segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

MEU CARO SHAKESPEARE

- Aquele abraço O general que confunde invernos e entraria em mais frias que Napoleão não se lembrou de comprar seringas Quando William Shakespeare tomou sua vacina no histórico 8 de dezembro, confesso que o invejei. A primeira coisa que me veio à cabeça foi abraçar, depois de tantos meses, minha filha que vive longe daqui. Imaginei imediatamente quantos abraços e beijos estão congelados a 70 graus negativos, esperando o momento da vacina. Mas aqui, caro Shakespeare, a vacina ainda é sonho de uma noite de verão. Gostaria também de voltar à estrada, passar longos dias no mato, voltar ao escurecer, com os curiangos voando diante do para-brisa, as primeiras luzes se acendendo na periferia da pequena cidade. Aqui, William, somos reféns de um governo obscurantista, que não só negou a Covid-19, como o governo britânico no início, mas, ao contrário dele, nunca mudou de posição. Não vou te cansar com detalhes biográficos. Para quem conheceu Hamlet, o nome Bolsonaro e seus dramas acabariam aborrecendo pela vulgaridade. O fato é que ele acredita mais num remédio do que na vacina contra o coronavírus. Primeiro, importou da Índia insumos para hidroxicloroquina, e ela encalhou nos laboratórios do Exército. Depois, ao lado um astronauta, investiu milhões em pesquisa sobre um vermífugo chamado Anitta. Fracasso. Ele escolheu um general para comandar essa guerra. É um especialista em logística que deixa milhões de testes contra Covid-19 adormecidos num galpão de São Paulo. Esse general talvez fosse um personagem. Ele acha que o inverno brasileiro do Nordeste coincide com o europeu. E promete comprar vacinas se houver demanda, como se nenhum de nós sonhasse com o seu 8 de dezembro, William. A única preocupação do homem que preside o país é que a vacina não seja obrigatória. Mas como poderia ser, se levaremos mais de um ano para vacinar todo mundo? Como tornar obrigatório algo que não está disponível. A liberdade será preservada. Vejo nas redes sociais que seus seguidores temem que a vacina, sobretudo as que trabalham com RNA, possam mudar o código genético. Temem a vacina que você tomou, a da Pfizer, como se depois dela William Shakespeare deixasse de escrever e se tornasse lenhador na cidade de Warwick. O Brasil talvez seja o único país onde as vacinas têm um peso ideológico. As chinesas são preteridas pelo governo porque são chinesas, têm o olho apertado e podem nos transformar numa multidão de fanáticos do comunismo invadindo as ruas com o livrinho vermelho na mão. O general que confunde invernos e entraria em mais frias do que Napoleão não se lembrou ainda de comprar as seringas e agulhas, dessas que foram usadas aí, William, nessa terça-feira histórica. Para não dizer que tudo aqui é cinzento e sem esperança, registro que podemos ver o terno e o vestido que o presidente e sua mulher usaram na posse, em 2019. Eles estão expostos, a entrada é grátis, e foram inaugurados com pompa, discursos sobre estilo e Jesus Cristo, ou como definir as medidas de um enviado dos céus. Indiferente a tudo, o vírus avança. Nada mais fácil do que enlouquecer um país antes de destruí-lo. O governo vai amarrar ao máximo o processo de vacinação, simplesmente porque não acredita nele. Em 1904 houve uma revolta contra a vacina. Será preciso uma outra revolta, desta vez para que as vacinas sejam usadas o mais rápido possível. Será preciso lutar não só para a retomada econômica, mas para que nossas vidas sentimentais sejam reatadas como antes. Isso é até secundário, se consideramos o número de doentes e mortos que o atraso produz. Contamos com alguns governadores, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. Não se pode dizer que sejam rápidos ou solícitos para entrar nessa luta. Mas são o que temos. Se for necessário, que se faça uma pressão sobre todos. Pode chegar o momento em que fique claro que não só o vírus, mas a elite burocrática e política brasileira, é um obstáculo de vida ou morte. Se no combate contra um vírus há tanta hesitação, imagino em casos mais graves como numa guerra. O Exército, que na origem era aliado da ciência, produz um general obscurantista como Pazuello, o presidente que foi escolhido por milhões dedica-se a expor numa vitrine iluminada um terno escuro e o vestido que a mulher usou na posse. Nem todos os que se sentem mumificados podem entrar num museu. Há critérios: é preciso tempo e história, até para um lugar no museu de horrores. Fernando Gabeira - O Globo segunda-feira, 14 de dezembro de 2020 Edição do dia 27/05/2016 28/05/2016 00h24 - Atualizado em 28/05/2016 00h47 Pedro Corrêa descreve o que teria sido a origem de desvios da