segunda-feira, 15 de agosto de 2022

LEVEZA SER

SÓLIDO NO AR ***
****************************************************************************** *** Só Tinha De Ser Com Você (Ao Vivo) Emílio Santiago *** É, só eu sei Quanto amor eu guardei Sem saber que era só prá você É, só tinha de ser com você Havia de ser prá você Senão era mais uma dor Senão não seria o amor Aquele que a gente não vê O amor que chegou para dar O que ninguém deu pra você É, você que é feita de azul Me deixa morar nesse azul Me deixa encontrar minha paz Você que é bonita demais Se ao menos pudesse saber Que eu sempre fui só de você Você sempre foi só de mim Que eu sempre fui só de você Você sempre foi só de mim compositores: Tom Jobim,Aloysio De Oliveira ********************************************************************
*** Marcos Lisboa* - Tambores e fumaça Folha de S. Paulo O processo eleitoral promete muita ameaça e pouco debate A disputa eleitoral se anuncia como confronto embalado por intimidações e tambores. Existe o receio de que os disparates não fiquem restritos às palavras de ordem. Nos dias que se seguiram ao 7 de Setembro do ano passado, ocorreram ameaças de bloqueios de estrada e esboços de manifestações violentas. Houve quem temesse o descontrole. Naquele momento, o STF (Supremo Tribunal Federal) declarou, com sua autoridade constitucional, que não compactuaria com a ruptura. Foi eficaz. Desde então, o Judiciário tem sido conivente com a ruptura de práticas institucionais que garantem a concorrência eleitoral. Parlamentares aprovam gastos públicos insustentáveis para beneficiar suas paróquias nos meses que antecedem as eleições. Em países desenvolvidos, as Forças Armadas ficam à margem da deliberação dos processos eleitorais. Elas têm acesso a instrumentos de coerção e por isso devem se submeter aos poderes civis, que foram eleitos. Militares são pagos para proteger fronteiras, não para se ocupar de urnas eletrônicas. O mesmo vale para forças policiais. Elas são zeladoras do bem comum, não seus síndicos. Cabe-lhes obedecer às ordens, não ditá-las, muito menos delimitar a escolha de seus chefes, com propõe projeto de lei no Congresso. O STF de setembro de 2021 não se parece com o STF dos últimos meses. O orçamento secreto continua secreto. Os fundos eleitoral e partidário permanecem instrumentos de poucos mandantes. As denúncias de malfeitos com verbas públicas não têm maiores consequências. E, em meio a todas as dificuldades econômicas que vive a população, o STF se autoconcede um reajuste salarial de dois dígitos. O Legislativo de 2022, por sua vez, continua sua obra de usurpar funções do Executivo. Congressistas determinam a servidores que executem gastos para atender a interesses paroquiais, pois são "emendas impositivas" ou parte do acordo do que cabe às emendas do relator. A PEC Kamikaze atropelou o rito do Legislativo e princípios básicos do processo eleitoral. As campanhas pouco discutem como enfrentar esses temas. Governo e parlamentares são sócios das verbas que privilegiam os congressistas e aliados das cúpulas partidárias em detrimento dos demais. O governo descobriu o "teto retrátil". A oposição com mandato igualmente se beneficia das emendas e do fundo eleitoral. Existes diferenças relevantes. Os apoiadores do governo preocupam pela brutalidade e reiteradas ameaças às instituições. A principal oposição, por outro lado, aceita as regras elementares da democracia. Mas há também semelhanças perturbadoras. As seguidas intervenções nas agências reguladoras começaram há duas décadas. Houve a ameaça de expulsão de um jornalista estrangeiro e os pedidos de demissão de analistas do setor privado que criticavam o governo. Refugiados cubanos pediram exílio, mas foram deportados. Houve complacência