Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
domingo, 20 de dezembro de 2020
To Be Or Not To Be
To be or not to be "AL FIN Y AL CABO, SOMOS LO QUE HACEMOS PARA CAMBIAR LO QUE SOMOS".
Texto-Fonte:
http://www2.uol.com.br/machadodeassis
Publicado originalmente em Jornal das Famílias, fevereiro, 1876.
I
André Soares contava vinte e sete anos, não era magro nem gordo, alto nem baixo; na alma, como no corpo, conservava uma escassa e honrada mediania. Era um desses homens que não aumentam a humanidade quando nascem nem a diminuem quando morrem.
Poupando ao leitor a narração dos acontecimentos principais da vida de André Soares, limito-me a dizer que no dia 18 de março de 1871 — justamente no dia em que rebentava em Paris a revolução da Comuna — achava-se o nosso herói no Rio de Janeiro na situação que passo a descrever.
Gozava de um emprego que lhe dava cento e vinte mil-réis por mês e estava nele havia já cinco anos, tendo o natural desejo de subir a outro que lhe desse pelo menos duzentos mil-réis e estava nele havia já cinco anos, tendo o natural desejo de subir a outro que lhe desse pelo menos duzentos mil-réis. Não recusaria se lhe oferecessem trezentos; com quatrocentos, é de crer que não se zangasse, e atrevo-me a dizer que chamaria todas as bênçãos do céu sobre quem lhe desse quinhentos.
A verdade, porém, é que apenas tinha cento e vinte, e que apesar de não ter família e morar numa hospedaria barata, clamava André Soares contra o destino ou pedia a todos os santos do céu que lhe aumentassem o ordenado.
Dois meses antes do dia em que esta narração começa, metera André Soares alguns empenhos para obter um lugar que lhe dava justamente duzentos mil-réis, e de onde poderia subir mais facilmente a maiores alturas.
André Soares tinha o sestro de acreditar que os seus sonhos eram realidades, bem como o de ver catástrofes onde muita vez há apenas ligeiros infortúnios e às vezes nem isso.
Apenas metera empenho para o emprego entrou a fazer mil castelos no ar e a fantasiar coisas espantosas. Não lhe chegava decerto o dinheiro, os míseros duzentos mil-réis, numa cidade em que tudo (diz o príncipe Aléxis numa carta que acabo de ler) é mais caro do que nos Estados Unidos e na Havana. Mas, a um sonhador como André Soares, nada é obstáculo. Ele sonhava com passeios de carro, teatros, bons charutos, luvas de pelica, além das despesas usuais, e para tanto não é de crer que dessem os duzentos mil-réis. Sonhava, e bastava o sonho para o fazer feliz.
Já daqui pode o leitor avaliar o pasmo e a dor de André Soares quando recebeu uma carta do personagem que lhe servira de empenho, carta de que basta citar este último trecho:
“... Assim, pois, meu caro Sr. André Soares, sinto não ter podido servi-lo como desejava e devia. Tenha paciência, e mais tarde...”
Nem André Soares nem nenhuma outra pessoa leu nunca o resto da carta, porque ao chegar à última palavra acima transcrita, o pretendente rasgou a epístola em mil pedaços, bateu com as mãos fechadas na testa, rasgou a camisa e atirou-se desesperado a uma cadeira.
Não se sabe com certeza que tempo gastou André Soares na posição em que o deixei no período anterior; o que se sabe é que, depois de estar calado e pasmado, monologou do seguinte modo:
— Haverá no mundo maior desgraça do que a minha? Há empregos graúdos para tanta gente, só não há para um mísero que tem lutado com a sorte durante longos anos? Posso eu viver mais sobre a terra? Há esperanças de me levantar desta abjeção?
— Não, não há, continuou ele. Estou decidido; acabemos de uma vez com esta vida de tribulações; não quero arrastar tamanha miséria até aos 80 anos.
E dizendo isto, o nosso André Soares vestiu camisa nova, meteu-se num paletó, pôs o chapéu na cabeça e meditou no gênero de morte que devia escolher.
Escolheu afogar-se.
Tinha um cartão de barca na algibeira; dirigiu-se para a ponte das barcas de Niterói. Mais de um olhou para ele; ninguém podia ter idéia de que ali estava um homem em véspera de morrer.
Aproximou-se a barca, entraram os passageiros, e com eles André Soares, que foi sentar-se primeiro num dos bancos interiores, à espera que a barca chegasse ao meio da baía; então procuraria a popa ou a proa e atirar-se-ia ao mar.