Petrobras Na proposta de delação premiada, Corrêa, que foi deputado pelo PP, citou diversos políticos e detalhou a suposta participação de Lula no esquema. Heloísa Torres Brasília, DF FACEBOOK Uma delação premiada que descreve a origem do escândalo desvendado pela Operação Lava Jato: como teria sido montado o esquema para extrair propinas dos contratos da Petrobras. O delator é Pedro Corrêa, ex-presidente do Partido Progressista. Quem traz todos os detalhes é a repórter Heloísa Torres, direto de Brasília. Pedro Corrêa não estreou no petrolão e já tinha sido condenado pelo esquema do mensalão e, desde o ano passado, está preso pelo envolvimento na Lava Jato. O próprio Pedro Corrêa confessou que recebia propina há muito tempo, desde a década de 1970, dinheiro desviado de quase 20 órgãos do governo. Na proposta de delação premiada, Corrêa, que foi deputado pelo PP, citou diversos políticos que teriam recebido propina também, no esquema de corrupção da Petrobras, as articulações feitas entre partidos e deu detalhes da participação do ex-presidente Lula no esquema. Os trechos da delação foram publicados pela revista Veja. A TV Globo também teve acesso ao documento. Pedro Corrêa reproduziu uma conversa, de 2004, entre Lula e o ex-presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, que morreu no ano passado. Lula demonstra que estava incomodado com a demora da nomeação de Paulo Roberto Costa, o diretor escolhido pra operar o esquema de fraudes. Lula: Ô Dutra, nòs nao nos comprometemos com o PP, que indicou o doutor Paulo Roberto já há algum tempo, para a diretoria de abastecimento da Petrobras? E por que até agora ele não foi nomeado? Dutra:Porque esta mudanca de diretor é um assunto complicado dentro da Petrobras. Estão (sic) havendo resistência, além da competência não ser só minha para nomeá-lo. Lula:De quem é a competência, então? Dutra: A competência é do conselho de administração da companhia, da maioria dos conselheiros. Lula: Quem nomeou a maioria dos conselheiros, Dutra? Dutra: Você, Lula! Lula: Dutra, quero que você diga aos conselheiros que nomeei, que se o doutor Paulo Roberto não estiver nomeado até daqui uma semana eu vou demitir e trocar esses conselheiros que nomeei. Dutra:Mas Lula! Eu entendo a posição do conselho, não é da tradição da Petrobras assim sem mais nem menos trocar um diretor. Lula:Dutra, se fóssemos pensar em tradição nem você era presidente da Petrobras nem eu era presidente da República. Pedro Corrêa contou que, pouco tempo depois dessa conversa, em maio de 2004, Paulo Roberto Costa foi nomeado para a diretoria de abastecimento e o PP parou de atrapalhar as votações no Congresso. Pedro Corrêa também relatou que Lula tratou com caciques do PP sobre a distribuição de propina em contratos na diretoria de abastecimento da Petrobras, comandada por Paulo Roberto Costa, que Lula chamava de "Paulinho". Corrêa contou que parlametnares do Partido Progressista se rebelaram contra o avanço do PMDB nos contratos da diretoria. Um grupo foi ao Palácio do Planalto reclamar com Lula. De acordo com Pedro Corrêa, Lula passou uma descompostura nos deputados. Lula disse que "a diretoria era muito grande e que tinha que atender aos outros aliados, pois o orçamento era muito grande e a diretoria era capaz de atender todo mundo". Pedro Corrêa disse também que, por determinação de Lula, se reuniu com o PMDB para tentar um entendimento na arrecadação da propina. Fala que foram procurados. Primeiro o senador Renan Calheiros acompanhado do deputado Aníbal Gomes, do Ceará. Também o deputado Eduardo Cunha e o senador Romero Jucá. Acertados os termos com os membros do PMDB, a partir de 2006, os negócios começaram a fluir. De acordo com a revista, o delator exemplifica a simbiose em uma reunião que contou com a participação dos diretores Paulo Roberto Costa e de Nestor Cerveró, dos senadores Renan Calheiros, Romero Jucá, Jader Barbalho e Henrique Eduardo Alves, que na época era ministro do Turismo, e do lobista Jorge Luz. Cobraram US$ 18 milhões em propina que deveriam ser pagos a tempo de financiar a campanha do ano e receberam US$ 6 milhões, contou Corrêa. O presidente em exercício do PMDB, senador Romero Jucá, disse que as doações ao partido sempre foram feitas de acordo com a lei e que desconhece qualquer reunião para tratar de repasses ilegais para a legenda. O Partido Progressista afirma que nunca admitiu a prática de atos ilícitos e que confia no trabalho da Justiça. A defesa de Pedro Corrêa diz que não confirma o teor da reportagem. O Instituto Lula acusa Pedro Corrêa de negociar com o Ministério Público uma narrativa falsa envolvendo o ex-presidente para se livrar de mais de 20 anos de cadeia, na Lava