com regimes autoritários, como o da Venezuela. O valor fundamental da democracia, que agora se utiliza para congregar a oposição, não era tão relevante naquele momento. A troca de favores com os grupos de interesse e o fortalecimento dos partidos do centrão passaram a liderar a política há mais de uma década. A Lava Jato atropelou o Estado de Direito. O mesmo fez, contudo, a corrupção disseminada que a antecedeu. FHC transmitiu uma faixa presidencial e um legado de instituições de Estado, com procedimentos para administrar conflitos, como a Lei de Responsabilidade Fiscal ou as agências reguladoras. Seus sucessores, contudo, legaram uma economia corroída pela distribuição de subsídios e de favores ao setor privado. Houve uma paulatina fragilização dos procedimentos de controles cruzados da política pública. No começo da década passada, o governo se utilizou de inúmeros artifícios para mascarar as suas contas e promover gastos insustentáveis. O presidente aparenta preferir não participar de debates. O mesmo ocorre com seu oponente. Ambos defendem medidas similares em diversos temas, como no controle de preços dos combustíveis. Os partidos governistas e da oposição são cúmplices na banalização das emendas à Constituição. Tudo indica que a economia continuará estagnada nos próximos anos. As distorções microeconômicas, decorrentes de intervenções públicas mal desenhadas, prejudicam o aumento da produtividade e da renda. O descontrole fiscal foi camuflado pela inflação elevada, talvez a forma mais perversa de ajustar as contas públicas. A evidência aponta que parte relevante da pobreza de muitos países decorre do desenho e da gestão das políticas sociais e da proteção de empresas ineficientes. Vale ler o livro "Making Social Spending Work", de Peter Lindert, e o artigo "The Facts of Economic Growth", de Chad Jones. No entanto, a campanha avança como se bastassem o voluntarismo e a intenção para superar nossos problemas. A política importa, mas a técnica também. O detalhamento da gestão pública, seja no desenho de programas de transferência de renda, seja na complexa relação com o setor privado, requer cuidado técnico, governança e análise da evidência. Intervenções tecnicamente mal concebidas têm efeitos colaterais inversos aos pretendidos. O Estado de Direito se fortalece com a garantia ao contraditório e o sistema de freios e contrapesos para a gestão pública. Não se tratam de temas abstratos. Eles se desdobram nas práticas do governo em países desenvolvidos, como a não retaliação da imprensa que o critica, por mais injusta que seja, e o não favorecimento daquela que o apoia. As democracias maduras construíram mecanismos que limitam a discricionaridade da gestão pública para favorecer grupos de interesse pelo receio de corrupção. Existe outro risco. Políticas baseadas em subsídios muitas vezes fracassam em seus objetivos. Entretanto, elas criam castas que se beneficiam desses privilégios e que se entrincheiram para evitar sua remoção (Mancur Olson, "The Logic of Collective Action"). Gestores, públicos e privados, costumam esconder seus fracassos ou malfeitos. Por vezes, adotam medidas oportunistas, com benefícios imediatos em troca de custos bem mais altos no futuro. Daí a importância de uma governança, incluindo agências reguladoras, com mandato e alçadas, que garanta a transparência dos procedimentos e a avaliação dos resultados. Nas últimas duas décadas, fomos na contramão dessa agenda e assistimos à fragilização das regras e das instituições de controle. O resultado foi a maior captura da política pública por grupos de interesse, tornando, por exemplo, ainda mais complexo o sistema tributário e a multiplicidade de benefícios concedidos. O discurso eleitoral se omite sobre nossos