A barca seguiu caminho; os passageiros conhecidos conversavam, os desconhecidos aborreciam-se, e neste número incluo André Soares (compreende-se) e uma moça que lhe ficava a dois palmos de distância no mesmo banco.
Não se podia ver se era bonita, porque trazia um espesso véu sobre o rosto; mas o que se podia sentir era um olhar literalmente de fogo. Mais de um passageiro voltava de quando em quando o rosto para a moça de véu, que aliás olhava para o chão, para o mar, para o teto e nunca para ninguém.
Trajava essa desconhecida um vestido de seda escura que lhe ficava muito elegante no corpo. Tinha luvas de pelica de cor igual à do vestido, e da mesma cor calçava uma botina, aliás duas, que lhe ficavam a matar.
Esta última descoberta não a fez nenhum passageiro, mas André Soares que, estando com os olhos pregados no chão a rememorar os seus infortúnios, deu com os olhos num dos pés da velada desconhecida.
Estremeceu.
André Soares resistia a tudo neste mundo, a uns olhos brilhantes, a um rosto adorável, a uma cintura de anel; não resistia a um pé elegante. Dizem até as crônicas que entre alguns versos que outrora compusera como quase todos os rapazes, o que não quer dizer que fosse poeta, figurava esta quadrinha conceituosa e denunciadora dos seus instintos filópedes (relevem-me o neologismo):
Se queres dar-me esperança,
Se queres que eu tenha fé,
Mostra-me, por caridade,
O teu pequenino pé.
Com a desconhecida da barca niteroiense não era preciso recitar esta quadra suplicante; ela estendia o pé com ares de quem queria que André Soares lho visse, e falo assim porque no fim de dez minutos deixou a moça de olhar para o teto, para o mar, para o chão, e entrou a olhar unicamente para ele.
André Soares estava na ante-sala da morte; nem por isso deixou de sustentar o olhar da moça, dividindo a sua atenção entre o seu rosto e o seu pé. Refletia ele que ir para a sepultura com uma doce recordação da vida não era absolutamente prejudicial à alma. Aqueles minutos em que ainda respirava, aproveitava-os ele na contemplação da moça, e tanto os aproveitou que quando deu acordo de si chegara a barca a S. Domingos.
André Soares fez um gesto de despeito; mas não teve tempo de resolver alguma coisa, porque a moça levantou-se para sair lançando-lhe um último olhar, e ele maquinalmente deixou-se ir atrás dela e saiu da barca.
Estava adiado o suicídio, pelo menos por algumas horas, porque o nosso André Soares quando reparou que ainda se não tinha matado, murmurou estas palavras consigo:
— Na volta.
E foi seguindo atrás da bela desconhecida. Bela é talvez pouco; André Soares achou-a fascinadora, quando na ponte uma rajada de vento levantou um pouco o véu da moça.
Ao mesmo tempo, tendo deixado ir a moça adiante, André Soares pôde apreciar os pezinhos e a graça com que ela os movia — nem tão apressada como as francesas, nem tão lenta como as nossas patrícias, mas um meio-termo que permitia ser acompanhada sem desconfiança dos estranhos.
No fim de duzentos passos, André Soares estava namorado quase de todo, sobretudo porque a desconhecida duas ou três vezes voltara o rosto e passara ao infeliz um novo cabo de reboque. Cabo de reboque é uma metáfora que o leitor compreenderá bem e a leitora ainda melhor. Em duas palavras, quando a desconhecida entrou em uma casa, André Soares estava definitivamente resolvido a tentar a aventura, e a adiar, para tempos melhores, o suicídio.