Jato, e diz que considera repugnante que policiais e promotores transcrevam para um documento oficial o que chama de "farsa direcionada para enxovalhar a honra do ex-presidente e de Eduardo Dutra". O Instituto Lula diz ainda que o Estado de direito não comporta esse tipo de manipulação insidiosa e covarde por parte de agentes públicos e dos meios de comunicação para, o que considera, uma campanha de ódio e difamação contra Lula, sem nenhuma prova ou indício da participação do ex-presidente nos desvios da Petrobras. O presidente do Senado, Renan Calheiros, do PMDB, disse que Pedro Corrêa não faz parte das suas relações pessoais ou políticas, que nunca se reuniu com ele, e que todas as doações para suas campanhas eleitorais foram legais e aprovadas pela Justiça. Criticou ainda o que chamou de "delações feitas por bandidos" citando relações fictícias ou inexistentes para expor terceiros. O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, do PMDB, declarou que nunca teve qualquer envolvimento com Pedro Corrêa e negou que tenha relação com a permanência de Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró na Petrobras. A defesa de Nestor Cerveró declarou que o que ele contou na delação premiada sobre a sua permanência na diretoria internacional da Petrobras está sob sigilo. O senador Jader Barbalho, do PMDB, disse que nunca participou de reunião com os ex-diretores da Petrobras Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa. O ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, também do PMDB, afirmou que nunca tratou desses assuntos com Pedro Corrêa e que a citação ao nome dele "absurda, mentirosa e irresponsável". O lobista Jorge Luz disse que só vai se manifestar no momento oportuno. A assessoria da Petrobras não quis se manifestar. O Jornal da Globo não conseguiu contato com Paulo Roberto Costa e nem com o deputado licenciado Aníbal Gomes. http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2016/05/pedro-correa-diz-que-lula-articulava-esquema-de-desvio-na-petrobras.html - Entre o centro e o centrão - Revista Será? (PE) Um governo como o de Jair Bolsonaro tem o caráter de desafio imprevisível e continuado. As provações a que submete a institucionalidade democrática se sucedem umas às outras, como num alucinante trem fantasma que não parece chegar nunca mais à estação terminal. Seria um tanto ofensivo invocar o cineasta Mario Monicelli, um convicto homem de esquerda, mas o fato é que a atual equipe dirigente lembra quase automaticamente a armata Brancaleone, com a arregimentação desregrada de militares, a trazer acentuadas preocupações sobre o papel das Forças Armadas, e a ação de um autoproclamado “núcleo ideológico” em guerra permanente contra a modernidade, praticamente confundida com o “comunismo”. A estes dois grupos, de resto conflagrados entre si, se acrescenta a cota bem nutrida dos incompetentes, ainda que, nisso tudo, as linhas de separação sejam muito difíceis de traçar. Os otimistas sublinham a resiliência das instituições: elas não se submeteram ao assalto aberto, às manifestações subversivas, à tropelia das milícias reais ou digitais. O próprio presidente, num dado momento, sem abandonar a truculência verbal e as decisões irracionais, como na triste guerra das vacinas em que ora empenha seus generais e sua armata, passou a valer-se de modo mais regular dos poderes convencionais do Executivo. Passou a usar, em suma, a tal “caneta” cheia de tinta, não a Montblanc de antes, mas uma Bic incomparavelmente mais perigosa. No STF ainda não tomou assento o ministro “terrivelmente evangélico”, mas o primeiro voto importante do recém-empossado jurista conservador, confeccionado sob medida para aplainar o caminho do presidente do Senado e barrar o da Câmara, não deixa dúvida sobre o que se pode esperar. O centrão amorfo, expressão consumada da “velha política”, reaparece com nobres e altas funções. Longe de ser exorcizado pelo refrão do samba de Bezerra da Silva, como se queria nos tempos “heroicos” da campanha eleitoral, agora está metamorfoseado na frente parlamentar que já funciona como dique contra qualquer impeachment e possivelmente, a partir de fevereiro de 2021, funcionará como suporte da agenda reacionária do governo, se derem certo os cálculos do estado-maior da armata. Dali para a frente, quem gritar “pega ladrão” irá encontrar, vai-se lá saber, uma pequena multidão de ministros e dirigentes acotovelados em secretarias e estatais, a cumprir ritos e preceitos franciscanos – não os do inquieto Papa argentino, mas os que, pondo de lado o disfarce das boas intenções, pavimentam o caminho de negócios e transações, muitas das quais tenebrosas, a julgar pelos precedentes. Um