problemas, inclusive muitos que fragilizam as práticas e instituições da democracia. Haverá compromissos públicos para garantir que desta vez será diferente, ou teremos apenas mais do mesmo que nos trouxe até aqui? *Presidente do Insper, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (2003-2005) e doutor em economia. ***************************************
*** "Durante muitos anos, o realismo mágico reinou na literatura latino-americana. No Brasil oficial, vivemos a ressaca do realismo mágico: triste e vulgar." *** segunda-feira, 15 de agosto de 2022 Fernando Gabeira - Rio, a capital do reino secreto O Globo As rachadinhas não foram punidas. O processo perdeu-se nos meandros de uma Justiça cheia de juízes que sonham ser ministros O inverno no Rio é ameno e ensolarado. Do ponto de vista do clima, sentimo-nos no melhor lugar do mundo e quase esquecemos a tragédia que envolve nossa vida pública. O governo do estado tem mais de 20 mil funcionários secretos no ano eleitoral e gasta com eles em torno de R$ 270 milhões. É um dinheiro pago na boca do caixa. Só uma agência de banco em Campos dos Goytacazes registrava um saque a cada 49 segundos, sem dúvida um recorde. No Rio, alguns dos governadores foram presos, e possivelmente o estado deverá manter essa tradição num futuro próximo. Mas não é um lugar isolado no Brasil. Digamos que é apenas a capital do país que tem um orçamento secreto e, nos últimos meses, decreta sigilo de cem anos sobre algumas decisões e documentos oficiais. Outro dia, numa mesa entre amigos em Brasília, discutíamos o que fazer após as eleições. Mencionavam-se alguns destinos possíveis, caso o resultado fosse tenebroso, Uruguai, Portugal. De qualquer forma, seguirei aqui, esse é o meu plano. Já vivi muitos anos fora do Brasil e há algumas dezenas de lugares, dentro do país, onde viveria bem. Não se trata de desistir do Brasil, assunto que já foi tema de campanha presidencial. Na minha idade, desisti de desistir. O simples fato de sobreviver cada dia é um ato de resistência. E além do mais, ainda que fique indignado e reclame, o Brasil é inesgotável em suas loucuras. Às vezes, sinto-me culpado por continuar vivendo no Rio, como se nada acontecesse na esfera política. Tenho procurado votar bem, acompanho a trajetória dos candidatos que escolhi, participo de grupos de debate sobre a reconstrução a partir da sociedade. “E daí?”, me pergunto. Há uma barreira impenetrável quando se pensa em ajustar a máquina pública aos interesses do Estado. Outro dia vi o debate entre candidatos ao governo do Rio. Fiquei um pouco deprimido. O governador é um tipo de político que me parece de outra galáxia. Não há por onde discutir, por onde criticar, aliás ele nem se importaria com isso: —Vocês reclamam nas redes sociais, mas amanhã cedo retomo meu trabalho pelo povo do Rio de Janeiro. Naturalmente, retoma seu trabalho dirigindo mais de 20 mil funcionários secretos, provavelmente “aspones” (assessores de porra nenhuma) para obter um resultado que, de resto, cairá na rubrica do sigilo por cem anos. O Rio é capital das trevas bolsonaristas. Aqui, o filho do presidente foi acusado de rachadinhas, a Justiça conseguiu neutralizar a acusação; afinal, é um filho de presidente num país em que juízes sonham ser ministros. Das rachadinhas passamos à rachadona. Se fosse apenas um mundo paralelo com seus deputados, “aspones”, governador e presidente, não me importaria tanto. Acontece que esse mundo paralelo se alimenta de dinheiro público, essencial para manter escolas, hospitais, aparato de segurança. Provavelmente alguns de nós não dependem dessas escolas, nem dos hospitais, e possam até manter segurança própria. Mas aí é que está a perversidade do esquema: ele se alimenta de dinheiro essencial para manter