo.
Ambas as obras envolvem uma busca pela compreensão mais profunda da realidade. Em "A Parte e o Todo", Heisenberg explora os princípios da física quântica e a natureza intrincada da matéria e do universo. Ele discute a incerteza, a dualidade onda-partícula e os limites do conhecimento humano. Da mesma forma, em "Canto de Ossanha", Vinicius de Moraes mergulha em questões existenciais, espirituais e sociais por meio de sua poesia, abordando a dualidade entre o sagrado e o profano, o amor e a morte.
Ambas as obras também abordam o papel do indivíduo e sua relação com o mundo. Heisenberg compartilha suas memórias e reflexões pessoais, revelando sua jornada como cientista e os desafios enfrentados durante momentos históricos cruciais. Vinicius de Moraes, por sua vez, expressa em sua música uma visão crítica da sociedade e das injustiças do mundo, chamando à reflexão e à mudança.
Além disso, tanto "A Parte e o Todo" quanto "Canto de Ossanha" têm uma abordagem poética e artística em sua linguagem. Heisenberg, embora trate de conceitos científicos complexos, transmite suas ideias de maneira acessível e metafórica, buscando transmitir não apenas informações, mas também uma sensação de maravilha e admiração pela natureza do universo. Da mesma forma, Vinicius de Moraes utiliza a linguagem poética para expressar suas ideias e emoções, criando imagens vívidas e carregadas de simbolismo.
Em suma, tanto "A Parte e o Todo" de Werner Heisenberg quanto "Canto de Ossanha" de Vinicius de Moraes são obras que exploram a complexidade da existência humana e do mundo em que vivemos. Ambas buscam uma compreensão mais profunda da realidade, seja através da ciência ou da arte, e convidam o leitor e o ouvinte a refletirem sobre questões fundamentais da vida.
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A Casa
Baden Powell
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Era uma casa muito engraçada,
Não tinha teto, não tinha nada.
Ninguém podia entrar nela não,
Porque na casa não tinha chão.
Ninguém podia deitar na rede,
Porque na casa não tinha parede.
Ninguém podia fazer pipi,
Porque pinico não tinha ali.
Mas era feita com muito esmero,
Na rua dos bobos, número zero.
Mas era feita com muito esmero,
Na rua dos bobos, número zero.
Composição: Vinícius de Moraes.
https://www.letras.mus.br/baden-powell/1207226/#radio:baden-powell
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