ponto específico deve ser aqui mencionado. O ressurgimento em grande estilo do centrão, tal como desenhado nas pranchetas da batalha, implicará abrir brechas de demorada reversão nas fileiras de um centro parlamentar ordenadas a duras penas por gente como o deputado Rodrigo Maia. Nestas fileiras confluíram mais estavelmente, nos dois primeiros anos da legislatura, partidos como o DEM, o PSDB e o MDB, além de siglas menores, mas simbólicas, como o Cidadania. Vez por outra, uma boa surpresa: víamos parlamentares de outros partidos da centro-direita, relativamente desconhecidos, a opinar com lucidez sobre leis e medidas provisórias, demonstrando apreço pelo interesse público. De particularíssimo relevo, além disso, os variados canais de comunicação mantidos pela presidência da Câmara com a esquerda “pura e dura”, cuja representação, evidentemente, não é lícito ignorar. A resultante de todo este esforço foi claramente, no primeiro biênio legislativo, uma Câmara e um Congresso capazes de tomar iniciativas, como no caso da reforma previdenciária e do auxílio emergencial, mas também, e fundamentalmente, capazes de mostrar que seus destacamentos mais relevantes estavam firmemente postados nas trincheiras da institucionalidade. Em outras palavras, a construção de um centro parlamentar ativo, um valor em si mesmo, tornou possível algum contato produtivo com a(s) esquerda(s), garantindo o protagonismo do legislativo em certos casos e, em outros, o veto a nefastas proposições governamentais. Um resultado nada desprezível, se considerarmos o contexto de divisões, conflitos e até rancores que envenenaram a política e a nação nos últimos (muitos) anos. Na renovação das mesas diretoras, em particular da Câmara dos Deputados, uma parte das esquerdas poderá escolher o caminho da candidatura própria, autodispensando-se de negociações e apregoando farisaicamente a própria nobreza de intenções. Conseguirá, assim, meia dúzia de votos e proclamará à sua maneira um lema de inspiração brancaleônica: pocos, pero sectarios. Outra parte poderá embarcar na atração fatal do carro governista – pois, nesta altura, pouca dúvida há de que, com a rearticulação congressual do centrão, volta a se animar a virulenta agenda destrutiva dos tais “conservadores cristãos” que constituem a alma populista deste governo. E não se trata de firulas ou pruridos: ninguém pode ignorar os pesados reflexos que teria sobre o cotidiano da população a aprovação de medidas que reduzam o âmbito e o escopo dos direitos humanos ou facilitem a disseminação ainda mais acentuada de armas e balas, para nada falar da tragédia ambiental em andamento. Tudo isso pode estar certo, mas – dirão ainda – o centro parlamentar representado por Maia tem um lado negativo que impede alianças. É que ele também se fez protagonista de reformas liberais, e estas, na visão de uma certa esquerda, nunca são razoáveis nem passíveis de reparos legislativos que pelo menos atenuem a perda de direitos ou até ajudem a vislumbrar, e quem sabe afirmar, outros direitos de novíssima geração. Neste caso se afirmaria à esquerda uma posição de mera recusa, radical mas impotente. Uma impotência que se agravaria com o tempo, pois é certo que, além da agenda regressiva de valores, a troca do centro pelo centrão tornaria bem mais viável o liberalismo à la Guedes, por sinal um ingrediente bizarro que seria tremendamente injusto esquecer se de armata Brancaleone falamos. Luiz Sérgio Henriques* *Luiz Sérgio Henriques, tradutor e ensaísta, foi um dos responsáveis pela mais recente edição das “Obras” de A. Gramsci (Civilização Brasileira), em 10 volumes. Preparou, em particular, as Cartas do cárcere. Em colaboração com Giuseppe Vacca, coordenou o livro Gramsci no seu tempo (Fundação Astrojildo Pereira, 2019, em segunda edição). domingo, 13 de dezembro de 2020 https://gilvanmelo.blogspot.com/2020/12/luiz-sergio-henriques-entre-o-centro-e.html Quatro Séculos de Modas e Costumes Martinho da Vila
A Vila desce colorida Para mostrar no carnaval Quatro séculos de modas e costumes O moderno e o tradicional Negros, brancos, índios Eis a miscigenação Ditando moda Fixando os costumes Os rituais e a tradição E surgem tipos brasileiros Saveiros e bateador O carioca e o gaúcho Jangadeiro e cantador Lá vem o negro Vejam as mucamas Também vem com o branco Elegantes damas Desfilam modas do Rio Costumes do norte E a dança do sul Capoeira, desafios Frevos e maracatu Laiaraiá, ô Laiaraiá Festa da menina-moça Na tribo dos carajás Candomblés lá da Bahia Onde baixam os orixás É a Vila que desce! Composição de Martinho da Vila https://www.cifraclub.com.br/martinho-da-vila/285174/letra/

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