serviços de educação e saúde para quem não pode comprá-los no mercado. As rachadinhas não foram punidas. O processo de Flávio Bolsonaro perdeu-se nos meandros de uma Justiça cheia de juízes que sonham ser ministros e querem agradar ao presidente. No final do conto da carochinha, o filho do presidente foi para Brasília, comprou a mansão de R$ 6 milhões e será feliz pelo resto da vida. Por isso, digo, é importante ficar e resistir para contar essas histórias. Perversos com os pobres são generosos com escritores em busca de histórias. Imaginem 20 mil funcionários secretos enfileirados diante do caixa do banco, sacando freneticamente a cada 49 segundos; imaginem a rotina de mais um governador na cadeia, embalando o presídio com cantos religiosos e um violão. Durante muitos anos, o realismo mágico reinou na literatura latino-americana. No Brasil oficial, vivemos a ressaca do realismo mágico: triste e vulgar. ****************************************************************************
*** A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER MILAN KUNDERA *** Primeira Parte O PESO E A LEVEZA O eterno retorno é uma ideia misteriosa de Nietzsche que, com ela, conseguiu dificultar a vida a não poucos filósofos: pensar que, um dia, tudo o que se viveu se há-de repetir outra vez e que essa repetição se há-de repetir ainda uma e outra vez, até ao infinito! Que significado terá este mito insensato? O mito do eterno retorno diz-nos, pela negativa, que esta vida, que há-de desaparecer de uma vez por todas para nunca mais voltar, é semelhante a uma sombra, é desprovida de peso, que, de hoje em diante e para todo o sempre, se encontra morta e que, por muito atroz, por muito bela, por muito esplêndida que seja, essa beleza, esse horror, esse esplendor não têm qualquer sentido. Não vale mais do que uma guerra qualquer do século XIV entre dois reinos africanos, embora nela tenham perecido trezentos mil negros entre suplícios indescritíveis. Mas algo se alterará nessa guerra do século XIV entre dois reinos africanos se, no eterno retorno, se vier a repetir um número incalculável de vezes? Sem dúvida que sim: passará a erguer-se como um bloco perdurável cuja estupidez não terá remissão. Se a Revolução Francesa se repetisse eternamente, a historiografia francesa orgulhar-se-ia com certeza menos do seu Robespierre. Mas, como se refere a algo que nunca mais voltará, esses anos sangrentos reduzem-se hoje apenas a palavras, teorias, discussões, mais leves do que penas, algo que já não aterroriza ninguém. Há uma enorme diferença entre um Robespierre que apareceu uma única vez na história e um Robespierre que eternamente voltasse para cortar a cabeça aos franceses. Digamos, portanto, que a ideia do eterno retorno designa uma perspectiva em que as coisas não nos aparecem como é costume, porque nos aparecem sem a circunstância atenuante da sua fugacidade. Essa circunstância atenuante impede-nos, com efeito, de pronunciar um veredicto. Poderá condenar-se o que é efémero? As nuvens alaranjadas do poente iluminam tudo com o encanto da nostalgia; mesmo a guilhotina. Não há muito, eu próprio me defrontei com o fato: parece incrível mas, ao folhear um livro sobre Hitler, comovi-me com algumas das suas fotografias; faziam-me lembrar a minha infância passada durante a guerra; diversas pessoas da minha família morreram nos campos de concentração dos nazistas, mas o que eram essas mortes comparadas com uma fotografia de Hitler que me fazia lembrar um tempo perdido da minha vida, um tempo que nunca mais há-de voltar? Esta minha reconciliação com Hitler deixa entrever a profunda perversão inerente ao mundo fundado essencialmente sobre a inexistência de retorno, porque nesse mundo tudo se encontra previamente perdoado e tudo