https://www.machadodeassis.ufsc.br/obras/contos/avulsos/CONTO,%20To%20be%20or%20not%20to%20be,%201876.htm To Be Or Not To Be
bami jinamyeon
achimi oneun geotcheoreom
dangyeonhaetdeon uri sai
ppeonhadippeonhan ibyeorui gyeolmal
sarado naneun saneun ge aniya
sum swil suga eopseo
geuripgo cham goeropda
neoui modeun maldeuri jakku maemdora
neol ileun nan sumi gappawa (miryeonman nama)
michin deusi deouk saranghalgeol
ibyeoreun nuguna gatjana
byeorang kkeute ne son japgo itji nan
wae jinsireul oemyeonhaesseotdeon geolkka
maen cheoeum neol mannagi jeoneuro doraga
charari neol moreuneun saramieosseumyeon hae
neoneun nae insaengeseo
(Dead) gajang huhoedoejiman
gajang haengbokaetdeon sungan
Dead or alive
neoreul kkeuneo beorigesseo
maeumsoge neoreul jugyeoyaman dasi sara
To be or not to be
To be or not to be
To be or not to be
To be or not to be, to be
To be or not to be
To be or not to be
To be or not to be
salgeona jukgeona geuge munjeramyeonseo
nae meori wie chonggureul gyeonwo
jitbalgo tteonagan i ppeonhan deuramae
sarangui pihaejaneun gyeolguk dul daya
gyeolguk kkeuten pinunmul heullimyeo dead
jeo miteuro garaanja
sigeobeorin nae momeun dasi kkumkkuji mothae nan die
geuripgo cham goeropda
neoui modeun maldeuri jakku maemdora
sileohaetdeon neol jiuryeonikka
sileohadeon moseumman jiwojyeo ga
joeun geonman nama
wae jinsireul oemyeonhaesseotdeon geolkka
maen cheoeum neol mannagi jeoneuro doraga
charari neol moreuneun saramieosseumyeon hae
neoneun nae insaengeseo
(Alive) gajang huhoedoejiman
gajang haengbokaetdeon sungan
Dead or alive
nae maeumsoge gyesok saraga
deo gipge saegyeojil geuriume nan jugeoga
To be or not to be
To be or not to be
To be or not to be
To be or not to be, to be
To be or not to be
To be or not to be
To be or not to be
Woah, woah
eotgallim wie seo isseo
eoseo nae gieogeseo jugeojwo
nae gieok soge sarajwo
daedapaebwa dead or alive
seontaegeun ojik hana
(Dead) gajang huhoedoejiman
gajang haengbokaetdeon sungan
To be or not to be
To be or not to be
maeumsoge neoreul jugyeoyaman dasi sara
To be or not to be
To be or not to be
To be or not to be
To be or not to be, to be
To be or not to be
To be or not to be
To be or not to be
Ser Ou Não Ser
Assim como a noite se vai
E a manhã chega
Nossa relação era clara
Era óbvio o término
Eu vivo, mas isso não é vida
Não consigo respirar
Sinto sua falta, eu estou muito mal
Ainda escuto todas as suas palavras
Te perdi e agora estou sufocando (ainda tenho remorso)
Eu deveria ter te amado mais loucamente
Términos são iguais para todo mundo
Estou na beira de um precipício segurando sua mão
Por que eu ignorei a verdade?
Queria poder voltar para antes de te conhecer
Queria não saber quem você é
Na minha vida, você
(Morto) Foi meu maior arrependimento
Mas meu momento mais feliz
Morto ou vivo
Vou te apagar
Para viver de novo, tenho que te matar em meu coração
Ser ou não ser?
Ser ou não ser?
Ser ou não ser?
Ser ou não ser, ser?
Ser ou não ser?
Ser ou não ser?
Ser ou não ser?
Vivo ou morto, se é essa a pergunta
Você botou uma arma na minha cabeça
Me destruiu e me deixou nesse drama
Afinal, há duas vítimas do amor
No final, choro lágrimas de sangue, morto
Eu afundo
Meu corpo frio não conseguirá sonhar novamente, eu morro
Sinto sua falta, eu estou muito mal
Ainda escuto todas as suas palavras
Tentei apagar você que eu odiava
Mas eu só estou apagando o que odeio em você
Apenas sobram coisas boas
Por que eu ignorei a verdade?
Queria poder voltar para antes de te conhecer
Queria não saber quem você é
Na minha vida, você
(Vivo) Foi meu maior arrependimento
Mas meu momento mais feliz
Morto ou vivo
Você continua vivendo em meu coração
Com a saudade mais e mais profunda, eu morro
Ser ou não ser?
Ser ou não ser?
Ser ou não ser?
Ser ou não ser, ser?
Ser ou não ser?
Ser ou não ser?
Ser ou não ser?
Woah, woah
Estou numa encruzilhada
Por favor, morra mais rápido em minhas memórias
Por favor, continue vivendo em minhas memórias
Me responda, morto ou vivo
Só há uma opção
(Morto) Foi meu maior arrependimento
Mas meu momento mais feliz
Ser ou não ser?
Ser ou não ser?
Para viver de novo, tenho que te matar em meu coração
Ser ou não ser?
Ser ou não ser?
Ser ou não ser?
Ser ou não ser, ser?
Ser ou não ser?
Ser ou não ser?
Ser ou não ser?
Intérprete: ONEUS Composição: Lee Sangho / Seo Yongbae / Cosmic Sound / Cosmic Girl / Lee Hoo Sang / Mingki / Ravn / Leedo. "AL FIN Y AL CABO, SOMOS LO QUE HACEMOS PARA CAMBIAR LO QUE SOMOS". : Eduardo Galeano https://www.youtube.com/watch?v=3rBMR7jkFrs
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