é, portanto, cinicamente permitido. https://kbook.com.br/wp-content/files_mf/ainsustentavellevezadosermilankundera.pdf ***********************************************************************************
*** “tudo o que é sólido desmancha no ar”. *** Tudo o que é sólido desmancha no ar, tudo o que é sagrado é profanado, e os homens são finalmente forçados a enfrentar com sentidos mais sóbrios suas reais condições de vida e sua relação com outros homens” (MARX apud Berman, 1986, p. 87). *** PREFÁCIO Durante a maior parte da minha vida, desde que me ensinaram que eu vivia num “edifício moderno” e crescia no seio de uma “família moderna”, no Bronx de trinta anos atrás, tenho sido fascinado pelos sentidos possíveis da modernidade. Neste livro, tentei descortinar algumas das dimensões de sentido, tentei explorar e mapear as aventuras e horrores, as ambigüidades e ironias da vida moderna. O livro progride e se desenvolve através de vários caminhos de leitura: leitura de textos — o Fasuto de Goethe, o Manifesto do Partido Comunista, as Notas do Subterrâneo, e muitos mais; mas tentei também ler ambientes espaciais e sociais — pequenas cidades, grandes empreendimentos da construção civil, represas e usinas de força, o Palácio de Cristal de Joseph Paxton, os bulevares parisienses de Haussmann, os projetos de Petersburgo, as rodovias de Robert Moses através de Nova Iorque; e por fim tentei ler a vida das pessoas, a vida real e ficcional, desde o tempo de Goethe, depois de Marx e Baudelaire, até o nosso tempo. Tentei mostrar como essas pessoas partilham e como esses livros e ambientes expressam algumas preocupações especificamente modernas. São todos movidos, ao mesmo tempo, pelo desejo de mudança — de autotransformação e de transformação do mundo em redor — e pelo terror da desorientação e da desintegração, o terror da vida que se desfaz em pedaços. Todos conhecem a vertigem e o terror de um mundo no qual “tudo o que é sólido desmancha no ar”. Ser moderno é viver uma vida de paradoxo e contradição. É sentir-se fortalecido pelas imensas organizações burocráticas que detêm o poder de controlar e freqüentemente destruir comunidades, valores, vidas; e ainda sentir-se compelido a enfrentar essas forças, a lutar para mudar o seu mundo transformando-o em nosso mundo. É ser ao mesmo tempo revolucionário e conservador: aberto a novas possibilidades 13 de experiência e aventura, aterrorizado pelo abismo niilista ao qual tantas das aventuras modernas conduzem, na expectativa de criar e conservar algo real, ainda quando tudo em volta se desfaz. Dir-se-ia que para ser inteiramente moderno é preciso ser antimoderno: desde os tempos de Marx e Dostoievski até o nosso próprio tempo, tem sido impossível agarrar e envolver as potencialidades do mundo moderno sem abominação e luta contra algumas das suas realidades mais palpáveis. Não surpreende, pois, como afirmou Kierkegaard, esse grande modernista e antimodernista, que a mais profunda seriedade moderna deva expressar-se através da ironia. A ironia moderna se insinua em muitas das grandes obras de arte e pensamento do século passado; ao mesmo tempo ela se dissemina por milhões de pessoas comuns, em suas existências cotidianas. Este livro pretende juntar essas obras e essas vidas, restaurar o vigor espiritual da cultura modernista para o homem e a mulher do dia-a-dia; pretende mostrar como, para todos nós, modernismo é realismo. Isso não resolverá as contradições que impregnam a vida moderna, mas auxiliará a compreendê-las, para que possamos ser claros e honestos ao avaliar e enfrentar as forças que nos fazem ser o que somos. Logo depois de terminado este livro, meu filho bem-amado, Marc, de cinco anos, foi tirado de mim. A ele eu dedico Tudo o que é sólido desmancha no ar. Sua vida e sua morte trazem muitas das idéias e temas do livro para bem perto: no mundo moderno, aqueles que são mais felizes na tranqüilidade doméstica, como ele era, talvez sejam os mais vulneráveis aos demônios que assediam esse mundo; a rotina diária dos parques e bicicletas, das compras, do comer e limpar-se, dos abraços e beijos costumeiros, talvez não seja apenas infinitamente bela e festiva, mas também infinitamente frágil e precária; manter essa vida exige talvez esforços desesperados e heróicos, e às vezes perdemos. Ivan Karamazov diz que, acima de tudo o mais, a morte de uma criança lhe dá ganas de devolver ao universo o seu bilhete de entrada. Mas ele não o faz. Ele continua a lutar e a amar; ele continua a continuar. Cidade de Nova Iorque Janeiro de 1981 https://comunicacaoeesporte.files.wordpress.com/2010/10/tudo-o-que-c3a9-sc3b3lido-se-desmancha-no-ar.pdf ****************************
*** História do mundo Primavera de Praga - História do Mundo https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/primavera-praga.htm *******************************************************************************
*** segunda-feira, 15 de agosto de 2022 Memória | Primavera de Praga - Manifesto de Intelectuais Brasileiros* Os abaixo-assinados democratas que acreditam no socialismo como forma digna de viver em sociedade, querem manifestar de público sua mais viva repulsa contra à invasão da Tchecoslováquia por cinco potências do pacto de Varsóvia. Convencidos que estão do acerto e da oportunidade das transformações estruturais e administrativas que se processavam na vida desse país, em busca de uma aplicação correta dos princípios fundamentais do socialismo, causa-lhes indignação e sofrimento que aquelas Repúblicas lideradas pela URSS – a primeira nação socialista do mundo – estejam desrespeitando o princípio da autodeterminação dos povos, que alegam defender. Socialismo é liberdade. O socialismo, que por sua essência não admite a exploração do homem pelo homem, por isso mesmo não pode admitir quaisquer razões políticas e econômicas que justifiquem a dominação de um povo. Viva a liberdade! Viva o socialismo! Viva o povo tchecoslovaco! Rio de Janeiro, GB, 22 de agosto de 1968 Affonso Romano de Sant’Anna – Alex Vianny – Almir de Castro – Álvaro Lins – Anísio Teixeira, Antônio Aragão, Antônio Houaiss, Bolivar Lamounier, Assis Brasil, Carlos Heitor Cony, Célia Neves, César Guimarães, Cid Silveira, Claudio Santoro, Dias Gomes, Djanira, Doutel de Andrade, Edson Carneiro, Edmar Morel, Edmundo Muniz, Eduardo Portela, Eli Diniz, Ênio Silveira, Fausto Ricca, Felix de Athayde, Fernando Segismundo, Ferreira Gullar, Flávio Rangel, Flora Abreu Henrique, Geir Campos, Helena Ignez, Hélio Silva, Irineu Garcia, James Amado, João das Neves, Joel Silveira, José Paulo Moreira da Fonseca, Josefa Magalhães Dauster, Júlio Bressane, Leon Hirchmann, Lúcio Urubatan de Abreu, Luis Fernando Cardoso, Marcelo Cerqueira, Margarida Boneli, Maria Yedda Linhares, Mário da Silva Brito, Miguel Borges, Miguel Faria, Moacyr Felix, Otavio Ianni, Oto Maria Carpeaux, Paulo Alberto, Paulo Francis, Pedrívio Guimarães Ferreia, Poty, Roberto Pontual, Rodolfo Konder, Roland Corbisier, Sebastião Neri, Sinval Palmeira, Susana de Moraes, Tati Moraes, Vamireh Chacon. *Revista Civilização Brasileira – Caderno Especial 3, p. 387. Em 1968: Soviéticos invadem Tchecoslováquia e reprimem Primavera de Praga Soldados e tanques do Pacto de Varsóvia chegam à capital do país na madrugada do dia 21 Naief Haddad / Folha de S. Paulo (21/8/2018) AGOSTO DE 1968 A celebrada Primavera de Praga se aproxima do fim. Às 23h de 20 de agosto, cerca de 165 mil soldados da União Soviética e de nações aliadas deram início à invasão da Tchecoslováquia |1|, país localizado na Europa Central. A operação é conduzida pelo Pacto de Varsóvia, liderado pelo Partido Comunista da União Soviética. Integram o grupo países como Alemanha Oriental, Polônia, Hungria, Bulgária e Romênia. Nos últimos meses, a cúpula soviética, sob a liderança de Leonid Brejnev, vinha demonstrando irritação com as reformas promovidas por Alexander Dubcek, primeiro-secretário do Partido Comunista da Tchecoslováquia. Sob o mote "socialismo com uma face humana", assim batizado por Dubcek, seu governo ampliou os direitos civis e a liberdade de imprensa, restringiu a ação da polícia secreta, começou a limitar o poder dos burocratas, entre outras medidas. Esse período de liberalização passou a ser chamado de Primavera de Praga. Embora enfatizasse a lealdade a Moscou, Dubcek rejeitou as pressões soviéticas para recuar no movimento de democratização da Tchecoslováquia. A resposta das tropas do Pacto de Varsóvia veio em uma ação colossal. Cerca de 4.600 tanques entraram no país por meio das fronteiras com a Alemanha Oriental (ao noroeste), Polônia (ao norte), União Soviética (ao leste) e Hungria (ao sudeste). Neste dia 21, por volta de 4h da madrugada, as tropas chegaram à capital, Praga. Além de Dubcek |2|, foram presos o presidente do Conselho de Ministros, Oldrich Cernic, e o presidente da Assembleia Nacional, Joseph Smrskovsky. Poupado pelos soldados soviéticos, o presidente da Tchecoslováquia, Ludvík Svoboda, fez um pronunciamento em defesa das mudanças recentemente promovidas pelo governo e recomendou ao povo que resistisse sem violência. Não foi apenas o pacifismo que guiou Svoboda. O presidente do país sabe que as Forças Armadas da Tchecoslováquia não têm uma linha de comando independente e, portanto, não saberiam agir sem a liderança soviética. Muito popular no país, a rádio Praga também pediu serenidade aos habitantes. Parte dos tchecoslovacos, de fato, reagiram sem atos violentos, colocando-se à frente dos tanques ou discutindo com os jovens soldados. Outros, no entanto, jogaram coquetéis Molotov e pedras nos militares invasores. Já entre as tropas do Pacto de Varsóvia, a truculência tem prevalecido. Há registros de tiros disparados pelos soldados em direção à multidão e tanques que abriram fogo para atingir manifestantes que rasgavam folhetos distribuídos pelos russos. Ao final deste primeiro dia de invasão, contam-se pelo menos 23 tchecoslovacos mortos |3|. Caso tenha mesmo chegado ao seu fim, o que neste momento parece muito provável, a Primavera de Praga terá durado apenas oito meses. Nascido no vilarejo de Uhrovec, na região da Eslováquia, Dubcek atuou na resistência às forças nazistas durante a Segunda Guerra, período em que passou a integrar o Partido Comunista do país. Teve uma carreira política de destaque e assumiu, aos 47 anos, o cargo máximo da Tchecoslováquia em 5 de janeiro de 1968. Àquela altura, o país vivia uma fase de estagnação econômica e censura severa aos meios de comunicação. Poucos foram os sinais de reforma nas primeiras semanas de gestão. Em abril, no entanto, Dubcek respondeu às expectativas da população. Lançou o Programa de Ação do Partido Comunista Tchecoslovaco, que preconizava "um novo modelo de democracia socialista". Jornais, rádios e TVs ganharam uma autonomia incomum, inclusive para criticar o governo Dubcek, a polícia secreta perdeu poder para investigar crenças políticas e religiosas, o mercado iniciou uma abertura para produtos trazidos do Ocidente, entre outras iniciativas de liberalização. O 1º de Maio, Dia do Trabalho, mostrou ao mundo uma nova Tchecoslováquia. Enquanto as demais capitais de países comunistas promoviam solenes paradas militares, Praga viu os jovens tomarem as ruas com música e cartazes. Havia dizeres como "Menos Monumentos e Mais Pensamentos", "Democracia, Custe o que Custar" e "Deixem Israel Viver". Para a satisfação dos taxistas e dos donos de hotéis da capital do país, a vida cultural se renovou rapidamente. Em texto recente sobre a cidade, o jornal The New York Times escreveu: "Para as pessoas com menos de 30 anos, Praga parece o lugar certo para se estar neste verão". Casas de espetáculo e bares promoviam shows de rock e jazz, e os 22 teatros da cidade passaram a oferecer programação intensa. Entre as peças em cartaz, estava "Quem Tem Medo de Franz Kafka?"|4|, proibida durante a gestão do linha-dura Antonín Novotný, antecessor de Dubcek como primeiro-secretário do PC. Outra montagem bem-sucedida foi "Last Stop". Os autores Jiri Sextr e Jiri Suchy imaginaram uma Tchecoslováquia sob o efeito do cancelamento das reformas, ou seja, de volta à era de rigidez comunista. Neste 21 de agosto, com Praga completamente tomada pelos militares do Pacto de Varsóvia, "Last Stop" ganha ares de profecia |5|. FOLHA PUBLICA SÉRIE SOBRE 1968 Reportagens relatam, como se tivessem ocorrido nos dias de hoje, fatos que marcaram ano de mudanças |1| Após um longo processo histórico, a República Tcheca e a Eslováquia se dividiram em 1º de janeiro de 1993 |2| Depois de deixar a prisão, Alexander Dubcek retomou o posto de primeiro-secretário do PC da Tchecoslováquia, mas muito enfraquecido politicamente. Foi retirado do cargo em abril de 1969. Três décadas depois, com o fim do comando comunista, elegeu-se líder da Assembleia Federal. Morreu em 7 de novembro de 1992 em um acidente de carro |3| Até 2 de setembro de 1968, 72 tchecoslovacos tinham sido mortos pelas tropas do Pacto de Varsóvia, segundo o livro "1968 - O Ano que Abalou o Mundo", de Mark Kurlansky |4| Proibidos sob o comando comunista, os livros do tcheco Franz Kafka foram liberados durante a Primavera de Praga |5| Acuado pelo bloco soviético, Dubcek assinou novas medidas, que reduziam de forma expressiva as iniciativas postas em prática nos meses anteriores. O processo de democratização refluiu substancialmente, e milhares de pessoas deixaram a Tchecoslováquia. Definitivamente, era o fim da Primavera de Praga https://gilvanmelo.blogspot.com/2022/08/memoria-primavera-de-praga-manifesto-de.html *****************
*** Tweet Ver novos Tweets Conversa Desmentindo Bolsonaro @desmentindobozo BOLSOPAN EM AÇÃO Assistam esse vídeo mostrando uma análise visual da radicalização da Jovem Pan. Via @revistapiaui e @NoveloData 412,7 mil visualizações 0:19 / 3:45 A radicalização da Jovem Pan: uma análise visual Uma investigação em dados mostra como o programa Pingos nos Is dá eco a ideias extremistas De Jeff Nascimento https://twitter.com/i/status/1559113323118985219 6:42 AM · 15 de ago de 2022·Twitter for Android 475 Retweets 65 Tweets com comentário 2.094 Curtidas https://twitter.com/desmentindobozo/status/1559113323118985219?s=24&t=EeT2UvDa1piDo9uBL_rsLQ https://piaui.folha.uol.com.br/radicalizacao-da-jovem-pan-uma-analise-visual/ ****************************************************************************** O Que Tinha De Ser Cauby Peixoto *** *** Porque foste na vida A última esperança Encontrar-te me fez criança Porque já eras minha Sem eu saber sequer Porque sou o teu homem E tu, minha mulher Porque tu me chegaste Sem me dizer que vinha E tuas mãos foram minhas com calma Porque foste em minh'alma Como um amanhecer Porque foste o que tinha de ser Porque tu me chegaste Sem me dizer que vinhas E tuas mãos foram minhas com calma Porque foste em minh'alma Como um amanhecer Porque foste o que tinha de ser compositores: Antonio Carlos Brasileiro De A Jobim / Marcus Vinicius Da Cruz De M. Moraes *****************************

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